terça-feira, dezembro 11

Rescaldo da cimeira


(...) A "cimeira" que Sócrates, como de costume, considera um triunfo do seu ilimitado génio, junta o que há de bom em África (muito pouco) com tudo o que há de mal (quase tudo). Por interesse económico, claro, o que se percebe. Infelizmente, ao interesse económico acabou por se misturar um espécie de "missionarismo" político, que nada justifica ou exige. Não se tratam como iguais indivíduos como Zenawi, al-Bashir e Mugabe. Se a "Europa" representa qualquer coisa, representa uma ordem democrática, que não se deve comprometer e prostituir na recepção obsequiosa e saloia a alguns dos piores facínoras do mundo. A fraqueza não os reforma, nem os torna tratáveis. Confirma a impunidade que os sustenta e anima.
VPV, jp 08.12.07
na foto com o Zé Manel: O herói de plástico:«E isto o que é? Não é uma pessoa, não é um político, não é um ente reconhecivelmente humano. É uma montagem publicitária: polida, vácua, inócua. O herói de plástico, uma invenção. É José Sócrates, o primeiro-ministro».VPV

3 Comments:

Blogger e-pá! said...

IMPRENSA INTERNACIONAL ACOLHE SEM ENTUSIASMO DESFECHO DA CIMEIRA UE-ÁFRICA DE LISBOA

" A harmonia foi difícil de alcançar na cimeira de Lisboa entre a União Europeia (UE) e a África. E, apesar de se terem comprometido numa nova parceria estratégica, os dirigentes das duas partes acabaram a reunião em conflito aberto quanto aos acordos comerciais e a propósito da violação dos direitos humanos pelo Zimbabwe. Foi este o resumo ontem feito pelo International Herald Tribune.
Abdoulaye Wade aproveitou a oportunidade "para avisar a Europa de que está a perder a batalha pelo comércio e a influência no continente" africano, resumiu o Financial Times, fazendo uma citação do Presidente senegalês: "Com o preço de um carro europeu podem comprar-se duas viaturas chinesas."
A propósito dos acordos comerciais propostos pela UE e recusados pelos africanos, houve surpresa. "Não esperavam esta bronca política, esta frente da recusa", considerou Antoine Glaser, director de La Lettre du Continent. "Os africanos opuseram às exigências da Europa o espectro de uma cooperação crescente com outras potências, do Sul, a começar pela China, mas também a Índia, o Brasil e, depois de uma cimeira prevista para Junho em Tóquio, em breve o Japão", notou a AFP.
"Como união de 27 países, com uma população total de mais de 500 milhões de habitantes, a UE precisa de estabelecer a sua própria imagem na arena internacional e procura que a sua posição diplomática corresponda à sua própria força", foi a leitura do People"s Daily, de Pequim. "Desaire nos esforços da cimeira para criar nova parceria económica", intitulou entretanto o China Daily.
Em Joanesburgo o Business Day lamentou que os líderes africanos se preocupem mais com "a soberania das cliques dirigentes do que a dos cidadãos que muito sofrem". Domingo, durante uma entrevista em directo na BBC, o arcebispo anglicano de York, John Sentamu, arrancou o cabeção (gola alta de sacerdote) e disse que só o voltará a usar quando Robert Mugabe deixar de ser Presidente: "Ele pegou na identidade das pessoas e cortou-a em pedaços."
O arcebispo anglicano de York cortou o cabeção e diz que só o volta a usar quando Mugabe já não for Presidente."

Público - 11.12.2007, Jorge Heitor


2 curtas notas:

1. Quem ler a imprensa nacional pensa que o Mundo parou! De facto, o Mundo deve ter ficado espantado com tantos e diversificados grupos de marionetes, sentados ou em amena cavaqueira, num espaço tão limitado.
O anfitrião Sócrates e aquele Sr. Secretário dos Negócios Estrangeiros, pareciam uns "zombies", em plena dança vodou...

2. E à margem da Cimeira:
Alguém viu, ou ouviu, a conferência de Muamar Kadafi na Universidade de Lisboa (só para convidados)?
Ninguém publica esta obra prima? Só na Líbia vendiamos meio milhão de exemplares...

11:51 da tarde  
Blogger Joaopedro said...

Bastam dois minutos para se perceber o tom do noticiário da RTP sobre a Cimeira UE - África. Em dois minutos estamos em plena retórica empolada e palavrosa, épica e grandiloquente, sem um átomo de jornalismo. Pelos vistos ninguém dá por ela na RTP.
A demonização de Gordon Brown também é interessante...

Ah! grande Merkel! Ah! pequeno Sócrates!
O "espírito de Lisboa" é na cabeça de Sócrates o seu próprio "espírito". Quando louva o "espírito de Lisboa", o que ninguém sabe o que é, gaba-se a si mesmo.
Alguém consegue saber o que aconteceu na Cimeira, o que se conseguiu e o que não se conseguiu, as fracturas UE - África que dominaram as discussões comerciais, tudo o que de novo aconteceu nestes dias, não apenas o que já estava preparado há muito? É isto que é matéria jornalística, não as múltiplas distrações incidentais e sobre isto sabe-se pouco. Lá vamos ter que ir aos jornais ingleses. In Abrupto, JPP
link

12:29 da manhã  
Blogger Unknown said...

Como disse um jornalista inglês da BBC:
«The Summit ended, as do most meetings of this sort, with smiling photocalls. The Portuguese Prime Minister, Jose Socrates, gave an extraordinary closing speech which spoke about bridges being built, steps forward being taken, and visions being pursued. He went off on such an oratorical flight, in fact, that I became mesmerised by the beauty of the Portuguese language and the elegance of his delivery. I was so bewitched that I didn't register any concrete points in the speech at all. Perhaps there weren't any. But it certainly sounded good.»

10:51 da manhã  

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