quarta-feira, janeiro 21

A crise agrava-se

Depois da Comissão Europeia ter revisto em baixa o crescimento da economia portuguesa (-1,6), o dobro do previsto no recém publicado OE suplementar (-0,8%) link. A Standard & Poor's baixou hoje, a notação financeira da dívida portuguesa, susceptível de agravar o custo do crédito das nossas empresas. link
Consequência ou não da crise, o preço elevado está a fazer baixar a compra de preservativos nas farmácias. Queixa-se Henrique de Barros, presidente da Coordenação Nacional de Luta contra a Sida
link Será que ainda sobram uns trocados ao Governo para poder melhorar o acesso dos portugueses a este bem tão essencial?

6 Comments:

Blogger tambemquero said...

Numa conference call com jornalistas portugueses, o analista da agência de rating Standard&Poors diz que não é a crise que explica a redução do rating da República portuguesa, mas sim fragilidades estruturais link

9:22 da manhã  
Blogger tambemquero said...

O Ministro das Finanças atribuiu à crise internacional a responsabilidade pela redução do 'rating' de Portugal anunciado pela Standard & Poor's (S&P) e referiu que Portugal não se encontra sozinha neste agravamento do risco de crédito. link
"A posição da Standard & Poor´s sobre Portugal decorre da crise mundial, sem precedentes, que estamos a viver", pode ler-se no comunicado.
A S&P anunciou que baixou de 'AA-' para 'A+' o 'rating' da República de Portugal, por considerar que as reformas estruturais adoptadas são insuficientes para que o país continue no grupo do 'rating' de 'AA'.
"O caso português não é isolado, o que demonstra como a crise financeira iniciada na segunda metade de 2007 se tem acentuado e tem vindo a ter consequências cada vez mais graves na actividade económica", nota ainda o ministério de Teixeira dos Santos.
Nos últimos dias, também a Grécia e a Espanha viram o seu 'rating' reduzido pela S&P.

JN 22.01.09

9:41 da manhã  
Blogger e-pá! said...

Muito gostaria que a linguagem deste analistas financeiros (ou estudiosos do risco?)- não fosse tão encriptada e tão recheada de lugares comuns.
A Standard & Poor's saberá traduzir por miúdos o que quer dizer com "as reformas estruturais avançadas pelo Governo, relacionadas com a economia e as Finanças Públicas são insuficientes..."?.

Julgo que, neste últimos 4 anos, nunca estiveram em Portugal.
Só se ficarmos a "pão e água"...

Andamos 4 anos a fio a remar para cumprir o Pacto de Estabilidade e Crescimento. Finalmente, conseguimos o equilíbrio orçamental e, agora, vêm uns yankees que deixaram crescer, nas suas barbas, um gigantesca "bolha imobiliária", dizer que temos feito pouco?

Esta situação, pessoalmente, dói-me.
Sempre defendi as avaliações e as auditorias externas, independentes e, agora, saí-me "isto" na rifa.
Seja!

Resta-me esclarecer uma dúvida que ajudar-me-ia a compreender estas notações financeiras:
As alterações inroduzidas no rating da CGD podem em alguma circunstância significar que este banco deveria ter sido privatizado (como foi sugerido no tempo de Durão Barroso e actualmente por Pedro Passos Coelho)?

Como não espero resposta, resta-me acreditar que a crise portuguesa é mais grave do que alguma vez sonhei...

Alguém responsável, como p. exº. o BdP, estimou a real dimensão da crise ou andamos afanosamente a tapar buracos e a mudar de referenciais cada mês?

5:01 da tarde  
Blogger tonitosa said...

É evidente que a crise não ajuda Portugal, antes pelo contrário!
Mas que a crise dá jeito a Teixeira dos Santos, lá isso dá.
Mas não é verdade que ainda não há muito tempo o mesmo senhor e outros responsáveis afirmavam que Portugal estava melhor preparado para enfrentar a crise?! E não é verdade que a redução do défice, e outros sucessos anunciados eram considerados por TS como mérito exclusivo da sua douta sapiência. As exportações cresciam, logo, mérito do governo. A dívida baixava, logo, o MF seguia no bom caminho, por mérito próprio. Aí as influências externas não eram tidas em conta.
É a "política" meu senhores...

5:46 da tarde  
Blogger Joaopedro said...

