Crise e alento
Inúmeros estudos recentes pretendem avaliar o impacto da crise mundial nos hábitos das famílias que procuram adaptar, o melhor que podem e sabem , os magros orçamentos às crescentes dificuldades de consumo, nomeadamente de acesso aos cuidados de saúde.
É o caso deste estudo: Health Care and Medicaid — Weathering the Recession de Diane Rowland, executive vice president of the Kaiser Family Foundation link , publicado em 26.03.09 na NEJM
Entre nós, a coisa fia mais fino. À nossa maneira. Com os habituais heróis e vilões de revista à portuguesa.
João Cordeiro, um exemplo, lamenta que 230 mil portugueses não possam comprar medicamentos por falta de dinheiro. link A solução proposta por JC é bem simples: trocar os medicamentos prescritos pelos médicos por genéricos produzidos e distribuídos pela ANF. Poupa o Estado. Poupam os doentes. Lucra a ANF.
É o caso deste estudo: Health Care and Medicaid — Weathering the Recession de Diane Rowland, executive vice president of the Kaiser Family Foundation link , publicado em 26.03.09 na NEJM
Entre nós, a coisa fia mais fino. À nossa maneira. Com os habituais heróis e vilões de revista à portuguesa.
João Cordeiro, um exemplo, lamenta que 230 mil portugueses não possam comprar medicamentos por falta de dinheiro. link A solução proposta por JC é bem simples: trocar os medicamentos prescritos pelos médicos por genéricos produzidos e distribuídos pela ANF. Poupa o Estado. Poupam os doentes. Lucra a ANF.
Este país não tem dimensão para semelhante génio.
Etiquetas: Medicamento
2 Comments:
Lobo com pele de Cordeiro, é assim que se apresenta o democraticamente inamovível presidente da ANF.
Temos mais uma situação em que a captura do bem público por interesses privados está a dificultar a decisão que parece mais racional: A possibilidade da escolha entre medicamento de marca ou genérico pelo utente no acto da compra. Nas actuais circunstâncias de perfeita promiscuidade entre quem produz e quem vende, a necessária e exigível isenção de aconselhamento pelo farmacêutico cai por terra.
Espero bem que a Ordem dos Farmacêuticos não venha a utilizar o argumento da ética profissional para defender o indefensável.
ANF, a filantrópica
A partir do passado dia 1 (não, não foi partida do 1.º de Abril), as farmácias filiadas na ANF têm instruções para substituir receituário, mesmo quando o médico prescritor a tal expressamente se opõe. O argumento invocado é o de poupar dinheiro aos doentes, sobretudo aos mais necessitados; como é óbvio, longe está do pensamento das farmácias aumentar os lucros, vendendo o medicamento que mais deixa..., mesmo que isso possa representar um risco para a saúde do beneficiado por tanta filantropia.
A Ordem dos Médicos, como é seu dever, já anunciou que vai apresentar queixa ao Ministério Público contra os fautores deste «crime», cujo anúncio teve honras de figurar no programa eleitoral da lista vencedora das recentes eleições para a direcção da ANF. Passaram semanas, e nem um espanto, um protesto, uma dúvida, um desculpe, mas pode explicar melhor?, da parte do MS ou do chefe do Governo; a demissão integral, que almofadou João Cordeiro para o discurso de posse, onde a proposta ilegalidade sobressaiu.
No melhor estilo antidemocrático, se há transgressão da lei... mude-se a lei, diz o presidente da ANF; a ministra da Saúde, instada a comentar o pronunciamento, garantiu que o Governo fará cumprir a lei. Ainda bem; esperemos que a lei vigente. A minha dúvida radica no desabafo de João Cravinho — a democracia portuguesa está «doente». Desconfio que não se cura com genéricos.
João Paulo de Oliveira
TM 06.04.09
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