segunda-feira, janeiro 12

Fragmentos do Apocalipse


…”A maior economia da Europa vai contrariar, este ano, os critérios de convergência da União Europeia. O próprio partido da chanceler alemã Angela Merkel prevê para 2009 um défice superior a 3,0 por cento, que deverá chegar aos 4,5 por cento em 2010”… Enquanto isto, em Portugal, os politólogos com azia (do tipo Joaquim Aguiar), alguns jornalistas “mal resolvidos” (do tipo Ricardo Costa) e os desesperados “ideólogos” do PSD tergiversam mal disfarçando o seu incómodo por termos entrado em recessão apenas com uma (miserável) previsão de retrocesso do PIB de -0,8 %.

O Ministério Público Investiga o Banco Popular deixando-nos na inquietante dúvida sobre se haverá, algum banco, em Portugal e no mundo, não investigável.

Às sextas-feiras continuamos a assistir, divertidos, ao Jornal da TVI com a exultante e “insuflante” Manuela Moura Guedes confundindo jornalismo com política transformando o Jornal Nacional numa pitoresca rábula de assanhada oposição ao governo e ataque sistemático ao PM. Parece que depois de ter passado ao lado de uma grande carreira de cançonetista e de deputada Manuela Moura Guedes tarda em encontrar o zénite dos valores fundamentais da profissão de jornalista.

Enquanto isto no reino laranja D. Manuela I cujo cognome se arrisca a ser a (in)credível desafiou o PM para um debate televisivo. Isto no intervalo do, absolutamente delirante, desfile de candidatos pré-anunciados às autarquias. Depois do semi-envergonhado anúncio de PSL em Lisboa surgem os nomes de Gonçalo Amaral para Olhão, e dos jornalistas Hernâni e Cecília Carmo para Loures e Odivelas. Não há dúvida de que MFL mandou a credibilidade às urtigas remetendo o seu inspirador-mor, Pacheco Pereira, para um solitário exílio intelectual na sua biblioteca da Marmeleira.

A Linha de atendimento público Saúde24 pára com uma manifestação à porta de enfermeiros contratados a recibos verdes em sinal de protesto, pelo facto de o Conselho de Administração da LCS-Linha de Cuidados de Saúde (uma empresa do grupo Caixa Geral de Depósitos) ter despedido nos últimos dias sete enfermeiros do serviço de atendimento, quatro dos quais são testemunhas abonatórias da enfermeira num processo que a empresa moveu à enfermeira supervisora Ana Rita Cavaco, na sequência da carta que um grupo de enfermeiros da Saúde 24h escreveu, em Outubro, à ministra da Saúde, informando-a "do caos organizativo em que o serviço estava a funcionar". Esta fantástica ilustração das PPP’s, à Portuguesa, prenuncia outros “espectáculos” a que, certamente, iremos assistir com alguns dos mesmos protagonistas. Tanta ingenuidade dos poderes públicos e tanto logro vendido aos cidadãos…

O Hospital Amadora-Sintra regressa ao sector público no início deste ano no meio do maior caos na urgência e no internamento. Terá sido por que a JMS saiu? Estava tudo a funcionar tão bem e até havia o reconhecimento do King’s Fund (tantas vezes citado pelo PPSS - Provedor das Palermices no Sistema de Saúde - PKM). Infelizmente a realidade é bem diferente. Quem lá trabalha há muitos anos e o utiliza sabe, perfeitamente, o que foi a “grande mentira” da propaganda da gestão da JMS no Amadora-Sintra nos últimos anos.

Finalmente ei-lo que volta. PKM regressa titulando um artigo no DE com a seguinte frase: …”Saúde sem patetices em 2009”. Ao que o DE chegou… O eclético colunista que tudo comenta e que sobre tudo despende sabedoria arrola mais um conjunto de enormidades deixando, convenientemente, isolada a área dos cuidados continuados numa aura de perfeição. Há que reconhecer que é grato…

Valham-nos as pueris crónicas do presidente da APAH. A última titulada “O Sapatinho da Saúde” deixou-nos enternecidos. Ficamos na expectativa das próximas. Quem sabe, por exemplo, “Renhó-hó pardais ao ninho” ou “Chiripiriti no SNS”.

Bom Ano de 2009 para Todos!

independente

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4 Comments:

Blogger tambemquero said...

O coordenador da Linha Saúde 24, Sérgio Gomes, apelou à serenidade, num momento em que as relações entre os funcionários daquele serviço e a administração estão tensas.

"Nestes momentos mais tensos, toda a serenidade é necessária", disse aquele responsável à Agência Lusa.

A administração da Linha Saúde 24 dispensou esta semana quatro enfermeiros e anunciou que não vai renovar os contratos de três outros, que terminam em Março.

Os funcionários acusam a administração de os estar a despedir por terem denunciado o "caos organizativo" da instituição, o que foi negado pela LCS, empresa que gere aquela estrutura do Ministério da Educação.

Sérgio Gomes disse ainda à Lusa que na segunda-feira vai realizar-se uma reunião entre o director-geral da Saúde, Francisco George, e a comissão conjunta da Linha Saúde 24, composta por dois membros da LCS e dois do Ministério da Saúde.

"Vão analisar o actual contexto e circunstâncias em que estão a decorrer as situações. A reunião irá orientar-nos relativamente ao futuro".

O coordenador da Linha Saúde 24 acrescentou que é "também com serenidade" que aguarda "orientações relativas à decisão da comissão conjunta".

JN 12.01.09

PPP à portuguesa no seu melhor...

10:25 da manhã  
Blogger Hospitaisepe said...

