Can you understand ? - Yes, we can
As afirmações de VM na comemoração dos 30 anos do SNS? Sempre as entendi, porque VM expressa com clareza o seu pensamento. A temática da sustentabilidade do SNS não nasceu nos auditórios dos HUC; e até conhecemos as causas que podem levar a perdê-la: a sub produtividade, as distorções do nosso SNS (de organização, de prioridades e papeis mal definidos, e pior desempenhados, para CPS, CH e CCI, RSU), a incapacidade de controlo e de avaliação, o envelhecimento da população, os avanços e as exigências da tecnologia, … são factores que alimentam a voracidade consumista do SNS. Não só do nosso, também noutros países, maxime nos USA: “Spending on health care, which is projected to be 17.6% of the U.S. gross domestic product (GDP) in 2009, has consistently grown faster than the economy overall since the 1960s. Health care costs -2
Entendi JS quando qualificou de “crítica absolutamente pueril a ideia que no SNS ou na área da saúde não se devem ter em conta os princípios da economia"; outros não terão gostado; por mim, poucas vezes terei estado tanto de acordo.
Entendi AJ quando declarou que não leu o relatório sobre a sustentabilidade financeira do SNS. Até poderia ter lido, mas quem esperaria que dele retirasse qualquer coisa depois do que foi o seu desempenho noutra importante função, relativamente ao HAS, onde deixou chegar a ausência de controlo, que em primeira linha lhe competia, até ao ponto e às consequências a que chegou?
Entendi o discurso e a mensagem – infelizmente só implícita – de FR, que me pareceu correcta na defesa dos pontos estruturantes do SNS, sem negar a necessidade da sua reforma profunda que elimine os vícios que o diminuem.
Não entendi PM. Apenas o entenderia se lhe pudesse imputar subserviência a objectivos corporativos; e não posso, porque tem no seu currículo provas de inequívoca isenção. Mesmo sem valorar os imperativos constitucionais, o que o leva agora a retomar teses de há 15 ou 20 anos (no tempo em que a afectação de recursos à saúde era bem menor e fazia sentido pensar que era mal contemplada pelo OE) e a defender que, sem aumento da carga fiscal global, o financiamento do SNS não pelos impostos gerais mas por um imposto específico para a saúde poderia afastar, ou mesmo só diminuir, o risco de insustentabilidade financeira do SNS? Como poderia daí resultar a maior racionalidade na despesa que só por medidas concretas pode ser conseguida?
Não entendi que o controlo que compete à ACSS deixe chegar ao estado de insolvência entidades prestadoras do SNS, para só então se decidir a contratar consultores externos para identificar as causas do sucedido. Por onde andou até aqui e o que compete afinal à ACSS?
Há outras coisas que nem vale a pena tentar entender. Há muitas mais, mas para dar só um exemplo: como entender a amoralidade com que, no contexto em que vivemos, com o ritmo de crescimento do desemprego e com a diminuição admitida para o PIB, prossegue a negociação das carreiras dos profissionais da saúde? Como admitir que nessa revisão se perspectivem aumentos remuneratórios na casa dos 40%? Quando ouvi, garanto que não entendi nem acreditei. Mas, o que mais teremos para ver nos tempos que correm?
Aidenós
Entendi JS quando qualificou de “crítica absolutamente pueril a ideia que no SNS ou na área da saúde não se devem ter em conta os princípios da economia"; outros não terão gostado; por mim, poucas vezes terei estado tanto de acordo.
Entendi AJ quando declarou que não leu o relatório sobre a sustentabilidade financeira do SNS. Até poderia ter lido, mas quem esperaria que dele retirasse qualquer coisa depois do que foi o seu desempenho noutra importante função, relativamente ao HAS, onde deixou chegar a ausência de controlo, que em primeira linha lhe competia, até ao ponto e às consequências a que chegou?
Entendi o discurso e a mensagem – infelizmente só implícita – de FR, que me pareceu correcta na defesa dos pontos estruturantes do SNS, sem negar a necessidade da sua reforma profunda que elimine os vícios que o diminuem.
