sábado, agosto 1

Bastonário da OM, multado

foto JMF
Que razões podem justificar a presença de membros da OM em CA de Seguradoras?
Será que os envolvidos não enxergam que, a troco do dinheiro dos seguros médicos, se deixaram comprar ao aceitarem ocupar os cargos para os quais foram convidados?
O que pode justificar que uma instituição de quotização obrigatória tenha de suportar erros (crimes?) resultantes de decisões pessoais do seu presidente?

Razão tinha o Eça, isto não é mesmo um país mas um sítio mal frequentado.
Que Deus nos valha!

O bastonário da Ordem dos Médicos, Pedro Nunes, foi multado em 135 mil euros por receber ajudas de custo alegadamente indevidas enquanto conselheiro da seguradora espanhola responsável pelo seguro de responsabilidade civil dos clínicos portugueses, subscrito pela Ordem.link
Além da multa, decretada pela Direcção Geral de Seguros espanhola após uma investigação concluída no ano passado, os conselheiros arriscam-se a ter de devolver os montantes recebidos como ajudas de custo e que, no caso do bastonário da Ordem dos Médicos (OM), foram de 3000 euros mensais durante dois anos.

Pedro Nunes confirmou à Lusa a investigação da Direcção Geral de Seguros espanhola e adiantou que a seguradora, Agrupación Mutual Aseguradora (AMA), recorreu da sentença aos tribunais, pelo que esta ainda não é definitiva.link
Miguel Leão
, ex-presidente da secção Norte da OM e opositor de Pedro Nunes na última corrida a bastonário, e o antigo bastonário da Ordem dos Farmacêuticos João Silveira são os outros portugueses que passaram pela administração da AMA e que foram também multados. Miguel Leão confirmou a multa à Lusa, precisando que no seu caso foi de 120 mil euros. Quanto a João Silveira, as tentativas de contacto foram infrutíferas.
O bastonário contou que foi convidado pela AMA a integrar o Conselho de Administração, tendo substituído Miguel Leão que lá exercera funções em 2003-2006 e que assinara com a seguradora um acordo enquanto presidente da secção regional Norte. Pedro Nunes foi conselheiro em 2006 e chegou a vice-presidente da administração em 2007. O bastonário afirma que aceitou entrar no CA para "defender os interesses dos médicos portugueses".
Em 2006, quando foi convidado, a OM estava a negociar um seguro para os mais de 30 mil médicos associados. Na altura, explicou Pedro Nunes, a seguradora AXA, com a qual a Ordem trabalhava, "não se mostrou particularmente interessada" e, quando a Ordem lançou o concurso, apenas a AMA se candidatou. Pedro Nunes, que já tinha aceite o cargo de conselheiro da AMA, desligou-se das negociações que "ficaram a cargo de uma tesoureira" da Ordem.

O seguro entrou em vigor a 01 de Janeiro de 2007 - ano em que Pedro Nunes assumiu a vice-presidência - mas o bastonário nega que a sua ida para o CA esteja relacionada com o contrato. Contudo, esclarece: "É evidente que não me convidaram por ser um oftalmologista porreiro, mas sim porque presido a um colégio de profissionais".
De acordo com Pedro Nunes, a sua participação na administração da AMA não era remunerada, mas pressupunha ajudas de custo. Por mês, Pedro Nunes recebia 3000 euros, mas afirma que "não tinha lucro, tinha prejuízo", uma vez que, com o dinheiro que recebia da AMA, pagava duas viagens mensais a Espanha e hotel, além de não receber por dois dias de consultório privado.
Outra leitura teve a Direcção Geral de Seguros espanhola, que concluiu que os conselheiros estavam a receber ajudas de custo superiores às determinadas em acta. Pedro Nunes considera que a decisão do organismo espanhol teve motivos políticos que visavam atingir o presidente da AMA, próximo do PP (na oposição em Espanha), e garante que não tem "nenhuma responsabilidade". Segundo o bastonário a AMA determinou, numa reunião que juntou mais de 2.800 accionistas, que a seguradora não ia receber o dinheiro de volta.


Távisto

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6 Comments:

Blogger DrFeelGood said...

.../A possibilidade de ser a OM a pagar esta multa está a provocar celeuma no interior do organismo e, segundo disseram à Lusa fontes médicas, é fortemente contestada.

Ainda por cima, PN quer que a OM lhe pague a multa.
Ao que isto chegou!
Se há quem rasteje sem brio nem dignidade, há, felizmente, alguns exemplos, raros, de honestidade como o do ex-presidente Ramalho Eanes ao recusar uma fortuna de retroactivos que um tribunal entendeu atribuir-lhe.

2:28 da manhã  
Blogger Clara said...

Passaram-se já duas semanas desde que seis doentes perderam a visão em resultado de uma intervenção médica no Hospital de Santa Maria.

