sexta-feira, abril 11

Deslocado acinte


Fartei-me de comentar o controlo biométrico de assiduidade, bem como as suas emergentes (visíveis e ocultas) aplicações em processos de gestão doa Hospitais.
Quando leio escrito pelo "tá visto" o seguinte texto:
"A revisão das carreiras médicas e da política salarial que comportam, é um passo determinante na revitalização do hospital público. A Medicina Familiar com as USF parece ter encontrado o seu modelo reformista, nos hospitais do SNS, à parte medidas empresarias de gestão, pouco se fez na política de serviços de acção médica para mudar o "status quo" vigente."
Não posso deixar de dar o meu aplauso a todas as considerações que tece sobre incentivos, inovação, investimentos no ambiente hospitalar que sofreu, nos últimos anos, alterações de âmbito "economicista".
Foi, desde LPP, um rodopio para esconder insuficiências orçamentais: SPA's, SA's, EPE's, IP's, (não sei se Fundações?) i. e., qualquer modelo de camuflagem, qualquer máscara, servia desde que escondesse a cara do deficit.

Essa atitude retrógada é, de facto, a causa remota, pelo que o Sector Privado da Saúde começou a atacar por aí (na área hospitalar) e prosseguirá através das PPP's (porque, andamos aqui há muitos anos, as coisas não estão definitivamente enterradas).

O controlo de assiduidade ficará sempre ligado à administração Correia de Campos. Não por ter sido o seu promotor (segundo afirmou até nem era, seria uma disposição antiga).
Foi uma gravosa tentativa de gestão administrativa dos Hospitais, cuja origem não é dificil descortinar.
Em devido tempo, CC corrigiu a mão, e esse controlo ficou integrado na "clinical governance" dos Serviços e Departamentos. Deitou-se água na fervura (Matosinhos, p. exº) mas a afronta existiu e não será fácilmente esquecida.
Ao contrário do que o post link sugere não haverá mais recuo até às eleições - mas a revisão da legislação dos médicos na carreira hospitalar. DD/LUSA (02.04.08).
Isto poderá modificar (melhorar), efectivamente: a produção hospitalar, produzir melhores cuidados, conseguir bons resultados.

Ao invés dos pontómetros... cuja implementação passou pelas mais abjectas e insultuosas considerações sobre os médicos, tratando-os como párias da sociedade imiscuidos na saúde,i. e., promotores da prosmiscuidade e adictos da ganância.

Dirão, que tais epípetos não foram dirigidos à generalidade do grupo profissional. Na realidade foram. Nenhum CA, de qualquer Hospital levantou qualquer inquérito ou processo disciplinar visando esclarecer este assunto ou apurar responsabilidades.
Fomos, portanto, todos metidos no mesmo saco.
O que se passou em termos argumentativos - por exemplo para quem, ao longo de 36 anos trabalhou, num HH público, foi simplesmente obsceno e prepotente.
Não estou a discutir o dever de assiduidade do trabalhador da Administração Pública.
Estou a julgar o comportamento de dirigentes do MS e provavelmente da sua entourage.
Nunca assumirão as consequências das suas decisões e atitudes. A culpa será sempre dos outros.
Não tenho outras palavras.

E é isso que Ana Jorge deve sentir.
Uma imperiosa necessidade de remendar, remediar, ou extirpar, para garantir que os melhores fiquem no SNS. Uma opção eminentemente institucional.
Porque a decisão terapêutica é por vezes complicada.

Outros dirão que as situações não são tão dramáticas. Nunca são!
Que se resolvem com caramelos.
Em Portugal, a situação nunca é tão grave até sucederem catástrofes, calamidades ou ... meras imprudências que cavalitam a tolice.
e-pá!

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