"Pôr tudo na ordem" ...
sergeicartoons
No final de um almoço promovido pela Câmara de Comércio Luso-Americana, Manuela Ferreira Leite perguntou, a propósito da reforma do sistema de justiça, se "não é bom haver seis meses sem democracia" para "pôr tudo na ordem".
A direita portuguesa é mesmo assim. Desprovida de substância ideológica cai num profundo desnorte sempre que está na oposição. O equilíbrio estrutural desta direita, e do seu maior partido, apenas é conseguido, de forma transitória, quando exerce o poder. Fora disso é o descalabro. Representada, maioritariamente, num partido (PSD) que representa uma eclética federação de interesses, profundamente, contraditórios vai procurando, ansiosamente, líderes que lhe tragam de novo o poder sem olhar à substância dos mesmos. Mais do que afirmar-se pelas ideias ou pelos ideais joga tudo na experimentação dos estilos. Foi assim com Barroso, Santana, Menezes e Manuela Ferreira Leite. A inconsistência programática vai corroendo a imagem de alternativa. Prevalece o imediatismo táctico sobre o ideário de projecto.
Passada a experimentação populista ensaiou, num passo de mágica, um novo estilo cuja coreografia teve como argumento central a ideia de credibilidade.
O que temos vindo a assistir mostra o pior do conservadorismo português fundado na vacuidade intelectual, na velha ordem moral, na retórica dos costumes, do “olhar sempre para trás”. Em Manuela Ferreira Leite sinalizamos o fado português, marcado pelo destino, quase fatal, do empobrecimento, da contenção, da retracção, ou do castigo.
O PSD empurra-nos para o passado, diz-nos todos os dias que o único caminho possível é o da comiseração e do lamento.
O PSD não se consegue libertar do passado. Vive amarrado aos seus piores fantasmas. Teme a boçalidade anti-democrática de Alberto João Jardim ao mesmo tempo que eterniza a submissão perante o arrastado torpor de Pedro Santana Lopes.
Manuela Ferreira Leite vive à margem do tempo e do mundo. Estranha as pessoas dando sinais de não perceber os afectos, as diferenças e as mudanças. Não parece ter compreendido, ainda que o modelo económico e social que sempre defendeu se esgotou.
Resta-lhe por isso, talvez, esperar. Esperar pelo dia próximo em que o partido que a escolheu a venha a rejeitar, tão somente, porque será preciso experimentar um outro estilo.
A direita portuguesa é mesmo assim. Desprovida de substância ideológica cai num profundo desnorte sempre que está na oposição. O equilíbrio estrutural desta direita, e do seu maior partido, apenas é conseguido, de forma transitória, quando exerce o poder. Fora disso é o descalabro. Representada, maioritariamente, num partido (PSD) que representa uma eclética federação de interesses, profundamente, contraditórios vai procurando, ansiosamente, líderes que lhe tragam de novo o poder sem olhar à substância dos mesmos. Mais do que afirmar-se pelas ideias ou pelos ideais joga tudo na experimentação dos estilos. Foi assim com Barroso, Santana, Menezes e Manuela Ferreira Leite. A inconsistência programática vai corroendo a imagem de alternativa. Prevalece o imediatismo táctico sobre o ideário de projecto.
Passada a experimentação populista ensaiou, num passo de mágica, um novo estilo cuja coreografia teve como argumento central a ideia de credibilidade.
O que temos vindo a assistir mostra o pior do conservadorismo português fundado na vacuidade intelectual, na velha ordem moral, na retórica dos costumes, do “olhar sempre para trás”. Em Manuela Ferreira Leite sinalizamos o fado português, marcado pelo destino, quase fatal, do empobrecimento, da contenção, da retracção, ou do castigo.
O PSD empurra-nos para o passado, diz-nos todos os dias que o único caminho possível é o da comiseração e do lamento.
O PSD não se consegue libertar do passado. Vive amarrado aos seus piores fantasmas. Teme a boçalidade anti-democrática de Alberto João Jardim ao mesmo tempo que eterniza a submissão perante o arrastado torpor de Pedro Santana Lopes.
Manuela Ferreira Leite vive à margem do tempo e do mundo. Estranha as pessoas dando sinais de não perceber os afectos, as diferenças e as mudanças. Não parece ter compreendido, ainda que o modelo económico e social que sempre defendeu se esgotou.
