Contra o SNS
É confrangedor ouvir o Dr. Pedro Nunes sobre qualquer assunto que diga respeito ao SNS. Sobre uma pretensa capa de defesa do Serviço Público, vai desferindo ataques ou avançando propostas, que, se levadas em consideração, só poderiam conduzir à sua extinção ou a transformá-lo numa coisa irreconhecível.
Medidas como esta (definição dos tempos máximos), que visam aumentar a "accountability" aos diversos níveis de prestação de cuidados, melhorar a transparência da governação clínica e criar confiança dos utentes nas instituições públicas, não lhe servem. Compreende-se a razão, o Dr. Pedro Nunes á apologista de um modelo de saúde médicocêntrico, assente na convenção e no conceito de pagamento à peça que se lhe associa, em que a única norma pela qual deve reger-se a classe médica é a ética profissional.
Para quem tem do exercício da profissão a visão do lucro máximo e do dever mínimo, tanto se lhe dá que os hospitais sejam públicos ou privados, que o sector privado actue em complementaridade, em concorrência ou se assuma como único prestador de cuidados de saúde. A sua única preocupação filosófica em saúde é o da defesa dos interesses da classe que representa e que tudo o resto se ajuste aos seus desígnios.
Medidas como esta (definição dos tempos máximos), que visam aumentar a "accountability" aos diversos níveis de prestação de cuidados, melhorar a transparência da governação clínica e criar confiança dos utentes nas instituições públicas, não lhe servem. Compreende-se a razão, o Dr. Pedro Nunes á apologista de um modelo de saúde médicocêntrico, assente na convenção e no conceito de pagamento à peça que se lhe associa, em que a única norma pela qual deve reger-se a classe médica é a ética profissional.
Para quem tem do exercício da profissão a visão do lucro máximo e do dever mínimo, tanto se lhe dá que os hospitais sejam públicos ou privados, que o sector privado actue em complementaridade, em concorrência ou se assuma como único prestador de cuidados de saúde. A sua única preocupação filosófica em saúde é o da defesa dos interesses da classe que representa e que tudo o resto se ajuste aos seus desígnios.
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3 Comments:
"NINGUÉM É DONO DO SNS !"
A OM tem ao longo da sua existência tomado múltiplas posições em defesa do SNS que só por má fé se pode desvalorizar ou tentar apagar.
O SNS não nasceu ontem, tem 30 anos.
Sobre a recente portaria dos tempos de espera das Consultas Externas, o bastonário da OM achou as medidas positivas, mas chamou a atenção sobre a sua exequibilidade.
Disse literalmente: "Fixar prazos é fácil, cumprir é mais difícil"...
Falou sim de outros caminhos que não foram discutidos, nem explorados, com todos os profissionais que trabalham no SNS.
O tal Toyota way do NHS…
De facto, todos sabemos que o aumento de produção – em consultas externas, cirurgias, etc – não se obtém por decreto, portaria, despacho, etc.
Se fosse assim, com o arsenal regulamentar que dispomos e a facilidade em fazer circulares, ordens de Serviço, etc., estávamos no paraíso…
Definir a posição do bastonário da OM como “contra o SNS”, mostra à saciedade uma preconceitualidade prévia, frequentemente denunciada, e especificamente dirigida a um determinado grupo profissional.
E, já que falamos em atitudes centrípetas de liderança, o atirar esse labéu contra os médicos (através da sua Ordem) tenta disfarçar um caminho gestionariocêntrico, solitário, isolado e auto-suficiente, que alguns jovens turcos da AH, pretendem imprimir ao SNS.
Parafraseando, um conhecido político da nossa praça (da canção), diria:
"Ninguém é dono do SNS!"
Ele é património do Estado, portanto, público - diz respeito a todos os portugueses - e espero que inalienável.
O SNS não sobreviveria se, os médicos que trabalham no sector público, adoptassem a hipotética bitola que pretende colar ao pensamento seus representantes, isto é:
a visão do lucro máximo e do dever mínimo…
Conhecemos perfeitamente este tipo de visão.
Denominamos de: delírio paranóide.
Caro e-pá!
Criticar posições do Bastonário não é o mesmo que criticar a Ordem no seu todo, muito menos os médicos enquanto classe na qual aliás me insiro. A verdade é que da boca do Dr. Pedro Nunes muito pouco, ou nada, tenho ouvido de positivo em defesa do reforço do SNS enquanto serviço público. Senão vejamos:
- É visceralmente contra o estabelecimento de medidas que vão no sentido da separação de sectores, nomeadamente normas de incompatibilidade do exercício público/privado.
