domingo, dezembro 28

Definição de tempos máximos de espera


Preocupa administradores

…”Muitos hospitais não vão conseguir cumprir os tempos de resposta aos utentes definidos ontem pelo Ministério da Saúde. O alerta é dado por Pedro Lopes, presidente da Associação de Administradores Hospitalares (AAH), que considera que os objectivos definidos são "um bocado ambiciosos"…
…” O bastonário da Ordem dos Médicos partilha este cepticismo. "Fixar prazos é fácil, cumprir é mais difícil", diz Pedro Nunes, referindo que este não é o caminho para resolver o problema das listas de espera. No entanto, o bastonário considera que portaria é "um projecto bem intencionado"…


Estamos, assim, perante um projecto classificado, por tão notáveis dirigentes, como algo que se encontra algures entre um projecto "um bocado ambicioso” mas ao mesmo tempo “bem intencionado”…

É este o drama central da sociedade portuguesa. O estiolamento intelectual dos representantes das “elites” (ainda que corporativas). Perante uma medida legislativa concreta, favorável a uma maior transparência e responsabilização dos serviços somos confrontados com trejeitos opinativos de quem nada, efectivamente, pode acrescentar ao sistema em termos de pensamento, de reflexão ou mesmo de contributo prático.

Então não será útil introduzir mecanismos de responsabilização das equipas de gestão e de todos os profissionais para que sejam capazes de se organizar de forma adequada e autónoma? Continuamos no mesmo vício de dependência crónica da Tutela? Quando o Sr. Presidente da APAH refere: … Na cardiologia, por exemplo, é preciso garantir que os hospitais têm os equipamentos necessários para dar resposta em tempo útil”… onde está a sua responsabilidade enquanto gestor? Continuamos a ter “gestores de carreira” que aceitam responsabilidades e não são capazes de por elas responder? Ou será que o verdadeiro incómodo vem da promessa do SES quando diz que "serão introduzidas progressivamente, (penalizações) a partir da contratualização para 2010".

É evidente que esta “cultura” de dependência burocrático-administrativa da “Tutela” tem destruído os nossos Hospitais. Se a esta medida se seguisse a efectiva descentralização da gestão hospitalar com a progressiva autonomia dos profissionais (modelos do tipo CRI) o Hospital público encontraria uma nova dinâmica avocando os profissionais do terreno para os processos integrados de governação clínica e delimitando a intervenção dos “burocratas” tutelo-dependentes.

Quanto ao Sr. Bastonário nada de novo. Permanece coerente com o seu fraco entusiasmo por tudo o que sejam medidas que promovam a eficiência e a transparência do SNS…

Valha-nos o positivismo militante do Luís Pisco.
inimigo público

Etiquetas:

8 Comments:

Blogger Joaopedro said...

Será que em 2009 vamos continuar a assistir ao rivalizar de declarações do bastonário da OM e do presidente da APAH aos órgãos de comunicação?
Verdadeiros campeões do senso comum.

3:02 da tarde  
Blogger ochoa said...

Realmente com gente desta não se vai a lado nenhum.

3:04 da tarde  
Blogger Tavisto said...

É confrangedor ouvir o Dr. Pedro Nunes sobre qualquer assunto que diga respeito ao SNS. Sobre uma pretensa capa de defesa do Serviço Público, vai desferindo ataques ou avançando propostas, que, se levadas em consideração, só poderiam conduzir à sua extinção ou a transformá-lo numa coisa irreconhecível.
Medidas como esta, que visam aumentar a "accountability" aos diversos níveis de prestação de cuidados, melhorar a transparência da governação clínica e criar confiança dos utentes nas instituições públicas, não lhe servem. Compreende-se a razão, o Dr. Pedro Nunes á apologista de um modelo de saúde médicocêntrico, assente na convenção e no conceito de pagamento à peça que se lhe associa, em que a única norma pela qual deve reger-se a classe médica é a ética profissional. Para quem tem do exercício da profissão a visão do lucro máximo e do dever mínimo, tanto se lhe dá que os hospitais sejam públicos ou privados, que o sector privado actue em complementaridade, em concorrência ou se assuma como único prestador de cuidados de saúde. A sua única preocupação filosófica em saúde é o da defesa dos interesses da classe que representa e que tudo o resto se ajuste aos seus desígnios.

