quarta-feira, março 5

Super Eleições


Texas, Vermont, Rhode Island e Ohio, escolhem hoje o candidato democrata às presidenciais 2008: Barack Obama ou Hillary Rodham Clinton .
Em relação à Saúde, ambos os candidatos defendem a criação de um sistema de cobertura universal. O debate da campanha tem sido, no entanto, pouco claro sobre a forma de financiamento do sistema e como pretendem os candidatos suster o crescimento galopante da despesa da saúde .link link

As propostas dos candidatos:
Senator Hillary Rodham Clinton contends that the only way to achieve universal health coverage, and to make the marketplace fair and efficient, is to require that everyone have insurance. That would include people like Ms. Coons, who may not currently rank health care above other needs and wants.
Senator Barack Obama, Mrs. Clinton’s rival for the Democratic presidential nomination, shares her goal of insuring all Americans. But he says that a mandate could mean financial devastation for middle-class families if the government did not first adequately reduce the cost of insurance.
Both candidates express confidence that by pumping at least $110 billion into subsidies and tax credits they can make policies affordable for all. The difference is that Mr. Obama insists he will be able to lure all of the uninsured simply by dangling the carrot of low premiums; Mrs. Clinton believes there will always be some free riders who respond only to a government stick.
Medicare and Medicaid
the two programs, for older Americans and low-income people, cost $627 billion last year and accounted for 23 percent of all federal spending. With no change in existing law, the Congressional Budget Office says, that cost will double in 10 years and the programs will account for more than 30 percent of the budget.
Economists and health policy experts say the federal health programs are unsustainable in their current form, because they are growing much faster than the economy or the revenues used to finance them. The Medicare program is especially endangered; its hospital insurance trust fund is expected to run out of money in 11 years.

But the need for cutbacks is not a popular theme for political candidates wooing voters who want more care at a lower cost.
The Democrats do not say, in any detail, how they would slow the growth of Medicare and Medicaid or what they think about the main policy options: rationing care, raising taxes, cutting payments to providers or requiring beneficiaries to pay more.
Nor do they say how they would overcome the health care industry lobby, which has blocked proposals for even modest reductions in Medicare payment rates.
NYTimes, Robert Pear, Kevin Sack: "About Those Health Care Plans by the Democrats ..."(03.03.08); "2 Plans and Many Questions on the Uninsured" (23.02.08).

6 Comments:

Blogger tambemquero said...

A campanha de Obama veio relembrar o que tem sido frequentemente esquecido: a política é uma conversa colectiva dos cidadãos sobre a coisa pública.

Quando hoje à noite se realizarem as primárias do Ohio e do Texas, a escolha do candidato democrata ficará encerrada. Contudo, independentemente do resultado, estas eleições já tiveram um vencedor: Barack Obama. O Senador do Illinois marcou a campanha e, acima de tudo, definiu os termos do debate.

O aspecto mais relevante da campanha de Obama – e que explica muito do entusiasmo gerado – não se prende com a apresentação de políticas assentes em soluções técnicas inovadoras. Pelo contrário, é difícil encontrar na primeira linha da sua argumentação propostas políticas concretas. Mas o que poderia ser visto como uma fragilidade é substituído por aquilo que é a sua principal força: a capacidade de mobilização pela palavra através da construção de uma narrativa sobre o passado dos EUA, mas que se projecta no futuro.

Desse ponto de vista, a campanha de Obama veio relembrar o que tem sido frequentemente esquecido: a política é uma conversa colectiva dos cidadãos sobre a coisa pública. Ora, como tem acontecido um pouco por todo o lado, quanto mais esta dimensão é desvalorizada e substituída por uma disputa entre soluções técnicas alternativas, menos relevantes se tornam as clivagens políticas – o que, por sua vez, faz crescer a tendência para o afastamento dos cidadãos da política. Quando a diferença é ténue, a propensão para participar enfraquece.

O discurso de Obama assenta em dois grandes pilares: por um lado, o envolvimento cívico e o espírito de comunidade – ou seja, a ideia de que o bem comum não depende necessariamente de mais governo, mas, sim, da participação de todos; por outro, o que pode ser classificado como optimismo realista – uma visão do futuro que não é cega face às dificuldades. Pelo contrário, reconhece que a dimensão das resistências à mudança implica a mobilização colectiva de vontades, baseada numa narrativa optimista quanto ao futuro.

Robert Reich, que foi ministro do Trabalho da primeira administração Clinton e que conhece o ex-presidente desde a juventude, num texto no seu ‘blog’, chama precisamente a atenção para o modo como na campanha de Obama ecoam as campanhas de John e Robert Kennedy. Reich sublinha contudo que, tal como Obama, nem John nem Robert Kennedy eram idealistas. Eram sim realistas que reconheciam a importância do idealismo para servir o realismo, que percebiam que as aspirações morais ajudam a mobilizar politicamente as nações.

