Encerramentos
Aí temos novo movimento autárquico/popular, devidamente orquestrado, de reacção aos encerramentos programados dos serviços de urgência dos Hospitais de S. Luís I , Peso da Régua e José Luciano de Castro, Anadia; bloco de partos da Unidade Hospitalar de Chaves (Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro); SAPs (período nocturno) dos centros de saúde de Alijó, Murça e Vila Pouca de Aguiar .link
O bastonário substituto da OM, José Manuel Silva, lamenta que a reforma das urgências seja feita apenas de encerramentos. "Não há requalificação, nem abertura dos novos postos como propôs a comissão técnica que estudou este processo". "Não foi avaliado o impacte do afluxo adicional de doentes nas urgências que se mantém, que ficam sobrelotadas o que traz óbvias consequências negativas para os doentes".
A contestação à volta da mudança de unidades de saúde (blocos de partos, SAPs, urgências hospitalares), resulta essencialmente de ignorância dos critérios técnicos que devem nortear a racionalização da rede de cuidados (oferta/procura, hierarquia e complementaridade técnica) ou de pura demagogia populista.
O bastonário substituto da OM, José Manuel Silva, lamenta que a reforma das urgências seja feita apenas de encerramentos. "Não há requalificação, nem abertura dos novos postos como propôs a comissão técnica que estudou este processo". "Não foi avaliado o impacte do afluxo adicional de doentes nas urgências que se mantém, que ficam sobrelotadas o que traz óbvias consequências negativas para os doentes".
A contestação à volta da mudança de unidades de saúde (blocos de partos, SAPs, urgências hospitalares), resulta essencialmente de ignorância dos critérios técnicos que devem nortear a racionalização da rede de cuidados (oferta/procura, hierarquia e complementaridade técnica) ou de pura demagogia populista.
É dever do ministro da saúde fazer cumprir, os documentos de orientação técnica que aprovou e para isso alguns Serviços da rede nacional de cuidados devem mudar (qualificação, redução, encerramento ou expansão) (pese embora as inúmeras cedências e concessões feitas por CC em relação ao trabalho da CTAPRU).
Devem os critérios (técnicos) fundamentar as decisões de reestruturação da rede de cuidados e não outros (interesse partidários, autárquicos, associações regionais), tanto mais que a ausência daqueles critérios “convida” ao ataque político e à tentativa de reverter a reforma que é necessário desenvolver.
Devem os critérios (técnicos) fundamentar as decisões de reestruturação da rede de cuidados e não outros (interesse partidários, autárquicos, associações regionais), tanto mais que a ausência daqueles critérios “convida” ao ataque político e à tentativa de reverter a reforma que é necessário desenvolver.
Comentários de JMS: mais do mesmo.
Etiquetas: Urgências
12 Comments:
SU já encerrados (3): Espinho, Ovar e Cantanhede.
ENCERRAMENTOS PROGRAMADOS:
1. - Zona Norte:
Em encerramento: Peso da Régua.
Seguem-se: Vila do Conde (obras na Póvoa do Varzim), Santo Tirso (obras em Famalicão), São João da Madeira (parte cirurgica já transferida para Vila da Feira) e Fafe.
Macedo de Cavaleiros permanece como SUB.
2. - Zona Centro:
Anadia, Fundão e Estarreja.
3. - ARSLVT:
Peniche é o único a fechar.
A urgência do H. Curry Cabral aguarda o arranque do Hospital de Loures.
Montijo tem encerramento programado para 2009.
Não deixa de ser curioso o início deste comentário: "aí temos novo movimento autárquico/popular devidamente orquestrado...".
Se é uma contestação das populações é um movimento orquestrado; se é um decisão política é "sempre" um estudo científico feito por uma Comissão altamente qualificada ainda que "escolhida e nomeada" pelo Governo (logo, provavelmente, pouco independente).
Se a OM apoia uma decisão do Ministro...aplausos! Se a contesta...interesses corporativos!
Pois bem, eu que não percebo nada disto pergunto: algum dos senhores da Comissão Técnica por acaso vive ou trabalha numa das Cidades ou Vilas do interior?
Alguma dessas senhoras e/ou senhores sabe o que é "estar" horas à espera num SU depois de "bem mais de meia hora" de viagem por estradas que, sobretudo em época de chuva, gelo e nevoeiro, são uma constante ameaça à integridade de quem por elas (assim) se vê obrigado a circular, nomeadamente durante a noite?
Balelas, meus amigos, balelas!
