O exemplo das USFs
Eles andam por aí…
Ar modernaço, radical. Vigilantes. Dando-se ares de vanguarda. Sempre prontos a criticar. A ver mais longe. A adivinhar perigos e embustes. Não se empenham nem negoceiam, não captam o essencial. Preocupados com o acessório, o secundário.
Autores de repetidos epitáfios à Reforma: O número de USF's não chegaria às 50… às 100... O Governo não aprovaria o Modelo B. As ARS's não pagariam pelo Modelo B. O Governo não aprovaria o Decreto-lei do Agrupamento dos Centros de Saúde (ACES). As Portarias de constituição dos ACES não seriam aprovados pelas Finanças. Os Directores Executivos seriam instrumentalizados pelo PS.
Etc. Etc.
Agora, um ano depois, descobriram que os ACES não têm autonomia financeira e personalidade jurídica. E tratam de inventar este problema extraordinário à volta dos Fundos de Maneio. Descobriram, uma vez mais, essa grande novidade, que o fim da Reforma está para breve.
O verdadeiro problema, é que, por debaixo da capa de radicais progressistas, de guardiães da Reforma. Esconde-se ... «o velho, de aspecto venerando, que ficava nas praias, entre a gente. Postos em nós os olhos, meneando. Três vezes a cabeça, descontente, A voz pesada um pouco alevantando. Que nós no mar ouvimos claramente. Um saber só de experiências feito . lançando avisos sobre a odisseia prestes a começar.»
Meus caros, em vez de se consumirem, torturarem com coisas sem importância, era bom (se não estiverem de má fé) que lessem com olhos de ler o Relatório da Comissão Consultiva da Reforma, e percebessem que o essencial da Reforma ainda está para acontecer. Que a prioridade se mantêm na criação de mais USF's, na construção das novas unidades com rigor, com princípios, com "Marca". Que é na construção da governação clínica, na função de apoio, na planeamento e na contratualização que se devem concentrar as preocupações dos reformistas. Que importa fazer explodir para cima e para os lados o exemplo das USF's (como ouvi em Aveiro). Deixem para lá os fundos de maneio, as burocracias e os pequenos poderes. Não vale a pena preocuparem-se com isso.
O verdadeiro problema, é que, no mesmo Barco seguem também muitos daqueles que nos últimos 25 anos se tornaram peritos em pôr paus e pedras na engrenagem (nas Direcções de Serviço, nas Sub-regiões, nas Direcções dos CS's). Os do costume. Uns e outros, face da mesma Moeda: Reforma e Contra-Reforma.
Ah, e não se esqueçam que os defensores do 60/2003, andam por aí.
Autores de repetidos epitáfios à Reforma: O número de USF's não chegaria às 50… às 100... O Governo não aprovaria o Modelo B. As ARS's não pagariam pelo Modelo B. O Governo não aprovaria o Decreto-lei do Agrupamento dos Centros de Saúde (ACES). As Portarias de constituição dos ACES não seriam aprovados pelas Finanças. Os Directores Executivos seriam instrumentalizados pelo PS.
Etc. Etc.
Agora, um ano depois, descobriram que os ACES não têm autonomia financeira e personalidade jurídica. E tratam de inventar este problema extraordinário à volta dos Fundos de Maneio. Descobriram, uma vez mais, essa grande novidade, que o fim da Reforma está para breve.
O verdadeiro problema, é que, por debaixo da capa de radicais progressistas, de guardiães da Reforma. Esconde-se ... «o velho, de aspecto venerando, que ficava nas praias, entre a gente. Postos em nós os olhos, meneando. Três vezes a cabeça, descontente, A voz pesada um pouco alevantando. Que nós no mar ouvimos claramente. Um saber só de experiências feito . lançando avisos sobre a odisseia prestes a começar.»
Meus caros, em vez de se consumirem, torturarem com coisas sem importância, era bom (se não estiverem de má fé) que lessem com olhos de ler o Relatório da Comissão Consultiva da Reforma, e percebessem que o essencial da Reforma ainda está para acontecer. Que a prioridade se mantêm na criação de mais USF's, na construção das novas unidades com rigor, com princípios, com "Marca". Que é na construção da governação clínica, na função de apoio, na planeamento e na contratualização que se devem concentrar as preocupações dos reformistas. Que importa fazer explodir para cima e para os lados o exemplo das USF's (como ouvi em Aveiro). Deixem para lá os fundos de maneio, as burocracias e os pequenos poderes. Não vale a pena preocuparem-se com isso.