Não entendi PM. Apenas o entenderia se lhe pudesse imputar subserviência a objectivos corporativos; e não posso, porque tem no seu currículo provas de inequívoca isenção. Mesmo sem valorar os imperativos constitucionais, o que o leva agora a retomar teses de há 15 ou 20 anos (no tempo em que a afectação de recursos à saúde era bem menor e fazia sentido pensar que era mal contemplada pelo OE) e a defender que, sem aumento da carga fiscal global, o financiamento do SNS não pelos impostos gerais mas por um imposto específico para a saúde poderia afastar, ou mesmo só diminuir, o risco de insustentabilidade financeira do SNS? Como poderia daí resultar a maior racionalidade na despesa que só por medidas concretas pode ser conseguida?
Não entendi que o controlo que compete à ACSS deixe chegar ao estado de insolvência entidades prestadoras do SNS, para só então se decidir a contratar consultores externos para identificar as causas do sucedido. Por onde andou até aqui e o que compete afinal à ACSS?
Há outras coisas que nem vale a pena tentar entender. Há muitas mais, mas para dar só um exemplo: como entender a amoralidade com que, no contexto em que vivemos, com o ritmo de crescimento do desemprego e com a diminuição admitida para o PIB, prossegue a negociação das carreiras dos profissionais da saúde? Como admitir que nessa revisão se perspectivem aumentos remuneratórios na casa dos 40%? Quando ouvi, garanto que não entendi nem acreditei. Mas, o que mais teremos para ver nos tempos que correm?
Aidenós
Etiquetas: Aidenós
23 Comments:
Caro Aidenos:
Eu "posso" entender, tudo o que quiser...
Mas, não é fácil passar por tanta contradição sem se chamuscar...
Por exemplo:
Não entendo um Serviço Público e Universal, sem uma criteriosa e atenta gestão dos recursos humanos e sem um enquadramento técnico, profissional e remuneratório.
Por isso, a indisfarçável aversão dos gestores à revisão das carreiras profissionais, para além de tardia - a revisão impunha-se desde o início da "empresialização" dos HH's que vêm do tempo de LFP - está a conduzir a climas de conflito, crispação com perda hierarquização funcional (liderança), provocou e continua a estimular "deslocalizações" para o sector privado, conduz a inevitáveis perdas de qualidade na prestação e na formação dos quadros públicos da Saúde, enfim, a uma desmotivação generalizada no interior do SNS.
Os escândalos remuneratórios e as atitudes de de ganância(exceptuando acumulações indevidas) que tanto preocupam os gestores, não vivem, nem nunca viveram, na área dos profissionais da saúde. Temos de os procurar noutros sítios.
Ou receamos que a Administração Pública venha a acabar com a chusma de assessores, consultores e quejandos que pululam à volta de qualquer projecto.
Como diz o povo: o justo não deve pagar pelo pecador.
Malgré la crise financière...
Gostava de ter escrito este texto.
Excelente post.
Há verdades que magoam. Para as dizer é preciso muita coragem.
Parabéns ao Aidenós.
ELEIÇÕES: O VALE TUDO
O aidenós não perdeu a coragem de tocar pontos essenciais. Comme il fault.
Inteiramente de acordo:«a sub produtividade, as distorções do nosso SNS (de organização, de prioridades e papeis mal definidos, e pior desempenhados, para CPS, CH e CCI, RSU), a incapacidade de controlo e de avaliação, o envelhecimento da população, os avanços e as exigências da tecnologia, … são factores que alimentam a voracidade consumista do SNS.»
Não vale a pena escavacar o nosso pobre PIB para manter a funcionar privilégios de classe e interesses corporativos .
Se o SNS tiver que acabar, que acabe. Pois não pode ser mantido a funcionar a qualquer preço.
Admitir a revisão de carreiras com aumentos remuneratórios na casa dos 40%, num país com meio milhão de desempregados e vários milhares de casos de subemprego, é escandaloso e imoral.
PRIVATIZEM-OS
Revisão de carreiras com aumentos remuneratórios da casa dos 40%...
Com que contrapartidas?...
A manutenção do regabofe de sempre?
Para reduzir as listas de espera de oftalmologia foi necessário investir milhões.
Em tempo de crise a administração Obama prepara-se para reduzir os honorários dos médicos do Medicare.
O governo dos Tugas, mais esperto que os demais, vai autorizar aumentos de 40%.
Isto está tudo doido varrido.
Onde vai parar esta politica de alimentar burros a pão de ló!