Resta-lhe por isso, talvez, esperar. Esperar pelo dia próximo em que o partido que a escolheu a venha a rejeitar, tão somente, porque será preciso experimentar um outro estilo.
rezingão
Etiquetas: rezingão
9 Comments:
Parabéns ao rezingão pela qualidade do seu texto que faz uma análise da actual presidente do PSD. É dificil fazer melhor.
Efectivamente, Manuela Ferreira Leite personifica «o pior do conservadorismo português fundado na vacuidade intelectual, na velha ordem moral, na retórica dos costumes, do “olhar sempre para trás”. Em Manuela Ferreira Leite sinalizamos o fado português, marcado pelo destino, quase fatal, do empobrecimento, da contenção, da retracção, ou do castigo.
Marques Mendes, professor martelo ou um outro qualquer personagem saido de um qualquer congresso, só têm de esperar até depois das próximas eleições.
Desatinos de Manuela Ferreira Leite
Custa a acreditar que a líder de um partido de vocação governativa, que governou o Portugal democrático durante muitos anos e que se ufana de ser um partido reformista, tenha produzido as declarações tão desatinadas como estas.
Ultrapassa o inacreditável dizer que "em democracia não é possível fazer reformas", que "não se pode fazer reformas contra os seus destinatários", e que (numa piada de Parque Mayer) para fazer reformas dessas seria preciso suspender a democracia "por seis meses" (e por que não por seis anos?!).
Para além da barbaridade da "suspensão da democracia", que tem isto a ver com a identidade e com a tradição reformista do PSD?! Que diriam Sá Carneiro e Cavaco Silva, que ficaram para a história justamente pelas suas reformas e que não hesitaram em enfrentar corporações, sem precisarem de "suspender a democracia" para isso?
Decididamente, Manuela Ferreira Leite "passou-se". Não perdoa ao Governo fazer reformas sem "suspender a democracia". Não aguenta manifestamente a pressão do evidente fracasso da sua liderança. O PSD vai precisar de mudar de novo de líder...
Ao contrário do que Manuela Ferreira Leite pensa, o que limita e suspende a democracia é defender que não se pode fazer reformas sem o consentimento dos que com elas são afectados.
Se for necessária (como defende MFL), e não somente vantajosa ou conveniente, a concordância dos grupos profissionais para validar as decisões políticas do poder democraticamente estabelecido, não é isso uma limitação da democracia? Qual é a legitimidade dos grupos profissionais para vetarem as decisões dos órgãos democráticos do poder político? Onde é que se funda tal limitação da democracia?
A líder do PSD repetiu mais uma vez o seu discurso do congresso do PSD, de solidariedade com os grupos profissionais "vítimas" das celeradas reformas do Governo do PS. Trata-se claramente de uma deliberada linha estratégica, com vista a tirar partido dos descontentamentos sectoriais criados pelas reformas.
Deste modo, o PSD corre o risco de se transformar politicamente numa federação de corporações agravadas e descontentamentos ressentidos, disputando o terreno dos pequenos partidos de protesto, como o CDS ou o PCP ou o BE. Como é que se constrói uma alternativa política de governo com base num discurso tão incoerente e tão reaccionário --, eis a questão política do PSD.
Vital Moreira, Causa Nossa
Razões tinha Manuela Ferreira Leite para estar calada.
Depois que decidiu falar, aconselhada pelo politólogo Pacheco Pereira, ou entra mosca ou sai aneirada...
Não devia ser isto que queria, mas foi o que arranjou
A propósito de uma iniciativa do PSD que apareceu em 14.º lugar no alinhamento noticioso de uma televisão, Manuela Ferreira Leite considerou que os jornalistas não podem seleccionar as notícias. Hoje conseguiu o pleno. Com as suas bizarras declarações de sobre a suspensão da democracia, não só os jornalistas já têm a selecção feita como conseguirá aparecer nos momentos iniciais de todos os noticiários. Quem sabe à frente das notícias que dão conta do aumento do desemprego e nova revisão em baixa dos indicadores económicos. O PS agradece.
O Arrastão, Pedro Sales
Mentira do dia
Depois de se ter notabilizado por ter sido a primeira política do mundo a querer ganhar eleições sem abrir a boca e por ser o único líder político que não faz propostas para não ser plagiado, Manuela Ferreira Leite vai ser também o primeiro político a usar capacete quando faz intervenções políticas.
