António Arnaut
A Secção Regional do Norte da OM, decidiu distinguir este ano António Arnaut com o prémio Corino de Andrade, por «ter tido a hombridade de criar o Serviço Nacional de Saúde». link
António Arnaut um dos fundadores do SNS, trave mestra da nossa democracia, cidadão português a quem todos nós muito devemos, recentemente em entrevista á revista Visão partia a loiça toda a criticar a sociedade de pantrampista em que vivemos.
Que causas tem o PS? link
O partido, mesmo governando em circunstâncias difíceis, ainda tem alma para impedir que alguns dirigentes tentem resvalar mais para a direita.
Não há marcas de esquerda neste Governo. Essas deviam estar no terreno social mas, como já vimos, os direitos sociais estão um pouco proscritos. Por exemplo: não considero uma marca de esquerda ter promovido o referendo ao aborto, apesar de ter votado sim. Marca de esquerda era cumprir a democracia política, social, económica e cultural. Dentro do Estado Social o direito à Saúde é fundamental. E aí as marcas não são de esquerda...
São de quê, então?
Até a direita critica pela esquerda a política de Saúde do PS! É absurdo, uma contradição, um escândalo! Não sei como se há-de chamar a isto!
O PS faz no Governo o que a direita teria vergonha?
O PS faz reformas que não devia. Se a direita fosse poder, não teria coragem de atacar o Serviço Nacional de Saúde [SNS] como o PS. E o PS, na oposição, não deixava!
Mas o que se passa, afinal?
Correia de Campos, camarada e amigo, foi meu conselheiro quando fui ministro dos Assuntos Sociais. Já nessa altura, era um grande técnico, de categoria internacional e...
Já tinha estas ideias?
Não! Estava muito à minha esquerda, eu é que tinha de o travar! Hoje tem ideias das quais discordo.
Quais?
O SNS é património insubstituível do povo e é dos melhores do mundo. Quanto melhor, maior a procura e a despesa. Mas a direita é que, normalmente, quer acabar com o Estado Social, para fazer da Saúde um negócio. Curioso é ser um ministro do PS a adoptar os mesmos métodos.
Ele é considerado um dos melhores especialistas na área da Saúde...
Isso é a sua maior virtude e defeito: resolve os problemas sem sensatez e sensibilidade social. Ele deveria saber que a existência de um médico, mesmo numa região isolada, dá uma segurança psicológica às pessoas. É caro? É! Mas isso conta. Um socialista não pode decidir apenas por razões economicistas. Sou utente do SNS e quero continuar a ser.
Utente ou... cliente?
Pois aí é que está! Você sabe que fui a um congresso de administradores hospitalares e a maioria dos oradores falava em clientes?! Disse-lhes logo: «Não estou a perceber esta linguagem. São cidadãos, utentes!» Na Saúde, com o peso cada vez maior dos privados e a continuar assim, o SNS ficará para pobres e o resto para ricos. Uma das formas de atacar o SNS é acabar com as carreiras médicas e transformar os funcionários públicos em assalariados por contrato individual. Flexigurança, está a ver? Entretanto, há centenas de médicos a sair do sector público e anunciam-se grandes investimentos nos privados. Esses grupos só investem por uma razão: sabem que a política actual conduz ao definhamento do SNS. Voltamos ao tempo de Salazar, com uma diferença: já não é preciso o atestado de indigência para ter atendimento gratuito.
Como se salva o SNS?
Segundo o Tribunal de Contas, há 25% de desperdício, dinheiro mal gasto. Reduzindo para metade temos mais uns anos de sustentabilidade. Depois, obrigar os profissionais da saúde a cumprir horários. Disciplinar horas extraordinárias, coisa que o ministro já está a fazer e bem. Mas entretanto dá-se um cheque para as pessoas serem operadas nos privados quando os blocos operatórios estão desertos, trabalham três ou quatro horas por dia. Afrontem interesses instalados, responsabilizem hierarquias e os trabalhadores da área da saúde.
António Arnaut um dos fundadores do SNS, trave mestra da nossa democracia, cidadão português a quem todos nós muito devemos, recentemente em entrevista á revista Visão partia a loiça toda a criticar a sociedade de pantrampista em que vivemos.
Que causas tem o PS? link
O partido, mesmo governando em circunstâncias difíceis, ainda tem alma para impedir que alguns dirigentes tentem resvalar mais para a direita.
Não há marcas de esquerda neste Governo. Essas deviam estar no terreno social mas, como já vimos, os direitos sociais estão um pouco proscritos. Por exemplo: não considero uma marca de esquerda ter promovido o referendo ao aborto, apesar de ter votado sim. Marca de esquerda era cumprir a democracia política, social, económica e cultural. Dentro do Estado Social o direito à Saúde é fundamental. E aí as marcas não são de esquerda...
São de quê, então?
