Estreia parlamentar
A ministra da saúde, Ana Jorge, fez hoje (11.03.08) a sua estreia parlamentar. Da sua intervenção destaco o anúncio do incentivo que a ministra da saúde pretende dar aos médicos para optarem pela formação em medicina geral e familiar, que cativa apenas um quarto dos médicos internos em formação. Segundo a Ministra «é importante valorizar a carreira de medicina geral e familiar, com o reconhecimento da importância desta especialidade».
Ana Jorge voltou a reafirmar o seu objectivo de implementar 150 Unidades de Saúde Familiar (USF) até ao final do ano e 250 em 2009.
Ana Jorge voltou a reafirmar o seu objectivo de implementar 150 Unidades de Saúde Familiar (USF) até ao final do ano e 250 em 2009.
Relativamente a esta matéria é importante recordar o aviso deixado por Luís Pisco no 25.º Encontro Nacional de Clínica Geral, em Vilamoura sobre a enorme carência de médicos de família, cenário que tende a piorar, dado que, “entre 2013 e 2015”, cerca de um terço dos actuais seis mil médicos de clínica geral entram na reforma. Apesar de reconhecer que o Governo está sensibilizado e que têm vindo a formar-se mais médicos, “o número não permite repor os que vão sair”. Além do mais, a maioria dos estudantes de Medicina não opta por clínica geral, pois “ganha-se menos do que noutras especialidades e existe um menor reconhecimento social”. Cada médico tem actualmente a seu cargo 1800 utentes, quando devia ter 1500. (TM 10.03.08)
5 Comments:
As estreias são sempre auspiciosas e o início das lides parlamentares da Ministra Ana Jorge é segundo ouço a colagem de CC, quando ao previsível problema de falta de médicos de medicina Geral e Familiar.
Aliás foi esse o leitmotiv que Correia de Campos encontrou e batalhou, diria mesmo, insistiu, repisou, utilizou ad nauseum, para justificar a abertura “apressada” de USF’s. Elas deveriam abrir ontem…e a grande justificação era de natureza casuística – depois, lá atrás, apareciam as razões sociais.
O projecto nasceu em termod de desenvolvimento raquítico e em termos económicos sumítico, para além da constituição de pequenas equipas em Unidades de Saúde Autónomas (USF´s), pouco ou nada se fez na reconfiguração dos Centros de Saúde (grosso modo).
Interessantes as preocupações da Ministra na AR, aliás ainda na linha de CC, permitem especular se, ao abrirem “incentivos” aos médicos que optarem pela Medicina Geral e Familiar, ainda chegamos a tempo.
Segundo, Rui Ramos (*), a população portuguesa começará a diminuir em 2010. E nos meados do séc. XXI haverá menos de 1 milhão de portugueses.
Ora isto significa que um dos motivos mais poderosos no arranque das reforma do CPS, poderá estar a esvair-se. Isto é, a “cobertura nacional” em cuidados primários” que naturalmente vai resolver-se.
Claro que as USF’s não são só, nem exclusivamente, isto:
São um modelo organizativo de “baixo para cima”, incluindo o princípio da diversidade, do voluntariado dos participantes, etc…
De certo modo, faz-me lembrar o movimento cooperativo que floresceu antes, e logo a seguir, ao 25 de Abril, quer no campo da produção, das artes, da ciência, …
Mas a filia da Ministra pelos “incentivos”, impressiona-me.
Neste momento a Srª Ministra gere um processo complicado de incentivos. Primeiro nos modelos de USF’s (A e B – que não há!). Já não fala do modelo C.
E finalmente, a mescla de posições que se vão apresentando sobre estas novas Unidades, desde o SIM, a FNAM, o S. de Enfermeiros.
O futuro das USF’s começa a tornar-se límpido.
A actratividade não pode centrar nos modelo retributivo e de incentivos.
As USF´’s sobreviverão, sempre que os seus profissionais forem sujeitos a uma maior responsabilização (vide incentivos – enfermeiros), sempre que se obtiverem melhores resultados em Saúde e uma maior disponibilidade e eficiência.
Resta saber quem deve acompanhar os indicadores de eficiência.
Uma organização exterior ao Ministério (mas não precisa de ser uma Universidade estrangeira do tipo “novo rico”)
Todavia, para além da questão levantada pela Srª. Ministra, outra se põe: a capacidade de replicação deste modelo.
Os patamares de progressão das USF’s começam a “patinar”…
Mas a ameaça que tem sido abundantemente repetida e fere mortalmente as USF’ss é a sua imobilidade em termos de progressão, isto é, em temos de esperança.
As USF´s não podem ganhar “bolor” no modelo A, continuarem a ver do outro lado da barricada os modelos B, e as situações RRE, existentes praticamente na ARSLVT.
Uma outra coisa pode começar a esperar a Srªa. Ministra. Quando – ou se - as USF’s evoluírem para o modelo B - quando se resolver e se resolver a bom tento o actual problema - começa a luta pelo modelo C, isto é pelos contratos- programa.
Começa então a luta por um eufemismo que me diverte: “por uma gestão não pública”…
Alguém me explica?
Ou serão as companheiras naturais da PPP's hospitalares, autênticas caterpillar's do dragagem de fundos para a Saúde.
(*) Historiador; Doutor em Ciencia Política, Homem de Direita, bloguista, ..
Dos dez novos hospitais públicos que Portugal vai ter nos próximos anos, cinco vão ser construídos e geridos pelos privados.(Cascais, Universitário de Braga, Loures, V. Franca, Loures e São Brás de Alportel)
Outros cinco vão ser apenas construídos pelos privados, ficando a administração entregue aos gestores públicos. E os restantes – os actuais – têm estatutos diferentes de gestão.
DE 12 03.08
Assim , temos ministra.