O verdadeiro problema, é que, no mesmo Barco seguem também muitos daqueles que nos últimos 25 anos se tornaram peritos em pôr paus e pedras na engrenagem (nas Direcções de Serviço, nas Sub-regiões, nas Direcções dos CS's). Os do costume. Uns e outros, face da mesma Moeda: Reforma e Contra-Reforma.
Ah, e não se esqueçam que os defensores do 60/2003, andam por aí.
Avicena
Etiquetas: Avicena
6 Comments:
Há sempre bons e maus em qualquer processo. Isto depende, a maioria das vezes, do nosso ponto de observação em relação cada processo.
É desta luta, destes antagonismos que depende também o desenvolvimento , o aperfeiçoamento do processo.
Neste processo os hospitalários também não ajudam muito, antes pelo contrário.
Forçar a autonomia financeira, como parece ser o propósito de alguns, nesta altura do campeonato, parece ser um objectivo destinado ao fracasso.
Este assunto voltou á discussão aqui no Saudesa e ainda bem. A discussão sobre as ULS vale bem uma missa.
Tivemos, à partida, um excelente post do Dr. António Rodrigues em que gostaria de salientar três aspectos:
1- A visão sistémica, que caracteriza a sua análise.
2- A distinção entre integração de cuidados e de serviços
3- A chamada de atenção para “as diferenças substanciais da estratégia de intervenção nas relações saúde- doença próprias de cada um dos níveis de cuidados.”
A abordagem sistémica é fundamental para a compreensão dos sistemas adaptativos complexos. Em tais sistemas, como é o caso do sistema de saúde, não se aplicam as leis da actividade das propriedades elementares.
Num sistema complexo o todo não é igual à soma das partes. Como refere Edgar Morin, o todo é, simultaneamente, superior e inferior à soma das partes. É superior porque “o sistema possui algo mais do que os seus componentes, considerados de modo isolado ou justaposto: a sua organização, a própria unidade global, as qualidades e propriedade novas emergentes da organização e da unidade global.”
Mas o todo é também inferior à soma das partes porque “toda a organização comporta graus diversos de subordinação ao nível dos constituintes.”
O sistema é, portanto e ao mesmo tempo, “superior, inferior e diferente da soma das partes.” E as partes são diferentes daquilo que eram ou seriam fora do sistema. “Um sistema é um todo que toma forma ao mesmo tempo que os seus elementos se transformam.”
A visão holística, indispensável à compreensão do sistema, não se contrapõe à explicação reducionista centrada nas propriedades dos seus elementos e nas leis gerais que comandam estes elementos.
A abordagem analítica e a abordagem sistémica, não obstante serem irredutíveis entre si, são mais complementares do que opostas. Por isso Morin cita Pascal: “Considero impossível conhecer as partes sem conhecer o todo, bem como conhecer o todo sem conhecer as partes em particular”.
Dissemos atrás que a organização é uma componente essencial do sistema. Mas será que a organização brota espontaneamente da interacção entre as partes ou, ao contrário, é necessário um elemento estrutural responsável pelo princípio ordenador do sistema.
E é aqui que a ideia da ULS pode fazer todo o sentido. Para responder à “provocação” do Dr. António Rodrigues afirmo, desde já, que o “Conselho de Administração” da ULS não deveria estar sediado, nem no Hospital, nem em nenhum Centro de Saúde, porque não lhe competiria fazer a gestão directa de qualquer estabelecimento.
Na minha perspectiva, caberia a este órgão gerir as relações de fronteira da ULS com o seu envolvimento – Comunidade, Tutela, outras Unidades do SNS – , distribuir recursos dentro da ULS, avaliar o funcionamento de cada unidade e, sobretudo, exercer o papel de facilitador na organização interna da ULS.
O exercício correcto destas funções não atentaria contra a especificidade de cada um dos sectores abrangidos. A organização dum sistema é a organização da diferença.
“Um dos traços mais fundamentais da organização é a aptidão para transformar diversidade em unidade, sem anular a diversidade.”
As diferenças substanciais da estratégia de intervenção nas relações saúde- doença próprias de cada um dos níveis de cuidados”, são um factor de valorização do sistema. É errado pretender diminuir a diversidade: a uma maior riqueza na diversidade corresponderá uma maior riqueza na unidade (mais fundada na intercomunicação do que na coerção).