A tutela faz a habitual má figura, sempre que se trata de intervir na fiscalização destes intrincados contratos.
Afinal, qual tem sido o papel do dr. Francisco George e da comissão conjunta da Linha Saúde 24 neste processo?

11:19 da manhã  
Blogger xavier said...

Caro Xavier
Apenas um comentário ao post do Independente, quanto ao reconhecimento pelo King's Fund, processo em que estive directamente empenhado enquanto exerci funções no HAS. O processo de acreditação, organizacional e não de processos como no JCHAO, visou essencialmente por ordem nos procedimentos que normalmente se encontram avulsos e dispersos nos HH e como tal procurou criar uma nova maneira de "arrumar e disponibilizar" procedimentos e praticas dentro da estrutura complexa de um Hospital. O facto do HAS ter sido o primeiro
a obter a "acreditação" não foi um mero acto de propaganda mas sim um
esforço por todos adoptado de mostrar que apesar dos constantes
ataques a que o HÁS foi submetido os Profissionais do mesmo
empenharam-se em procurar oferecer o melhor aos Doentes aperfeiçoando
práticas e estabelecendo modos de diminuir o erro e o risco num HH que apesar de dimensionado par 300.000 habitantes trata cerca de 650.000.
O facto de algo ter corrido menos bem nas relações entre a DC de então e a nova Administração levou-me a "deixar de acreditar do projecto" e como tal sujeitar-me ás consequências de regressar ás minhas anteriores funções num HH então SPA e agora EPE onde encontrei implementado um mesmo processo de acreditação pelo King's Fund.
O facto de actualmente se verificar uma diminuição da onda de
entusiasmo pela acreditação internacional dos nossos HH em nada
desmerece quem em primeiro lugar o conseguiu, sem sentido de propaganda mas antes de dever cumprido por parte de todos os que
contribuíram para esse objectivo ( não remunerado….)

Cumprimentos

Paolo Casella, Director da Área de Cirurgia Pediátrica, CHLC- EPE

6:58 da tarde  
Blogger sillyseaspn said...

Sinais Preocupantes…

O triste espectáculo a que temos vindo a assistir, nos últimos dias, com a Linha Saúde 24 ilustra, preocupantemente, a fragilidade do Estado, pondo em causa a sua autoridade e a sua capacidade de regulação.

Como é possível que, em pleno surto de gripe, num contexto em que as próprias autoridades de saúde recomendaram a utilização prioritária deste serviço (pago com o dinheiro público) sejamos confrontados com uma enorme demonstração de irresponsabilidade?

Pouco parecem importar as chamadas perdidas, os utentes por atender, as intermináveis esperas pelo atendimento. Tudo se parece resumir a um exercício de “guerrilha empresarial” no seio da qual os argumentos técnicos, ao invés de serem discutidos, ou negociados são, tentativa mente, abafados.
Registemos todos, com muito cuidado, para memória futura que tudo isto se passa com a expressão mínima de uma PPP na saúde, em Portugal.

A lógica autocrática de responsáveis impreparados para gerir “serviço público de saúde” tudo parece comprometer. Até mesmo a imagem corporativa da empresa que os tutela. Afinal quem responde pelos danos gerados no Grupo CGD?
Numa fase de intensa procura do serviço esperar-se-ia sentido de responsabilidade, capacidade de resolução interna dos problemas. Tudo isto em nome do superior interesse dos cidadãos.

Em boa verdade o que se passa é que estas “novas aventuras empresariais” emergem contaminadas por um espírito de mercantil basismo perante o qual parecem soçobrar todos os valores de serviço à comunidade.

Refere a comunicação social: …”Contudo, durante os últimos meses, o ambiente interno tem vindo a agravar-se. Esta semana, a empresa gestora – a LCS, do grupo Caixa Geral de Depósitos – começou a dispensar enfermeiros e oito (sete dos quais fundadores) já receberam cartas de despedimento. Os profissionais acusam a administração de "perseguição" e de "represálias" por terem denunciado "o caos organizativo". Cinco destes são testemunhas a favor da enfermeira suspensa, no seguimento das denúncias feitas à ministra”…” A entidade gestora, LCS, emitiu ontem um comunicado anunciando a sua intenção de, nos próximos dias, "avançar com processos-crime" contra os que participaram na manifestação de ontem, à porta do centro de atendimento de Lisboa. Diz a empresa, que "já identificou" os manifestantes que participaram no protesto, que apelida de "acto de vandalismo". No comunicado, a LCS considera que a manifestação de funcionários e ex-funcionários foi uma iniciativa para "impedir o regular funcionamento do serviço de atendimento, através da destruição de meios de acesso às instalações". Os enfermeiros de Lisboa apenas voltaram ao trabalho depois de Francisco George se ter deslocado ao local e ter garantido que os vai receber amanhã.

Dos cerca de 40 funcionários que fundaram o Saúde 24, "apenas resta uma meia dúzia". Uns foram despedidos, outros "saíram pelo próprio pé, porque não aguentavam trabalhar nas condições impostas pela administração", afirma Lúcio Silva. O enfermeiro agora despedido defende que "a empresa se rege por critérios exclusivamente economicistas, que entram em conflito com a qualidade do serviço". O administrador Ramiro Martins justificou à Lusa os despedimentos por "má prestação" laboral. Mas ontem na manifestação Francisco George elogiou "o trabalho exemplar dos enfermeiros".

O que é isto?
Em que país vivemos?
Onde está a autoridade do Estado?
É esta a melhor utilidade do dinheiro público?

Honra seja feita ao Director-Geral da Saúde que teve a coragem de “dar a cara” e afrontar esta situação.

Falta, no entanto, exercer a autoridade, exemplarmente, em nome dos cidadãos sob pena de concluirmos que nem isto o Estado consegue regular…

11:33 da tarde  

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