Só por ignorância, ou má fé, se pode utilizar o argumento de que os princípios da economia não se aplicam à Saúde, justificando-se desta forma a manutenção dos desperdícios e o descontrolo das contas públicas. Com um aumento anual da despesa muito acima do crescimento do PIB, se há hoje área onde é prioritária a aplicação dos princípios da economia é seguramente esta. Permanecendo as coisas neste pé, é inevitável continuar-se a assistir ao agravamento das restrições no acesso a cuidados de saúde sendo que, também aqui, as populações do interior e os sectores socais de mais baixos rendimentos, serão os mais afectados.
Não vale pois a pena manter a discussão ao nível dos princípios mas sim ir ao fundo da questão e decidir como proceder para garantir a sustentabilidade de um SNS que se deseja universal, tendencialmente gratuito e respeitador do princípio de equidade.
Aqui as opiniões dividem-se, há os que entendem que sem injectar mais dinheiro no sistema não é possível continuar a assegurar um SNS de qualidade com as características que se descrevem. Outros, nos quais me incluo, entendem não haver justificação para tal sem previamente sanar o sistema de uma taxa de desperdício estimada em 25% (curiosamente o mesmo valor apontado nos EUA).
Num estudo encomendado à consultora PricewaterhouseCoopers, aqui referenciado por Xavier, foram identificados nos EUA três áreas de desperdício:
• Behavioral where individual behaviors are shown to lead to health problems, and have potential opportunities for earlier, non-medical interventions.
• Clinical where medical care itself is considered inappropriate, entailing overuse, misuse or under-use of particular interventions, missed opportunities for earlier interventions, and overt errors leading to quality problems for the patient, plus cost and rework.
• Operational where administrative or other business processes appear to add costs without creating value.
Globalmente, foi considerado que os custos clínicos, resultantes da medicina defensiva (e não só, digo eu) eram os que mais contribuíam para o desperdício, seguidos dos custos administrativos e por, último, dos comportamentais:
“Defensive medicine, such as redundant, inappropriate or unnecessary tests and procedures, was identified as the biggest area of excess, followed by inefficient healthcare administration and the cost of care necessitated by conditions such as obesity, which can be considered preventable by lifestyle changes”.
Poderão as conclusões deste estudo ser transpostas para o nosso País? É possível que não tendo em conta as diferenças entre os modelos de saúde e de atitude da sociedade face à problemática da má prática clínica. Terão os custos administrativos, como sugere “e-pá” no seu comentário, um peso predominante entre nós? Ou estaremos a descurar a medicina preventiva e a pagar por isso o seu preço?
Era importante conhecer-se onde estão as ditas adiposidades do nosso SNS ou melhor, do nosso Sistema Nacional de Saúde tendo em conta que o sector convencionado e privado têm um peso crescente na prestação de cuidados sendo na maior parte suportados pelo Orçamento Geral do Estado.
Excelente post, muito claro, sintético e convidando à reflexão perante problemas graves e assuntos importantes.
Tenho, para já, dois comentários.
Quanto à ACSS estava convencido existia para controlar o uso dos dinheiros do SNS (qual ministro das finanças do SNS) e para prevenir o seu mau uso e evitar casos perdidos. Ora parece que afinal serve para contratar, a posteriori, uns técnicos para fazerem a autópsia dos casos e determinarem o que os gestores fizeram (e também o que a ACSS não fez e devia ter feito, suponho).
Quanto aos aumentos de ordenados escandalosos. Não acho que alguém se esteja a atirar a carreiras, porque rever carreiras não pode ser apenas venha a nós mais dinheiro do modo como queremos. Acho sim que os aumentos, a acontecerem, vão afundar ainda mais o orçamento do SNS, aumentar o defice e a dívida pública que já é descomunal, todos dizem. Para mim o caso será ainda pior, porque após os dois principais grupos serem bafejados com a bolada, os restantes porão o dedito no ar dirão então e nós? Sendo meros aumentos de ordenado, e não incentivos em função da produtividade, o SNS nada melhorará e os doentes também não beneficiarão... será a sustentabilidade futura do SNS que ficará mais em causa, digo eu.
Este Governo dá claros indícios de desgaste.
O ataque do João Cordeiro com esta medida de os doentes poderem optar entre medicamentos de marca ou genéricos nas farmácias (uma medida acertada), num claro desafio à OM e ao Governo, é disso exemplo.
A ameaça de greves terão levado a ministra da saúde, encurralada entre os barões do PS e o reconhecido mau feitio do primeiro ministro, essencialmente preocupado com os indicadores de popularidade, a capitular (em toda a linha?)perante o poder dos sindicatos.
