sábado, janeiro 24

Das rotas do velho contrabando

Às novas "pontes" raianas...

A cooperação transfronteiriça - entendida em todos os sectores (sociais, económicos e culturais) portugueses e espanhóis, deveriam ser uma das actividades prioritárias das Comissões de Cooordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR's).
Nos programas comunitários "correram" muitos euros para desenvolver esta área sensível. Em Portugal e Espanha fez-se pouco. Parece que estamos dominados pelo "espírito" da guerra das laranjas e da perda de Olivença.

As CCDR's. "embriões" das futuras regiões pouco apoiaram esta cooperação e exceptuando o caso das relações especiais e privilegiadas entre Galiza e o Minho (a tal matiz galaico-duriense) o desenvolvimento da cooperação na zona da raia tem sido rudimentar.

Na área da saúde, desde há muito tempo, que a dita "classe média" portuguesa nortenha, utiliza 3 centros de referência: Vigo, Santiago e Coruña.

Este movimento transfronteiriço tem estado longe de ser reciproco. São os portugueses que vão a Espanha, onde os seguros de saúde são para o consumidor mais fiáveis (têm menos letras miudinhas com extenso rol de exclusões) e onde o atendimento é atempado, eficiente e menos oneroso.
Aliás, nos 3 centros galegos acima referidos existem em alguns hospitais áreas de excelência, nomeadamente em Pneumologia e Oftalmologia, entre outras.

Focos de cooperação transfronteiriça encontram-se ao longo da raia alentejana com a extremadura espanhola e da algarvia com a andaluza.
São cooperações pontuais - a densidade demográfica é menor - e dizem respeito fundamentalmente a cuidados primários de saúde e à aplicação prática de conceitos de proximidade. Para além do já muito falado caso de Elvas, que não se restringe ao campo obstetrico, pequenas localidades, como Barrancos, Ficalho, etc., desenvolvem este tipo de cooperação, muitas vezes, sob a iniciativa das autarquias.
Mas este é um movimento com um sentido quase unilateral - de Portugal para Espanha.
Faz-me lembrar a rota de contrabando do café.

O acordo de Zamora trata-se de reconhecer uma situação já existente. É chover sobre o molhado.
Porque nos deixamos atrasar num aspecto importante: a Regionalização.
Lisboa, confina com o rio e o mar oceano. Não sente a interioridade, nem as questões da raia, onde relações económicas substituiram o contrabando e começam a esboçar-se alguns importantes passos da cooperação cultural.

O Bastonário assustou-se com uma coisa que já existe...que têm barbas.
As preocupações portuguesas fazem lembrar as vigilâncias da GNR aos contrabandistas, onde tudo passava...

Mas o sector privado da Saúde português - se os dois países ibéricos ultrapassarem esta dramatica crise com rapidez - vai sentir uma forte e organizada concorrência galega (para já), no domínio da transacção de seguros de sáude e das instituições de prestação de cuidados. Com capacidade de expansão ao longo da linha de fronteira.
Mas o problema do sector privado é menor.
O dinheiro não tem pátria, nem cheiro.
Só que neste momento - em ambos os lados - ele é escasso.

Este acordo é também uma consequência indirecta da política de ensino superior em Saúde.
De facto, muitos jovens, encontram-se, dispersos por toda a Espanha, a frequentar licenciaturas em Medicina.
Os casos de Santiago e Salamanca serão paradigmáticos.
Para já, muitos regressam, no futuro, veremos.

Na Europa, a mobilidade do trabalho vai a pouco e pouco ganhando novas dinâmicas.
O trabalho médico ou da investigação na Saúde deslocaliza-se facilmente em procura de melhores condições, retribuições condignas e do reconhecimento da sua importância social.
Neste momento um volume considerável de médicos dentistas formados em Portugal encontra-se em Londres.
Ninguém se preocupa com o porquê deste êxodo, ou de outros que possam surgir.
O que se ouve à boca cheia é que, em 2015, o problema da "falta de médicos" estará resolvido...para os gestores.

Cuidado! Pode não ser assim...

e-pá!

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5 Comments:

Blogger Joaopedro said...

Contra-reforma
«Forças Armadas: medicamentos a 100 por cento». link
Há cidadãos mais iguais do que os outros...
vital moreira, causa nossa

Vital Moreira, "esqueceu-se" de referir que se trata de uma medida limitada aos deficients das Forças Armadas.

12:31 da tarde  
Blogger Clara said...

Mais uma crise…

Tio envolve Sócrates no caso Freeport
Em 2005, o primeiro-ministro garantiu ser "totalmente alheio" ao projecto do Freeport de Alcochete. Júlio Monteiro, seu tio, revela que intermediou um encontro com um empresário ligado ao empreendimento link
DN 24.01.09

Com tios destes …
Quanto terá cobrado o senhor Júlio Monteiro desta vez?

3:03 da tarde  
Blogger tambemquero said...