Duas semanas em que foram, dia após dia, equacionadas várias hipóteses para esse trágico resultado: contaminação das doses ministradas, adulteração da substância usada nas injecções, sabotagem (sugerida em telefonema anónimo), troca de substâncias injectadas, involuntária ou não. À medida que crescia nos doentes e nos seus familiares a ansiedade de ver esclarecido se o seu estado era reversível ou se haveria resposta cabal para o ocorrido, e enquanto médicos e restante pessoal hospitalar procuravam tratar algo para que não tinham explicação, o caso começou a encaminhar-se para a hipótese da troca. Em lugar de Avastin, o fármaco usado em intervenções deste tipo, teria sido uma outra substância a ser injectada nos olhos dos pacientes. Por falha? Por negligência? Ou com intenção de provocar dano? Perante as hipóteses, e apesar do muito que ainda não se sabe (ver página 4), o caso avançou: a Inspecção-Geral das Actividades em Saúde inquiriu, o Ministério Público abriu um processo-crime e a Procuradoria confirmou-o, como lhe competia. Por fim, ontem, a Polícia Judiciária destacou uma equipa da directoria de Lisboa que trabalhará durante todo o fim-de-semana no caso. Dos resultados do inquérito, já concluído, nada se sabe oficialmente. Apenas que seguiu para as mãos das polícias. A tragédia, cuja sombra ainda paira sobre as vítimas, passou do sector "saúde" para o do "crime".
No meio disto, como era inevitável, procuraram-se causas "normais". Teria falhado a farmácia hospitalar que prepara e disponibiliza as injecções? Difícil ou impossível: há controlo, dupla verificação, acesso restrito, responsabilidade no trabalho (o hospital orgulha-se, aliás, de não ter até à data "um único engano de preparação ou distribuição" de medicamentos) e instalações renovadas, em 2008, ainda com maiores exigências. Mas se a pista actual parece remeter para uma troca e se, apesar de todos os cuidados, não há controlo electrónico das entradas nem seguranças, o caso desemboca nisto: quem trocou, onde e quando, o Avastin por outra substância? No processo normal, manchando uma herança hospitalar isenta de erros? Ou noutro ponto do percurso, com o intuito de causar danos a terceiros? Pode ser em torno destas hipóteses que a polícia trabalha agora.
Mas nada, obviamente, se confirma. O caso está em segredo de justiça e à ausência de visão (espera-se que temporária) dos pacientes, parte deles em recuperação lenta, junta-se agora o silenciar das informações. A polícia cuida do caso, os médicos cuidam dos doentes. Aliás, como escreveu anteontem no PÚBLICO António Travassos, presidente da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia, "um doente pode aceitar que um médico erre, mas nunca aceitará que minta ou que o deixe no convés que se afunda". Por isso eles lá estão, no seu posto, enquanto nada mais se sabe que possa decifrar o enigma.
Nuno Pacheco, JP 01.08.09

Não acredito em bruxas. Mas que as há, há!...

1:22 da tarde  
Blogger Antunes said...

PORTUGAL a CHAFURDAR.

Com exemplos destes das figuras de proa.
Uma notícia que vem em muito má altura tendo em vista a guerra com a ANF.

1:35 da tarde  
Blogger Joaopedro said...

Acabo de regressar da missa (os amigos chamam-me de marxista católico, o que agora não interessa para o caso).
E confesso que rezei. Rezei, como há muito não fazia.
E pedi... encarecidamente, que estas eleições nos salvem da piedosa senhora, "number one", dedicada "pivot" do diário da gripe.
Arrisco uma heresia: Antes o Luís Filipe Pereira que é bom no golfe.

2:04 da tarde  
Blogger Luis Ruano said...

Sem tomar uma posição definitiva sobre um assunto que não conheço a fundo, deixo estas notícias dos jornais espanhóis que apresentam uma versão mais correcta e global dos acontecimentos, que são um pouco mais complexos. Leiam com atenção antes de julgar:

www.capitalmadrid.info/2009/7/1/0000011445/ama_culpa_al_director_general_de_
seguros_de_las_minusvalias_de_2008.html

www.cotizalia.com/cache/2008/10/27/noticias_58_denuncia_
desproporcion_cerrojazo_impuesto_seguros.html

http://www.gacetamedica.com/gacetamedica/articulo.asp?idcat=238&idart=429528

Como se pode ver, o que está aqui em causa não é o bastonário ou os outros representantes da OM, mas sim toda a estrutura e modo de funcionamento da mútua de Seguros.
Penso que uma analise imparcial começara por admitir que, até prova em contrário, foram apanhados no meio desta confusão.
No entanto, daqui até entender como natural a OM pagar as multas, vai um grande caminho...

1:10 da manhã  
Blogger tambemquero said...

O secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos, Carlos Arroz, defendeu hoje que o bastonário Pedro Nunes deve "demonstrar" que a sua actividade à frente de uma seguradora espanhola está acima de suspeitas éticas e morais.

"O que se espera de um bastonário é que seja um médico que esteja acima de qualquer suspeita, nomeadamente nos foros éticos e morais", disse Carlos Arroz, questionado pela Agência Lusa sobre a multa de 135 mil euros aplicada a Pedro Nunes pela Direcção-Geral de Seguros espanhola.

Aquele organismo multou o bastonário da Ordem dos Médicos por receber ajudas de custo alegadamente indevidas enquanto conselheiro da Agrupación Mutual Aseguradora (AMA), seguradora espanhola responsável pelo seguro de responsabilidade civil dos clínicos portugueses, subscrito pela Ordem.

"Um médico que pode instaurar processos disciplinares a outros médicos por questões de ordem ética e moral tem que estar ele próprio acima de qualquer suspeita", disse Carlos Arroz, acrescentando que Pedro Nunes "tem que demonstrar aos médicos portugueses que está impoluto em termos morais e éticos" e, "se o não está, deve tirar daí as consequências".

Carlos Arroz precisou que Pedro Nunes deve provar que "a sua presença em Espanha como vice-presidente de uma companhia de seguros e com senhas de presença de três mil euros era imprescindível para os médicos portugueses".

Se o não conseguir, deverá assumir as consequências, que "em termos morais, se for um homem de carácter, parecem evidentes", disse.

O presidente da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), Mário Jorge Neves, disse segunda-feira que Pedro Nunes "deve apresentar a demissão".

Pedro Nunes, que além de conselheiro da AMA em 2006 foi vice-presidente da administração em 2007, poderia ainda ter de devolver os montantes recebidos como ajudas de custo, no valor de 3.000 euros mensais durante dois anos, mas o bastonário garantiu já que a seguradora não quer o dinheiro de volta
DN 06.08.09

4:17 da tarde  

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