Assim, prossegue a crise...
Ricardo Salgado, anunciou um aumento de capital do banco, que este ano apresentou pesada diminuição dos lucros. Na mesma conferência de Imprensa, a engenheira Isabel Vaz, anunciou novos hospitais e readaptação de outros já existentes - Porto (novo), Arrábida, Cliria (Aveiro) e a ampliação das instalações do Hospital da Luz .../
Nada melhor para justificar, perante os accionistas e depositantes (mais) um aumento de capital compensador das diatribes financeiras do que, ao mesmo tempo, abrilhantar a “cerimónia” com umas pinceladas de “responsabilidade social”. Já Miguel Cadilhe tivera, há poucas semanas, o mesmo instinto fatal. Para compor o tsunami financeiro da mega fraude cuja sigla oscila entre SLN e BPN também, Miguel Cadilhe veio proclamar a aposta “estratégica” na saúde. O Grupo Caixa não tardará a fazer o mesmo a curto prazo. “Entalado” entre os indisfarçáveis resultados negativos dos HPP e a continuada injecção de capital no BPN (uma espécie de Banco dos Irmãos Metralha), também o Grupo Caixa se sentirá tentado a dizer que vai comprar mais umas dezenas de Clínicas ou Sub-Sistemas falidos, semi-falidos ou em vias de falir.
É assim… O sector da saúde converteu-se numa espécie de “washing machine” dos grupos financeiros.
Alguém que esteja no sector acredita nisto?
É óbvio que o sector privado não está imune (antes pelo contrário) à gravidade da crise económica que tem vindo a destruir o rendimento das famílias. O que se vê é um imenso circo de “fugas para a frente” em que um conjunto semi-organizado de engenheiros vai convencendo os “pobres” dos accionistas de que a saúde é o “negócio” do futuro. Todos sabemos o “imenso gozo” que dá ter um hospital ou uma clínica e meia dúzia de médicos disponíveis para atendimento diligente 24 horas por dia.
É óbvio que se a ADSE respondesse pelo dinheiro público que desbarata, se as deduções fiscais na saúde não fossem “únicas” na Europa, se os seguros de saúde se regessem por bons princípios de “governo” técnico, económico e financeiro e acabassem as “carteiras” ruinosas, este louco eldorado teria um fim tão trágico quanto teve Wall Street.
Mesmo com a ajudinha da Entidade Reguladora da Saúde (principal partner da Associação Portuguesa de Hospitalização Privada), dos “envergonhados” e comprometidos regimes de convenções, do concubinato público-privado.
É claro que do lado público a fragilidade das políticas é evidente. Basta ver a irresponsabilidade com que foi deixado prosseguir a PPP de Braga com a José de Mello Saúde. Foi pena o MS não ter retardado mais a negociação que o Grupo Mello ainda pagaria para ficar com o Hospital de Braga. É que os Ministros e os Governos (felizmente) mudam tanto que os contratos facilmente se renegoceiam. Basta ter os “lobbistas” certos nos lugares certos…
Alguém que esteja no sector acredita nisto?
É óbvio que o sector privado não está imune (antes pelo contrário) à gravidade da crise económica que tem vindo a destruir o rendimento das famílias. O que se vê é um imenso circo de “fugas para a frente” em que um conjunto semi-organizado de engenheiros vai convencendo os “pobres” dos accionistas de que a saúde é o “negócio” do futuro. Todos sabemos o “imenso gozo” que dá ter um hospital ou uma clínica e meia dúzia de médicos disponíveis para atendimento diligente 24 horas por dia.
É óbvio que se a ADSE respondesse pelo dinheiro público que desbarata, se as deduções fiscais na saúde não fossem “únicas” na Europa, se os seguros de saúde se regessem por bons princípios de “governo” técnico, económico e financeiro e acabassem as “carteiras” ruinosas, este louco eldorado teria um fim tão trágico quanto teve Wall Street.
Mesmo com a ajudinha da Entidade Reguladora da Saúde (principal partner da Associação Portuguesa de Hospitalização Privada), dos “envergonhados” e comprometidos regimes de convenções, do concubinato público-privado.