Até a direita critica pela esquerda a política de Saúde do PS! É absurdo, uma contradição, um escândalo! Não sei como se há-de chamar a isto!
O PS faz no Governo o que a direita teria vergonha?
O PS faz reformas que não devia. Se a direita fosse poder, não teria coragem de atacar o Serviço Nacional de Saúde [SNS] como o PS. E o PS, na oposição, não deixava!
Mas o que se passa, afinal?
Correia de Campos, camarada e amigo, foi meu conselheiro quando fui ministro dos Assuntos Sociais. Já nessa altura, era um grande técnico, de categoria internacional e...
Já tinha estas ideias?
Não! Estava muito à minha esquerda, eu é que tinha de o travar! Hoje tem ideias das quais discordo.
Quais?
O SNS é património insubstituível do povo e é dos melhores do mundo. Quanto melhor, maior a procura e a despesa. Mas a direita é que, normalmente, quer acabar com o Estado Social, para fazer da Saúde um negócio. Curioso é ser um ministro do PS a adoptar os mesmos métodos.
Ele é considerado um dos melhores especialistas na área da Saúde...
Isso é a sua maior virtude e defeito: resolve os problemas sem sensatez e sensibilidade social. Ele deveria saber que a existência de um médico, mesmo numa região isolada, dá uma segurança psicológica às pessoas. É caro? É! Mas isso conta. Um socialista não pode decidir apenas por razões economicistas. Sou utente do SNS e quero continuar a ser.
Utente ou... cliente?
Pois aí é que está! Você sabe que fui a um congresso de administradores hospitalares e a maioria dos oradores falava em clientes?! Disse-lhes logo: «Não estou a perceber esta linguagem. São cidadãos, utentes!» Na Saúde, com o peso cada vez maior dos privados e a continuar assim, o SNS ficará para pobres e o resto para ricos. Uma das formas de atacar o SNS é acabar com as carreiras médicas e transformar os funcionários públicos em assalariados por contrato individual. Flexigurança, está a ver? Entretanto, há centenas de médicos a sair do sector público e anunciam-se grandes investimentos nos privados. Esses grupos só investem por uma razão: sabem que a política actual conduz ao definhamento do SNS. Voltamos ao tempo de Salazar, com uma diferença: já não é preciso o atestado de indigência para ter atendimento gratuito.
Como se salva o SNS?
Segundo o Tribunal de Contas, há 25% de desperdício, dinheiro mal gasto. Reduzindo para metade temos mais uns anos de sustentabilidade. Depois, obrigar os profissionais da saúde a cumprir horários. Disciplinar horas extraordinárias, coisa que o ministro já está a fazer e bem. Mas entretanto dá-se um cheque para as pessoas serem operadas nos privados quando os blocos operatórios estão desertos, trabalham três ou quatro horas por dia. Afrontem interesses instalados, responsabilizem hierarquias e os trabalhadores da área da saúde.
Visão, 25.07.07
2 Comments:
Para a OM convém.
O AA está ultrapassado.
parece mais o criadordas misericórdias.
A OM, através da SRN, conseguiu utilizando como pretexto o prémio Corino de Andrade, homenagear, na pessoa do Dr. António Arnaut, o SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE.
É fundamental esta homenagem, já que os médicos são uns (não os únicos) dos importantes protagonistas deste enorme edifício que é o SNS.
SNS que representa, provavelmente, para não ser taxativo, a maior conquista social advinda de 25 de Abril.
Quis o curso dos acontecimentos políticos que Arnaut fosse o mestre e obreiro desta "trave mestra" da democracia, como é comum referir-se.
Transformou-se, por isso, num símbolo do SNS. Não só porque foi o seu visível legislador, mas também pelo exemplo de cidadão integro, dignidade democrática e militância pelos direitos sociais do povo português.
O SNS passou a ser "a marca de água" da sua vida política.
Por outro lado, Corino de Andrade é a par de Egas Moniz (com quem estagiou) um dos vultos da Medicina portuguesa, a quem alguns muito devem.
Para além de um notável cientista e incansável investigador que deve figurar na galeria dos nossos "orgulhos" nacionais é também um brilhante professor interessado em desenvolver uma boa e moderna escola, vivendo e construindo, na época, um conceito alargado da Medicina. Nesse sentido, lado a lado com outro grande médico português o Prof. Nuno Grande, cria o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (Porto).
Esta associação de António Arnaut e Corino de Andrade é, além de oportuna, feliz.
Corino de Angrade foi, durante a sua, felizmente longa, vida, um exmplo de cidadania. Era uma homem da cultura popular autêntica, conviveu muito de perto com Bento Jesus Caraça (o editor das fantásticas edições "Cosmos") e, para além disso, mais do que retórico oposicionista ao salazarismo, um activo resistente contra a ditadura (conheceu a prisão por motivos políticos), que o perseguiu e lhe terá coartado mais largos voos na investigação científica.
A Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos endossou na pessoa do Dr António Arnaut, um apoio inequivoco ao SNS, enquanto serviço universal, equitativo e...infelizmente já não posso dizer gratuito.
Tanto mais importante, quanto é verdade que a OM está à boca de eleições para os seus orgãos dirigentes e é, também do Norte, que parte, como tem sido amplamente divulgado, uma possante e entusiástica candidatura.
Não vale a pena esconder ou contornar este inequívoco significado, esta propositada conotação ou questionar a sua oportunidade.
O que parece importante é a dita "sociedade civil" (onde integro as organizações profissionais) ir emitindo, explicitamente, sinais ou avisos à navegação...
Tem esta homenagem as dimensões que lhe quisermos atribuir.
Mas, é perfeitamente evitável escudar-se no passado, enquanto situação ultrapassada.
Na verdade, o prémio Corino de Andrade deste ano deve, acima de tudo significar que, para o futuro, a OM estará empenhada em defender o SNS, enquanto serviço universal e de prestação social indispensável para os portugueses.
Por outro lado, uma leitura mais ousada (minha), poderá interpretar que esta singela, mas significativa, homenagem a António Arnaut, não é um hino às Misericórdias (o Pe Melícias trata disso) ou uma ode a atitudes passadistas.
Melhor seria olhar para este "sinal" como uma clara afirmação de que a OM estará contra "pragmatismos economicistas", de fachada "modernista", agitados, encobertos ou submersos por um PS A OM, através da secção regional do Norte, conseguiu utilizando como instrumento o prémio Corino de Andrade, homenagear, no Dr. António Arnaut, o SNS.
É fundamental esta homenagem, já que os médicos são uns (não os únicos) dos mais importantes protagonistas deste enorme edifício que é o SNS. Provavelmente, para não ser taxativo, a maior conquista social advinda de 25 de Abril.
Quis o curso dos acontecimentos políticos que Arnaut fosse o mestre e obreiro desta "trave mestra" da democracia, como é comum referir-se. Transformou-se, por isso, num símbolo do SNS. Não só porque foi o seu visível legislador, mas também pelo exemplo de cidadão integro, dignidade democrática e militância pelos direitos sociais do povo português. O SNS passou a ser "a marca de água" da sua vida política.
Por outro lado, Corino de Andrade é a par de Egas Moniz (com quem estagiou) um dos vultos da Medicina portuguesa, a quem alguns muito devem. Para além de um notável cientista que deve figurar na galeria dos nossos "orgulhos" nacionais é também um brilhante professor interessado em desenvolver uma boa e moderna escola, vivendo na época um conceito alargado da Medicina. Nesse sentido, lado a lado com outro grande médico português o Prof. Nuno Grande, cria o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (Porto).
Esta associação de António Arnaut e Corino de Andrade é, além de oportuna, feliz.
Corino de Angrade foi, durante a sua, felizmente longa, vida, um exmplo de cidadania. Era uma homem da cultura popular autêntica, conviveu muito de perto com Bento Jesus Caraça (o editor das fantásticas edições "Cosmos") e, para além disso, mais do que retórico oposicionista ao salazarismo, um activo resistente contra a ditadura (conheceu a prisão por motivos políticos), que o perseguiu e lhe terá coartado mais largos voos na investigação científica.
A Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos endossou na pessoa do Dr António Arnaut, um apoio inequivoco ao SNS, enquanto serviço universal, equitativo e...infelizmente já não posso dizer gratuito.
Tanto mais importante, quanto é verdade que a OM está à boca de eleições para os seus orgãos dirigentes e é, também do Norte, que parte, como tem sido amplamente divulgado, uma das mais possantes e entusiásticas candidaturas.
Tem esta homenagem o significado que lhe quisermos atribuir. Mas, não vale a pena refugiar-se na história passado porque, na verdade, ele deve significar que, para o futuro, a OM defenderá o SNS, enquanto serviço universal e de prestação social indispensável para os portugueses.
Por outro lado, uma leitura mais ousada (minha), leva-me a interpretar que esta singela mas significativa homenagem a António Arnaut, não é um hino ao passadismo das Misericórdias (o Pe Melícias encarrega-se disso), mas uma clara afirmação de que a OM estará contra "pragmatismos economicistas", de fachada "modernista", que têm sido agitados, contravertidos ou submersos no PS (ideologicamente heterogéneo).
Esta miscelânea ideológica e (admita-se) política tem-se comportado como uma maleita (social) que tem estado a incubar no período de vigência do actual Governo Constitucional, e poderá, de modo consumptivo e letal, infectar o próximo.
A SRN da OM lançou, para o País, um primeiro alerta, nesta 2ª. metade do ciclo político governamental.
Atempadamente, julgo eu.
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