domingo, janeiro 27

ACF


Adalberto Campos Fernandes, administrador do hospital de Santa Maria, EPE, putativo ministro da saúde, em entrevista ao semanário expresso desta semana: link
(...) O controlo biométrico foi polémico mas está funcionar. Como está a decorrer o processo?
O controlo biométrico não é, e nunca foi, uma arma de arremesso contra nenhum grupo profissional que exerce a sua actividade no sector público. Trata-se apenas de cumprir aquilo que é um imperativo legal, que é o controlo da assiduidade, mas é mais do que isso. É utilizar estas novas ferramentas electrónicas para desmaterializar todos os processos de controlo de assiduidade, faltas, férias, licenças... Portanto, há todo um conjunto de procedimentos de natureza administrativa de regulação dos funcionários com os hospitais que podem ser desmaterializados. Entendemos esta ferramenta como um sistema integrado de gestão de recursos humanos que dá, inclusivamente, aos próprios directores de serviço e às pessoas com responsabilidade de enquadramento a possibilidade de fazer uma gestão mais transparente e efectiva das próprias equipas. Isto não invalida que a biometria conviva com a flexibilidade, que é própria da natureza do trabalho médico. Estamos convencidos hoje, como sempre estivemos, que depois de apresentadas a explicação e a solução iria ser aceite sem nenhum tipo de dramatismo e iria servir, sobretudo, o aspecto último que é a modernização dos hospitais. Estamos a evoluir para a implementação do processo clínico electrónico e os acessos de segurança por via biométrica são muito úteis.
A informação clínica fica com um acesso mais restrito. O processo passa a ser mais seguro?
Seguramente, mais do que o registo em papel. Hoje já utilizamos no Serviço de Urgência o "Alert" - um sistema livre de papel em que a relação dos profissionais com os equipamentos é feita através da biometria -, e todo o bloco operatório está informatizado com um sistema de relação biométrica. Com a implementação de outras funcionalidades - como a prescrição electrónica quer de medicamentos quer de meios completares de diagnóstico e terapêutica, mas também a imagem digital - nós estaremos em condições de, no final deste ano, ter o processo clínico electrónico.
O sistema de controlo biométrico já está completamente instalado?
Estamos a meio do caminho. O hospital é muito grande, tem muitos colaboradores e há todo um processo de parametrização da aplicação que gere os recursos humanos. Mas também de formação, que quase tem de ser feita pessoa a pessoa. No primeiro trimestre deste ano, já com o Pulido Valente integrado no Centro Hospitalar Lisboa Norte, teremos concluída essa implementação.
Qual é o sector que lhe dá mais 'dores de cabeça' nas despesas?
As despesas cresceram muito em hospitais como este, de fim de linha - somos o primeiro Centro de Sida no país e um dos maiores Centros de Oncologia a seguir ao IPO -, mas é, naturalmente, a área do medicamento. O medicamento está muito relacionado com a inovação terapêutica, que é fundamental para que as pessoas vivam cada vez mais tempo e melhor, mas comporta custos muito elevados. Apesar de tudo, temos conseguido manter as metas fixadas pelo Ministério da Saúde no crescimento e, sobretudo, uma negociação dinâmica com a indústria farmacêutica.
Tem pago a tempo e horas?
Temos melhorado os prazos médios. Estamos com prazos muito melhores do que tínhamos.
E que são de?
Não queria ter falta de precisão mas, neste momento, talvez 200 dias.

Nota:
Não gosto de Adalberto Campos Fernandes. Desde a sua espectacular entrada no hospital de Santa Maria. Com direito a ameaças de morte e tudo.
Tenho de reconhecer, três anos volvidos, que ACF tem obra feita. Fundamentalmente devido à capacidade de modernizar processos de gestão.
De resto, continua igual a si mesmo. Ou seja, com habilidade impar para o marketing da obra feita. Qualidade essencial de um bom político.
VPV, numa recente crónica escreveu o seguinte: «O fracasso de uma política nunca é da política, é da apresentação. Como, inversamente, o sucesso nunca é da política, é sempre da apresentação. Não há políticas boas, nem políticas más, só há políticas mal ou bem apresentadas.»
Nesta matéria ACF serpenteia como cobra na água.

1 Comments:

Blogger e-pá! said...

Caro Xavier:

Hoje, é, para mim, um dia exdrúxulo. Já na Escola Primária, tinha destes dias...com um acento para trás.

Depois de ler o seu post (ACF), concluí que a vida custa muito...a viver!

Nem todos andamos pela AESE, nem todos tiramos um MBA (ou equivalente), nem todos fizemos tirocínio em instituições de seguros,...de vida ou de saúde.

Até parece que, no meio disto tudo, somos uns imprevidentes... para não dizer uns reles invejosos.

Há, contudo, gente muito certinha:
- começam por comer a sopa toda em criancinhas, nunca faltam à escola, vão à catequese todos os dias, não perdem tempo a jogar aos matraquilhos, não faltam às aulas para namorar, não fumam, não bebem, etc. - são uns homens maduros (velhos?) no final da adolescência.
Por vezes, como passaram a correr pela vida, podem cometer imprudências.
Por exemplo, declarações públicas (Associação Portuguesa de Engenharia da Saúde,
Março 2006) que, sendo de aparente bom tom para serem ditas no Convento do Beato, tornam-se, subitamente, assassinas.

Do tipo:

"PRIVADOS DEVEM ENTRAR NO FINANCIAMENTO DA SAÚDE." disse, empolgado, alguém.
Esta profecia rezava ainda:
"em cinco ou seis anos, o aumento do peso do financiamento privado na Saúde seja fortemente incrementado, mesmo que contra isso se estabeleçam contracorrentes psicológicas"

Por coincidência, passados 2 anos, estamos á beira de uma contracorrente psicológica.
Um lamentável erro de timing, ou um equivoco, para tão qualificado gestor.

Mas, em questões de putatividade ministerial, somos um País de especialistas em "tirar leite de pedra"...

Assim, vivemos num País, onde podemos pensar deste modo há 2 anos, ser actual Presid CA do maior HH nacional e putativo MS.

Se a vida fosse representada em forma de circo este raro espécime seria acrobata (sem rede).

2:26 da tarde  

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