MCSP, a melhor
Os leitores da SaudeSA consideram que a MCSP tem tido o melhor desempenho:
MCSP: 133 votos , 65%;
UMCCI: 61 votos, 30%;
PPP: 12 votos, 6%.
Preparámos um conjunto de questões que vamos dirigir ao presidente da MCSP, Luís Pisco. As duas primeiras, que a seguir postamos, são da autoria do Aidenós:
- A importância dos CSP está hoje fora de discussão e qualquer observador minimamente atento tem que reconhecer que a sua afirmação é um dos aspectos positivos detectáveis nas políticas de saúde; também no nosso País.
- Às razões que suportam o velho aforismo principiis obsta, sero medicina paratur, é hoje forçoso acrescentar outras que se prendem com a sustentabilidade financeira dos sistemas de saúde. É o que, como simples exemplo, pode ler-se no relatório “Healthcare for London”, apresentado pelo Professor de Cirurgia Ara Darzi visando a reforma dos Serviços de Saúde:
“Prevention is better than cure. Health improvement, including proactive care for People with long-term conditions, should be embedded in everything the NHS does.”
“Our detailed modelling makes it clear that continuing with the old ways of doing things will not only be ineffective, it is also likely to be unaffordable”. E “Our detailed feasibility modelling suggests that our proposed new model would, in the most likely growth scenario for demand in health services, save the NHS £1.5 billion each year. So these changes are necessary not just to improve services, but also to make future activity affordable. An NHS with a strong emphasis on prevention and early intervention saves lives and saves money”.
- Se estas afirmações são adequadas para o NHS de um país com muito mais recursos e no qual o desempenho dos GP tem sido considerado exemplar, sê-lo-ão muito mais quando aplicadas ao nosso SNS que só tardiamente começa a reconhecer o relevo da área dos CSP e a necessidade de dispor do investimento imprescindível para que possam assumir o papel fundamental que a promoção da saúde lhes exige.
- Reflexo disto mesmo é a baixa capacidade de atracção da Carreira de Clínica Geral, em confronto com a Carreira Médica Hospitalar, suscitando escassez e receios muito mais pertinentes no interior, cada vez mais desertificado e com menos recursos para atrair e fixar os profissionais de saúde.
Daqui, da importância fundamental dos CSP, derivam as questões seguintes:
1.ª – Estarão reunidas as condições necessárias para os CSP disporem dos profissionais, motivados e comprometidos no desempenho, necessários para o contributo, da maior relevância, que o SNS deles exige?
2.ª (ou explicitação da 1.ª, embora sem a esgotar) Com a permissão de acumular com o exercício liberal da medicina, que Clínicos Gerais, ou Médicos de Família, teremos? “Funcionários Públicos” tradicionais? E que equidade no SNS? Podemos esperar igualdade de atendimento, independentemente dos recursos dos utentes do SNS?
- Às razões que suportam o velho aforismo principiis obsta, sero medicina paratur, é hoje forçoso acrescentar outras que se prendem com a sustentabilidade financeira dos sistemas de saúde. É o que, como simples exemplo, pode ler-se no relatório “Healthcare for London”, apresentado pelo Professor de Cirurgia Ara Darzi visando a reforma dos Serviços de Saúde:
“Prevention is better than cure. Health improvement, including proactive care for People with long-term conditions, should be embedded in everything the NHS does.”
“Our detailed modelling makes it clear that continuing with the old ways of doing things will not only be ineffective, it is also likely to be unaffordable”. E “Our detailed feasibility modelling suggests that our proposed new model would, in the most likely growth scenario for demand in health services, save the NHS £1.5 billion each year. So these changes are necessary not just to improve services, but also to make future activity affordable. An NHS with a strong emphasis on prevention and early intervention saves lives and saves money”.
- Se estas afirmações são adequadas para o NHS de um país com muito mais recursos e no qual o desempenho dos GP tem sido considerado exemplar, sê-lo-ão muito mais quando aplicadas ao nosso SNS que só tardiamente começa a reconhecer o relevo da área dos CSP e a necessidade de dispor do investimento imprescindível para que possam assumir o papel fundamental que a promoção da saúde lhes exige.