Num notável discurso depois da derrota nas primárias do New Hampshire – entretanto musicado e tornado num dos videos mais vistos do YouTube – Obama antecipou que a sua campanha seria tratada por hordas de cínicos apenas como um exercício de retórica superficial, baseado num romantismo ingénuo. Mas, como lembra ainda Reich, convém recordar a inspiração que subsiste da acção dos Kennedy e o modo como, ainda hoje, essa é a referência para a participação de muitos na coisa pública.

Provavelmente, desde então, ninguém tinha conseguido envolver, de modo tão intenso, tantos na “conversa sobre a política” como Obama. Os níveis de participação nas primárias democratas, o envolvimento dos jovens e de muitos outros que tendem a votar menos, são os principais sintomas de que algo de novo se está a passar. Algo que só encontra paralelo nas campanhas idealistas, mas que provaram ser capazes de transformar a coisa pública como as dos irmãos Kennedy.

Há uma lição a retirar da campanha de Obama: a política não pode ser reduzida a uma disputa entre soluções técnicas.
Naturalmente que a definição de boas políticas é importante, mas Obama está aí para demonstrar que o fundamental é a capacidade de desenvolver uma narrativa mobilizadora, que olhe para o futuro com optimismo realista. Enquanto, como acontece por exemplo em Portugal, o essencial da política assentar em sucessivos acertos de contas com o passado, combinados com discursos de passa-culpas e com meia-dúzia de metas quantificadas, a possibilidade de, de novo, mobilizar as vontades de todos será irremediavelmente diminuta. Como mostra Obama, é preciso redescobrir o papel da palavra para a política. Uma redescoberta que pode ajudar a que nos afastemos das campanhas pré-formatadas e das diferenças baseadas em pormenores. No fundo, campanhas que têm levado a uma espiral de subvalorização afectiva da política.
Pedro Adão e Silva, DE 04.03.08

2:02 da manhã  
Blogger xavier said...

Às 2:41
Obama à frente em Vermont (59%, 50% dos votos escrutinados); Clinton no Ohio (60%, 14% escrutinados))e Rhode Island (53%, 9% escrutinados).
Ainda não há dados do Texas.

Embora o apuramento dos resultados esteja aindano principio tudo leva a crer que Hillary Clintos irá ganhar no Ohio, Rhode Island e, certamente, no Texas (sondagens).
A escolha dos democratas vai prosseguir renhida.

Com esta história das eleições não houve tempo para o debate da Saúde.
Daqui a três horas, vamos ver como evoluíram os resultados.

2:55 da manhã  
Blogger Clara said...

CC tenta matar as mágoas e o ócio com intervenções nos media.
Ontem no DE, hoje no JP.

Os planos de saúde de Barack e de Hillary

Os dois planos são muito diferentes e não apenas no nome: American Health Choices Plan para Clinton e Quality Affordable Health Care for All, para Obama. O primeiro assenta na universalidade de cobertura e na competição entre seguradoras. O segundo é de cobertura parcial, restrita a crianças, embora aspire mais tarde à universalidade; é também baseado na competição entre seguradoras e introduz a palavra qualidade, o que pouco mais parece ser que uma designação de fantasia.
O financiamento virá, nos dois casos, de várias fontes: entidades patronais, trabalhadores e Governo. Esta última é, em ambos os planos, facultada pela cessação das isenções fiscais temporárias de que beneficiam, por decisão de George W. Bush, os titulares de rendimentos acima de 250 mil dólares.
A parte de financiamento patronal, na prática, só existiria nas grandes e algumas médias empresas, em ambos os planos. As pequenas empresas poderiam deduzir, em impostos, as contribuições do seguro-doença dos seus trabalhadores, o mesmo acontecendo com as contribuições dos trabalhadores, em ambos os planos. No Plano Clinton, empresas e indivíduos poderiam manter o seguro actual. Quem pretendesse a modalidade de financiamento global optaria por uma contribuição assente em escala móvel, tendo em conta a dimensão da empresa e os salários (para evitar a proporcionalidade da quotização patronal em relação à massa salarial, penalizadora da empresa de pessoal intensivo e beneficiadora da empresa de capital intensivo). No Plano Obama a entidade patronal seria reembolsada pelo Estado dos encargos com doenças catastróficas (cancro, tuberculose, doenças transmissíveis, entre outras).
A parte mais inovadora respeita à liberdade de escolha de planos de saúde, dentro de um cabaz de planos de seguro privado. Isto é, a entidade responsável directa pela compra dos cuidados, não pela sua prestação, seria escolhida em competição, para se ganhar eficiência. Este modelo é comum às duas propostas.
Quanto ao controlo de gastos, Clinton identifica sete medidas: maior ênfase na prevenção; informatização do dossier do doente; cuidados apenas essenciais aos doentes crónicos; pool de seguradoras para facilitar a competição e baixar preços; criação de um instituto tipo NICE (National Institute for Clinical Evidence, no Reino Unido) para a investigação; controlo dos preços dos medicamentos sujeitos a receita médica; revisão do sistema de responsabilidade por erro médico.
Para o mesmo efeito, Obama propõe apenas os ganhos de eficiência pela competição entre seguradoras e alguma acção de convencimento das farmacêuticas a reduzirem os seus preços.
Ambos os planos são conservadores: conhecedores dos fracassos históricos do Plano Truman (1948) e do Plano Clinton (1993), não atentam nem contra os prestadores privados, nem contra as companhias de seguros, as quais continuariam a dispor de total liberdade, com mais competição orientada para ganhos de eficiência do sistema. O Plano Obama revela-se vago e limita às crianças a sua universalidade. Baseia-se numa grande dose de bondade dos actores. O Plano Clinton está mais detalhado e revela a ambição de cobrir todos os cidadãos.
António Correia de Campos, JP 05.03.08