- Propõe um sistema concorrencial público/privado através da generalização da convenção, como modelo de serviço da saúde e de melhoria da eficiência do SNS.
- Tem uma visão médicocêntrica da medicina, desde o nível do órgão máximo de gestão ao do exercício profissional, passando pelo conceito estrito de acto médico.
- Defende a liberdade ilimitada do exercício profissional, recusando quaisquer normas enquadradoras da actividade médica (guidelines).
- Recusa formas de avaliação do trabalho médico porque entende que quantidade e qualidade do exercício estão garantidas pela ética profissional.
São estas algumas das razões que me levam a descrer na sinceridade do Dr. Pedro Nunes quando faz críticas em nome da pretensa defesa do SNS.
Caro Tavisto:
É um permanente exercício de equilibrismo opinativo criticar o Bastonário - eleito por escrutínio directo – e, depois, tentar restringir essa crítica ao colega Pedro Nunes.
Principalmente, quando se comenta as declarações que o mesmo faz no exercício de funções institucionais.
A posição deste bastonário quanto ao SNS é pública e publicada:
...." Estamos empenhados em garantir a todos os portugueses cuidados de saúde e apoio na doença de acordo com as suas reais necessidades pelo que pugnamos pela qualidade de um sistema de saúde em que se identifique como estruturante um Serviço Nacional de Saúde, universal, público e tendencialmente gratuito."...
Portal Oficial da OM, 01.08.2006.
Esta a essência das posições de princípio da Instituição a que preside e expressa quais devem ser os seus desígnios, as suas referências políticas e sociais e, obviamente, balizam o seu empenho.
Declarações avulsas sobre acções pontuais do MS, quase sempre geram polémica, mas por outro lado acabam por se tornar irrelevantes e improdutivas no contexto geral dos interesses do SNS.
Aliás, para além do rol de questões que coloca, quase todas pertinentes, e cuja detalhada análise merecia ser feita, à margem de anátemas do tipo: "Contra o SNS".
Mas o grande problema é outro.
Um sistemático desprezo pelas estruturas representativas dos médicos e, diga-se em nome da verdade, de todos os trabalhadores da Saúde.
Mais, quando se olha à volta e se procuram referências, como p. exº. o relatório do Prof. Ara Darzi' sobre o NHS - High Quality Care for All - constatamos que não temos estruturas, nem a “cultura” da ascultação e consulta dos utentes.
Fazemos, de tempos a tempos “inquéritos para determinar o grau de satisfação” e ficamos tão satisfeitos como o Sr. Salvador Mello em relação à sua gestão clínica do HH FF. Mantemos, dentro da mais estreita burocracia (apesar do "Simplex") nas Instituições de Saúde, um Gabinete do Utente, que mais se assemelha a uma delegação da DECO.
Se não, vejamos o exemplo do consulado de CC - os sindicatos nunca foram chamados ao MS para discutir as suas "frenéticas" reformas.
As manifestações públicas das populações perante as mudanças (que estavam tecnicamente bem fundamentadas) foram liminarmente classificadas - por uma entourage de assessores que pululam no MS - de manipulações populistas e os seus objectivos apodados de demagógicos.
Aqui, recordo um conceito de Nelson Mandela: "If you talk to a man in a language he understands, that goes to his head. If you talk to him in his language, that goes to his heart."
A OM, para não citar todos os outros orgãos da área da Saúde, precisam de manter um permanente diálogo, conversação, exploração de mecanismos e definção das respostas que reforcem o SNS.
Participar é a palavra de ordem.
Acusa-se a OM de tomar posições corporativas e logo de seguida para deitar água na fervura acrescenta-se que "não se pode fazer nada contra os médicos". Esta a postura retórica que depois da pancada, corre a afagar o ego, é tipicamente a elegia de uma deriva medicocêntrica, necessariamnete classista e redutora que, depois, é endossada à Ordem.
Resolver problemas por decretos, portarias, circulares, etc., sem passar por estes trâmites de consultas e estudo colectivo dos problemas, muitas vezes dá origem a um aumento da conflitualidade no interior do SNS e a poucos - ou nenhuns - resultados práticos, nomeadamente em relação ao seu reforço institucional, à accountability (quality accounts), à efectividade de gestão dos recursos e à obtenção de bons resultados.
Declaração de interesses:
Nunca, em tempo algum, apoiei qualquer candidatura do Dr. Pedro Nunes para Bastonário da OM.
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