Fumar mata
Janeiro, oito horas, está um frio de rachar.
Entro na pastelaria de bairro. Um croissant e uma bica cheia. Ao longo do balcão, os clientes habituais tagarelam entre natas e meias de leite. Esboço um gesto habitual. De imediato desfeito, quando reparo que os cinzeiros desapareceram .
Pago e saio para o frio.
Entro na pastelaria de bairro. Um croissant e uma bica cheia. Ao longo do balcão, os clientes habituais tagarelam entre natas e meias de leite. Esboço um gesto habitual. De imediato desfeito, quando reparo que os cinzeiros desapareceram .
Pago e saio para o frio.
No curto trajecto em direcção ao escritório consigo tirar umas passas apressadas.
Três horas de papelada mais tarde, dois cigarritos à socapa, levo pela décima quinta vez a mão ao bolso onde jaz o meu SGfiltro.
Três horas de papelada mais tarde, dois cigarritos à socapa, levo pela décima quinta vez a mão ao bolso onde jaz o meu SGfiltro.
Lá fora o frio continua desanimador.
Encontro-me com os amigos para o almoço. A conversa animada do costume (gajas boas e futebol). Entre garfadas de arroz de tomate, deliciosos pastelinhos de bacalhau e carrascão da casa. No meio da bica com cheirinho cai um silêncio penoso. Adivinhando a nossa ansiedade, o empregado faz-nos lesto as contas com um sorriso trocista.
No trajecto de regresso ao trabalho consigo a proeza de fumar um cigarro inteiro. O quinto do dia.
À noite, lá estou no pavilhão da Luz para apoiar o glorioso contra o Ginásio. A animação do costume. Uma bancada inteira impedida de disfarçar o nervosismo clubista entre passas curtas de SGfiltro. Ventil. Malboro de contrabando. Canabis para os mais radicais.
Encontro-me com os amigos para o almoço. A conversa animada do costume (gajas boas e futebol). Entre garfadas de arroz de tomate, deliciosos pastelinhos de bacalhau e carrascão da casa. No meio da bica com cheirinho cai um silêncio penoso. Adivinhando a nossa ansiedade, o empregado faz-nos lesto as contas com um sorriso trocista.
No trajecto de regresso ao trabalho consigo a proeza de fumar um cigarro inteiro. O quinto do dia.
À noite, lá estou no pavilhão da Luz para apoiar o glorioso contra o Ginásio. A animação do costume. Uma bancada inteira impedida de disfarçar o nervosismo clubista entre passas curtas de SGfiltro. Ventil. Malboro de contrabando. Canabis para os mais radicais.
A minha mulher diz que inexplicavelmente passei a roer as unhas.
Regresso de metro a casa. Quedo-me na soleira da porta: Os pés enregelados não me deixam ir além do meio cigarrito.
Feitas as contas . Não cheguei aos dez cigarros. Desde a proibição tenho poupado meio maço por dia. À bolsa e ao pulmão.
Para surpresa minha leio hoje no DE (08.01.09), o seguinte:
«Um exemplo recente, que deveria ter feito corar de embaraço os especialistas de políticas de saúde e saúde pública, foi a tentativa de explicar a quebra no consumo de tabaco como um efeito da nova lei do tabaco» link
Este PKM não é fumador. Nem nunca engoliu umas passas. Se soubesse o inferno em que isto se tornou. Não escrevia estas patetices. link
Regresso de metro a casa. Quedo-me na soleira da porta: Os pés enregelados não me deixam ir além do meio cigarrito.
Feitas as contas . Não cheguei aos dez cigarros. Desde a proibição tenho poupado meio maço por dia. À bolsa e ao pulmão.
Para surpresa minha leio hoje no DE (08.01.09), o seguinte:
«Um exemplo recente, que deveria ter feito corar de embaraço os especialistas de políticas de saúde e saúde pública, foi a tentativa de explicar a quebra no consumo de tabaco como um efeito da nova lei do tabaco» link
Este PKM não é fumador. Nem nunca engoliu umas passas. Se soubesse o inferno em que isto se tornou. Não escrevia estas patetices. link
Etiquetas: fun stories
8 Comments:
Excelente post.
PKM continua desajeitado.
Um caso tipico de falta de talento para este tipo de crónicas.
PKM, tarda em acertar o rumo.
Que belo texto este!
Quanto ao tabaquito acompanho-o nos seus esforços para controlar o (saboroso) vício.
Como o compreendo quando, adicionalmente, rói as unhas… recentemente o nosso glorioso não nos tem ajudado nada na redução do stress!
Orapronobis
Como o compreendo.
Desisti do tabaco devido aos incomodos e aos olhares penalizadores.