Interesses há certamente, não se sabe bem de quem e quais são afinal os mais fortes. Mas há muita "economia pura" em tudo isto. E pouca consideração por quem é necessitado.
E enquanto se encerram serviços, efectivamente pouco se vai vendo de novo, no sentido de modernizar ninstalações e equipamentos.
E posso afirmá-lo, com conhecimento de causa, nada ou quase nada se tem feito no domínio dos tão prometidos cuidados continuados, cuidados paliativos e apoio domiciliário!
Absolutamente de acordo. Mas tudo se tem feito com a complacência quase conivente da Ordem dos Médicos.
O bastonário interino lembrou-se agora disto ? Não é verdade que por falta de acordos com as APSS ficámos pior que antes, no que se refere aos cuidados continuados ?
Seis a 10% das camas deste país estão ocupadas por pessoas que podem ter alta dos grandes hospitais mas que não têm resposta cá fora.
Só em campanha eleitoral e com a voz doutra pessoa é que um dos candidatos é capaz de levantar a voz ao ministro. Até agora tem sido um acordo do tipo: vamos manter o poder os dois ?
Caro Xavier:
"Devem os critérios (técnicos) fundamentar as decisões de reestruturação da rede de cuidados e não outros (interesse partidários, autárquicos, associações regionais), tanto mais que a ausência daqueles critérios “convida” ao ataque político e à tentativa de reverter a reforma que é necessário desenvolver.
A restruturação da rede deve ser fundamentada em critérios técnicos. Toda a gente está de acordo...
O alcance, a dimensão, o timing da reestruturação (oportunidade) deve ser baseada em critérios políticos (e política não é só o Governo, será também, partidos, autarquias, associações regionais, etc).
Não há maneira de, na defesa de valores e na interpretação de interesses, mudanças ou reformas, hierarquizarmos o Estado e colocarmos a política no seu lugar cimeiro.
Ou, então, os técnicos terão de submeter a votos, i. e., ao crivo do critério popular.
E, depois, termos, de pleno direito, uma tecnocracia. Antes disso, não!
Aliás, mesmo aceitando circunstancialismos puramente técnicos, parece-me ser "ensurdecedor" o silêncio a que se remeteu, à longos meses, a CTAPRU.
Não há um único orgão da comunicação social que a queira ouvir ou a comissão entrou, voluntariamente ou por imposição divina, em regime de "blackout"...
Porque há, desde algum tempo, uma pergunta que - perante as reacções populares "orquestradas" (onde e qundo eu já ouvi isto?) - assalta-me o espírito:
- Na verdade a CTAPRU preconizava, ao apresentar o relatório, este "modus operandi" ou previa estes timings???...
Os manifestantes em revolta contra o fecho dos SAP´s invocam o nome de Deus, em vão, para se "livrarem" deste MS (fotos Expresso), mas os defensores de um processo, demasiado expedito e pouco cauteloso, de execução da reestruturação poderão, também, estar a evocar a CTAPRU, em contramão.
Assim, uns invocam, outros evocam - ambos "pecam"!
Caro É-Pá,
Inteiramente de acordo.
O que está a ser feito foi acordado com os autarcas.
Embora de forma desajeitada o tempo da política foi cumprido.
Nos "apontamentos" inseri um conjunto de links sobre esta matéria, entre eles a lista dos protocolos assinados com os autarcas
link
Como bom país do sul da Europa, temos de reconhecer que a mudança, entre nós, é especialmente dificil. As coisas só se conseguem com complexas negociações, nem sempre transparentes. O jogo às claras é pouco motivador no nosso Portugal profundo.
Quem devia esclarecer, não esclarece. Quem tem o dever de fazer passar a mensagem política prefere colocar-se do lado que lhe dá mais jeito. Os dos votos populares.
Os Serviços de Atendimento Permanente (SAP) de Alijó, Murça e Vila Pouca de Aguiar, em Viana do Castelo, juntaram-se hoje a uma já longa lista de encerramentos. Desde 2006, foram fechados 33 serviços de atendimento nocturno em centros de saúde, a que vão juntar-se mais dois a 2 de Janeiro. Dados das cinco ARS apontam ainda para, em breve, o fecho de mais 23 destes serviços.
A política de encerramentos, que engloba ainda blocos de partos e urgências hospitalares, tem provocado um intenso descontentamento na população e autarquias. A própria Ordem dos Médicos não vê vantagens na cessação destes serviços, lamentando o facto de as decisões terem sido tomadas com base em critérios unicamente economicistas.
