sexta-feira, janeiro 23

Assim vai a Saúde...

.../ A Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS) fiscalizou no último trimestre de 2008, 128 TDT de laboratórios de análises clínicas, dos quais 31 detinham cédula profissional, 65 requereram autorização para o exercício da profissão, sete detinham habilitações exigidas e 25 não possuíam sequer habilitações. link

De louvar o trabalho desenvolvido pela IGAS.
Tanto técnico sem habilitação não deixa, apesar de tudo, de ser surpreendente. Está longe de ser clara a aposta dos investidores privados de Saúde na qualidade.

.../ Foi hoje assinado na Cimeira Luso-Espanhola de Zamora um acordo sobre o Livre acesso à Saúde na linha de fronteira. Que vai permitir aos utentes que vivem perto da fronteira de Portugal com Espanha o livre acesso aos dois sistemas de saúde, que poderão partilhar recursos humanos e materiais.
link

Como era de esperar o bastonário da OM, Pedro Nunes, zeloso do produto nacional, não perdeu a oportunidade de criticar a "misturangada" fronteiriça nos telejornais de hoje à noite. Sinceramente movido pela preocupação de desinvestimento do Estado na rede nacional de cuidados de saúde do interior.
Uma má notícia para os operadores de mão de obra tarefeira (?).

«Sócrates quer ser reeleito com base no suposto sucesso das suas politicas de saúde. Ao não admitir as suas falhas, carece de flexibilidade link PKM, DE, 22.01.09
Carece de flexibilidade?
Sem comentários.

3 Comments:

Blogger e-pá! said...

DAS ROTAS DO VELHO CONTRABANDO ÀS NOVAS "PONTES" RAIANAS...

A cooperação transfronteiriça - entendida em todos os sectores (sociais, económicos e culturais) portugueses e espanhóis, deveriam ser uma das actividades prioritárias das Comissões de Cooordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR's).
Nos programas comunitários "correram" muitos euros para desenvolver esta área sensível. Em Portugal e Espanha fez-se pouco. Parece que estamos dominados pelo "espírito" da guerra das laranjas e da perda de Olivença.

As CCDR's. "embriões" das futuras regiões pouco apoiaram esta cooperação e exceptuando o caso das relações especiais e privilegiadas entre Galiza e o Minho (a tal matiz galaico-duriense) o desenvolvimento da cooperação na zona da raia tem sido rudimentar.

Na área da saúde, desde há muito tempo, que a dita "classe média" portuguesa nortenha, utiliza 3 centros de referência: Vigo, Santiago e Coruña.

Este movimento transfronteiriço tem estado longe de ser reciproco. São os portugueses que vão a Espanha, onde os seguros de saúde são para o consumidor mais fiáveis (têm menos letras miudinhas com extenso rol de exclusões) e onde o atendimento é atempado, eficiente e menos oneroso.
Aliás, nos 3 centros galegos acima referidos existem em alguns hospitais áreas de excelência, nomeadamente em Pneumologia e Oftalmologia, entre outras.

Focos de cooperação transfronteiriça encontram-se ao longo da raia alentejana com a extremadura espanhola e da algarvia com a andaluza.
São cooperações pontuais - a densidade demográfica é menor - e dizem respeito fundamentalmente a cuidados primários de saúde e à aplicação prática de conceitos de proximidade. Para além do já muito falado caso de Elvas, que não se restringe ao campo obstetrico, pequenas localidades, como Barrancos, Ficalho, etc., desenvolvem este tipo de cooperação, muitas vezes, sob a iniciativa das autarquias.
Mas este é um movimento com um sentido quase unilateral - de Portugal para Espanha.

Faz-me lembrar a rota de contrabando do café.

O acordo de Zamora trata-se de reconhecer uma situação já existente. É chover sobre o molhado.

Porque nos deixamos atrasar num aspecto importante: a Regionalização.

Lisboa, confina com o rio e o mar oceano. Não sente a interioridade, nem as questões da raia, onde relações económicas substituiram o contrabando e começam a esboçar-se alguns importantes passos da cooperação cultural.

O Bastonário assustou-se com uma coisa que já existe...que têm barbas.
As preocupações portuguesas fazem lembrar as vigilâncias da GNR aos contrabandistas, onde tudo passava...

Mas o sector privado da Saúde português - se os dois países ibéricos ultrapassarem esta dramatica crise com rapidez - vai sentir uma forte e organizada concorrência galega (para já), no domínio da transacção de seguros de sáude e das instituições prestação de cuidados. Com capacidade de expansão ao longo da linha de fronteira.
Mas o problema do sector privado é menor.
O dinheiro não tem pátria, nem cheiro.
Só que neste momento - em ambos os lados - ele é escasso.

Este acordo é também uma consequência indirecta da política de ensino superior em Saúde.
De facto, muitos jovens, encontram-se, dispersos por toda a Espanha, a frequentar licenciaturas em Medicina.
Os casos de Santiago e Salamanca serão paradigmáticos.

Para já, muitos regressam, no futuro, veremos.

Na Europa, a mobilidade do trabalho vai a pouco e pouco ganhando novas dinâmicas.
O trabalho médico ou da investigação na Saúde deslocaliza-se facilmente em procura de melhores condições, retribuições condignas e do reconhecimento da sua importância social.

Neste momento um volume considerável de médicos dentistas formados em Portugal encontra-se em Londres.