A confirmarem-se estes aumentos sem contrapartidas claras... desta vez é que o SNS vai à vida...
Será caso para dizer que o SNS morrerá às mãos dos seus criadores.
A crise económica retirou da agenda mediática as críses da saúde o que, aparentemente, beneficia Sócrates.
A demissão do prof. Correia de Campos congelou a modernização do SNS que perdeu fulgor, perdeu credibilidade, perdeu clareza na direcção estratégica, perdeu dinâmica na liderança. Está moribundo.
A crise económica retirou da agenda mediática as críses das políticas de saúde o que beneficiaria a reeleição de Sócrates se o turbilhão social na saúde não estivesse eminente. Os vários grupos profissionais sentem que a ruptura financeira do SNS pode acontecer depois das eleições. Por isso, exigem, para o próximos 4 anos, compromissos e garantias que o governo não quererá assumir em larga medida porque o cenário de evolução das contas públicas deverá manter-se cinzento durante alguns anos.
Porém, a incerteza macro-económica não será o principal problema associado ao futuro das políticas de saúde. O maior entrave para soluções participadas para os graves problemas que virão a público no Futuro, será o clima de distanciamento entre os agentes da saúde que gera uma profunda desconfiança em relação ao governo. A aparente ausência de liderança visivel na gestão do SNS permite que o Caldeirão das "forças vivas" do SNS fervilhe com pequenos e grandes conflitos que, ao contrário do que possa parecer aos estrategas de alguns partidos, não traz vantagens a ninguém. A factura da indevida demissão de Correia de Campos ainda vai ser apresentada ao primeiro-ministro. Como chegará com mais de um ano de atraso, trará juros de mora.
Vejamos uma sintese de conflitos emanentes no SNS:
a) A Entidade Reguladora de Saúde tem actuado como um elefante numa loja de porcelanas. Com um enorme orçamento e sem uma função concreta na regulação do SNS, entretem-se a elaborar estudos mas esquece-se de envolver os actores do SNS gerando mal-estar e polémicas constantes que a descredibilizam e tornam óbvia a falta de clareza do seu papel. Veremos uma rebelião entre os prestadores que se poderão recusar a contribuir para um orçamento de que não beneficiam?
b) O conflito entre a ANF e a Apifarma acontece claramente por falta de direcão estratégica do SNS no que diz respeito à política do medicamento. Não chega fazer-se gestão corrente e monitorizar-se o resvale da despesa. Este conflito é uma oportunidade para algum governante "brilhar" no processo da sua resolução. De contrário, esta "guerra de Titãs" gerará reféns indefesos e processos complexos com possiveis efeitos gravosos para o cidadão.
c) As carreiras dos médicos continuam sem solução à vista. Nem pelo facto de haver uma discreta ministra vinda da carreira hospitalar se vislumbra um contexto pacificado. Os clinicos gerais constatam, e bem, que as propostas da ministra não respeitam a sua especificidade.
O adiamento do dossier para depois das eleições, por motivos eleitoralistas, é uma irresponsabilidade. Quatro anos de governo maioritário deviam ter permitido um pouco mais neste âmbito. Quem se responsabiliza pelo falhanço?
d) A reforma das urgências hospitalares enfrenta a incoerência gerada pela visão parcial do sistema. Alguém se esqueceu de esclarecer quem gere os serviços de urgência básica: Os clinicos gerais que gerem os centros de saúde ou os directores dos serviços de urgência polivalente dos hospital mais próximo? Mais um conflito entre os dois sub-sectores do Serviço Nacional de Saúde.
e) A linha "Saúde 24". Um dramático embaraço nacional que descredibiliza uma das alternativas de apoio à população com grande dinâmica e potencial na Europa.
f) A emfermagem em luta!
g) A prescrição de exames hospitalares por clinicos gerais a ser contestada pelos médicos hospiatalares;
h) As taxas moderadoras de internamento e cirurgia são co-pagamentos mas nunca foram assumidos como tal o que gera um clima de enorme desconfiança para a futura discussão sobre o financiamento do SNS.
i) A política de saúde mental há-de vir para a rua e as polémicas opções serão fontes de conflitualidade se geridas sem abertura a participação.
Em síntese, a avaliação das políticas de saúde não será baseada em números mas nos resultados da gestão de processos.
____
Paulo Kuteev Moreira, 02.04.09
Isto está a levar um rumo que até parece que o PKM começa a ter razão...
