EPE é que é
Tudo isto apesar dos enormes investimentos em TI (alert, pacss, etc.)
…” As estatísticas, sim, falam dos portugueses com objectividade (vigésima-nona posição - uma abaixo da do ano passado-, com 0,89 no índice de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas - , Islândia à frente com 0,96). Mas são estatísticas.
Mais confirmam (eventualmente, teses opostas) do que dizem. Uma manhã na ortopedia do Hospital Egas Moniz (cinco horas de espera, cinco minutos de consulta) diz mais. (Reabram-se os parênteses: pega-se uma senha - era a 18 - e espera-se. Chamada a senha, entrega-se no balcão A o cartão de utente, o papel com a marcação da consulta e o dinheiro que a paga, recebe-se o recibo e espera-se ser chamado - agora já pelo nome.
Chamado o nome, recebe-se um papel e a indicação da radiologia, 4° andar. No balcão do 4°andar, entrega-se o papel entregue pela ortopedia, -paga-se o raio X, recebe-se um ou dois papéis que já nem se sabe o que são e espera-se ser chamado. Chamados, somos conduzidos a um corredor com salas de Raio X e lá esperamos ser chamados. Chamados, somos radiografados, descemos à ortopedia com os papéis da radiologia e esperamos ser chamados.
Chamam-nos. Era só para confirmar que o Raio X estava feito. Esperar ser chamado outra vez. Chamado pela 6ª vez, 5 horas depois de ter apanhado a senha número 18 e de com ela abrir uma série de trocas de papéis, com uma radiografia pelo meio, foram 5 minutos de consulta).
Se nos acontece uma catástrofe... somos capazes de abolir os papéis e atender melhor do que muito povo organizado que há por aí (em alguma coisa é preciso acreditar).
mário negreiros, Jornal Negócios de 10.12.07
…” As estatísticas, sim, falam dos portugueses com objectividade (vigésima-nona posição - uma abaixo da do ano passado-, com 0,89 no índice de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas - , Islândia à frente com 0,96). Mas são estatísticas.
Mais confirmam (eventualmente, teses opostas) do que dizem. Uma manhã na ortopedia do Hospital Egas Moniz (cinco horas de espera, cinco minutos de consulta) diz mais. (Reabram-se os parênteses: pega-se uma senha - era a 18 - e espera-se. Chamada a senha, entrega-se no balcão A o cartão de utente, o papel com a marcação da consulta e o dinheiro que a paga, recebe-se o recibo e espera-se ser chamado - agora já pelo nome.
Chamado o nome, recebe-se um papel e a indicação da radiologia, 4° andar. No balcão do 4°andar, entrega-se o papel entregue pela ortopedia, -paga-se o raio X, recebe-se um ou dois papéis que já nem se sabe o que são e espera-se ser chamado. Chamados, somos conduzidos a um corredor com salas de Raio X e lá esperamos ser chamados. Chamados, somos radiografados, descemos à ortopedia com os papéis da radiologia e esperamos ser chamados.
Chamam-nos. Era só para confirmar que o Raio X estava feito. Esperar ser chamado outra vez. Chamado pela 6ª vez, 5 horas depois de ter apanhado a senha número 18 e de com ela abrir uma série de trocas de papéis, com uma radiografia pelo meio, foram 5 minutos de consulta).
Se nos acontece uma catástrofe... somos capazes de abolir os papéis e atender melhor do que muito povo organizado que há por aí (em alguma coisa é preciso acreditar).
mário negreiros, Jornal Negócios de 10.12.07
EPE é que é
4 Comments:
O circuito do doente no meio hospitalar é muitas vezes difícil e quase sempre moroso.
Quando a situação exige o concurso de vários Serviços então e percurso é uma dolorosa via sacra.
Existem demasiadas condicionantes, uma, ou várias, por cada serviço.
Existem ritmos diferentes e, necessariamente, prioridades a considerar.
A organização interdisciplinar nos HH's, ou não existe, ou é incipiente. As soluções informáticas não conseguiram, ainda, resolver a mobilidade interna - fora das urgências. Remover barreiras é dificil. Resolver interdependências é quase impossível, já que estão protegidas por teias burocráticas.
A coordenação, quando existe, faz-se por outros meios: pela Medicina Interna ou pela Cirurgia Geral. O que alonga e alarga o circuito.
Não há canais institucionais de relacionamento e articulação expeditos. O que torna expedito todo o processo são, ainda, as relações interpares. Pessoais. Que não estão isentas de demoras dada a, cada vez mais apurada, atenção dos utentes sobre os diversos posicionamentos na fila de espera.
Bem, tenho a sensação de estar a dar "uma volta" por um HH imaginário, igualzinho a muitos outros que conheço.
Concluindo: o problema não é da EPE. O problema é o percurso institucional não estar agilizado, nem desenvolvido, apesar dos sistemas informáticos. Esta circunstância não deve ter entrado nessa estatística da ONU. Só teria contado a simples existência do sistema informático...
Ou o grande problema foi a senha ter o nº 18.