Uma das situações dei por mim a fumar o meu cigarro enquanto comprava o jornal no quiosque (em plena rua) e uma senhora chegou e colocou-se ao meu lado com uma criança, imediatamente olhou para mim como se tivesse alguma doença altamente contagiosa. Se tivesse um buraco desapareceria...
Quem não fuma ou nunca fumou não sabe o que a Lei alterou ao nível dos comportamentos dos fumadores e dos outros...
Caro Xavier
Reproduzo-lhe uma pequena parcela de um texto memorável sobre o Mundo simbólico do tabaco, que serve para um fumador, em "apropriada" queda de consumo controlada, "filosofar", num qualquer Janeiro, a qualquer hora, com um frio de rachar, o habitual no Inverno...
"Há alguns anos, decidi parar de fumar.
O início foi duro e, na verdade, eu não me preocupava tanto por perder o gosto do tabaco quanto por perder o sentido do acto de fumar.
Produziu-se toda uma cristalização: eu fumava nas casas de espetáculo, ao trabalhar pela manhã, à noite depois do jantar, e parecia-me que, deixando de fumar, eu iria privar o espetáculo de seu interesse, o jantar de seu sabor, o trabalho matinal de seu frescura e vivacidade.
Qualquer que fosse o acontecimento inesperado que irrompesse aos meus olhos, parecia-me que, fundamentalmente, ele ficaria empobrecido a partir do momento em que não mais pudesse acolhê-lo fumando. [] Parecia-me que tal qualidade seria por mim exterminada e que, no meio desse empobrecimento universal, valia um pouco menos a pena viver. Pois bem: fumar é uma reação apropriadora destruidora. O tabaco é um símbolo do ser "apropriado", já que é destruído ao ritmo de minha respiração []. Para manter minha decisão de parar,
tive de realizar uma espécie de descristalização, ou seja, sem exatamente perceber, reduzi o tabaco a si mesmo: uma erva que queima; suprimi seus vínculos simbólicos com o mundo; convenci-me de que não estaria subtraindo nada ao teatro, à paisagem, ao livro que estava lendo, se os considerasse sem o meu cachimbo; isto é, finalmente, percebi haver outras maneiras de possuir esses objetos, além dessa cerimónia de sacrifícios".
Jean-Paul Sartre in L'Être et le néant: Essai d'ontologie phénoménologique.
(tradução livre)
Face às sucesivas crises, o sector da Saúde tem sido o menos penalizado em termos de desemprego.
E que dizer dos inúmeros novos cursos não reconhecidos pelo ME ministrados a alunos incautos cujo futuro certo é desemprego?
PKM limita-se como é seu hábito a lançar uns estalidos para o ar sobre matérias que não sabe ou não consegue tratar.
Mais patetices do PKM:
a) em relação ao "sucesso" dos Hospitais EPE, devemos esperar uma clarificação do Modelo de empresarialização em vigor. Até ver, o modelo adoptado por este governo, não promove a autonomia dos gestores hospitalares nem permite a adaptação às realidades e especificidades locais. Continuamos a verificar decisões centralizadas e todo o tipo de interferências arbitrárias da tutela na micro gestão das unidades de saúde do SNS. Veremos alguma mudança?
Então para já, ao julgamento do modelo EPE, não basta a obtenção de ganhos de eficiência ?
«Já o aumento da eficiência em 1,5% foi alvo de atenção. Ana Paula Harfouche refutou por completo o reparo feito, de que este seja um aumento modesto. Na sua opinião, «esta eficiência de 1,5% é muito», porque «há organizações que não crescem ou decrescem».
Mantendo a tónica do que já havia dito ao «Tempo Medicina» (edição de 24 de Novembro) a propósito de não existir evidência de que a diferença da eficiência tivesse aumentado entre os hospitais-empresas e os que permaneceram no sector público administrativo no período estudado, entre 2001 e 2003, a investigadora salientou que os resultados permitem verificar que há um «carácter regenerador da reforma» e que, apesar de serem os "primeiros passos», algo «mexe na organização". »TM 05.01.09
«Um estudo feito por uma empresa científica aponta entre os primeiros dados que cerca de cinco por cento dos fumadores deixaram de fumar »
Ana Jorge,DD, 30.12.08
Evidências que moem o professor PKM, a construir uma carreira de oposicionista, a pensar num lugarzinho de destaque quando o PSD voltar a ser Governo (lá para o ano de dois mil e troca o passo).
Caro PKM como explicar o êxito da gestão do Hospital de Santa Maria?
Para lá da competência da liderança do Adalberto Campos Fernandes, o modelo EPE demonstrou ser suficientemente capaz de se adaptar à inovação e à mudança.
E de uma forma geral, o mesmo acontece na generalidade dos HH que adoptaram este modelo.
O pior cego é aquele que não quer ver.
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