domingo, outubro 26

O Estado que pague a crise

Ainda a propósito da crise financeira internacional vão emergindo, aqui e ali, (hoje por exemplo no Expresso em Opinião) alguns colunistas que com supremo desplante e alguma, indolente, persistência se insurgem contra o fim do liberalismo. Vão dizendo que se tratam de “reajustamentos” que em nada prejudicam o capitalismo, o mercado ou os ideais neo-liberais.
Tudo isto faz-nos vir à ideia algumas inquietações…
- Será que, à semelhança do SNS, se deverá criar uma Comissão para estudar a Sustentabilidade do Sistema Financeiro?
- Será que (estando o sistema financeiro na sua esmagadora maioria privatizado) se deve pedir ajuda, ao ex-Ministro Luís Filipe Pereira, para se criar um programa de Parcerias Privado-Público para a Banca? E estas deverão incluir gestão financeira ou apenas instalações e equipamentos?
- Valerá a pena criar uma Unidade de Missão para os Bancos, EPE?
- Qual a diferença que existe entre a intervenção do Estado a tapar “buracos” no sistema financeiro, por dolo especulativo, e a intervenção do Estado nos Hospitais Públicos para cobrir défices por estes tratarem doentes?
- Será que no primeiro caso (Banca) se trata de “contingências do mercado” e no segundo (Hospitais) de má gestão?
- Qual a utilidade maior dos impostos dos cidadãos: cobrir as irresponsabilidades de entidades privadas geridas por seres “superiores”, principescamente pagos, ou financiar o sistema de saúde gerido por “incompetentes” (ainda por cima mal pagos)?
Valha-nos a tranquilidade de saber que nas PPP’s em curso (com gestão clínica) nenhum dos operadores privados tem motivos para dormir mal. É que se as coisas correrem mal haverá sempre um fundo que acautelará males maiores.
Ainda há tempos PKM escrevia que nos privados quando as coisas correm mal quem assume o risco são os accionistas. Ter-se-á esquecido de referir que, infelizmente, os accionistas (à força) somos todos nós.
Afinal isto da partilha de risco já foi chão que deu uvas…
silly season

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5 Comments:

Blogger e-pá! said...

Vejam este artigo do Le Grand Soir (17.10.08)

"Démocratie Impériale : on t’enlève ta maison, tu perds ton vote.

ALLARD Jean-Guy

"Le dernier cri en matière de fraude électorale vient d’être conçu par l’imaginatif président du Parti républicain du comté de Macomb, au Michigan :
James Carabelli fera réviser méthodiquement les listes de maisons saisies par les banques et les sociétés de crédit hypothécaire pour ainsi retirer immédiatement des listes électorales celles qui ont appartenu à des électeurs démocrates..."
link

São batotas deste género que já lixaram Al Gore, reaparecendo...

12:33 da manhã  
Blogger Joaopedro said...

Realmente a partilha de risco não passou de uma ficção engendrada por uns tantos iluminados para justificar a entrega de proveitosos negócios ao sector privado a recato da concorrência e do endeusado mercado, com garantia do orçamento de estado, ou seja, dos nossos impostos.

As PPP fazem parte de um conjunto vasto de negócios que servem apenas para alimentar uma clientela empresarial que não vive sem o Estado. Se ao menos estas aventuras patrocinadas pelo Estado fossem a feijões…(MST no expresso) vá que não vá…

12:46 da tarde  
Blogger tambemquero said...

Erros de medicação causam 7.000 mortos anualmente

É a notícia bombástica de hoje sobre o SNS. Que a senhora Aida Batista, presidente da APFH, decidiu lançar aos quatro ventos.

Será que determinados responsáveis do nosso sistema de saúde decidiram, por inconfessáveis desígnios, ou, simplesmente, por isto ter virado um marasmo desde a demissão do ministro Correia de Campos, lançar nos órgãos de comunicação social notícias de forte impacto . Para não dizer alarmantes.

Como bem esclarece, neste caso, Faria Vaz, trata-se de um velho indicador apurado em estudos internacionais e conhecido de todos os portugueses e não só, desde há muito.
Se bem que esta matéria não me deixe de preocupar. E bem gostaria de saber com rigor como vão as coisas no nosso país. Mas à falta de informação (pese embora os muitos milhões gastos) tenho de me contentar (guiar) com a suposição do que acontece lá fora.

2:30 da tarde  
Blogger Hospitaisepe said...

Nesta época de crise o que o Estado tem a fazer é reassumir uma maior responsabilidade relativamente ao sector da Saúde, reservando para o sector privado o papel de complementariedade. Através de um sistema de convenções bem supervisionado e melhor fiscalizado de molde a ssegurar que o dinheiro dos contribuintes é bem utilizado.

As PPP são negócios ruinosos para o Estado por serem impossíveis de fiscalizar. Tal as sub-prime que estoiraram com o sistema finançeiro mundial.

Realização de lucros chorudos, lucros seguros, porque garantidos pelo Estado através de contratos de dez anos, dificuldade em garantir a qualidade, eis o negócio das PPP no seu maior explendor.Verdadeiras máquinas prontas a derreterem os nossos impostos.

10:38 da manhã  
Blogger DrFeelGood said...

The big payback
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... There are 10 major PFI schemes now running in London, with an annual cost to the NHS of £125m. A further six large schemes are in construction, procurement or earlier stages of planning. The process of reconfiguring London's NHS estate is certain to be influenced by the high cost and inflexible nature of these schemes.

The PFI-generated cost pressure is likely to be felt across the health economy. Perhaps because of the problems this creates, commentators frequently speculate about PFI's demise. In fact, the PFI programme in England's NHS is being expanded (though its days in Scotland appear to be numbered).

There are now more than 80 signed PFI contracts in England's NHS, with a combined construction cost of £8.5bn. Under plans published in April, DH will deliver 41 more schemes, bringing the total construction cost to £15.5bn.

The debt and service payments accruing to these schemes will grow accordingly. Last year, the NHS made PFI payments of £470m to PFI consortia. As we've seen, these payments are already a real source of financial difficulty for trusts.

As the PFI programme expands, these problems will become more widespread. By 2013/14, when all 126 schemes in the current programme are in operation, PFI payments will be £2.3bn a year. Over the long term, the money to be repaid by the NHS under these contracts dwarfs that raised by the private sector.

When all the planned schemes are completed, the NHS will have committed itself to a total bill of around £90bn - up from around £50bn today. It is unlikely ministers will truly get to grips with the NHS's underlying deficit problem if this expansion is allowed to occur.

The Guardian set 07

E é isto que se passa na pátria das PPP.

11:00 da manhã  

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