Enquanto o país se afunda...
Impressiona, é o mínimo que se pode dizer da voragem com que o sistema bancário dos EUA consome recursos financeiros. Um dos últimos números da “Time” mostra, em gráfico, as perdas e as actuais reservas dos maiores bancos americanos. Em alguns deles o valor em divisas é já inferior ao montante injectado pelo governo federal para os sustentar. Ou seja, a ganância capitalista comeu tudo o que tinham e, pelo que nos diz Paul Krugman, o seu apetite parece insaciável desbastando, sem piedade, a riqueza produtiva da nação mais rica do mundo e, por arrasto, toda a economia mundial.
Na Europa a maior crise financeira desde a segunda guerra mundial, ameaça levar à bancarrota países com economias até aqui consideradas exemplares, estimula o chauvinismo em nações até agora exemplo no acolhimento migratório, situações que, no limite, podem vir a pôr em causa a sobrevivência da própria CEE.
Apesar da gravidade da crise, no espaço Luso os dois maiores partidos transformaram a política em futebol. Ao rol do costume juntaram-se mais duas equipas: o BPN e o Freeport. E, semana após semana, assiste-se a jogadas constantes de ataque e contra-ataque no estádio da comunicação social, protagonizadas por apoiantes e detractores de cada uma das partes, aguardando-se com expectativa saber quem vence a disputa. Destacam-se nestes encontros figuras como Pacheco Pereira e Santos Silva, que, no afã de marcar golos ao adversário, vão enfiando bolas na própria baliza para gáudio dos adversários.
Assim, perante a estupefacção de um povo resignado, o País vai-se afundando. Em 2008 a economia não cresceu e 2009 ameaça com o desemprego em massa face ao encerramento em catadupa de empresas. Que faz o Governo? Em vez de promover a discussão de novas políticas e opções económicas estratégicas, assumindo com humildade a sua quota-parte de responsabilidade numa crise que é mundial, opta pelo “fait diver” propondo-nos que debatamos problemáticas importantes mas laterais, como são a do casamento entre homossexuais e da eutanásia. E o Presidente da República? Ao invés de se empenhar em pôr os partidos políticos e outras forças sociais a discutir medidas para atenuar a enorme crise social que se adivinha, parece apostado em estender o tapete vermelho do poder à senhora que se segue. Como se a solução para o País passasse por medidas político-económicas de pendor ainda mais neoliberal.
Face à dimensão da crise, enquanto que nos EUA Obama assume a dimensão nacional do problema, empenhando-se no envolvimento de opositores na solução, procurando integrar republicanos no Governo, em Portugal os dois maiores responsáveis políticos parecem mais apostados na estratégia do braço de ferro, mostrando-se mais preocupados com o poder que com a Nação. É assim que enquanto os norte-americanos passam privações mas acreditam em melhores dias, os portugueses só crêem que a situação possa piorar acreditando cada vez menos que o País tenha solução no actual quadro político-partidário.
tá visto
Na Europa a maior crise financeira desde a segunda guerra mundial, ameaça levar à bancarrota países com economias até aqui consideradas exemplares, estimula o chauvinismo em nações até agora exemplo no acolhimento migratório, situações que, no limite, podem vir a pôr em causa a sobrevivência da própria CEE.
Apesar da gravidade da crise, no espaço Luso os dois maiores partidos transformaram a política em futebol. Ao rol do costume juntaram-se mais duas equipas: o BPN e o Freeport. E, semana após semana, assiste-se a jogadas constantes de ataque e contra-ataque no estádio da comunicação social, protagonizadas por apoiantes e detractores de cada uma das partes, aguardando-se com expectativa saber quem vence a disputa. Destacam-se nestes encontros figuras como Pacheco Pereira e Santos Silva, que, no afã de marcar golos ao adversário, vão enfiando bolas na própria baliza para gáudio dos adversários.
Assim, perante a estupefacção de um povo resignado, o País vai-se afundando. Em 2008 a economia não cresceu e 2009 ameaça com o desemprego em massa face ao encerramento em catadupa de empresas. Que faz o Governo? Em vez de promover a discussão de novas políticas e opções económicas estratégicas, assumindo com humildade a sua quota-parte de responsabilidade numa crise que é mundial, opta pelo “fait diver” propondo-nos que debatamos problemáticas importantes mas laterais, como são a do casamento entre homossexuais e da eutanásia. E o Presidente da República? Ao invés de se empenhar em pôr os partidos políticos e outras forças sociais a discutir medidas para atenuar a enorme crise social que se adivinha, parece apostado em estender o tapete vermelho do poder à senhora que se segue. Como se a solução para o País passasse por medidas político-económicas de pendor ainda mais neoliberal.