Ninguém se preocupa com o porquê deste exodo, ou de outros que possam surgir.

O que se ouve à boca cheia é que, em 2015, o problema da "falta de médicos" estará resolvido...para os gestores.

Cuidado! Pode não ser assim...

8:31 da manhã  
Blogger PT Com said...

O extracto de PKM aqui publicado desenquadra o signifcado do texto. Por isso, sugiro que se publique o texto integral:

"Choca-me o facto de ser a cor da pele de Obama o factor que muitos comentadores indicam como o mais importante sinal de mudança nos Estados Unidos da América. A ênfase na sua cor de pele demonstra uma consciência de um factor que, para mim, nunca teve nenhum significado nem qualquer importância na definição de ideias e prioridades de desenvolvimento social.

O que me gera motivos de regozijo é a nova visão implícita na imagem de "homem social" de Barack Obama. Ainda que turvada pela excessiva missiva messiânica, que lhe foi indevidamente imputada, a imagem de Obama representa o triunfo da Democracia Liberal e, consequentemente, o triunfo de uma nova perspectiva de Social Democracia que merece debate alargado em Portugal.

Numa época em que o PS rejeitou a sua base ideológica e intelectual e o PSD, enfraquecido pelo impacto da perda do poder em 2005 como é normal na vida dos partidos, foi expoliado do seu espaço natural de intervenção discursiva, o debate político nacional não é genuíno nem esclarecedor. Para o comum dos cidadãos, o PS passou a ser o PSD e este último uma sombra de si mesmo. Tanto assim que, de momento, temos a impressão que a possibilidade de "fusão" de ambos os partidos só chocaria os militantes mais "dependentes" dos favores da sua concelhia de origem.

De facto, o povo tem dificuldade em identificar diferenças entre os dois partidos. A estratégia de "afrontar" a Igreja com a recuperação da questão do casamento de pessoas do mesmo sexo, estrategicamente assumida recentemente pelo PS, visa recuperar algum apoio numa certa "esquerda". Foi meticulosamente planeada no tempo para o período pré-eleitoral que, como as campanhas de Natal, começa cada vez mais cedo, mas não passa de um golpe clássico para forçar o discurso conservador de um certo PSD ou até forçar a divisão assumindo que haverá uma ala deste partido que venha contrariar uma potencial posição mais conservadora. Ou seja, o facto de, no início de uma depressão económica, que pode durar uma década, o nosso Governo considerar esta questão uma prioridade para o debate nacional é apenas uma armadilha eleitoral e indicia o cinismo com que se faz política em Portugal. Na verdade, os estrategas do PS não estão seriamente preocupados com os direitos destas pessoas. Se esta fosse uma preocupação genuína, Sócrates poderia ter resolvido a "questão" logo em 2005.

O caso do casamento das pessoas do mesmo sexo em Portugal, e a vitória de Obama nos EUA, contrastam na medida em que a falta de genuidade de um é inversamente proporcional à principal fonte da força política de outro. Obama parece genuíno. Quando discursa para demonstrar a sua sensibilidade social e promete enfrentar os desafios dos mais fracos na sociedade norte-americana, nós acreditamos nele. As suas palavras geram esperança porque parecem genuínas. Não há indícios de cinismo ou falseamento de imagem. E mesmo que hajam, de momento ninguém os quereria discutir.

No enfoque nas políticas de saúde deste espaço de debate, devo referir que o sistema de saúde dos EUA sempre me serviu como o modelo de referência negativa e o que as políticas de saúde na Europa deviam evitar. Porém, isso pode vir a mudar. Obama prometeu focalizar as políticas de saúde em três grandes objectivos: a) garantir cobertura dos seguros de saúde para todos os cidadãos dos EUA; b) reduzir a despesa das famílias em saúde pela promoção de melhorias nos sistemas de informação e prevenção; c) reforçar as estruturas de saúde pública para a prevenção da doença. Vamos ficar a observar.

Em contraste, por cá, Sócrates quer ser reeleito com base no suposto sucesso das suas políticas de saúde. Ao não admitir as suas falhas, carece de flexibilidade e fica aprisionado no discurso do pretenso "sucesso para continuar até 2013". Qualquer proposta original que venha a introduzir não parecerá genuína porque vai carecer da base de humildade de quem admite o erro.

Neste campo as alternativas de Governo têm tudo em aberto. Hajam boas ideias em nome do bem-comum".
PKM/DE (22/01/09).

Portanto, a falta de flexibilidade, a frase do destaque do editor do DE, refere-se a uma boa noticia para quem gostaria de ver outro primeiro ministro em 2010. Eventualmente, trata-se de uma subtil ironia de PKM.

Mas mais interessante seria discutir o conceito de cinismo politico...

PS: em 2003, Luis Filipe, Pereira tambem assinou um acordo semelhante com as autoridades de saúde de Espanha. Que aconteceu a esse acordo?

10:18 da manhã  
Blogger Joaopedro said...

«Portanto, a falta de flexibilidade, a frase do destaque do editor do DE, refere-se a uma boa noticia para quem gostaria de ver outro primeiro ministro em 2010.Eventualmente, trata-se de uma subtil ironia de PKM.»

É... A ironia é tão subtil que não se entende...
Quando se trata de ironia, PKM atinge o cume da sofisticação.

O texto completo já estava linkado no post.
Enfim...

3:10 da tarde  

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