Governo procura médicos pelo mundo

Depois de uma pesquisa pelos mercados da América Latina e do Leste Europeu, iniciada em Abril, o Ministério da Saúde espera vir a ter médicos de Cuba, do Chile e do Uruguai em Portugal. link

O objectivo é contratar entre 150 e 200 profissionais

O Ministério da Saúde enviou mandatários a diversos países do mundo para encontrar médicos disponíveis e aptos a trabalhar em Portugal. Foram mais de dez os países visitados, mas apenas em Cuba, Chile e Uruguai há possibilidades de contratar estes profissionais.

O objectivo é contornar a falta de médicos existente nos estabelecimentos de saúde portugueses. Essa situação levou a que nos primeiro meses do ano passado o Ministério , através do departamento internacional do Alto-Comissariado para a Saúde, desse ordens para se avançar pelo mundo em busca de clínicos. confirmou ao DN o secretário de Estado da Saúde, Manuel Pizarro.

Uma das pessoas encarregues da missão foi o ex-presidente do INEM- Instituto Nacional de Emergência Médica Luís Cunha Ribeiro -, o homem que já tem a experiência de ter contratado 14 médicos uruguaios para o INEM,

Assim desde Abril que se procuram médicos nos mercados da América Latina e do Leste europeu. Mas os resultados deste trabalho ainda são escassos. Para já há a possibilidade de contratar mais médicos uruguaios para o INEM, e de ter alguns profissionais chilenos e cubanos a trabalhar nos serviços públicos de saúde portugueses ainda em 2009.

O objectivo do Governo é contratar entre 150 e 200 médicos no estrangeiro. Um número que Manuel Pizarro admite poder ser o ideal para dar resposta às necessidades actuais da saúde em Portugal, nomeadamente de médicos de medicina geral e familiar.

Só que lá fora, Portugal conta com a concorrência de outros países, que também se debatem com o problema do défice de médicos. Países que oferecem condições mais atractivas para os profissionais da saúde. "Portugal por uma questão de ética e responsabilidade não contrata em nenhum País sem ser no âmbito de um acordo de cooperação Estado a Estado", refere o governante, explicando ser esta uma das razões que torna o processo mais lento.

Assim, no âmbito de um acordo de cooperação já assinado com o Uruguai poderão vir mais de 40 uruguaios para o INEM até 2010, admitiu ao DN.

Do Chile poderão vir mais dez médicos e de Cuba entre dez e quinze, numa primeira fase, desde que sejam assinados os acordos que estão a ser negociados. "O Chile não tem excesso destes profissionais, mas tem necessidade de especialistas em algumas áreas, nomeadamente em oncologia, radioterapia e ginecologia."

"Os médicos chilenos poderão tirar essas especialidades em Portugal e ao mesmo tempo exercerem serviço nos hospitais portugueses", explicou Manuel Pizarro. Com Cuba, que tem disponibilidade de médicos, o Ministério está a negociar um acordo de cooperação em várias áreas que abrange também a possibilidade de contratar médicos naquele país. Com excepção dos profissionais chilenos, que permanecerão em Portugal o tempo necessário para concluírem a especialidade, os restantes médicos estrangeiros terão contratos de três anos. Aprocura e aproximação a estudantes de medicina portugueses no estrangeiro é outra das apostas.
DN 24.01.09

«A procura e aproximação a estudantes de medicina portugueses no estrangeiro é outra das apostas.»
Esta poderá ser uma boa iniciativa.

3:48 da tarde  
Blogger saudepe said...

Independentemente de saber se houve, ou não, pagamento de luvas a alguém (e a quem), este desmentido categórico de Sócrates link varre a sua testada e inverte o "ónus da prova" (mesmo admitindo a lógica perversa de que, quando se acusa um político, é ele que tem de provar a sua inocência, e não os acusadores que têm de provar a acusação...).
vital moreira, causa nossa

Não estou tão certo disso.
As declarações do tio de Sócrates e dos primos (que raio de família), vêm lançar nova crise (depois do caso da licenciatura da moderna) sobre a personalidade do primeiro ministro.

4:15 da tarde  
Blogger Hospitaisepe said...

COMUNICADO

O Director-Geral da Saúde e o Presidente do Conselho de Administração da empresa LCS, operadora do Centro de Atendimento Telefónico “Saúde24”, reunidos hoje, acordaram reconhecer e declarar publicamente que:

1. A qualidade do serviço prestado pela “Linha Saúde 24” tem sido
assegurada de forma eficiente e responsável pela LCS, como sempre
foi oficialmente assumido;

2. Foi obtida uma plataforma de entendimento para a célere resolução de problemas de natureza laboral, que passa pela reanálise do processo de classificação e de dispensa de prestadores de serviços.

Lisboa, 23 de Janeiro de 2009

Director-Geral da Saúde
Francisco George

Presidente do Conselho de Administração da LCS
José Nunes Coelho

Comentário a tão lacónico comunicado: Tudo bem como dantes, quartel de Abrantes.

5:03 da tarde  

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