quinta-feira, julho 30

Vale tudo...

art work: Wehavekaosinthegarden
Vivemos efectivamente numa democracia “pimba” onde grassa a irresponsabilidade a todos os níveis, onde o recurso ao insulto substituiu o direito ao contraditório. E tudo isto porque se pode insultar quem quer que seja sem grande risco de se ser demitido, caso se ocupe um cargo público, ou de ter de responder em tribunal e vir a sofrer daí as consequências.

Em boa verdade não surpreende que um País que consente que Alberto João Jardim mantenha intacta a sua respeitabilidade política, continuando a integrar o Conselho de Estado apesar de insultar tudo e todos ao longo de 30 anos, tenha descido tão baixo na troca de acusações entre figuras públicas e políticas e de estas entre si.

Os mimos trocados entre Francisco Louça e José Sócrates em torno dum putativo convite a Joana Amaral Dias para integrar as listas do PS às próximas eleições legislativas, oferecendo-lhe em troca a presidência do IDT, são um triste exemplo do que venho dizendo. Em boa verdade aqui há caso, mas em vez do recurso ao insulto (considero que chamar alguém de mentiroso, em público ou em privado, é altamente insultuoso) não seria mais edificante para as duas personalidades convidarem a disputada Joana para esclarecer os factos? Houve ou não houve convite? Se sim, é um direito de qualquer partido desafiar um cidadão, mesmo que doutra formação política, a fazer parte das suas listas. Porém, se o convite se faz acompanhar de uma prebenda em troca, isso é claramente corrupção e, como tal, deve ser punido. Se não houve convite então JAD está a mentir e daí devem ser retiradas as respectivas consequências, nas quais incluo a expulsão de militante do BE.

Um outro caso, a forma recorrente como, por tudo e por nada, Manuela Ferreira Leite e outros destacados dirigentes do PSD apodam de mentiroso José Sócrates. É que já não cuidam de eufemismos como “faltar à verdade” ou “fugir à verdade”. Não, é mesmo MENTIROSO com todas as letras e bem soletradas. Imaginemos agora que em resultado de um empate técnico eleitoral, para mal dos nossos pecados, vamos ter um futuro governo de bloco central como vem sendo sugerido senão mesmo insinuado por Cavaco Silva. Como é que estas pessoas que se insultam do pior no dia-a-dia vão poder conviver de forma sã no mesmo governo? Como vão querer ganhar a respeitabilidade dos portugueses que, tendo memória e honra, se recusem a aceitar que vale tudo em política?

tavisto

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12 Comments:

Blogger Bicho said...

Tavisto que a respeitabilidade e confiança que nos inspiram os nossos políticos é tendencialmente nula...

8:14 da manhã  
Blogger PhysiaTriste said...

Excelente post.
“O recurso ao insulto substituiu o direito ao contraditório.”
Na mouche.

1:10 da tarde  
Blogger DrFeelGood said...

No REINO da PIMBALHADA

A confiança nos nossos políticos deve ter atingido a mais baixa quota de sempre. Poder-se-à dizer que anda pelas ruas da amargura. A que não será estranho os recentes escandalos do BPN e Freeport.
Mas, essencialmente, devido à actuação, à incapacidade que tem demonstrado o Presidente da República (de todos os portugueses) em traçar uma linha de rumo própria, independente, susceptível de estimular soluções para a actual crise.
Antes pelo contrário, o PR tem procurado intervir em processos estratégicos da governação de forma pouco clara, arrastando o combate político por meandros pouco recomendáveis.
Um PR falho de cultura, incapaz de traçar designios, de servir de exemplo e estímulo para a grande maioria dos portugueses, eis a principal razão da actual grave crise política que o país atravessa.

1:11 da tarde  
Blogger tambemquero said...

Afinal, há soluções rápidas para a gripe

Manuela Ferreira Leite curou-se rapidamente da maleita que a apoquentava. Bastou terminar o comício do Chão da Lagoa. Nem a aspirina, da Bayer, é assim tão eficiente.
Emídio Fernando, Correio Preto

3:10 da tarde  
Blogger DrFeelGood said...