Correia de Campos anunciou em Março o fecho de 16 maternidades por falta de condições de segurança e número reduzido de partos, entre outros motivos. Até agora fecharam dez, a contar com o de Chaves. Ficam a faltar os blocos de Cascais, Vila Franca de Xira, Torres Vedras, Guarda, Covilhã e Castelo Branco.
O Ministério e os responsáveis das várias ARS têm frisado, porém, que não tem havido encerramentos sem serem criadas alternativas, sejam elas a proximidade de hospitais, o alargamento do horário dos centros de saúde ou a criação de rede de urgências básicas, essas com meios técnicos para responder a situações mais graves.
António Branco, o presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo lembra que os SAP "floresceram nos anos 80 de forma não qualificada e constituíram um perigo para a saúde. Vieram substituir serviços de urgência quando não são urgências".
Os encerramentos de SAP, 56 previstos num total de 79, afectam sobretudo a região Centro, com 49. Até agora, foi a região mais afectada (16). Fonte da ARS Centro afirmou que "os encerramentos são anunciados à medida que são criadas alternativas". No entanto, José Carlos Almeida, coordenador da sub-região de saúde de Viseu, confirmou ao DN o encerramento de mais dez SAP nocturnos, a contar com os de Janeiro.
Pimenta Marinho, da ARS Norte, crê que todas as mudanças estarão concluídas "até ao fim do primeiro trimestre de 2008". Para já, encerraram nove SAP, mas o processo vai envolver outros nove. No Alentejo, fechou o de Beja e prevê-se o fecho de mais um. No Algarve fecharam seis, embora cinco tenham sido substituídas por urgências básicas. Em Lisboa, a reestruturação começou nos anos 90, diz António Branco. Agora fecharam três, a que se seguirão cinco.
Dos 15 serviços de urgência com fim anunciado ainda só fecharam quatro, nomeadamente o de Anadia. Fundão e Estarreja são os próximos, mas não há calendário definido. As transições têm sido negociadas com os municípios, nomeadamente a colocação de mais meios de emergência (ambulâncias e helicópteros), o reforço dos cuidados de saúde primários e continuados.
DN 29.12.07
Para Tonitosa
Algum trabalho de casa teria-lhe permitido para além de conhecer os membros da Comissão rever o relatório técnico da comissão acessível no portal da saúde e reler o comunicado "Requalificação das Urgências e alegado encerramento de Serviços, comunicado 2/2007". Veria que são médicos de reconhecido mérito na área da urgência, para além de serem pessoas independentes, e que muitos trabalham e vivem em sítios como: Vila Real (Fernando Próspero), Abrantes (J. Pratas Barata), Viseu (Alexandra Guedes), Sines (Adelaide Belo), Portimão (Pedro Quaresma) os outros trabalham H. S. Francisco Xavier (Luis Campos), H. Santo António (António Marques), H. Feira (Jorge Teixeira), CHC (José Manuel Almeida), H Amadora-Sintra (Paulo Telles Freitas).
Quanto à substância:
1.º Os critérios da requalificação da rede de urgência são conhecidos, a proposta de pontos de rede pela Comissão também é conhecida, foram discutidos publicamente durante longo tempo, a ANMP foi ouvida, foram estabelecidos protocolos, chegou a hora de os fazer cumprir para que não fique como dantes, vide Rede de 2001;
2.º Começaram a ser colocados no terreno meios de emergência pré-hospitalar, o INEM viu-se obrigado pelas circunstâncias a abrir mão de um modelo de emergência centrado nos médicos, o que já de si é muito positivo, o INEM trplicou o número de efectivos com este Governo;
3.º O Call Center nacional Saúde 24, entrou em funcionamento em Abril de 2007;
3.º Iniciou-se a implementação das Vias Verdes Coronárias e do AVC, primeiro no Algarve e depois no Alentejo(2.º semestre de 2007);
4.º Iniciou-se a dessapização do país, a propósito recomendo-lhes um artigo de Luis Rebelo na Revista Portuguesa de Clínica 1997:14,250-264, fazendo reverter as horas despendidas em consultas personalizadas para atendimento fora de horas, começando finalmente a separar o atendimento não programado da doença aguda das verdadeiras urgências (para bem dos doentes e dos médicos);
5.º Iniciou-se a formação de USF's demonstrando que a acessibilidade pode ser garantida pelos CS;
Tonitosa
"Alguma dessas senhoras e/ou senhores sabe o que é "estar" horas à espera num SU depois de "bem mais de meia hora" de viagem por estradas que, sobretudo em época de chuva, gelo e nevoeiro, são uma constante ameaça à integridade de quem por elas (assim) se vê obrigado a circular, nomeadamente durante a noite?"