- Reflexo disto mesmo é a baixa capacidade de atracção da Carreira de Clínica Geral, em confronto com a Carreira Médica Hospitalar, suscitando escassez e receios muito mais pertinentes no interior, cada vez mais desertificado e com menos recursos para atrair e fixar os profissionais de saúde.
Daqui, da importância fundamental dos CSP, derivam as questões seguintes:
1.ª – Estarão reunidas as condições necessárias para os CSP disporem dos profissionais, motivados e comprometidos no desempenho, necessários para o contributo, da maior relevância, que o SNS deles exige?
2.ª (ou explicitação da 1.ª, embora sem a esgotar) Com a permissão de acumular com o exercício liberal da medicina, que Clínicos Gerais, ou Médicos de Família, teremos? “Funcionários Públicos” tradicionais? E que equidade no SNS? Podemos esperar igualdade de atendimento, independentemente dos recursos dos utentes do SNS?
Aguardamos mais questões a dirigir ao presidente da MCSP, nomeadamente do É-Pá, lisboaearredores, avicena, tonitosa, naoseiquenomeusar, clara, helena, saudeepe, joaopedro e de todos os que queiram colaborar.
10 Comments:
Curiosamente, parece que a investida no reforço dos CSP verifica-se em "tempo de crise financeira". Ou seja, não há dinheiro, não se investe em tecnologia de saúde. Logo, a carreira médica hospitalar perde importância porque abre espaço a prescrições, muitas vezes, despesistas.Poder-se-ia já ter iniciado esta reforma, sempre adiada, sabe-se lá porquê?
É sabido e demonstrado, que os CSP são a "pedra angular" de um SNS. Actos tão simples como: monitorizar, acompanhar, aconselhar, ou seja, educar para a saúde, produzem resultados na SAÚDE DE UM POVO. OS GANHOS EM SAÚDE COMEÇAM AQUI.
Mas, claro, só aparecem para lá do tempo de um legislatura. É um problema...!!!
Recordam-se da forma como os Cubanos "atacaram" a SIDA? Como não têm dinheiro para comprar medicamentos, controlam os pacientes, isolam-nos.
Claro, mas os detractores surgem...privação das liberdades individuais, blá, blá, blá.
Convém desde já dizer, que não sou admirador do modelo político.
Entre nós convém, também, supervisionar grupos de risco e aconselhar para hábitos saudáveis e comportamentos ajustados à saude.
São os CSP que devem fazer este tipo de trabalho.
Penso que não há valorização da carreira se não existir "boa paga".
Desigualdades de atendimento vão existir se a capacidade de aquisição dos serviços de saúde por parte do cidadãos mais pobres não aumentar. O Estado devia comparticipar o serviço daqueles que, comprovadamente, não podem pagar, deixando que escolham o Centro de Saúde ou a chamda medicina liberal.
Experiências falhadas?
Na época em que o sector da saúde tinha como protagonistas pessoas como a ministra Maria de Belém, ou o professor Constantino Sakellarides, assistimos à introdução de modelos organizacionais como os projectos Alfa, ou os RRE, marcados pelos conceitos de trabalho multidisciplinar, em equipa, que sempre defendemos. Todavia, não se verificou uma disseminação, por todo o país, desses modelos, pelo que, dessa época, sobreviveram apenas algumas experiências isoladas.
Mas chegou a existir o necessário enquadramento jurídico para a implementação de uma verdadeira reforma…
É verdade. Foi o caso, entre outros, do Decreto-Lei 157/99, que instituía os chamados centros de saúde de 3ª geração. O problema é que esse diploma nunca saiu da gaveta.
A reforma que hoje marca a agenda não constitui, pois, uma novidade …
Muito do que se está a fazer hoje não é propriamente inovador; já foi realizado no passado. As ideias são, essencialmente, as mesmas e muitos dos actores importantes, no actual processo de reforma, já o tinham sido no passado.