NO REINO da PIMBALHADA (2)

Mais, Aníbal Cavaco Silva, enquanto primeiro ministro de Portugal foi o grande promotor do nosso actual modelo de desenvolvimento económico (e social): Betão, Autoestradas e Grandes superfícies.
O Expresso, há poucas semanas atrás, referia que a área das grandes superfícies disponível existente em Portugal tem capacidade para albergar (segundo um rácio internacional) dez milhões de utilizadores. Aproximadamente a população do nosso país.
Querem melhor exemplo de desenvolvimento da cultura pimba?!...

3:24 da tarde  
Blogger Antunes said...

O presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares (APAH) considera "natural" o crescimento do sector privado na área da Saúde, sublinhando que isso não diminui nem a quantidade nem a qualidade dos hospitais públicos.

"O sector privado está efectivamente a crescer, com algumas unidades de qualidade. Aparecendo estas unidades, é muito natural que esse crescimento acontecesse", disse Pedro Lopes. Para o também administrador dos Hospitais da Universidade de Coimbra, "os hospitais públicos continuam no seu desempenho, não havendo decréscimo de procura nem decréscimo de produção, portanto [os hospitais do Serviço Nacional de Saúde] fazem o seu caminho normal".

Estes hospitais públicos, considerou o representante dos gestores dos hospitais do Estado, continuam "em crescimento, embora mais ligeiro, mas sustentável porque a grande dimensão da cobertura hospitalar continua a ser feita pelos hospitais públicos, não pelos privados".

Os principais grupos privados de saúde a operar em Portugal cresceram acima de dois dígitos no primeiro semestre deste ano, em comparação com os primeiros seis meses de 2008. De acordo com os dados da actividade assistencial da José de Mello Saúde, Espírito Santo Saúde e Hospitais Privados de Portugal, o crescimento esteve, em todos os casos, bem acima dos dez por cento (exceptuando os internamentos nos hospitais da CUF, que subiram apenas 3,5 por cento face aos primeiros seis meses do ano passado).

Para o presidente da APAH, existe, para os privados, "um certo mercado muito localizado na região do Porto e Lisboa e aparecendo estas unidades é muito natural que esse crescimento acontecesse", mas isso não impede o sector público de continuar a melhorar. "O sector público continua a fazer o seu percurso normal e o privado serve só aquelas que pessoas que ou têm seguros ou têm capacidade financeira para serem atendidas na privada", considerou
JP 30.07.09

Mas, então, e as conclusões do estudo do dr. Villaverde Cabral ?

Este presidente da APAH é mesmo fraquinho. É um verdadeiro presidente corta fitas. Profundidade. Capacidade analitica, nickles...
A APAH, os Administradores Hospitalares, também se transformou num grupinho de senhores bem instalados.
Privado ou Público tanto faz, desde que os lugarzinhos estejam assegurados.

A propósito de pimbalhada, este dr. Pedro Lopes não é um dos seguidores do programa bota abaixo da saúde da Dr.ª Manuela Ferreira Leite?
Eu, cá bem me parecia!

3:50 da tarde  
Blogger tonitosa said...

O título deste post fala por si.
E lendo os comentários que se seguiram, é mesmo um título adequado.
VALE (mesmo) TUDO...

Quem se sente tão ofendido pelos "insultos" dos políticos entre si, acaba afinal por não hesitar em insultar os outros. Sejam eles AJJ, MFL ou CS.
E na verdade o PR devia merecer mais respeito.
O DrFeelGood foi mesmo longe de mais.
Voltam as campanhas eleitorais e com elas, também aqui no Saudesa alguns se julgam donos e senhores da verdade e ... pior ainda da razão.
E muito provavelmente todos terão um espelho em suas casas.
Ou terão vergonha de ser verem ao espelho?

12:00 da tarde  
Blogger DrFeelGood said...

Caro Tonitosa, por onde tem andado?
Onde estão os insultos aos Sr PR?
Não vou dizer que o seu comentário é deselegante. Mas que o caro Tonitosa padece de miopia, padece.

12:17 da tarde  
Blogger Joaopedro said...