Não sei se vive fora de uma grande cidade, pela forma como escreve, espero que sim. Também eu vivi e trabalhei, bem no interior do país, durante 14 anos, fartei-me ver doentes urgentes, traumas, avc´s, enfartes, insuficiências cardíacas, lesões várias, andarem a percorrer a via sacra do SAP, de um falso Serviço Médico-Cirúrgico (tipo Anadia, Chaves, Peso da Régua), até serem enviados para um Serviço Médico Cirúrgico ou Polivalente. Doentes atendidos em SAP, por um excelente clínico (MGF), acompanhado de um enfermeiro, ainda sou do tempo em que o enfermeiro era uma ajudante de enfermagem, de um estetoscópio e de material de sutura, depois lá veio um electrocardiografo, mas o rx e as análises nunca chegaram a não ser para ver a glicémia e a urina II, lá iam de Bombeiros, as vezes acompanhados por um médico, no SAP não ficava ninguém, se fossem religiosos lá iam pelo caminho a rezar para ver se o doente lá chegava vivo. Será a isto que queremos condenar os que estão em piores condições de acesso aos serviços, a morrerem de mortes evitáveis, a ficarem com sequelas evitáveis.
Os hipócritas sempre preocupados com a saúde dos mais desfavorecidos, nestes casos os do interior ou das pequenas localidades, mas sempre calados perante a evidência de desigualdades com esta,enchem a boca, concerteza que não é o seu caso, com a preocupação pelos mais desfavorecidos, pelos do interior e estão a condená-los muitas vezes a morte e a sequelas evitáveis. Todos sabemos que nas situações de urgência/emergência, o que necessitamos é de um bom serviço de emergência pré-hospitalar, suporte básico de vida ou avançado, transporte o mais rápido possível de acordo com a situação clínica, e se isto é bom para a nossa família também o devemos desejar para os outros.
O que é extraordinário é que as pessoas que deveriam ter mais literacia, vão atrás de argumentos primários, bairrismo, talvez não saiba mas no distrito de Viseu perante a proposta da Comissão em criar um SUB num de três concelhos que antes tinham um SAP de 24 horas, dois dos autarcas prefiriram não o ter a tê-lo no concelho vizinho, da demagogia populista, exacerbada pelo aproveitamento político, atrás da imprensa e da sua voracidade para arranjar títulos disposta a quase tudo para arranjar uma boa história.
Para Ferros Curtos e Tonitosa
O seu conhecimento de causa no que respeita cuidados continuados é espantoso, "E posso afirmá-lo, com conhecimento de causa, nada ou quase nada se tem feito no domínio dos tão prometidos cuidados continuados, cuidados paliativos e apoio domiciliário!"
Por onde tem andado, é que o que tem sido feito em Cuidados Continuados está bem à vista.
Mas vamos lá, como é do conhecimento público a chamada rede de cuidados continuados que vinha de 2003, não diferenciava os doentes nem as suas necessidades, não tinha critérios para admissão na rede e pagava cama ocupada ou desocupada. Em 2005 o Governo criou um novo modelo de intervenção dirigido às pessoas idosas e dependentes, centrado nas dimensões da saúde e da segurança social, os cuidados continuados. A rede permite disponibilizar cuidados, que garantem a continuidade do tratamento, a recuperação funcional e a reinserção das pessoas idosas e dependentes no seu domicílio ou se necessário em unidades de internamento de convalescença (até 30 dias de internamento), de média duração e reabilitação (até 90 dias de internamento) e longa duração e manutenção (até 6 meses ou mais de internamento). Foi publicado um decreto-lei, uma portaria de preços(entretanto já revistos em 2007), no primeiro ano de funcionamento foram criadas 909 camas de cuidados continuados de convalescença, média duração e longa duração, na Zona Centro por exemplo passaram de 379 camas para 734 no ano de 2007, no Algarve passou-se de 15 camas para 189estando neste momento a funcionar a nível nacional cerca de 2.000 e mais 600 até final do 1.º semestre de 2008. Viajando pela net poderia ter encontrado no site da RNCCI as Opções do Plano para 2007, onde se encontra clarinhas as intenções do Governo até 2009, compromisso de atingir 30% da rede a atingir na totalidade em 2016. É claro que em muitos Hospitais, Centrais e Distritais, estão internados doentes chamados de "sociais", alguns são no mesmo, outros deveriam ter sido encaminhados para a Rede de Cuidados Continuados Integrados se esta tivesse capacidade.