Desta vez, porém, todos esperamos que a reforma tenha sucesso e que se consiga introduzir, em todo o país, uma nova forma de organização dos CSP.
MF, Entrevista de Luís Pisco
The organisation of primary care – normally the first contact point with the health-care
system – may have considerable importance for the control of costs. Primary-care
gatekeepers (i.e. generalists that control access to hospital and specialist care) may reduce
spending (although this has not been confirmed by Barros (1998) who used cross-section
time-series data transformed into average decade growth rates). Countries with capitation
payments for ambulatory-care doctors and those where patients first pay the provider and
then obtain reimbursement from the insurer may also have lower spending.
OCDE - Health-Care Systems: lessons from the reform experience”,2003
Salvo erro, o secretário de estado, Francisco Ramos, já anunciou a intenção de fazer experiências piloto com o financiamento por capitação de unidades de saúde de determinada área geográfica.
O que é que está previsto para melhorar o actual sistema de financiamento dos CSP?
Centros de saúde geridos por entidades privadas, sociais ou por cooperativas de médicos vão avançar no próximo ano.
O coordenador da Missão para a Reforma dos Cuidados Primários (MRCP), Luís Pisco, afirma que as USF privadas têm como objectivo colmatar a falta de médicos de família nos locais em que estes são em número insuficiente para as necessidades.
Abriu-se mais uma frente em relação à privatização da saúde em Portugal.
Não corremos o risco de ver a exploração USF concentrada em grupos privados como o do senhor Delarue?
Fundamental, esta questão do financiamento dos CSP's.
As vias possíveis da capitação, das transferências do OE para o SNS, do aumento da contribuição directa, do do seguro social, etc, são múltiplas e, esta diversidade de modelos, não parece (internacionalmente) suficientemente testada, logo, ainda estará distante de consensos.
De qualquer maneira os ganhos de sáude passarão sempre por um processo de integração (entre os CSP's e os HH's).
A palavra de ordem no sitema, estou convicto, será: a integração.
De cuidados, de custos, de resultados, etc.
Provavelmente, é também por aqui que o estudo da sustentabilidade do SNS começa.
O exito da reforma em curso dos CSP's poderá vir a condicionar tudo.
Como a solidez dos alicerces determina a volumetria do edifício a construir ou, no caso vertente do SNS, a capacidade e o âmbito intervenção no restauro, na reformulação e no adaptar aos novos desafios.
O grande desafio será o "aliviar" das tensões que se geraram à volta do financiamento do SNS, sem hipotecar ou disvirtuar, à mercê de governos (todos, mais ou menos efémeros), o conteúdo constitucional ( o mais duradouro) da política social do Estado, neste sector.
Ter, finalmente, o bom senso de não introduzir demasiado dinamite na reformulação das estruturas que, inusitadamente, leve o SNS a uma "implosão". Isto é, evitar a reprodução daquele aforismo popular: "não morreu da doença, morreu da cura".
De um amigo recebi a seguinte questão
Se há uma questão fundamental para o Futuro dos CSP em Portugal é sabermos se, de facto, como e quando, é que vamos ter uma resposta de cuidados domicilários ao nível do que é, pelo menos, "mínimo" nos restantes estados europeus...
Outro ponto essencial seria a visão da MCSP sobre a integração dos terapeutas (terapia ocuapacional, fisioterapia, terapia da voz, etc) nas equipas de CSP...
O êxito dos "Centros de Saúde do Futuro", assentem eles na (ainda) tradicional estrutura, em USF's ou em ULS´s (EPE), depende sobremaneira da motivação dos médicos de família "praticantes" e de todos os técnicos e demais trabalhadores.
É à motivação e o empowerment da instituição que se devem as boas práticas.
Os "Centros de Saúde do Futuro" estão apostados em aumentar a produtividade, a responsabilidade e a motivação.
Saúda-se a "mudança" tantas vezes ensaiada e até agora "frustrada".