E no fim desta peregrinação não foi ao gabinete do utente? Raro!
A mortalidade infantil em Portugal atingiu o ano passado o valor mais baixo de sempre, de 3,3 óbitos em cada mil nascimentos, anunciou hoje o ministro da Saúde.
«A nossa mortalidade infantil desceu uma décima de 2005 para 2006, quando se pensava que era quase impossível baixá-la ainda mais», afirmou Correia de Campos durante a cerimónia de apresentação da inclusão da vacina contra o vírus que causa cancro do colo do útero, que decorreu na Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa.
A maternidade infantil era de 3,4 óbitos por cada mil nascimentos em 2005, tendo atingido os 3,3 por mil nascimentos no ano passado.
Há 10 anos, a taxa de mortalidade infantil em Portugal era de 6,4 por mil e em 1990 era superior a 10 por cada mil nascimentos.
Segundo Correia de Campos, o valor record até ao momento pertence à Suécia, que em 2004 atingiu uma mortalidade de 3,1 óbitos por cada mil nascimentos.
DD 11.12.07
Quando passamos a franco-atiradores deixa de haver exército.
É essa a ideia deste Governo e do anterior: criar hospitais como unidade autónoma de prestação.
Os centros de saúde não trabalham organizadamente com hospitais, mas sim cada qual para o seu lado
Carlos Silva Santos, candidato a presidente da Ordem dos Médicos
Correio da Manhã, 04/12/07
Em comunicado, o secretariado da Célula dos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC) do PCP explica que, ao transformar os HUC num hospital de “fim de linha”, dedicado exclusivamente aos problemas mais complexos, deixam de ser tratados os problemas mais correntes.
No entendimento da organização, “põe-se em causa a prestação de cuidados de saúde à população do distrito de Coimbra, que simultaneamente tem visto as alternativas reduzirem-se, com o encerramento de serviços públicos”, como são exemplo as Urgências, os SAP (Serviço de Apoio Permanente) e as Maternidades.
Acrescenta ainda que “centenas de doentes” foram encaminhados (para cirurgias) para hospitais privados, fora de Coimbra, com “vale cirúrgico”, quando os HUC “têm capacidade instalada para realizar todas essas intervenções cirúrgicas se forem permitidas horas suplementares e trabalho ao sábado”.
“Ao não aproveitar as capacidades do hospital, estão a favorecer os privados e a penalizar o SNS [Serviço Nacional de Saúde], uma vez que, se realizassem as cirurgias, esse dinheiro reverteria para os próprios HUC e para os seus profissionais, na proporção de 60 e 40 por cento respectivamente”, considera o PCP.
No comunicado, o PCP afirma ainda que está a ser preparado o encerramento de todos os blocos cirúrgicos periféricos, para concentrar todas as cirurgias num único bloco. Acrescenta que idêntico procedimento está a ser seguido para as consultas externas, “juntando todos os doentes num único e mesmo espaço”.
“Há serviços onde falta regularmente material de consumo diário, designadamente luvas e toalhetes de papel para secar as mãos, bem como fraldas e resguardos descartáveis, sendo que neste último caso, em alternativa, são utilizados sacos de plástico”, refere, ao aludir aos resultados das medidas de contenção em curso.
Fernando Regateiro recusa críticas
O presidente do Conselho de Administração dos HUC garante que os problemas denunciados pelo PCP local “não correspondem minimamente à verdade”. Em declarações à Lusa, Fernando Regateiro, garantiu que o encaminhamento de doentes para cirurgias em hospitais privados só acontece “quando os HUC não conseguem dar resposta em tempo útil e essas intervenções são de baixa complexidade”.
“Não mandamos para fora aquilo que conseguimos fazer”, assegurou, acrescentando que os HUC foram em 2006 “o hospital do país que mais cirurgias fez em ambulatório: cerca de seis mil”.
“Só nos casos em que os HUC não conseguem responder em tempo útil é que os doentes entram no Sistema Integrado de Gestão de Inscritos em Cirurgia e recebem um “vale cirúrgico”, mas se querem fazer no seu próprio hospital poderão ficar mais algum tempo à espera, explicou.
Quanto ao modelo empresarial em curso e às convulsões que irá gerar, Regateiro sustentou que os HUC têm um modelo funcional com 30 anos, e não é por haver um modelo ou outro de gestão que vão surgir mudanças internas.
“O modelo empresarial é um modelo de gestão e mais nada. Não é por isso que vai acontecer isto ou aquilo”, sublinhou, adiantando que há áreas que serão reduzidas por terem menos doentes e outras ampliadas, como a Medicina Intensiva ou com a criação de um novo serviço de oncologia. No entanto, frisou que “nada está decidido”, e o que for feito será discutido internamente com os próprios serviços dos HUC.
“Estamos abertos a discutir com todos, mas as vozes da catástrofe não são parte da solução”, afirmou, ao reportar-se às acusações da Célula dos HUC do PCP.
“Não há situação de caos como referem. Os doentes são bem tratados e o grau de satisfação dos internados é muito elevado”, concluiu.
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