Nesta nossa continuada "Arte de ser português", fácilmente se passa, do 8 ao 80, do "nada se ter, para tudo se querer".
"Pior cego é o que não quer ver"
Caro É-Pá
1. Foi publicada legislação que cria três tipos de Serviços de Urgência, Polivalentes, Médico Cirúrgicos e Básicos;
2.Os critérios técnicos estão estabelecidos, o Relatório Final da Comissão está publicado, depois da discussão pública.
3. O CTAPRU informou que está finalizar as recomendações técnicas para os serviços de urgência, os pontos de rede e a rede de referenciação entre Serviços;
4. Caberá ao poder político aceitar ou não todas as recomendações da Comissão Técnica ou decidir em contrário explicando a sua decisão;
5. A reorganização dos SAP e a requalificação de muitos em SUB têm estado a ser preparados pelas ARS e a ser discutidos com os Municípios desde há mais de um ano;
O MS deve fechar este dossier o mais rápidamente possível e à medida que estão criadas condições no pré-hospitalar.
Quanto às explicações, deixemo-las de lado, porque mais que sejam dadas, os diversos actores estão-se marimbando para a bondade delas. Basta o trabalho jornalístico, que tem sido feito nos últimos dias, com mapas errados e informação sonegada. Viu a comunicação social ouvir alguns peritos a quando do fecho da maternidade de Chaves, ou ter sequer feito o contraditório com as consequências de uma taxa tão elevada de cesareanas. Viu alguma reportagem ou notícia digna desse nome sobre a abertura da 100.ª USF, ou ouvir a Associação Portuguesa de Clínica Geral, ou a FNAM ou o Colégio da OM de MGF. Ou alguma vez informar que a actual reforma é proposta há mais de 20 anos pela APMCG, FNAM e às vezes pelo SIM, ou dizer que no Hospital da Anadia existia uma Urgência supostamente médico-cirúrgica que em 2005 não operou ninguém ou que o Hospital tinha 44 camas e 41 médicos, como uma taxa de ocupação de 66% e que operavam 595 doentes num ano (14 operações/semana se contarmos 42 semanas de trabalho útil) ou que Chaves operava 963 doentes na urgência, incluindo as 240 cesareanas.
Não isto à comunicação social não interessa, o que interessa é construir a opinião de que o MS está é fechar tudo.
Caro Avicena:
Sem querer ser maniqueísta fiz a seguinte leitura do seu comentário.
O BOM:
3. O CTAPRU informou que está finalizar as recomendações técnicas para os serviços de urgência, os pontos de rede e a rede de referenciação entre Serviços;
4. Caberá ao poder político aceitar ou não todas as recomendações da Comissão Técnica ou decidir em contrário explicando a sua decisão;
Finalmente, o reconhecimento da primazia da decisão política que, sejamos directos, não foi apanágio da discussão de todo este já longo processo de requalificação das urgências. Não podemos oscilar, conforme convém, entre hegenomia técnica e a supremacia política;
O MAU:
"5. A reorganização dos SAP e a requalificação de muitos em SUB têm estado a ser preparados pelas ARS e a ser discutidos com os Municípios desde há mais de um ano;"
Quando se lê este parágrafo percebe-se quanto era necessário uma prévia calendarização objectiva e consensual da reorganização (não da requalificação) das urgências.
Ninguém, em meu entender, contesta a requalificação das urgências. Mas, outro problema, é a sua reorganização no terreno - o seu timing e a sua calenadrização, i.e., o tempo certo para fazer as coisas acertadas.
A ausência de um bom planeamento e de uma boa informação tem dado azo a toda a "confusão mediática" (que verbera), o que será menos importante mas, também, tem alimentado politicamente toda a onda de indignação popular que se instalou e tem de ser compreendida.
E como nota de rodapé, Caro Avicena, vai conceder-me o privilégio de supor que se perguntei pela CTAPRU, nesta altura do campeonato, não foi por distração...
A fé do ministro
«Tenho a certeza que dentro de dois, três meses, ou menos até, as populações compreenderão que fizemos o que tínhamos que fazer para o bem das próprias populações. É impossível manter por mais tempo as populações iludidas, oferecendo-lhes uma coisa que não é uma urgência, oferecendo-lhes consultas de Medicina Familiar feitas por pessoas que não têm nada a ver com o seu centro de saúde, que vêm de fora e estão desligados da sua situação de saúde.»
JP,26.12.07
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