Caro Tonitosa
Como tem passado?
Nós aqui, como deve calcular, preparamo-nos todos para ir votar na dr.ª Manuela Ferreira Leite. Pois ansiamos fervorosamente por ter o Luís Filipe Pereira de volta.
Agora, as coisas, depois do engenheiro Sócrates e CC terem aplainado o terreno, até são bem mais fáceis.

E, volte sempre
Não há ninguém como o senhor para animar a malta.

2:09 da tarde  
Blogger Tavisto said...

Que razões podem justificar a presença de membros da OM em CA de Seguradoras?
Será que os envolvidos não enxergam que, a troco do dinheiro dos seguros médicos, se deixaram comprar ao aceitarem ocupar os cargos para os quais foram convidados?
O que pode justificar que uma instituição de quotização obrigatória tenha de suportar erros (crimes?) resultantes de decisões pessoais do seu presidente?

Razão tinha o Eça, isto não é mesmo um país mas um sítio mal frequentado.

Que Deus nos valha!


O bastonário da Ordem dos Médicos, Pedro Nunes, foi multado em 135 mil euros por receber ajudas de custo alegadamente indevidas enquanto conselheiro da seguradora espanhola responsável pelo seguro de responsabilidade civil dos clínicos portugueses, subscrito pela Ordem.
Além da multa, decretada pela Direcção Geral de Seguros espanhola após uma investigação concluída no ano passado, os conselheiros arriscam-se a ter de devolver os montantes recebidos como ajudas de custo e que, no caso do bastonário da Ordem dos Médicos (OM), foram de 3000 euros mensais durante dois anos.
Pedro Nunes confirmou à Lusa a investigação da Direcção Geral de Seguros espanhola e adiantou que a seguradora, Agrupación Mutual Aseguradora (AMA), recorreu da sentença aos tribunais, pelo que esta ainda não é definitiva.
Miguel Leão, ex-presidente da secção Norte da OM e opositor de Pedro Nunes na última corrida a bastonário, e o antigo bastonário da Ordem dos Farmacêuticos João Silveira são os outros portugueses que passaram pela administração da AMA e que foram também multados. Miguel Leão confirmou a multa à Lusa, precisando que no seu caso foi de 120 mil euros. Quanto a João Silveira, as tentativas de contacto foram infrutíferas.
O bastonário contou que foi convidado pela AMA a integrar o Conselho de Administração, tendo substituído Miguel Leão que lá exercera funções em 2003-2006 e que assinara com a seguradora um acordo enquanto presidente da secção regional Norte. Pedro Nunes foi conselheiro em 2006 e chegou a vice-presidente da administração em 2007. O bastonário afirma que aceitou entrar no CA para "defender os interesses dos médicos portugueses".
Em 2006, quando foi convidado, a OM estava a negociar um seguro para os mais de 30 mil médicos associados. Na altura, explicou Pedro Nunes, a seguradora AXA, com a qual a Ordem trabalhava, "não se mostrou particularmente interessada" e, quando a Ordem lançou o concurso, apenas a AMA se candidatou. Pedro Nunes, que já tinha aceite o cargo de conselheiro da AMA, desligou-se das negociações que "ficaram a cargo de uma tesoureira" da Ordem.
O seguro entrou em vigor a 01 de Janeiro de 2007 - ano em que Pedro Nunes assumiu a vice-presidência - mas o bastonário nega que a sua ida para o CA esteja relacionada com o contrato. Contudo, esclarece: "É evidente que não me convidaram por ser um oftalmologista porreiro, mas sim porque presido a um colégio de profissionais".
De acordo com Pedro Nunes, a sua participação na administração da AMA não era remunerada, mas pressupunha ajudas de custo. Por mês, Pedro Nunes recebia 3000 euros, mas afirma que "não tinha lucro, tinha prejuízo", uma vez que, com o dinheiro que recebia da AMA, pagava duas viagens mensais a Espanha e hotel, além de não receber por dois dias de consultório privado.
Outra leitura teve a Direcção Geral de Seguros espanhola, que concluiu que os conselheiros estavam a receber ajudas de custo superiores às determinadas em acta. Pedro Nunes considera que a decisão do organismo espanhol teve motivos políticos que visavam atingir o presidente da AMA, próximo do PP (na oposição em Espanha), e garante que não tem "nenhuma responsabilidade". Segundo o bastonário a AMA determinou, numa reunião que juntou mais de 2.800 accionistas, que a seguradora não ia receber o dinheiro de volta.