5:31 da tarde  
Blogger e-pá! said...

Caro inimigo público:

Existirá alguém que defenda o SNS e não se bata por respostas atempadas e eficientes quer seja em consultas externas, quer em cirurgias?

Bem.
Então qual é o drama desta portaria?
Só pode ser um! O acto de legislar sem estudar previamente a exequibilidade das medidas que se pretendem regulamentar.
Escreve-se que se entrou em linha de conta com a "capacidade instalada".
Será que o MS tem inventários organizados dos diferentes HH's e CS?
Será que o MS conhece a actual "capacidade instalada" no que diz respeito a recursos humanos?
Será o mesmo Ministério que, penosamente é forçado a fixar preços/hora a médicos tarefeiros?

Um outro fundamento desta portaria diz respeito a um tal "estudo no terreno".
Alguém conhece esse "estudo"?
Quem o fez?
Incidiu sobre que Instituições?

Estas são as questões que nada tem a ver com "trejeitos opinativos de quem nada, efectivamente, pode acrescentar ao sistema em termos de pensamento, de reflexão ou mesmo de contributo prático."

Não lidamos só com vontades. Lidamos no encontro dessas vontades com as realidades.
Outras atitudes é que nem são trejeitos, são momices.

Os gestores, podem sempre arranjar soluções expeditas. É facil. Basta diminuir drasticamente o tempo por consulta.
Depois o erro médico, se acontecer - e nestas circunstâncias acontecerá com maior frequência - será o clínico a sentar-se no mocho dos Tribunais.

Responsabilizações deste tipo são facilitismos, não são autonomia, da tutela.
É, ao abdicar da avaliação dos meios, conhecendo o seu HH, e aceitar acriticamente objectivos, que podem, em circunstâncias concretas, ser irrealistas, que o gestor (modelo Ipiranga) acaba por tornar-se num irresponsável.
Aliás, essa alforria da tutela é, para empresas EPE's, uma mera figura de retórica.
O equivalente ao que se está a verificar na Educação, i. e., a passar toda a gente. Nesta situação educativa "fabricam-se" incompetentes, o que é desastroso - a médio e longo prazo - para as crianças, adolescentes e futuros homens e mulheres deste País.
Na outra situação, a curto termo muito mais grave, poder-se-à, pura e simplesmente, inflacionar a taxa de mortalidade (para não usar de outra expressão mais violenta), o que significa "fabricar" inimputáveis.
É só isso!

6:05 da tarde  
Blogger tambemquero said...

Um "cliente-mistério" vai fazer-se passar por utente de um centro de saúde e, desta forma, avaliar como os doentes são atendidos, no âmbito das candidaturas destes estabelecimentos à marca de Atendimento de Qualidade Reconhecida (AQR).
jp 28.12.08

Com a falta de médicos família, os CS ainda vão ter de atender os clientes mistério.

10:59 da tarde  
Blogger tambemquero said...

Saúde. Definição de tempos máximos de espera preocupa administradores

Se os prazos forem ultrapassados, doentes serão reencaminhados

Muitos hospitais não vão conseguir cumprir os tempos de resposta aos utentes definidos ontem pelo Ministério da Saúde. O alerta é dado por Pedro Lopes, presidente da Associação de Administradores Hospitalares (AAH), que considera que os objectivos definidos são "um bocado ambiciosos".

Em causa está uma portaria publicada ontem em Diário da República, que estabelece que, a partir de 1 de Janeiro, hospitais e centros de saúde terão de informar os utentes dos prazos máximos previstos para consultas ou cirurgias e qual a posição do doente na lista de espera.

A portaria define também os tempos máximos de resposta garantidos (TMRG) para os cuidados de saúde sem carácter de urgência. Ou seja, quanto tempo pode demorar a conseguir uma consulta ou uma operação.

Para Pedro Lopes, a maior parte dos hospitais será capaz de prestar a informação exigida ao utente, já que há "uma série de processos informáticos que estão a ser implementados". A questão é se serão capazes de cumprir os prazos definidos. E nesse capítulo, o presidente da AAH lembra que a portaria não vem resolver as questões relacionadas com a carência e gestão de recursos humanos nem as carências técnicas. Na cardiologia, por exemplo, é preciso garantir que os hospitais têm os equipamentos necessários para dar resposta em tempo útil, diz o clínico.

