segunda-feira, novembro 19

Rastreio parlamentar

foto olhares
Ao mesmo tempo que o parlamento discutia o OE/08, a imprensa anunciava o check-up ao PSA, para rastreio ao cancro da próstata dos deputados e funcionários da AR (10/11.11.07). A acção, uma iniciativa Pharmasense/ADBD Communicare, pretendeu alertar para a necessidade do diagnóstico precoce, muitas vezes descurado pela maioria dos portugueses, através da promoção do PSA Check, teste rápido daquela empresa, digo eu.

E foi vê-los fotografados pela imprensa, do PP ao BE, na meritória acção de promoção da luta contra o cancro da próstata.

Foi pena que esta acção “meritória” para a promoção da saúde e prevenção da doença, não tivesse tido o conselho do Sr. Coordenador Nacional para as Doenças Oncológicas, ou que algum dos doutos deputados médicos não tivessem feito o TPC e procurado saber quais as recomendações actuais para o rastreio do cancro da próstata.
Se o tivessem feito, saberiam que o teste de PSA não faz parte de qualquer programa de rastreio, uma vez que o PSA pode estar aumentado por muitas razões para além do cancro da próstata. Para além de que homens com o PSA normal podem ter cancro da próstata (20%) e de que nem todos os tumores da próstata são ameaçadores para a vida. 2/3 dos homens com PSA elevado não têm cancro. Que é necessário fazer uma biopsia para confirmar se existe ou não tumor, o que faz com que homens sem qualquer sintomatologia sejam submetidos a biopsias (que podem falhar em cerca de 20% dos casos).
Metade dos homens de 80 anos têm células cancerosas na próstata, mas muitos tumores não causam sintomas nem diminuem a esperança de vida.
Para diagnósticos, o teste de PSA tem uma sensibilidade de 65% e uma especificidade de 90%, mas tem apenas valor preditivo positivo de 25% a 35%, o que significa que 65% a 75% dos homens testados não têm cancro.
As boas práticas internacionais recomendam que a decisão de fazer um PSA resulte da oferta individual em contexto de consulta aos homens de 50 a 75 anos com uma esperança de vida de pelo menos 10 anos, informando-os das limitações do teste (especialmente dos falsos positivos) e dos tratamentos disponíveis.

Em 2006, a relações públicas da Pharmasense empresa distribuidora do produto, referia ao Correio da Manhã em 2006: “O teste está já disponível em 1600 farmácias e pode ser adquirido sem receita médica por apenas dez euros… Não é necessário estar em jejum nem respeitar aqueles requisitos obrigatórios nas análises … Os valores obtidos na leitura podem indicar uma simples inflamação, mas convém sempre recorrer ao médico para verificar a situação e evitar as doenças da próstata mais graves”.
De boas intenções está o inferno cheio, será que os deputados também terão recebido alguns brindes/benefícios, regulados pelo Acordo entre o Standing Comittee of European Doctors (CPME) e a Indústria Farmacêutica representada pela European Federation of Pharmaceutical Industries and Associations (EFPIA), para a promoção do PSA Check.link link
haquim avicena

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1 Comments:

Blogger e-pá! said...

Não estavam a rastrear-se do cancro da prostata.
Estavam a rastrear-se para na próxima legislatura serem deputados.

Creio que a titulação do PSA passou - apesar dos problemas de sensibilidade - a fazer parte dos exames prévios, obrigatórios.
E bem!
Se a prostata não estiver indemne como podem garantir que estão aptos a "fornicar" os portugueses na AR?
Haja profissionalismo!

12:31 da manhã  

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