É claro que do lado público a fragilidade das políticas é evidente. Basta ver a irresponsabilidade com que foi deixado prosseguir a PPP de Braga com a José de Mello Saúde. Foi pena o MS não ter retardado mais a negociação que o Grupo Mello ainda pagaria para ficar com o Hospital de Braga. É que os Ministros e os Governos (felizmente) mudam tanto que os contratos facilmente se renegoceiam. Basta ter os “lobbistas” certos nos lugares certos…
sns
Etiquetas: SNS
2 Comments:
Caro SNS:
Felicito-o pela excelente análise da conjuntura entre interesses do capital financeiro e os "inesperados" investimentos na Saúde.
Todavia, continuo com algumas dúvidas...
Não me parece plausível, que os vultuosos investimentos do sector financeiro na área da Saúde possam ser interpretados como meras "fugas para a frente"!.
Em minha opinião, devem existir compromissos políticos de "partilha" do SNS (ao mais alto nível político), estudos de mercado sobre uma evolução exponencial - do tipo consumista - dos seguros de saúde, desenvolvimento de projectos de marketing agressivo, campanhas negras (está na moda a imagem) para denegrir o SNS, etc.
Que dizer da campanha do BES (BES 1 ou one, penso que é assim que se chama) que oferece como "brinde" aos seus clientes um seguro de saúde, com âmbito vitalício, sem período de carência, com acesso aos melhores hospitais, aos melhores médicos, etc.?
Em meu entender, desenha-se uma conjuntura concertada e planificada para debilitar, ou mesmo estrangular, o SNS.
Reduzir o Estado à dupla função de financiador e regulador.
Como o Estado é um "displiscente incorrigível" no exercício destas duas funções, será o regabofe.
A sensação da existência de uma situação de dumping no sector dos seguros de saúde, parece-me incontornável.
Na verdade, será mais um produto que aparace no mercado, aproveitando a sua não-regulação.
As seguradoras de Saúde, por outro lado, praticam preços imbatíveis.
Deixando de lado os "brindes" do BES, vejamos o custo de um seguro de sáude normal (sem coberturas adicionais), para 4 pessoas. Será de cerca de €84 / mês, por agregado familiar (4 pessoas).
Quando comparamos estes custos com os preços nos EUA (todos sabemos que aí a Saúde é mais cara!), segundo os dados da The National Coalition
on Health Care, verificamos que o prémio anual para plano de saúde de um empregado, com cobertura (também) para uma família de 4 pessoas, é de cerca $12.700! link
Dez vezes mais do que em Portugal!
Parte desta diferença pode justificar-se com evicção que os Seguros aproveitam para custear os medicamentos que, nestes seguros, continuam a ser cobertos pelo SNS (comparticipação) e o remanescente, ou pelo seguro, ou pelo sistema pay out-of-pocket..
São os custos da universalidade e equidade do SNS, oportunisticamente aproveitados pelo negócio dos seguros de saúde.
Pouco haverá a fazer, sem ferir o SNS...
Mas, independentemente da ´questão medicamentosa, como justificar uma diferença de custos, tão abissal?
Só uma concertada e planificada "transferência" de utentes do sector público para o privado que, a breve prazo, coloque o SNS em posição de fragilidade funcional e, o mais importante, política.
Depois, será a lógica do capitalismo...
Uma vez condicionado o SNS, os sistemas e sub-sistemas de Saúde tóxicos, incluindo a ADSE, vão à vida e os seguros de saúde vendidos nos balcões das instituições financeiras aproximar-se-ão dos valores reais.
A sigla é velha:
começar a perder para ganhar...
Uma manobra só possível, num País, onde os Bancos podem fazer tudo o que lhes aprouver (hoje temos a certeza de que não há regulação bancária) porque, se algo correr mal, não vão à falência. Quando muito sofrem injecções de dinheiros públicos ou, na pior das hipóteses, podem ser nacionalizados.
Todo este processo parece-me ferido de uma profunda ingenuidade da parte pública e de uma clara desonestidade do sector privado.[*]
Como dizia, Vergílio Ferreira:
A honestidade é própria das classes médias.
As de baixo não a ignoram, mas não sabem para que serve.
As de cima não a ignoram, mas não sabem para que ainda serve.
in "Conta-Corrente 3"
[*] - Nem refiro o torpedear dos preceitos constitucionais...relativos ao SNS.
A partir de LFP foi definido como objectivo de politica de saúde entregar a prestação directa de cuidados a entidades privados.
O Estado passaria, dentro desta perspectiva, a ser unicamente o financiador e regulador do sistema.
Desde então este objectivo tem vindo a ser posto em prática, com uma grande excepção: O Hospital Amadora Sintra
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