"A ciência consiste em substituir o saber que parecia seguro por uma teoria, ou seja, por algo problemático" Ortega y Gasset
Problemático, mas simultaneamente autonómico e equitativo em termos de concepção e um desafio aos profissionais do SNS.
O anúncio sobre os novos 10 hospitais públicos (PPP), merece o interiro meu aplauso!
Wemans, continua?
(...) Cuidados de Saúde Primários no centro do sistema de saúde
No cerne da reforma que empreendemos está a colocação dos Cuidados de Saúde Primários no centro de todo o Serviço Nacional de Saúde.
Quero reafirmar aqui hoje, de forma inequívoca, o empenho do governo na implementação das Unidades de Saúde Familiares (USF).
As Unidades de Saúde Familiares, organizadas em equipas multiprofissionais (médicos, enfermeiros, administrativos) permitem um acesso mais fácil, sem burocracias, com afabilidade e humanização a todos os cidadãos.
Algumas das características de organização do trabalho são a garantia do sucesso:
A constituição de verdadeira equipa, em que a intersubstituição é praticada, permitindo garantir a consulta a tempo e horas, nunca deixando um doente sem ser atendido.
A celebração de contrato-programa, que é um compromisso formal de trabalho a desempenhar, permite que a lista de utentes de cada USF seja maior, mais utentes possam ter médico de família, além de haver capacidade de contratualizar uma carteira de serviços adicional, que irá responder a alguns problemas de acesso a grupos de risco (por exemplo, grávidas e crianças com menos de 5 anos sem médico) ou necessidades mais prementes (diabéticos) da área geográfica onde cada USF se instala.
As 108 USF já em funcionamento acolhem mais de 1 milhão e 300 mil pessoas. Destas, 160 mil não tinham médico de família. Uma cobertura assegurada agora por um trabalho de grande qualidade, com elevada motivação e satisfação dos profissionais, médicos, enfermeiros e administrativos.
O Ministério da Saúde está muito empenhado em valorizar este trabalho. Por isso, a minha primeira visita enquanto membro do governo foi a uma USF, em Ponte do Lima. Depois estive já em USF por todo o país: Porto, Leiria, Lousã, Torres Vedras e Olhão. Participei no Encontro de Profissionais das USF do Norte e na abertura do XXV Encontro dos Médicos de Medicina Geral e Familiar, no Algarve.
Em todos os momentos transmiti aos profissionais o meu apreço pelo trabalho realizado. Ouvi as suas dificuldades e partilhei as suas alegrias. Senti o seu entusiasmo, testemunhei as virtudes deste modelo de auto-organização e de participação activa dos profissionais numa unidade de saúde aberta ao cidadão.
Os resultados até hoje alcançados não nos fazem perder de vista o muito que há ainda a fazer.
Reafirmamos aqui a meta de 150 USF até ao final de 2008 e de 250 até ao final de 2009. Para o conseguir demos passos no sentido de implementar um modelo de remuneração adequado ao desempenho. Estamos a negociar com os parceiros sindicais a portaria que regula os incentivos às USF de modelo B. Processo que esperamos concluir ainda este mês, estando certos de que dará um novo impulso à reforma em curso.
Continuaremos a incentivar os jovens médicos que optam pela formação em medicina geral e familiar. São, agora, cerca de um quarto do total de internos em formação, número que pretendemos ainda aumentar.
Para tal, é importante valorizar a carreira de medicina geral e familiar, com o reconhecimento da importância desta especialidade no contexto do SNS, em que o modelo de organização em USF dos Cuidados de Saúde Primários é também um importante contributo, bem como o alargamento do mapa de vagas para a formação nesta especialidade.
E, ainda em 2008, lançaremos um programa de estímulo à investigação clínica em cuidados de saúde primários.
A outra componente da reforma dos cuidados de saúde primários passa pela criação dos Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES). São estruturas com autonomia administrativa, que zelam pela eficaz prestação de cuidados de saúde à população de um concelho ou de um conjunto de concelhos. O seu carácter inovador advém, precisamente, dessa autonomia, da governação clínica e da participação activa da comunidade, designadamente através da integração de um representante das autarquias.
Nos Agrupamentos de Centros de Saúde coexistirão:
USF;
Unidades de Cuidados de Saúde Personalizados;
Unidades de Cuidados na Comunidade;
Unidades de Recursos Assistenciais Partilhados.
A implementação dos Agrupamentos de Centros de Saúde e o desaparecimento das sub-regiões de saúde vão ocorrer de modo progressivo nos próximos meses.
Ficaremos, assim, dotados de uma estrutura moderna e funcional, que permitirá aumentar a acessibilidade das pessoas aos cuidados de saúde primários e que se traduzirá no envolvimento da comunidade na gestão desses cuidados.
Intervenção da Ministra da Saúde, Ana Jorge, na Comissão Parlamentar de Saúde - 11.03.2008.
Pois...mas este tipo de intervenções cheira-me a "rebuçado dos arcos" que era uma coisa que antigamente se dava às crianças para irem chupando e como eram muito grandes duravam muito tempo e enchiam a boca...
Reconhecimento da importancia...palavras bonitas...enquanto isso o modelo B das USFs que daria lugar a melhoria remuneratória está a aboborar desde Agosto de 2007 e o que temos na realidade quase 2 anos depois são 88 USFs e 20 ex-RREs, uns meros 20% dos MF portugueses que aperesentaram candidaturas ( atenção que é diferente de terem sido aprovadas e de terem começado a funcionar..., os médicos são afastados dos incentivos finaceiros ( veja-se a notícia do semanário Sol deste ultimo fim de semana...)...
Ou me engano muito ou até aqueles que acreditaram nas palavras e promessas de Correia de Campos começam a esgotar a paciência...
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