O suicídio do SNS
A sucessão de comentários que temos vindo a ler no SaudeSA evidencia bem a situação de elevado risco com que estamos confrontados. Os críticos de ACC compreenderão, finalmente, que é bem mais perigosa para o SNS a ausência de um projecto político, a gestão casuística dos dossiers, a indecisão, o adiamento, a cedência sistemática. Tudo isto faz emergir as lutas e as tensões entre os diferentes grupos de interesses que há muito vivem acoutados na imensa e generosa mesa orçamental do SNS. A completa falta de autoridade e de liderança aliada à absoluta inexistência de um projecto político em período pré-eleitoral pode vir a comprometer, de modo irreversível, a sobrevivência do SNS público e universal. Não é por acaso que nunca como agora os interesses privados estiveram tão silenciosos contemplando, com cínica ironia, o caminho para o desastre. Como também os organismos sócio-profissionais (ainda que em surdina) vão dizendo que é “agora ou nunca” porque nunca se tinham conjugado condições tão propícias para ganhos negociais (que se antevêem escandalosos do ponto de vista ético, económico, social e político).
Custa muito ver um governo (com maioria absoluta) do partido que ajudou a fundar o SNS a ser o principal responsável pela sua destruição. Tudo apenas porque entrámos num tempo de negligência e de desnorte. Esta navegação à vista levará, a partir de 2010, à maior onda de privatização do SNS (concessões, convenções, PPP’s) de que há memória. Nem LFP conseguiu ir tão longe.
Neste excelente post em o Aidenós visa vários alvos, o que mais me impressionou foi a referência contundente à responsabilidade de AJ no processo do HAS (ficalização do contrato), «onde deixou chegar a ausência de controlo, que em primeira linha lhe competia, até ao ponto e às consequências a que chegou?»
Este passo do post do Aidenós suscitou-me as seguintes conclusões:
a) AJ, não estará a fazer melhor que no tempo em que foi presidente da ARS;
b) O que podemos esperar relativamente à fiscalização dos contratos de PPP dos novos H. de Cascais e Braga?
Idem, aspas...
Moral da história
Depois de ler o post do Aidenós e os comentários que suscitou, podemos concluir que a razão está do lado de Correia de Campos e do Vital Moreira.
Reformar é preciso para não deixar morrer o SNS.
É indispensável que negociação das carreiras dos profissionais da saúde chegue a bom porto com melhoria das contrapartidas para ambas as partes.
Penso que não tem qualquer utilidade estarmos a especular nesta altura sobre eventuais aumentos de remunerações.
Logo veremos o que vai acontecer.
Continuo a achar um puro oportunismo, de cariz eminetemente social, analisar o custos exponenciais do SNS, baseados no baixo PIB.
Por em causa o paradigma social do SNS, num momento que a queda do PIB esta condicionada por uma crise economica em franca recessao trata-se de aproveitar a deixa...
A "coragem" de pensar diferente, i.e., fora do contexto que se vive, indo ao encontro (directo ou indirecto) das pretensoes objectivos do sector privado da Saude equivale a uma entrega de bandeja de um patrimonio de 30 anos...
Mais um excelente post de Aidenós. Dá gosto ler as suas intervenções, pela clareza das ideias e a excelência do texto. E também é muito fácil concordar com as suas reflexões. Permito-me, no entanto, acrescentar alguns comentários, mesmo que correndo o risco de pouco acrescentar à discussão.
Entendi a frase de JS: é “absolutamente pueril a ideia que no SNS ou na área da saúde não se devem ter em conta os princípios da economia”. Só não entendo é porque nomeou AJ Ministra da Saúde. Foi apenas para substituir uma voz tonitruante pela maviosidade duma entoação treinada na comunicação infantil? Bem prega S.Tomás!
Não entendi AJ quando declarou que não leu o relatório sobre a sustentabilidade financeira do SNS. Mas entendi muito as razões pelas quais Aidenós explica o seu entendimento pela afirmação da Ministra.
Entendi o seu lamento por a mensagem de FR ser apenas implícita. Quando o discurso não consegue ser assertivo, o que se pode esperar da acção?
Não me surpreendi com PM. Um homem bom, um defensor sincero de SNS, com um passado irrepreensível, anda há anos a repetir esta ideia: o problema deve resolver-se pela via do aumento da receita, pois que, com os meios de que dispõe, o SNS até faz mais do que se poderia esperar. Ou seja, diz exactamente o contrário da doutrina oficial do seu partido, relativamente às finanças públicas.