Queremos acreditar numa efectiva mudança.
Contudo, para que resultem melhorias na prestação de cuidados aos utentes/doentes/pacientes/clientes, há que fazer uma gestão integrada da assistência que aos mesmos é dispensada.
E sendo assim, "há que pensar global" e há que conseguir uma efectiva articulação entre os cuidados de saúde primários, diferenciados e continuados no âmbito de uma prestação integrada de serviços.
O que é que se está a construir neste sentido?
Caro Xavier:
A integração dos terapeutas (fisioterapia, terapia ocupacional, terapia da fala, ...) nas USF's pode configurar um voluntarioso avanço no sentido do facilitismo, sob a capa da eficiência.
Uma vulgar e comum lombalgia pode representar uma mera situação musculo-esquelética ou, até um "vício postural" adstrito a uma deficiente ergonomia do posto de trabalho. Mas pode, também, ser a evidência de uma metastase tumoral alojada na coluna lombar, ou uma listesis acentuada do corpo vertebral com compressão medular ou radicular (para não falar nas tão propaladas hérnias discais), situações em que o programa terapeutico deve ser convenientemente avaliado.
Existem médicos fisiatras, não é verdade?
A inclusão de meios físicos de tratamento nas USF's, não pode ser feita de ânimo leve.
Os programas de reabilitação dos doentes confrontam-se com graves problemas de prontidão de resposta, custos e de acessibilidades...
Mas o bom caminho não é improvisar...
Fonte: Público
Os críticos das USF consideram que até ao final do ano não deverão abrir mais Unidades de Saúde Familiar
Faz hoje um ano que iniciaram actividades as primeiras Unidades de Saúde Familiares (USF) do país. Actualmente já são 70 a funcionar, mas os objectivos iniciais, propostos pelo Governo, estão longe de ser alcançados.
Das 155 candidaturas, apenas 70 iniciaram actividade. Pelo caminho ficaram 31, por exclusão ou por desistência dos profissionais que se cansaram de esperar por condições de funcionamento e pela aprovação da lei que lhes permitiria ser remunerados em função do desempenho.
Em termos de clínicos, foram 1.072 os que decidiram apresentar candidaturas, o equivalente a um quinto do total de especialistas medicina familiar do país.
As interpretações sobre este número reduzido são diversas; se para o responsável pela Missão para os Cuidados de Saúde Primários (MCSP), Luís Pisco, o número corresponde a uma boa adesão, para o Sindicato Independente dos Médicos a resposta é insuficiente.
Segundo os críticos, no arranque destas unidades estimava-se que seriam 100 as USF a funcionar no final de 2006 e mais uma centena no final de 2007. Mais tarde, o ministro da Saúde esclareceu que a ideia era ter 100 candidaturas, não USF a funcionar. «Falou-se em 100 USF indistintamente, até porque houve uma altura em que se pensou que rapidamente entrariam em funcionamento», diz Luís Pisco.
O profissional acredita que, em Janeiro, com o decreto-lei que finalmente permitirá pagar mais aos profissionais das USF, o processo será acelerado. Mas Jorge Silva, do Sindicato Independente dos Médicos, revela-se mais céptico: «A não ser que as pessoas sejam obrigadas, não se deverá ir muito além deste número. Quem queria aderir já aderiu. Esta solução é uma boa oportunidade para os médicos jovens e no regime de 35 horas semanais. Os outros não querem perder direitos».
De um colega AH e grande amigo recebi as seguintes questões:
a) O sistema de incentivos não deveria ser uma das primeiras áreas a definir na fase de lançamento do projecto?
b) Quais são os resultados obtidos desde o início e como comparam com o modelo tradicional (e com experiências de CP que subsistem- ex. do tipo de convenção)? Se são muito melhores que o modelo tradicional pq não se propõe o alargamento em 2008 (obrigatório e como modelo tipo) a todo o país - a população não pode beneficiar apenas pq Srs MF têm dúvidas em aderir, o interesse geral e dos doentes não deve prevalecer?
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