Rei posto, rei morto. O novo orçamento foi apresentado de manhã e chumbado à tardinha.
A Standard & Poor's (S&P) já tinha alertado que a situação financeira do Estado português lhe levantava dúvidas. O Ministro foi a Londres tentar convencer a agência de rating da bondade das suas políticas mas apenas conseguiu que eles esperassem pelo novo orçamento. Este foi apresentado quarta-feira de manhã e, pela tarde, baixaram formalmente o rating da República. O que é muito mais grave do que se pensa. Senão vejamos.
A Crise foi iniciada pelo crédito fácil, durante dez anos, e implicou perdas inimagináveis para os bancos que conduziram a que os bancos não possam, hoje, conceder o crédito que noutras situações estariam a fazer. No nosso caso, o importante é ter a ideia de que mais um milhão de euros de crédito à economia implica mais um milhão de empréstimos ao exterior.
Por outro lado, neste momento só o Estado tem crédito, no exterior, em montantes relevantes. Mesmo os bancos que recentemente recorreram ao crédito externo - CGD, BES e BCP - só o conseguiram porque tinham comprado ao Estado português uma garantia. Hoje os investidores internacionais estão, basicamente, indiferentes à situação do banco em causa. O que interessa, para esses investidores, é saber que o Estado está por detrás, é ao Estado que estão a emprestar.
Daqui decorre que a baixa do rating pela S&P implica duas coisas: o crédito ficará mais caro e, pior ainda, haverá menos crédito para Portugal.
Quanto ao custo do crédito, basta pensar que a Grécia, que acabou de fazer um empréstimo a prazo, teve de pagar 3,15 pontos percentuais acima dos títulos de referência (ou seja, bunds alemães a 5 anos). Nós (ainda) estamos longe. Mas eles também estavam longe: no início do ano pagavam 2,5 pontos de spread. E nós, em três semanas, passámos de 1,2 pontos para perto dos 1,7 pontos percentuais de spread.
Significa que mais nenhum banco se vai financiar às taxas de juro do CGD/BES/BCP. Quem for agora ao mercado vai pagar spreads mais altos. Mas isto são pequenos problemas, o custo do crédito é o menor deles, por mais incrível que pareça.
Quando a S&P diz que o risco de crédito passa da notação de AA- para A+, reduz o número de instituições que está disposta a emprestar a Portugal e reduz o volume de exposição das remanescentes. Como países com notação AAA estão a lançar empréstimos em larga escala, a restrição quantitativa ao crédito para Portugal torna-se muito preocupante.
Por outras palavras, o crédito caro é o menor dos problemas, o mais grave é que haverá menos crédito para Portugal. E a política de despesa orçamental apenas agudiza a nossa crise de acesso ao crédito. Como salientei, o crédito aos bancos é, de facto, crédito ao Estado, embora formalmente seja crédito aos bancos portugueses, e é assim que os investidores internacionais o veêm.
Como estamos a viver nos limites da nossa capacidade de endividamento, mais crédito directo ao Estado será menos crédito para os bancos nacionais e, por consequência, para as empresas e as famílias.
Por tudo isto é que a política de grandes défices orçamentais será autodestrutiva. A política do Governo é simples mas errada: o investimento e as exportações caíram, logo o Estado faz uns programas de investimento e de subsídios públicos. É keynesianismo simplificado daquele que ensinamos numa cadeira de introdução à macroeconomia.
Na situação actual, mais investimento público implica que o Estado vai precisar de mais financiamento (i.e., crédito) porque o défice orçamental aumenta. Mais financiamento directo ao Estado vai reduzir, a breve prazo, o financiamento (aquilo que sobra) para os bancos. Menos financiamento aos bancos será menos crédito às famílias e empresas; logo, teremos mais falências, mais desemprego e, também, problemas acrescidos para os bancos. O Governo volta a reagir com mais investimento ou subsídios públicos conduzindo a maiores défices orçamentais, mais endividamento, novamente, mais problemas para financiamento dos bancos e para o crédito à economia,... e assim por diante. Vivemos uma situação de restrição quantitativa ao crédito e mais crédito ao Estado requer, para a política ser eficaz, mais endividamento internacional e tal não é possível.
A política pública anunciada só poderia ter (algum) sucesso se o Governo, simultaneamente, cortasse nos grandes investimentos. Daria o sinal de que não aumentaria as suas necessidades de financiamento para além de um limite razoável, seria apenas reorientação do investimento e o aumento do défice orçamental corresponderia aos estabilizadores automáticos (ou seja, mais despesa em subsídios de desemprego e apoios sociais e menos receitas de impostos). Mas nada disto aconteceu até agora. Pode ser que a cimeira ibérica ponha um ponto final no TGV para Madrid; de Espanha pode vir bom pensamento (e não comento quanto ao bom casamento ou ao bom vento).
O Estado pode, e deve, ajudar os bancos a captar crédito mas abster-se de o usar consigo próprio. Fazê-lo levará à espiral auto-sustentada que descrevi, que todos pagaremos, durante muitos anos, com menor crescimento e mais probreza.
O chumbo do novo orçamento pela S&P deveria corresponder a um chumbo na Assembleia da República. Atirar dinheiro aos problemas, na situação actual, não os afoga, fá-los crescer e com juros altos. A política trapalhona de apoio à economia tem em si o gene da sua própria destruição, como a S&P mostrou ao mundo e eu tentei explicar.
Luís Campos e Cunha, JP 23.01.09

10:26 da manhã  
Blogger tambemquero said...

A descida do ‘rating' da República portuguesa vai custar ao Estado mais 32 milhões de euros em juros da dívida pública. O valor resulta da diferença entre o agravamento do spread médio do mercado e o do spread português desde que foi colocado sob vigilância negativa.
DE 23.01.09

5:53 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home