Direito de resposta
Sobre notícia do JN ""Médicos desmentem ministro nas acusações contra a classe" de 20.09.07.
Mais uma vez temos serviços de assessoria da Comunicação Social dos Ministérios a tentar dar a volta ao texto. link
Interessa, para cabal esclarecimento dos interessados, recordar a pergunta feita no jornal "Acção Socialista" link : «Há notícias que relatam a saída de um número significativo de médicos do SNS. O que se passa a este propósito?»
A resposta, como é habitual nos políticos portugueses, é totalmente enviesada:
«São notícias que não só não correspondem à verdade, e as estatísticas provam-no, como tem sido exactamente o contrário que se tem verificado.
Ao todo foram 11 os médicos que abandonaram um dos grandes hospitais do Serviço Nacional de Saúde, poucos, muito pouco, portanto, em todo o país.
Em contrapartida há centenas de outros que todos os anos entram no sistema público.
O meu desejo é que todos aqueles que de facto têm intenção de sair o façam o mais depressa possível. Outros tomarão o seu lugar, pois há excelentes profissionais, em segunda linha, à espera de uma oportunidade.»
"Ao todo", disse o ministro, que logo a seguir, dá meia volta, e circunscreve-se a um grande hospital "foram 11 os médicos"!
Primeiro, a pergunta incidia sobre o SNS.
A deriva "para um grande hospital" é da responsabilidade do MS, que ao ser questionado sobre a globalidade do SNS, circunscreveu-se (voluntáriamente) na particularidade de um Hospital (melhor seria dizer na particularidade de um serviço hospitalar), por inegável tentação de iludir a resposta e, pior, desvalorizar a pergunta.
Mais, referenciando especificamente esses 11 médicos, concluiu a resposta voltando a reencaminhar-se para aspectos globais (SNS): "...poucos, muito pouco, portanto, em todo o país."
Em que ficamos?
a) Nos 11 de um grande hospital?
b) Nos poucos, muito poucos, em todo o país?
c) ou, nos 943 que saíram do SNS entre o início de 2006 e Abril de 2007 (informação do gabinete do MS)?
Com meias verdades (parciais), meias informações transmitidas "ad hoc" (não respondendo cabalmente à pergunta) e um constante esvaziar da realidade (poucos, muito poucos...) é difícil ser assesssor(a) do MS.
Com toda esta "embrulhada" não me parece ético assacar responsabilidades ao JN.
Não me parece curial evocar o Direito de resposta.
Melhor seria esclarecer correctamente (não citar "números de conveniência"), informar claramente (respondendo às perguntas).
E melhor servidos ficaríamos se não existisse a indomável tentação de tentar desvalorizar o que pode ser importante.
Qualquer político tem uma ideia fixa: desdramatizar.
Boa, para aclarar falsas situações, para combater o pânico injustificado, etc., mas, descredibilizante perante as realidades insofismáveis.
Aliás, grande número de políticos tendem a tornar-se sofistas. Isto é, partem de permissas verdadeiras para concluirem ardilosamente, ou de modo absurdo.
Tendem a cultivar o raciocínio caviloso que é um declarado inimigo da boa informação.
A resposta, como é habitual nos políticos portugueses, é totalmente enviesada:
«São notícias que não só não correspondem à verdade, e as estatísticas provam-no, como tem sido exactamente o contrário que se tem verificado.
Ao todo foram 11 os médicos que abandonaram um dos grandes hospitais do Serviço Nacional de Saúde, poucos, muito pouco, portanto, em todo o país.
Em contrapartida há centenas de outros que todos os anos entram no sistema público.
O meu desejo é que todos aqueles que de facto têm intenção de sair o façam o mais depressa possível. Outros tomarão o seu lugar, pois há excelentes profissionais, em segunda linha, à espera de uma oportunidade.»
"Ao todo", disse o ministro, que logo a seguir, dá meia volta, e circunscreve-se a um grande hospital "foram 11 os médicos"!
Primeiro, a pergunta incidia sobre o SNS.
A deriva "para um grande hospital" é da responsabilidade do MS, que ao ser questionado sobre a globalidade do SNS, circunscreveu-se (voluntáriamente) na particularidade de um Hospital (melhor seria dizer na particularidade de um serviço hospitalar), por inegável tentação de iludir a resposta e, pior, desvalorizar a pergunta.
Mais, referenciando especificamente esses 11 médicos, concluiu a resposta voltando a reencaminhar-se para aspectos globais (SNS): "...poucos, muito pouco, portanto, em todo o país."
Em que ficamos?
a) Nos 11 de um grande hospital?
b) Nos poucos, muito poucos, em todo o país?
c) ou, nos 943 que saíram do SNS entre o início de 2006 e Abril de 2007 (informação do gabinete do MS)?
Com meias verdades (parciais), meias informações transmitidas "ad hoc" (não respondendo cabalmente à pergunta) e um constante esvaziar da realidade (poucos, muito poucos...) é difícil ser assesssor(a) do MS.
Com toda esta "embrulhada" não me parece ético assacar responsabilidades ao JN.
Não me parece curial evocar o Direito de resposta.
Melhor seria esclarecer correctamente (não citar "números de conveniência"), informar claramente (respondendo às perguntas).
E melhor servidos ficaríamos se não existisse a indomável tentação de tentar desvalorizar o que pode ser importante.
Qualquer político tem uma ideia fixa: desdramatizar.
Boa, para aclarar falsas situações, para combater o pânico injustificado, etc., mas, descredibilizante perante as realidades insofismáveis.
Aliás, grande número de políticos tendem a tornar-se sofistas. Isto é, partem de permissas verdadeiras para concluirem ardilosamente, ou de modo absurdo.
Tendem a cultivar o raciocínio caviloso que é um declarado inimigo da boa informação.
É-Pá
1 Comments:
O ministro baralhou-se.
A jornalista foi pouco cuidadosa.
Devia ter esclarecido a situação.
Pode dar-se o caso de não saber o que está a fazer.
O mais plausível.
Enviar um comentário
<< Home