Prémio Corino de Andrade
Para António Arnaut, fundador do SNS
A OM, através da SRNOM, conseguiu utilizando como pretexto o prémio Corino de Andrade, homenagear, na pessoa do Dr. António Arnaut, o SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE.link
É fundamental esta homenagem, já que os médicos são uns (não os únicos) dos importantes protagonistas deste enorme edifício que é o SNS.
SNS que representa, provavelmente, para não ser taxativo, a maior conquista social advinda de 25 de Abril.
Quis o curso dos acontecimentos políticos que Arnaut fosse o mestre e obreiro desta "trave mestra" da democracia, como é comum referir-se.
Transformou-se, por isso, num símbolo do SNS. Não só porque foi o seu visível legislador, mas também pelo exemplo de cidadão integro, dignidade democrática e militância pelos direitos sociais do povo português.
O SNS passou a ser "a marca de água" da sua vida política.
Por outro lado, Corino de Andrade é a par de Egas Moniz (com quem estagiou) um dos vultos da Medicina portuguesa, a quem alguns muito devem.
Para além de um notável cientista e incansável investigador que deve figurar na galeria dos nossos "orgulhos" nacionais é também um brilhante professor interessado em desenvolver uma boa e moderna escola, vivendo e construindo, na época, um conceito alargado da Medicina. Nesse sentido, lado a lado com outro grande médico português o Prof. Nuno Grande, cria o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (Porto).
Esta associação de António Arnaut e Corino de Andrade é, além de oportuna, feliz.
Corino de Angrade foi, durante a sua, felizmente longa, vida, um exmplo de cidadania. Era uma homem da cultura popular autêntica, conviveu muito de perto com Bento Jesus Caraça (o editor das fantásticas edições "Cosmos") e, para além disso, mais do que retórico oposicionista ao salazarismo, um activo resistente contra a ditadura (conheceu a prisão por motivos políticos), que o perseguiu e lhe terá coartado mais largos voos na investigação científica.
A Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos endossou na pessoa do Dr António Arnaut, um apoio inequivoco ao SNS, enquanto serviço universal, equitativo e...infelizmente já não posso dizer gratuito.
Tanto mais importante, quanto é verdade que a OM está à boca de eleições para os seus orgãos dirigentes e é, também do Norte, que parte, como tem sido amplamente divulgado, uma possante e entusiástica candidatura.
Não vale a pena esconder ou contornar este inequívoco significado, esta propositada conotação ou questionar a sua oportunidade.
O que parece importante é a dita "sociedade civil" (onde integro as organizações profissionais) ir emitindo, explicitamente, sinais ou avisos à navegação...
Tem esta homenagem as dimensões que lhe quisermos atribuir.
Mas, é perfeitamente evitável escudar-se no passado, enquanto situação ultrapassada.
Na verdade, o prémio Corino de Andrade deste ano deve, acima de tudo significar que, para o futuro, a OM estará empenhada em defender o SNS, enquanto serviço universal e de prestação social indispensável para os portugueses.
Por outro lado, uma leitura mais ousada (minha), leva-me a interpretar que esta singela mas significativa homenagem a António Arnaut, não é um hino ao passadismo das Misericórdias (o Pe Melícias encarrega-se disso), mas uma clara afirmação de que a OM estará contra "pragmatismos economicistas", de fachada "modernista", que têm sido agitados, controvertidos ou submersos no PS (ideologicamente heterogéneo).
Esta miscelânea ideológica e (admita-se) política tem-se comportado como uma maleita (social) que tem estado a incubar no período de vigência do actual Governo Constitucional, e poderá, de modo consumptivo e letal, infectar o próximo.
A SRN da OM lançou, para o País, um primeiro alerta, nesta 2ª. metade do ciclo político governamental.
Atempadamente, julgo eu.
É fundamental esta homenagem, já que os médicos são uns (não os únicos) dos importantes protagonistas deste enorme edifício que é o SNS.
SNS que representa, provavelmente, para não ser taxativo, a maior conquista social advinda de 25 de Abril.
Quis o curso dos acontecimentos políticos que Arnaut fosse o mestre e obreiro desta "trave mestra" da democracia, como é comum referir-se.
Transformou-se, por isso, num símbolo do SNS. Não só porque foi o seu visível legislador, mas também pelo exemplo de cidadão integro, dignidade democrática e militância pelos direitos sociais do povo português.
O SNS passou a ser "a marca de água" da sua vida política.
Por outro lado, Corino de Andrade é a par de Egas Moniz (com quem estagiou) um dos vultos da Medicina portuguesa, a quem alguns muito devem.
Para além de um notável cientista e incansável investigador que deve figurar na galeria dos nossos "orgulhos" nacionais é também um brilhante professor interessado em desenvolver uma boa e moderna escola, vivendo e construindo, na época, um conceito alargado da Medicina. Nesse sentido, lado a lado com outro grande médico português o Prof. Nuno Grande, cria o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (Porto).
Esta associação de António Arnaut e Corino de Andrade é, além de oportuna, feliz.