Não me surpreendi que o controlo da ACSS deixe chegar ao estado de insolvência algumas entidades prestadoras do SNS. Em consequência do estilo de gestão do seu principal responsável, e porque parece ainda condicionada pela matriz burocrática da AP tradicional, a ACSS é profundamente centralizadora.
Como é sabido “ Em economia e gestão, toda a centralização excessiva provoca uma simplificação dos canais de comunicação e um empobrecimento das interacções entre os indivíduos. Facto que introduz a desordem, o desequilíbrio e a inadaptação a situações que se alteram de um momento para o outro.” (Joel de Rosnay.
Os frutos estão à vista.
Não ouvi nada sobre a negociação de carreiras e espero que a mesma não seja influenciada pelo circunstancialismo eleitoral.
Mas parece-me evidente a necessidade dum Contrato Colectivo de Trabalho que deveria ter sido negociado, a quando da criação dos HSA.
Nada que não tivesse sido discutido, em Janeiro de 1997, pelo Grupo de Trabalho sobre o Estatuto Jurídico do Hospital, presidido pelo Prof. Vasco Reis.
Vale a pena citar:
“ O enquadramento (a negociar com os representantes dos trabalhadores) poderia ser feito a dois níveis de extensão nacional:
Um primeiro nível definido em decreto lei que definiria os aspectos essenciais das carreiras hoje existentes e, designadamente, o âmbito nacional da sua aplicação, os graus de qualificação e correspondente autonomia técnica, conteúdos funcionais e regras para a sua obtenção, modos e direito á formação, formas de ingresso e acesso e garantia de mobilidade entre instituições, férias, condições de cobertura dos riscos profissionais, garantia de exercício profissional em condições hierarquizadas e pluridisciplinares.
Um segundo nível definido em plano regulamentar ou em instrumentos de contratação colectiva (o que se afigura ser mais adequado em termos negociais) que deveria prever aspectos igualmente importantes e de âmbito nacional, mas mais efémeros (limites das variações salariais, regimes de trabalho possíveis, incluindo a estrutura e a extensão dos horários, tipo de incentivos admitidos, regulamentação genérica de incompatibilidades e acumulações) e de um modo geral a regulamentação de aspectos remetidos do primeiro nível de enquadramento legal.”
Não subscrevo a ideia que vai perpassando nalguns comentários que sintetizo na frase: Volta Correia de Campos, estás perdoado.
Reconhecendo que Ana Jorge está aquém do desempenho que se esperava após as declarações no início do seu mandato, em boa verdade a sua tarefa de desmontagem da política conduzida por LFP/CC, que conduziu a graves desequilíbrios no sector hospitalar, não é de fácil concretização. Sobre este assunto aconselho a leitura da sua última entrevista ao Diário Económico.
Ana Jorge poderá ser mais uma vítima da indefinição programática para a área da saúde do PS. O que se está a passar no governo de Sócrates é um “remake” do de Guterres, em que ministros da saúde com diferentes políticas se sucedem uns aos outros. Entre os dois mudou apenas o sentido da mudança (passe o pleonasmo), da esquerda para a direita com Guterres e de sentido oposto com Sócrates. E, como bem costuma dizer-se, pior que uma má política é não ter política nenhuma.
Também acho que CC é passado.
Um grande talento desperdiçado em inúmeras quezílias desnecessárias e show off.
Sangue novo, precisa-se.
Há alguns bons (poucos) operacionais com perfil e provas dadas.
Até parece que houve toque a reunir.
Em jeito de balanço da governação de AJ, lançada numa missão impossível por MA e JS.
De qualquer forma, muito aquém da mais benevolente das expectativas.
Sendo certo que nesta altura estamos pior que há um ano atrás quando AJ tomou posse.
Há quem queira converter CC no salvador do SNS.
Penso que é necessário seguir em frente, procurar novos caminhos, sendo certo que estes tempos de crise vieram agravar muito a viabilidade de um SNS sustentável.
Tantos anos! Idade adulta, idade do divórcio, de um novo MARIAGE.
Idade também de um país se afirmar como sério (para não dizer honesto). Acabem-se com os faz de conta - inicie-se finalmente um país de cabeça, tronco e membros. Julgue-se quem INcumpre. Penalize-se civil, criminal e económicamente os prevaricadores (farmacêuticos / genéricos; convencionados / falsas facturas; etc) - ACABE-SE DE VEZ COM UM PAÍS DE BRINCADEIRA. (é que os impostos que pago são a sério!)