Face à dimensão da crise, enquanto que nos EUA Obama assume a dimensão nacional do problema, empenhando-se no envolvimento de opositores na solução, procurando integrar republicanos no Governo, em Portugal os dois maiores responsáveis políticos parecem mais apostados na estratégia do braço de ferro, mostrando-se mais preocupados com o poder que com a Nação. É assim que enquanto os norte-americanos passam privações mas acreditam em melhores dias, os portugueses só crêem que a situação possa piorar acreditando cada vez menos que o País tenha solução no actual quadro político-partidário.
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3 Comments:
Caro tá visto:
Excelente post.
O título ("Enquanto o país se afunda") fez-me recordar a tragédia do Titanic.
Enquanto se processava a evacuação do navio, irremediavelmente danificado pelo iceberg, a banda de bordo começa a tocar músicas alegres de ragtime na sala de estar da primeira classe, dirigindo-se posteriormente ao convés de barcos, próximo à entrada de bombordo da grande escadaria... onde se entrava para os salva-vidas.
Portugal, no séc XXI, adoptou a mesma estratégia que Roma concebeu para contornar o período de pré-extinção (decadência, devassidão, deboche) do Império:
panem et circenses.
Por cá, o pão será diferente e substituído pelo subsídios (desemprego, reinserção social, etc).
O circo desdobrou-se em duas vertentes. O futebol e as representações populistas pelo País, tendo como actores, os mais volúveis e insensíveis, políticos, da nossa praça.
As semelhanças entre o Portugal actual e o desabar do Império Romano, são impressionantes!
Roma sofreu uma terrível crise económica e social com o desenvolvimento urbano.
Nos campos, não há trabalho e morre-se à fome.
Começa a migração em massa para as urbes e conjugam-se os ingredientes de revolta .
Os políticos receiam a crise social, sempre violenta. Receiam a integridade das suas cabeças em continuidade com o pescoço...
Arranja-se o expediente do Pão e Circo.
O Coliseu tinha espectáculos quase diários (...como hoje no futebol).
Nos espectáculos saciava-se o corpo dos romanos famintos com pão.
Não bastou! O Imério ruiu, na mesma...
Em 1989, Francis Fukuyama, filósofo americano, escreveu um livro "Fim da História" na sequência do eminente colapso dos regimes de Leste e preconiza no seguimento da torrente a agonia do capitalismo ...e o fim de mais um ciclo histórico.
Seria mais correcto predizer o decínio irreversível da nossa civilização.
Caroll Quigley, outro historiador americano, fez a descrição dos sintomas que indiciam o fim de uma civilização.
Segundo Quigley, o colapso civilizacional é um período "de grave depressão económica, diminuição dos níveis de vida, guerras civis ente os diferentes grupos de interesse e crescente aumento da iliteracia.
A sociedade torna-se cada vez mais fraca.
Para este processo de desgaste, legisla-se em vão.
Mas o declínio continua.
Os diferentes níveis religiosos, intelectuais, sociais e políticos de sociedade começam a perder em grande escala a confiança da população.
Começam a alastrar na sociedade novos movimentos religiosos.
Há uma crescente relutância em lutar pela sociedade, ou mesmo apoiá-la, pagando os impostos."
Caroll Quigley, in "A Evolução das Civilizações", 1961.
Quase uma imagem em espelho da situação actual...nesta ocidental praia lusitana.
Personagens da Contra Informação
Enquanto o país se afunda Cavaco não faz declarações. José Sócrates diz que são forças ocultas. Manuela Ferreira Leite diz que a culpa é do Sócrates. Passos Coelho diz que ele é que tem o plane de salvação. Paulo Portes diz que o culpadoé o Constâncio. Teixeira dos Santos diz que a economia portuguesa, até há bem pouco tempo, estava numa Boa.
Manuel Pinho diz que Sócrates é fixe.
Os portugueses, esses, estão lixados. Já nem países têm para emigrar!
Parece que Portugal se afunda mais devagar que os seus parceiros de comunidade.
Não há milagres.
Sócrates tem tentado apesar das criticas que chovem de todos os lados.
O pior da crise é este ambiente de mesquinhez sórdida avessa a qualquer defesa do interesse nacional.
Cada vez compreendo melhor o que levou Durão Barroso a pirar-se desta pátria ingrata e mesquinha.
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