terça-feira, novembro 13

Gestão da doença

"Nega-se a evidência de que não se deve sobrecarregar o médico com demasiadas decisões burocráticas que só o desviam da sua real vocação que é lidar com doentes deixando a parte gestora para profissionais devidamente habilitados (AH)?" link

Primeiro pensamento: raramente tive oportunidade de ler uma argumentação tão espúria.
Depois,
Pensava eu, que as “vocações” – nos tempos que correm – encaixavam-se, preferencialmente, nas profissões místicas que por aí proliferam;
Pensava eu, que as decisões das CFT’s eram decisões eminentemente técnicas a ser tomadas por profissionais habilitados;
Pensava eu, que outras virtudes dessas Comissões, como por exemplo, a equidade e a racionalidade, são atributos de qualquer profissional da Saúde;
Pensava eu, que a parte burocrática numa comissão seria da competência administrativa (e não da gestão);
Pensava eu, que lidar com doentes era, fundamentalmente, fazer a gestão da doença;
Pensava eu, que a gestão médica dos serviços não devia - para salvaguarda dos doentes - ser abandonada aos “bichos”;

Pensava eu, que se calhar – antes de continuar a lidar com doentes – deveria inscrever-me na Escola Nacional de Saúde Pública.

Pensava eu, finalmente, que, com concepções deste teor (onde está a evidência?), o SNS não vai longe.

É-Pá

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5 Comments:

Blogger xavier said...

Caro é-pá,
Lidar com doentes e gestão da doença serão a mesma coisa?

1:53 da manhã  
Blogger e-pá! said...

Caro Xavier:

A frase não está bem explícita. A sua pergunta tem toda a pertinência.
O que deveria estar escrito era:
"Pensava eu, que lidar com doentes era, fundamentalmente, fazer a gestão da doença em seres humanos (homens, mulheres, crianças...)".

Como sabe os médicos, apesar de todos os avanços tecnológicos devem, na minha opinião, continuar a perfilhar uma visão humanista da Medicina, que se pode traduzir pela célebre máxima de Alexis Carrel:
"não há doenças, há doentes".

Mas, na realidade, atirar com um vão "lidar com doentes", tout court, divorciando o trabalho médico de tudo o que envolve o doente, incluindo as diversas gestões (directas ou indirectas) que influenciam, ou interferem com a sua doença, é, tão somente, a defesa de péssimos cuidados e, pior, a desintegração do carácter unitário e global das instituições onde se prestam os mesmos.

Esta será a diferença.

9:33 da manhã  
Blogger xavier said...

A gestão da doença envolve hoje em dia um largo leque de profissionais da saúde; médicos, farmacêuticos, técnicos, enfermeiros, gestores.
E também de, economistas, gestores de sistemas, estatísticos.

O maior triunfo no combate à doença oncológica verifica-se na prevenção.

12:43 da tarde  
Blogger e-pá! said...

Caro Xavier:

De acordo. É isso a que me refiro no último parágrafo que mais não significa do que a multidisciplinaridade como garantia da globalidade da abordagem, i.e., bons cuidados.
Todavia, há um pormenor. É preciso conhecer a doença.

Já agora permita-me salientar uma outra grande vitória da prevenção (imunitária), fora da oncologia, e que foi a irradicação da varíola.

2:06 da tarde  
Blogger Clara said...

Incidência doença do Cancro países da EU
link

4:18 da tarde  

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