Concordo com CinqueQuest – A tentação dos hospitalários – que “um dos requisitos para sucesso (das ULS ) seria o uso de financiamento por capitação mas para isso teria que se conhecer a população fixada pela ULS.”
Mas será que essa população não está naturalmente definida nos Distritos fora das áreas metropolitanas? Para que hospitais referem os Centros de Saúde do Distrito de Bragança? Ou de Évora, ou de Vila Real, ou de Castelo Branco?
Claro que este modelo não servirá para as zonas de malha estreita, onde os fluxos de doentes tornam difícil definir a população da ULS. Neste caso seria, porventura, mais adequado o sistema inglês evocado nas “Outras cinco questões”.
Mas permita-me CinqueQuest a minha pequena provocação: qual é o regime contratual dos Clínicos Gerais Ingleses?
Aproveito o regresso ao tema para responder a Hospitaisepe.
Pois é . As ULSs acabarem por aarecer como única solução é uma quetsõa que já em 2005 me levou no mesmo artigo a escrever o seguinte:
In "O Relatório da Desilusão"
Julho de 2005
"A sensação que fica deste documento é que expondo claramente os desejos dos médicos de família – ou melhor, de uma corrente de pensamento das sua elites – não mostra qualquer tentativa de perceber qual o pensamento, vontade e possibilidades da tutela e muito menos de se compatibilizar e articular com ela. Uma prova simples: o ministro está farto de dizer que quer acabar com as Sub-regiões de Saúde em 2006, mas este documento conta com aquelas estruturas e atribui-lhes tarefas. O resultado está no preâmbulo assassino de Correia de Campos: “vamos ter alguns, poucos, RRE II [provavelmente os mesmos] e vamos avançar com as Unidades Locais de Saúde”. Ou seja, com a absorção dos cuidados de saúde primários pelos hospitais, numa lógica de financiamento futuro por capitação, que englobe todos o tipo de cuidados, a administrar pela entidade gestora da Unidade Local de Saúde. Basta ler a Competição Gerida de Correia de Campos para se perceber isso...
O documento é um documento do tipo: o que se passa no País não nos interessa, ou o Ministério faz o que queremos ou teremos guerra. Obviamente que vamos ter guerra! Guerra que reforçará muito o nosso ego. Que reforçará muito as nossas associações e os nossos sindicatos. Mas que iremos perder... Porque o mais que conseguiremos é umas quantas demissões sonoras, nossas, e talvez a demissão do ministro. Mais uma. Mas cá por baixo continuará tudo na mesma, na melhor das hipóteses, porque a integração dos CSP nos hospitais já está a avançar.
Por esta razão, antes de mais, este é o Relatório da Desilusão."
Ps houve demissões mas guerra ne chegou a haver...
Salvam-se as USFs que sempre se criaram num número capaz de posibiliatarem a sobrevivência do modelo.
Caros Brites e CinqueQuest:
A zona de concordância dos nossos posts é vasta!
Mais que discutir-se quem deve comandar quem, ou alinhamentos centrados em preconceitos sectários e corporativos, o que deles ressalta é a partilha do modelo epistemológico - paradigma sistémico, integração das noções de complexidade, modelos matriciais, organizações aprendentes...
Quadro conceptual que tarda em iniciar o seu curso na administração, em geral, e na da saúde, em particular.
Por isso foi bom "conhecer-vos"!
E... que o debate continue!
Pelos vistos, o post do Avicena mereceu da parte dos colegas o mais ostentivo e arrogante desprezo.
«Mais que discutir-se quem deve comandar quem, ou alinhamentos centrados em preconceitos sectários e corporativos, o que deles ressalta é a partilha do modelo epistemológico - paradigma sistémico, integração das noções de complexidade, modelos matriciais, organizações aprendentes...»
Este naco de prosa erudita é esclarecedor...
Caro Antunes:
Caso não tenha entendido, "o post do Avicena" não "mereceu da parte dos colegas o mais ostentivo e arrogante desprezo"!
A resposta ao dito post está, exactamente, no que "postei"!
Queira dar-se tão-somente ao "trabalho" não só de lê-lo, mas, sobretudo, de entendê-lo!
Está lá tudo o que tenho a dizer!
Mas, caso se tratem, eventualmente, de querelas pessoais, só responderei perante quem "assuma com frontalidade" a sua própria identidade.
Boa noite!
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