Corino de Angrade foi, durante a sua, felizmente longa, vida, um exmplo de cidadania. Era uma homem da cultura popular autêntica, conviveu muito de perto com Bento Jesus Caraça (o editor das fantásticas edições "Cosmos") e, para além disso, mais do que retórico oposicionista ao salazarismo, um activo resistente contra a ditadura (conheceu a prisão por motivos políticos), que o perseguiu e lhe terá coartado mais largos voos na investigação científica.
A Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos endossou na pessoa do Dr António Arnaut, um apoio inequivoco ao SNS, enquanto serviço universal, equitativo e...infelizmente já não posso dizer gratuito.
Tanto mais importante, quanto é verdade que a OM está à boca de eleições para os seus orgãos dirigentes e é, também do Norte, que parte, como tem sido amplamente divulgado, uma possante e entusiástica candidatura.
Não vale a pena esconder ou contornar este inequívoco significado, esta propositada conotação ou questionar a sua oportunidade.
O que parece importante é a dita "sociedade civil" (onde integro as organizações profissionais) ir emitindo, explicitamente, sinais ou avisos à navegação...
Tem esta homenagem as dimensões que lhe quisermos atribuir.
Mas, é perfeitamente evitável escudar-se no passado, enquanto situação ultrapassada.
Na verdade, o prémio Corino de Andrade deste ano deve, acima de tudo significar que, para o futuro, a OM estará empenhada em defender o SNS, enquanto serviço universal e de prestação social indispensável para os portugueses.
Por outro lado, uma leitura mais ousada (minha), leva-me a interpretar que esta singela mas significativa homenagem a António Arnaut, não é um hino ao passadismo das Misericórdias (o Pe Melícias encarrega-se disso), mas uma clara afirmação de que a OM estará contra "pragmatismos economicistas", de fachada "modernista", que têm sido agitados, controvertidos ou submersos no PS (ideologicamente heterogéneo).
Esta miscelânea ideológica e (admita-se) política tem-se comportado como uma maleita (social) que tem estado a incubar no período de vigência do actual Governo Constitucional, e poderá, de modo consumptivo e letal, infectar o próximo.
A SRN da OM lançou, para o País, um primeiro alerta, nesta 2ª. metade do ciclo político governamental.
Atempadamente, julgo eu.
É-Pá
6 Comments:
Mário Corino da Costa Andrade nasce a 10 de Junho de 1906, em Moura, Alentejo. O pai, médico veterinário, acabaria por influenciar a sua futura escolha profissional.
Depois do liceu, em Beja, o jovem Corino ruma a Lisboa, onde faz medicina. Terminado o curso, em 1928, o estágio, com António Flores, já está apontado para a neurologia. Mas Corino de Andrade não ficará muito tempo em Lisboa.
Em 1930 parte para França e é em Estrasburgo que se instala, para trabalhar na Clínica Neurológica da Faculdade de Medicina daquela cidade, juntamente com Barré, um dos mais famosos neurologistas na época. Chegou a chefiar aí um laboratório.
Em 1938, a doença do pai força-o a regressar a Portugal, mas os seus pares não o recebem propriamente de braços abertos. Apesar de ser já um nome respeitado e premiado internacionalmente na neurologia, as portas fecham-se-lhe em Lisboa.
Parte então para o Porto, e é a partir "de uma cave cheia da nada", como lembra Maria Augusta Silva, autora da sua biografia "Corino Andrade Excelência de uma Vida e Obra", de 2002, que o neurocientista lança o que virá a ser uma escola de referência nesta área médica a nível internacional.
No Hospital de Santo António cria a sua primeira equipa e começa a formar discípulos. Em 1952 identifica a paramiloidoise, que ficará até hoje popularmente conhecida como "doença dos pezinhos". Em 1954 publica os seus estudos sobre a doença na revista científica "Brain". Mais tarde dá um importante contributo para o estudo de uma outra doença neurológica, a de Machado-Joseph.
Homem de ciência e de cultura, acalentou sempre o sonho de uma escola que aliasse ensino e investigação, mas só depois do 25 de Abril isso se tornará possível. Com Nuno Grande, funda em 1975 o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, que se tornou uma referência.
DN 17.06.05
Vão-me desculpar, mas não percebo o prémio atribuido, com todo o respeito por AA. AA é considerado o "pai" do SNS, mas francamente para além de uma assinatura e de estar no sitio certo no momento certo, não me lembro de nenhuma contribuição séria ou sugestão relevante (dizer que há 25% de desperdício é trivial!) que tenha dado. De grandes princípios políticos e generalidades todos somos capazes.
Embora não conheça os detalhes da época, (des)vantagens da idade, sempre tive a sensação de que se não fosse AA, outra pessoa assinaria o nascimento do SNS (estarei a ser profundamento injusto?).
Fala em debates, mas exibindo um conhecimento, na melhor das interpretações, jornalístico das questões que se colocam (estarei a ser profundamente injusto?).
Se a intenção da OM é assinalar o compromisso com o SNS não haveria outras pessoas que tenham de facto dado um contributo mais permanente e decisivo?