Não está em causa usar uma indumentária mais adequados à política do banzé adoptada depois da descida nas sondagens, tanto quanto se sabe Manuela Ferreira Leite não deixou de se aconselhar, provavelmente com Pacheco Pereira, deixando de usar aqueles trajes fora de moda e de estação que se supunha ficarem bem a alguém que confunde rigor com andar de alpergatas. O problema é que cada vez que Manuela Ferreira Leite abre a boca 'espeta-se', por isso já deu valentes cabeçadas como a da oposição ao aumento do salário mínimo ou, como agora, com a sugestão de suspender a democracia, algo que deve ter aprendido com o recente encerramento do parlamento regional da Madeira.
O recurso ao capacete não se deve a razões estéticas, é mesmo para proteger o que sobra da sua pobre cabecinha.
O Jumento 18.11.08
Excelente post do "rezingão".
Desgraçado do País que tem um Governo, sem uma oposição capaz e credível.
A democracia, nesta situação, esvai-se...no autoritarismo, na arrrogância, na prepotência.
Este é, também, um outro "nosso fado".
O fado da desgraçadinha!
O melhor texto que vi publicado a propósito de mais este triste episódio de MFL.
Afinal, quem foi o brilhante estratega do PSD que acreditou que a fórmula MFL iria resultar?
O PSD passou a viver de remakes. Depois do tio Cavaco, a tia Manela.
Qualquer dia cai-nos na rifa, outra vez, el Pedrito Santana.
Em tempo de estreia…
Banco Privado Português estreou garantias do Estado
…”O Banco Privado Português (BPP) foi a primeira instituição financeira a recorrer às garantias concedidas pelo Estado, noticia esta quarta-feira a edição online do Público. Segundo o jornal, o banco liderado por João Rendeiro entregou na semana passada um pedido junto do Banco de Portugal para que o Estado avalize um financiamento no montante de 750 milhões de euros. O empréstimo em causa destina-se a repor a liquidez no BPP”…
O cinismo histriónico de muitos opinion-makers fica, convenientemente, silenciado perante o dislate provocador que é feito aos contribuintes com esta operação financeira. Os mesmos que se escandalizam com o “buraco” da saúde e as dívidas do SNS são os mesmos que silenciam o escândalo dissimulado dos mestres em artimanhas do “faz-de-conta”. Podem repetir-se as operações em Porto Rico, nas Ilhas Caimão, a fraude dolosa, sistemática e organizada. Podem-nos entrar em casa, pelas televisões, os relatos mais torpes da evidência criminosa, desprovida de escrúpulos e eivada de uma ética obscena e insultuosa da decência e da responsabilidade social que sempre nos será dito estarmos perante “incidências” do mercado. Ainda que, espoliados pela espiral da ganância e pelo estupro das mentiras continuaremos a ser, todos os dias, torpedeados com a “normalidade” factual deste tipo de eventos.
Para estes “cínicos” nada disto é relevante. Afinal trata-se de grandes gestores, homens de coragem e de fibra que ousam correr riscos, suportados num instinto guerreiro de empreendedorismo.
O problema, na verdade, está no “buraco” da saúde, nas dívidas do SNS e na ineficiência do sector público.
Que outro mundo seria se esse imenso capital (ainda) controlado pelo Estado, na saúde, estivesse já liberto e submetido à gestão corajosa do dinâmico sector privado?
Afinal, 1500 milhões de Euros para o BPN mais 750 milhões de Euros para o Banco Privado Português demonstram, claramente, a capacidade de o sector privado volatilizar activos. Que pena que o SNS não tenha, ainda, interiorizado estas relevantes competências…
A questão não é o modelo
Adira-me que na área do PS também haja quem defenda que a contestação dos professores tem a ver com o "modelo de avaliação" adoptado, e não com a avaliação em si mesma.
Mas o líder da Fenprof não poderia ter sido mais enfático na afirmação de que os professores não querem nenhuma avaliação que tenha repercussão na progressão profissional. E ninguém o contrariou neste ponto. Ou seja, avaliação talvez, desde que irrelevante!
Por conseguinte, a questão não é com esta avaliação mas sim com haver avaliação digna desse nome ou não. Achar que se poderia ceder no modelo para salvar a avaliação só pode ser produto de ingenuidade ou auto-engano.
vital moreira, causa nossa
Não me posso excluir desse pecado, mas de há algum tempo para cá tenho me perguntado se os objectivos com que o Saúde SA foi criado ainda se mantêm.
Ou seja, trata-se ainda de um espaço de "TEMAS DA SAÚDE. CRÍTICA ÀS POLÍTICAS DE SAÚDE..."?
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