segunda-feira, janeiro 7

Zé Manel & Luís Filipe


Recados de Belém.

O que é que José Manuel Silva, bastonário substituto da OM, autor do famoso texto “É impossível um médico trabalhar assim!”, publicado no JP, onde apelava à desresponsabilização da classe médica link e Luís Filipe Menezes, actual secretário geral efectivo do PSD, têm em comum ?

Simples. Ambos “cavalgaram a onda” de contestação popular ao encerramento do Hospital de Anadia. E, ambos dão, hoje, entrevistas, mais ou menos extensas, a órgãos da nossa imprensa diária.

LFM, depois de várias sabatinas de economia liberal, confessa ao JP que é homem capaz de mudar Portugal em seis meses. (quiçá, com mais algumas sabatinas, melhorar a performance). O Estado será poupado para ser tudo privatizado. link

Por sua vez, o colega de jornada anadiense, JMS, a querer dar nas vistas enquanto Miguel Leão não ganha as eleições, à boleia da recente critica de ACS ao governo, acusa José Sócrates, num raro rasgo de lucidez, da má política de saúde. link

Conclusão a tirar das movimentações destes dois ousados brigões: Será que, algum dia, ACS, movido por algum legitimo impulso de querer ficar para a história, alinhará num projecto de destruição de Portugal em seis meses, liderado por LFM ?
Para quem tudo fez para se livrar de Santana Lopes, será obra.

1 Comments:

Blogger e-pá! said...

Caro Xavier:

ANÍBAL & OS ELEFANTES

Ou, uma outra abordagem da questão.

Sobre LFM nada tenho a dizer, já que passando o PSD por mais um interregno, um pouco a repetição do desastre de Pedro Santana Lopes, teremos de esperar por melhores dias.
Nesse desvario de estar à porta das fábricas que dramáticamente encerram todos os dias, não podia arredar-se das movimentações populares de Anadia.
Segue a sua senda política, e está em vias de adquirir o confortável estatuto que Alberto João Jardim, no que diz respeito à irresponsabilidade e boçalidade políticas.

Sobre JM Silva.
Primeiro, a inevitável declaração de interesses:
Não me identifico políticamente com algumas concepções que expõe e metodologias que pratica, em diferentes eleições estive noutro lado da barricada, nunca subscrevi a sua candidatura aos cargos que ocupa, por eleição, na OM. Contudo, apesar de todas as discordâncias devo-lhe, profissionalmente, solidariedade e respeito, enquanto colega e dirigente do meu organismo corporativo (que todos os grupos profssionais têm, mas tentam escondem apontando o dedo aos outros).
E tudo o que achei por bem explicitar, previamente, não me impede de verificar que há uma tentativa de crucificação sobre as opiniões que J M Silva defende. Nomeadamente neste blogue, que se mandou literalmente "ao ar" com texto "É impossível um médico trabalhar assim". Reler os comentários de então será eminentemente pedagógico. Verificará que ninguém saí prestigiado e os excessos foram mais do que muitos...

Mais recentemente a presença de J M Silva em Anadia, dentro da sua concepção de exercício de competências - é, para mim, questionável a sua qualidade de "bastonário interino", mas continua a ser o Presidente do Conselho Regional do Centro da Ordem dos Médicos - valheu-lhe o epípeto de "incendiário", por parte de CC.
Bem.
O Prof. J M Silva, não é própriamente um franco atirador que despache, aqui e acolá, uns fogachos. Vai entrar no 2º. mandato, como representante dos médicos da Zona Centro, no Conselho Regional. Merecia, pelo que representa, mais contenção na linguagem. Mas a arrogância impregnou o exercício socrático do poder. E mais grave, pelo que vejo, com aplausos.

Passemos à frente.
Como exercício de retórica, estamos, efectivamente, nesse campo, recuemos ao já ultracitado e comentado discurso de Ano Novo de Aníbal Cavaco Silva (ACS):
Os portugueses, disse "não estão seguros de que os utentes, principalmente os de recursos mais baixos ocupam, como deve ser, uma posição central nas reformas que são inevitáveis para assegurar a sustentabilidade financeira do Serviço Nacional de Saúde".
Mais adiante remata:
"Seria importante que percebessem para onde vai o País em matéria de cuidados de saúde".
Dentro do exercício proposto, vamos supor que tinha sido o Prof. J M Silva a produzir ou a escrever estas declarações.
Seriam de imediato (ainda não as tinhamos digerido) consideradas "equilibradas e oportunas"?
ou admitidas como sendo "natural que as pessoas se interroguem, frisando que «não é fácil aceitar o encerramento de SAP (Serviços de Atendimento Permanente) e urgências hospitalares" ?
citações de declarações de CC, TVI - Informação.

É melhor, ser mais consequente, manter descrição e não exacerbar ou aquecer quezílias inconsequentes e artificiais entre grupos profissionais da sáude que, no meu modesto entender, só têm prejudicado o SNS (e a sua inadiável reforma).

Parábola: Nas Guerras Púnicas (púnica tanto quer dizer "fenício" como "pirata"), Aníbal atravessou os Alpes com elefantes, surpreendendo os romanos.

Agora, CC, tentando imolar J M Silva, cautelosamente, vai "engolindo", en avant, os elefantes postos à solta por Aníbal...

11:10 da manhã  

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