Há respostas para estas perguntas?
AA limitou-se sempre a lançar foguetório pró o ar.
Faz-me lembrar outras figuras castiças de um velho PS ultrapassado como o Carlos Candal de Aveiro.
Parece mais o pai das misericórdias.
Concordo com o Lisbosearredores. O SRNOM podia ter escolhido outra figura grada mais representativa dos trabalhadores do SNS.
Nenhum homem sozinho pode, ou é capaz, de mudar o Mundo.
António Arnaut é, no caso do SNS, o simbolo, mas existiram outros políticos que se empenharam na sua criação, a começar pelo 1º. ministro de então - Dr. Mário Soares.
Curioso é que, na altura, o Dr. Arnaut nem era ministro da Saúde (que nem existia), mas Ministro dos Assuntos Sociais. Portanto, será justo enquadrar a Lei 56/79 (SNS), não como uma questão técnica mas um objectivo fulcral de uma nova política social nascente.
O SNS, não foi concebido na cabeça do Dr. Arnaut, foi uma reivindicação nascida do movimento de 25 de Abril e inscrita na 1ª constituição democrática.
O Dr A. Arnaut soube ler a Constituição e foi capaz de dar-lhe corpo.
Outros ilustres homens trabalharam sobre os sistemas de Saúde e, dentro deles, permito-me destacar o Prof. Gonçalves Ferreira, cujos trabalhos sobre Saúde Pública, são, ainda, referências.
O longinquo ano de 1979, levou à construção do SNS como "como conjunto de recursos técnicos e humanos capazes de responderem eficazmente às necessidades de saúde da população", nas palavras do próprio.
Este Serviço, que ao longo dos tempos tem adequado o modelo funcional como é normal, permanece nas suas linhas gerais e fundamentações sociais, praticamente, imutável.
A grande alteração ao seu conceito inicial "geral, universal e gratuito” sucede 10 anos depois para o poder político introduzir as taxas moderadoras. Nessa altura precisou de mudar o texto do artº. 64 da CRP, introduzindo o conceito de "tendencialmente gratuito".
Um documento legal, normativo, que permanece praticamente indemne quase 40 anos de regime democrático (onde as normas podem ser mudadas) é porque traduz e vai ao encontro de profundas aspirações sociais de um povo.
E o homem que conseguiu dar forma a essas profundas e justas aspirações populares foi o então Ministro dos Assuntos Sociais - Dr. António Arnaut.
Portanto, o homem indicado (o operário) para através dele a SRN da OM chegar ao SNS, manifestando-se pronto a defendê-lo em nome de uma política social solidária.
Tudo isto faz-me lembrar um poema de Brecht:
"Quem construiu Tebas, a das sete portas?
Nos livros vem o nome dos reis,
Mas foram os reis que transportaram as pedras?
Babilónia, tantas vezes destruída,
Quem outras tantas a reconstruiu? Em que casas
Da Lima Dourada moravam seus obreiros?
No dia em que ficou pronta a Muralha da China para onde
Foram os seus pedreiros? A grande Roma
Está cheia de arcos de triunfo. Quem os ergueu? Sobre quem
Triunfaram os Césares? A tão cantada Bizâncio
Só tinha palácios
Para os seus habitantes? Até a legendária Atlântida
Na noite em que o mar a engoliu
Viu afogados gritar por seus escravos.
O jovem Alexandre conquistou as Índias
Sózinho?
César venceu os gauleses.
Nem sequer tinha um cozinheiro ao seu serviço?
Quando a sua armada se afundou Filipe de Espanha
Chorou. E ninguém mais?
Frederico II ganhou a guerra dos sete anos
Quem mais a ganhou?
Em cada página uma vitòria.
Quem cozinhava os festins?
Em cada década um grande homem.
Quem pagava as despesas?
Tantas histórias
Quantas perguntas"
Cotovia e lisboaearredores
Sugiram então uma figura pública que mais tenha dado ou feito pelo Serviço Nacional de Saúde que o seu fundador - o tal que assinou o papel e que encheu de médicos o país, que acabou com os médicos do partido - era assim que se chamavam aos médicos das aldeias que levavam dinheiro a qualquer cidadão - mas que eram "obrigados" s stender também os mais pobres e recebiam para isso um vencimento camarário.
Num tempo de gestores - o actual - é temerário que não se tenha o respeito pela determinação, pela coragem, pela dedicação ao povo, aos pobres e à causa pública que revelou Arnaut ao assinar o "tal papel".
Quantas contas tinhas que fazer cotovia e quantos orçamentos lisboaearredores para modificares, com uma simples assinatura a saúde do teu país.
O poder, como bem sabe António Arnaut, só serve para alterar de modo substancial as coisas. Para as cortesias qual cavalo serve desde que abane bem a cabeça.
Digo:
O poder, como bem sabe António Arnaut, só serve para alterar de modo substancial as coisas. Para as cortesias qualquer cavalo serve desde que abane bem a cabeça.
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