9:11 da manhã  
Blogger xavier said...

Confirmou-se.
Resultados provisórios:
Clinton ganha no Ohio (55%); Rhode Island (58%) e Texas (51%).
Obama, ganhou em Vermont (60%).

A descida de nível de campanha da senadora Hillary colheu frutos.

9:40 da manhã  
Blogger tambemquero said...

O pragmatismo contra Barack Obama
O pragmatismo é pior que a Hidra que Hércules combateu na Odisseia. Tem mais cabeças do que aquelas que conseguimos cortar, aparece e desaparece como uma maldição e, pelos vistos, acaba sempre por vir ao de cima, triunfante, com o seu ar de nauseabunda mediocridade.
Nos Estados Unidos, o pragmatismo tem dois nomes: Hillary Clinton e Jonh McCain. Ela, a esposa brilhante de Bill, o grande Presidente da América, nos últimos anos, que apoiou a guerra do Iraque, ele, um herói do Vietname, que não hesita em tratar os outros países como meros satélites dos interesses norte-americanos.
Ambos repetem a mesma mensagem: vem aí o Lobo, o inexperiente Obama, o idealista Obama, que não sabe governar, que não conhece os dossiers, que poderá ser uma versão negra da "Alice no país das maravilhas". E, deste lado do Atlântico, comentadores como Pacheco Pereira defendem candidaturas como a de Jonh McCain, e referem, ó sacrossanto argumento, que ele, sim, sabe o que é governar, que ele conhece o sistema, que ele é que é pragmático.
Sabem uma coisa? Qualquer dia havemos de morrer de pragmatismo!!
Porquê? Porque foi o pragmatismo que nos trouxe a este deserto de ideias, de projecto, de alteridade social e política, é ele que nos leva a este abismo neoliberal!! Por amor de Deus, um pouco de idealismo. De frescura. E menos pragmatismo, que o pragmatismo é como a cicuta para o Sócrates: um veneno que nos há-de matar.
Rui Marques, JP 06.03.08

9:23 da manhã  
Blogger tambemquero said...

O pragmatismo contra Barack Obama
O pragmatismo é pior que a Hidra que Hércules combateu na Odisseia. Tem mais cabeças do que aquelas que conseguimos cortar, aparece e desaparece como uma maldição e, pelos vistos, acaba sempre por vir ao de cima, triunfante, com o seu ar de nauseabunda mediocridade.
Nos Estados Unidos, o pragmatismo tem dois nomes: Hillary Clinton e Jonh McCain. Ela, a esposa brilhante de Bill, o grande Presidente da América, nos últimos anos, que apoiou a guerra do Iraque, ele, um herói do Vietname, que não hesita em tratar os outros países como meros satélites dos interesses norte-americanos.
Ambos repetem a mesma mensagem: vem aí o Lobo, o inexperiente Obama, o idealista Obama, que não sabe governar, que não conhece os dossiers, que poderá ser uma versão negra da "Alice no país das maravilhas". E, deste lado do Atlântico, comentadores como Pacheco Pereira defendem candidaturas como a de Jonh McCain, e referem, ó sacrossanto argumento, que ele, sim, sabe o que é governar, que ele conhece o sistema, que ele é que é pragmático.
Sabem uma coisa? Qualquer dia havemos de morrer de pragmatismo!!
Porquê? Porque foi o pragmatismo que nos trouxe a este deserto de ideias, de projecto, de alteridade social e política, é ele que nos leva a este abismo neoliberal!! Por amor de Deus, um pouco de idealismo. De frescura. E menos pragmatismo, que o pragmatismo é como a cicuta para o Sócrates: um veneno que nos há-de matar.
Rui Marques, JP 06.03.08

9:24 da manhã  

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