Tantos anos! Idade adulta, idade do divórcio, de um novo MARIAGE.
Idade também de um país se afirmar como sério (para não dizer honesto). Acabem-se com os faz de conta - inicie-se finalmente um país de cabeça, tronco e membros. Julgue-se quem INcumpre. Penalize-se civil, criminal e económicamente os prevaricadores (farmacêuticos / genéricos; convencionados / falsas facturas; etc) - ACABE-SE DE VEZ COM UM PAÍS DE BRINCADEIRA. (é que os impostos que pago são a sério!)
O milagre das rosas…
Quase três anos depois carreiras em três meses e acordo salarial em pouco mais de um mês…
Redução de horário, aumento salarial, generalizado, sem relação com o desempenho.
Harmonia e gáudio nas relações com os organismos sócio-profissionais.
A seguir aos médicos será a vez dos enfermeiros e dos técnicos.
Afinal era tudo tão simples e tão rapidamente exequível…
É claro que o impacte orçamental e o risco, inevitável, para a viabilidade do SNS no médio e no longo prazo, ninguém conhece…
Nesta fase parece ser, de facto, matéria irrelevante…
Ninguem consegue construir um SNS sobre um monte de cadaveres...
Quando olho para o passado (30 anos!) as solucoes mais me parecem um ajuste de contas do que um revivificacao...
E, dessse ajuste de contas, ha uma inevitavel vitima - os utentes.
O resto sera um Mundo de sobreviventes...na balburdia que se seguira!
A crise sera,para o nosso SNS, uma oportunidade perdida.
Nos EUA, p. ex., uma oportunidade...tout court
(Nota: estou no estrangeiro e nao consigo usar acentos...)
Caro Xavier
Estava longe de esperar tantos e tão valiosos comentários que vieram valorizar o texto publicado. Obviamente que os agradeço. Para além de cumprir este propósito, queria agora acentuar que:
- Sempre entendi e defendi que o SNS deve ser mantido nas suas características fundamentais e expurgado do que impede a sua melhoria e pode levar à sua insustentabilidade. Não me parece que essa posição possa ser entendida como equivalendo “a uma entrega de bandeja de um património de 30 anos…” Mas o comentário do é-pá é, para mim, difícil de entender. Nem tenho a certeza de que a afirmação me é dirigida; as minhas desculpas ao É-pá, caso não seja;
- Estou de acordo com a “necessidade dum Contrato Colectivo de Trabalho que deveria ter sido negociado, a quando da criação dos HSA”, como referem o É-pá e o Brites. Não o ter feito foi negativo e deve ser levado a débito de vários governos. Até nada teria a objectar a que tivesse havido revisão de carreiras. Mas, é justo reconhecer a complexidade da tarefa;
- Contrato Colectivo de Trabalho e Carreiras na Função Pública são instrumentos legais que devem equilibrar direitos e deveres das partes (os Trabalhadores e os HH-EPE ou os Trabalhadores e o Estado), e não podem ser vistos apenas na sua vertente remuneratória. Superar a promiscuidade existente é ponto fundamental, mas todos se recordam de que, há pouco tempo, a MS se apressou a tranquilizar que DE era para daqui a 10 ou 15 anos, o que leva a pensar que vão ser também omitidos outros pontos não consensuais importantes, que o tempo não é o melhor para criar conflitos;
- No entanto, tanto ou mais que outros aspectos e que o impacto que terão no equilíbrio financeiro do SNS, deve relevar a equidade e a solidariedade nacional e a mensagem que se passa para a população. Que é, inevitavelmente, de grosseira insensibilidade social, tanto de quem reivindica como de quem cede, se ceder.
- Finalmente – e é o menos – não me moveu, neste texto, qualquer propósito de reabilitar CC, até porque alguns dos aspectos referidos o atingem tanto como a AJ. Venha quem vier, tem direito a ser avaliado pelo que fizer.
As PPP foram lançadas para trazer para o Estado aquilo que era supostamente a eficiência e a agilidade no sector privado, mas, seis anos depois, não conseguimos ainda esta eficiência
Ana Jorge DE, 30.03.09
Qual eficiência?
Ninguém pode dar aquilo que não tem.
Acontece que andamos todos a aprender.
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