segunda-feira, outubro 8

SNS


«(...) Tive oportunidade de ler um post, no seu blog, sobre a empresarialização do SNS. Na minha opinião, o Estado não tem de ter médicos, enfermeiros, auxiliares, prédios, equipamentos, etc. O papel do Estado deve ser sim o de legislar, de fiscalizar e de garantir o acesso, em iguais condições a todos os portugueses, aos cuidados de saúde.
E para cumprir estas funções, o Estado precisa de ser "dono" dos Hospitais? Eu penso que não. Os atrasos, as exigências dos profissionais de saúde, as baixas taxas de funcionamento e as longas listas de espera, são o legado da gestão estatal. Numa lógica privada, não acredito que os serviços funcionassem tão mal, pois a organização seria diferente e haveria uma maior racionalização dos recursos e ganhos efectivos de eficácia e eficiência.
Se o Estado concentrar os recursos financeiros no apoio a quem precisa, todos os portugueses terão melhor acesso a cuidados de saúde. Assim, na minha opinião, a Saúde deveria ser privatizada, na sua totalidade, passando o estado a comparticipar o acesso a estes serviços, a quem não dispusesse de meios para o fazer, tal como já acontece com as creches e o cheque criança, onde o Estado comparticipa, na mensalidade paga, tendo em conta o IRS do agregado. (...)»
José Carlos G.

Comentário
1. O nosso SNS, público, universal, geral e (quase) gratuito, está longe de ser exótico, pois pertence ao modelo britânico, sendo o sistema vigente em vários outros países além do Reino Unido.
2. Apesar das suas deficiências, o nosso SNS não compara mal em termos internacionais com outros sistemas de saúde, sendo possível melhorar em muito a sua eficiência.
3. Existem outros sistemas de saúde que garantem acesso universal aos cuidados de saúde, baseados em seguros de saúde obrigatórios (excepto para quem não tem rendimentos) e em serviços de saúde privados. Porém, no caso português tal modelo está afastado pela Constituição e pela dificuldade (para não dizer impossibilidade) de mudar para um sistema de lógica radicalmente diferente.
4. O sistema que o leitor propõe, de um liberalismo radical e ingénuo, sem pressupor sequer um seguro de saúde obrigatório, não garantiria o direito à saúde para todos, nem cuidados de saúde mais eficazes, nem mais baratos (ver o caso dos Estados Unidos).
5. Suponho que nenhuma força política defende entre nós um modelo como o proposto.
vital moreira, causa nossa

5 Comments:

Blogger helena said...

Ainda recentemente ouvi na rádio Dias Loureiro defender como solução para o financiamento do SNS, este deixar de ser Tendencialmente Gratuito.

A queda deste "tendencialmente" significa uma alteração de paradigma, para utilizar o chavão que está na moda.
O mesmo é dizer: o fim do SNS.

12:31 da manhã  
Blogger drfeelgood said...

Este José Carlos é mesmo naive.

1:19 da manhã  
Blogger Tá visto said...

Lembrar ao José Carlos que nos sistemas de saúde fianciados por seguros o Estado acaba sempre por entrar. Tal sucede quando os seguros se retiram, habitualmente pelos 65 anos de idade.
Ou seja, paga-se para as seguradoras na idade saudável e recorre-se ao orçamento público na idade da doença.
Parece-lhe justo?

11:20 da tarde  
Blogger tambemquero said...

No que toca a encerramento de urgências tenho uma opinião um bocadinho diferente. Se por um lado considero que o ideal seria cada um de nós ter um conjunto de médicos especializados a porta de casa, sempre dispostos a nos atender à minima dor que tivermos, por outro tenho consciência que nenhum país consegue sobreviver com um sistema de saúde desse tipo.

É verdade que o encerramento das urgências hospitalares está a causar grande polémica, bem como outras medidas tanto do ministério da saúde como do governo, de forma geral. No entanto, o paradigma das urgências em Portugal, está a sofrer algumas alterações, o problema é que as medidas estão a ser tomadas às pinguinhas e algumas delas têm que ser tomadas em simultâneo.

Cada vez mais, ter-se-á carros de emergência médica (INEM) com um médico e enfermeiro a bordo, a cobrir toda a área habitada. Em caso de emergência, este carro será o primeiro a deslocar-se ao local e depois, uma vez estabilizado o paciente, o transporte para o hospital tanto faz ser de 15 minutos como de 30 ou 40. O que importa é estabilizar. Aqui temos uma vantagem relativamente ao sistema anterior, que é o facto de o paciente poder ser assistido sem ter que se deslocar ao hospital.

O problema das medidas que se tem tomado é que se tem fechado as urgências e só depois é que se vai preocupar com o resto... Está errado... É querer fazer as coisas sobre pressão para mostrar serviço... Não pode ser um revolução tem que ser uma evolução.

De referenciar um sistema ligeiramente diferente, o sistema inglês. Em Londres, pelo menos no tempo em que tive a oportunidade de viver alguns dias com uma família local, o sistema de saúde funcionava como as camadas de uma cebola, ou seja, primeiro tinhamos o médico de bairro (uma espécie de médico de família), depois o hospital da zona e, numa camada mais externa, o hospital central...

NA

1:40 da manhã  
Blogger tambemquero said...

Mais uma medida de "destruição do Estado social"
«Os cuidados paliativos dispararam num ano.»
vital moreira, causa nossa

1:46 da manhã  

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