O bastonário da Ordem dos Médicos partilha este cepticismo. "Fixar prazos é fácil, cumprir é mais difícil", diz Pedro Nunes, referindo que este não é o caminho para resolver o problemas das listas de espera. No entanto, o bastonário considera que portaria é "um projecto bem intencionado".

Quanto aos centro de saúde, o coordenador nacional da Missão para os Cuidados de Saúde Primários, Luís Pisco, acha que "estas metas não são inatingíveis", embora reconheça alguns não conseguirão cumprir. "Há centros que até podem conseguir tempos melhores, mas para um médico com mais de dois mil utentes será difícil cumprir", diz. No entanto, tornar o processo mais transparente só trará benefícios, considera, permitindo medir e identificar as áreas com mais problemas.

O Ministério, por seu lado, defende que estes tempos "foram definidos tendo em atenção a capacidade instalada". Por isso, o secretário de Estado da Saúde, Manuel Pizarro, confia que as unidades de saúde, "de forma generalizada", estarão em condições de cumprir. E diz que há algumas que até são mais rápidas.

O objectivo é que os prazos estimulem um melhor desempenho, já que Manuel Pizarro acredita que, "com melhorias do ponto de vista organizativo", será possível melhorar o atendimento. "As eventuais dificuldades serão acompanhadas, para que possam ser tomadas, caso a caso, as medidas adicionais que se revelem necessárias", garante.

Assim, numa primeira fase, as unidades que não conseguirem cumprir os prazos não terão qualquer penalização, mas Manuel Pizarro avisa que estas "serão introduzidas progressivamente, a partir da contratualização para 2010". Aliás, os (TMRG) serão actualizados todos os anos.

Vantagens para utentes

Para os cidadãos, a medida traz a possibilidade de poderem reclamar sempre não sejam atendidos dentro dos limites estabelecidos, mas não só. No caso de a unidade de saúde em causa não conseguir cumprir esses prazos, ela mesmo tratará da referenciação para uma outra, com tempos de espera menores, explica Manuel Pizarro.
PATRÍCIA JESUS , DN 27.12.08

Para que as incriveis declarações do presidente da APAH possam ser devidamente apreciadas decidi postar na integra o trabalho jornalistico do DN.
Que chega a dizer esta coisa iluminada: «os objectivos definidos são "um bocado ambiciosos".»
Um verdadeiro intelectual.

11:24 da tarde  
Blogger e-pá! said...

Le malade imaginaire...

Parece que a marca de "Atendimento de Qualidade Reconhecida (AQR)", vai criar e treinar um dito "cliente-mistério" para testar serviços clínicos.
Segundo consta esses testes vão começar pelos CS's.
O Dr. Luís Pisco ofereceu-se para essa tarefa pioneira...
Será que:
Este Natal ter-lhe-ão posto no sapatinho um consagrado livro de Moliére - o doente imaginário?
Está muito entusiasmado, mas deverá cuidado com os incorrigíveis hipocondríacos, como Mr. Argan...

11:58 da tarde  
Blogger e-pá! said...

Urgences pendant les fêtes:
Le Guen (PS) demande des mesures conservatoires


Le socialiste Jean-Marie Le Guen, président suppléant du conseil d'administration de l'Assistance publique-hôpitaux de Paris (AP-HP), a demandé lundi que soient prises "toutes les mesures conservatoires" notamment en termes de personnel, après le décès d'un homme qui avait attendu six heures son hospitalisation pour une crise cardiaque.

"J'exprime mon émotion et ma consternation après ce nouveau drame", affirme dans un communiqué le député PS.

"Il faudra répondre rapidement à la question que se posent les Français : jusqu'où s'est dégradée notre offre de soins sous la pression des contraintes budgétaires?, demande M. Le Guen.

"Je demande que soient prises toutes les mesures conservatoires y compris en termes de personnel", ajoute le socialiste qui assure les personnels de l'AP-HP de sa "détermination à obtenir les pleins moyens de leurs missions".

Un homme victime samedi soir d'un malaise cardiaque, à Massy (Essonne), n'a pu être accueilli pendant six heures, faute de place, dans un service de réanimation hospitalier et est décédé alors qu'il allait enfin y être admis.

Le Monde, 29.12.08

Cá: as mesmas questões, os mesmos receios...
Lá: não foi o bastonário...

4:52 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home