sábado, janeiro 31

Em jeito de balanço


Ana Jorge, completou um ano na função.
Parece ter passado depressa. Com navegação à vista em relação aos projectos herdados de CC. Uma ou outra declaração mais ao gosto dos media.
Entre as medidas estruturantes do SNS, a reforma dos cuidados de saúde primários «não vai ficar terminada» (na legislatura) e a rede de Urgências (travagem a fundo) não tem prazo para estar concluída (entrevista TM 19.01.09). A negociação da carreira médica parece atascada na questão das remunerações (Teixeira dos Santos a braços com os pesados compromissos dos bancos em processo de falência).
Neste navegar "ao sabor das idiossincrasias dos ministros da saúde", um ano após a saída de CC, parece acentuar-se o processo de recuo do SNS face ao avanço inexorável do sector privado. Dificuldades de organização e investimento parecem marcar o definhar lento mas persistente do SNS.

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6 Comments:

Blogger Joaopedro said...

Indiscutível a vontade da ministra na defesa do Serviço Público.
A falta de peso político e a hipoteca às politicas definidas pelo seu antecessor têm sido determinantes no exercício do seu mandato.
Marcante a decisão de transformar o Hospital Fernando da Fonseca numa EPE.

2:31 da tarde  
Blogger DrFeelGood said...

TM» — Realiza-se hoje [N.R.: a entrevista foi feita a 12 de Janeiro] mais uma reunião com os sindicatos sobre as carreiras médicas…
AJ — Pedimos aos sindicatos para adiar a reunião porque era importante termos a discussão sobre as posições remuneratórias e, ao contrário do que esperávamos, não houve possibilidade de isso ficar definido. Como se sabe, não depende só do Ministério da Saúde.
TM 19.01.09

Não há dinheiro para as reformas .
Os Bancos comem tudo e não deixam nada.

2:39 da tarde  
Blogger e-pá! said...

UM ANO DEPOIS, PASSEANDO NAS MARGENS...DA CRISE !

Falamos frequentemente - e um pouco acintosamente - sobre as questões renumeratórias ligadas às negociações sobre as carreiras médicas.
Dizia "negociações", mas melhor será falar de negociação, já que a FNAM e o SIM acordaram em negociar conjuntamente.

Mas o problema é que não são só as remunerações que interessam.

As carreiras médicas são indissociáveis da formação médica contínua e pós-graduada.
Neste momento, contando com o tempo dos HH's SA's de LFP vão 7 anos de relativo pousio, onde a passagem dos formandos pelos Serviços é veloz, fugaz e pouco entrosada e,´por outro lado, o interesse dos formadores anda muito embotado ou é displiscente.
São 7 anos perdidos, ou se quisermos de indefinição, pejados de dúvidas, que têm consequências a médio e longo prazo.

E as consequências refletem-se directamente na qualidade da formação e por arrastamento na qualidade dos cuidados.

Vamos passar ao lado da "debandada" para o Sector Privado da Saúde.
A Engª. Isabel Vaz está habilitadíssima para falar sobre este tipo e modelo de recrutamento.
Neste momento, o Sector Privado já reivindica formar os seus médicos. Alguma razão haverá...

Hoje, não interessa organizar, planear e executar um Internato Complentar (das Especialidades) com rigor, objectividade e brio profissional.
Basta cumprir os passos curriculares rapida e velozmente.

O importante vem depois como os formandos, há muito tempo, sabem.

Depois de adquirida, de modo célere, a titulação, a partir daí, sem concursos públicos, sob os ditames de um mercado desregulado - diria antes anárquico (do tipo da "valentina" Liga de futebol) - conseguir negociar um bom CIT, se possível com uma Administração amiga, vulnerável, da mesma cor política, devedora de favores...

Entregar-se nas mãos dos CA's.

Isto não só enfraqueceu o SNS em termos de qualidade dos recursos humanos disponíveis, como criou um mercado negro, intolerável num serviço público.

As Administrações, pelo seu lado, acham que descobriram um sistema concorrencial, competitivo e capaz de gerar poupanças...

E, por estas e por outras que, o recente diagnóstico da Ministra, embora não sendo exaustivo, é certeiro.

Muitas Administrações vêm a actividade médica sob uma óptica pouco mais de que mercantilista.
Mas sempre ofensiva da dignidade do exercício da profissão médica.

Neste caminho não chegaremos ao fim da negociação das careiras.
Mas alguma coisa acontecerá...

... Porque o SNS é demasiado importante para os portugueses e as portuguesas.

5:05 da tarde  
Blogger sns said...

Caro e-pá subscrevo, praticamente, tudo o que diz. Permita-me, contudo, uma sentida discordância quando refere: ..."É, por estas e por outras que, o recente diagnóstico da Ministra, embora não sendo exaustivo, é certeiro"... Então os Ministros não interpretam, executam e respondem pelos programas dos governos? E não o devem fazer pela totalidade dos mandatos de legislatura? Só nos faltava agora que os Ministros se transfigurassem em analistas e em “opinadores” (por mais simpáticas que fossem as suas opiniões ou por mais próximos que estivessem os seus "diagnósticos" das nossas causas).
O que, verdadeiramente, faz falta é exercer e pugnar por uma cultura de responsabilidade. Responsabilizem-se os directores de serviço e os administradores avaliando todos. Quanto aos Ministros têm, como é sabido, os seus momentos próprios de avaliação…

9:02 da tarde  
Blogger joao saramago said...

"Muitos problemas dos hospitais estão nos administradores e directores de serviço"
Ana Jorge, ministra da Saúde

Tem razão a ministra.
São muitas as administrações dos hospitais, por esse país fora, que fazem mal o seu trabalho e custam muito dinheiro aos contribuintes.

Recentemente desloquei-me ao norte do país para uma sessão de trabalho num hospital do SNS.
Ao redor da mesa quase uma dúzia de AH marcavam presença: Financeiros, Qualidade, Controlo de gestão, Imagem, SIE, Hoteleiros, Informática, Gestão de Doentes, Logística, Sistema de Informação e Recursos Humanos.

Aonde é que a administração do hospital vai buscar dinheiro para pagar a esta gente toda!
Pensei com os meus botões.

Muita daquela gente não abriu boca durante toda a manhã. Dando a impressão de estarem ali contrariados. Talvez porque nesse dia, contra o que é costume, tivessem sido obrigados a levantar-se cedo. Talvez porque não tivessem nada a acrescentar.

12:30 da manhã  
Blogger ochoa said...

Os Administradores Hospitalares não foram obrigados a assinar uma carta de missão no acto de posse?

De que se queixa a ministra da Saúde se tem a faca e o queijo na mão!

1:02 da manhã  

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