2:34 da tarde  
Blogger Clara said...

DEMITA-SE!

Os escândalos sucedem-se atingindo quase todos os sectores da nossa sociedade.
Depois disto o senhor bastonário vai ter lata para continuar?

2:55 da tarde  
Blogger tambemquero said...

«Lógica de transparência» é necessária

O facto se estar completamente vedado ao médico aceitar -- salvo as devidas excepções -- ofertas da Indústria Farmacêutica (IF) foi mais uma vez focado num debate realizado a 24 de Julho, no Porto, desta vez por iniciativa da Associação de Médicos Portugueses da Indústria Farmacêutica (AMPIF).
Sem ter a pretensão de emitir qualquer ideia conclusiva, o debate realçou sobretudo a necessidade de haver uma «lógica de transparência» nas relações entre estas duas entidades.

Esta foi, de resto, a tónica da intervenção de Pedro Nunes, bastonário da Ordem dos Médicos, que falou sobre «Código Deontológico -- interacção médicos e Indústria Farmacêutica». «Falar de ética não é mais do que reconhecer que a vida tem de ter balizas», afirmou Pedro Nunes numa alusão ao artigo 32.º do Código Deontológico, segundo o qual «o médico só pode tomar decisões ditadas pela ciência e pela consciência».
«É este pensamento de qualidade que deve nortear qualquer acto médico», lembrou ainda o presidente da Ordem dos Médicos (OM), colocando aqui também o clínico na posição de «agente-comprador» do doente. «É esta condição, de ter um agente-comprador, que nós não lhe podemos roubar -- nós somos pagos para comprar pelos doentes», considerou.
Num debate muito pouco participado, que decorreu na Secção Regional do Norte da OM, o bastonário realçou, por outro lado, o papel dos médicos que trabalham na IF, sobretudo pelo facto de levarem aos laboratórios a «mais-valia da eficácia», que vai desde a investigação até à disponibilização pública dos medicamentos.
«Não era pensável uma Medicina do século XXI sem os laboratórios que investigam na Indústria», disse Pedro Nunes, para acrescentar: «Os médicos que trabalham na Indústria Farmacêutica dão testemunho da ética dos médicos, e isto é uma posição dual e particularmente difícil.»
«A ética dificulta comportamentos e os médicos da Indústria Farmacêutica acabam por ser muitas vezes a voz consciente, o travão de uma realidade que, muitas vezes, lhes traz incómodos no exercício», acrescentou Pedro Nunes.
Também os lucros dos laboratórios não passaram ao lado da intervenção do presidente da OM, mas para referir que esta situação por vezes conflitua com a mesquinhez da sociedade portuguesa. «Esse lucro é o risco que assumem», disse, lembrando o caso do Grupo Bial, que «assumiu o risco de milhões, mas neste momento vê aparentemente recompensado esse risco ao conseguir produzir um medicamento à escala mundial».
Sobre as regras consignadas no Código Deontológico (o bastonário referiu-se sobretudo à obrigação de os médicos não prescreverem um tratamento inútil, de procurarem o tratamento mais económico em condições de igualdade de confiança e «à obrigação de estarem efectivamente ao serviço do seu doente», entre outras disposições), Pedro Nunes considerou que, no fundo, «dizem tudo da relação dos médicos com a Indústria».
Intervieram ainda na sessão Ester Freitas, directora dos Laboratórios Delta e vice-presidente da AMPIF, que fez o enquadramento legislativo do Decreto-Lei n.º 176/2000, abordando exclusivamente o Estatuto do Medicamento, e Pedro Caridade de Freitas, consultor jurídico da Apifarma, que limitou a intervenção ao comentário e leitura do Código de Conduta desta associação.

Tempo de Medicina 29.07.09

Que bem prega Frei Tomás...

4:27 da tarde  

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