segunda-feira, agosto 10

Diário da gripe

foto IOL
Portugal atingiu o total cumulado de 554 casos confirmados de Gripe A (H1N1), desde início de Maio.
A ministra da Saúde, Ana Jorge, no seu habitual diário da gripe, criticou, desta vez, os "comportamentos anti-sociais" dos portugueses
link
Faço votos que esta ousadia não penalize a tão estimada quota de popularidade da senhora ministra.
Entretanto, um estudo hoje divulgado conclui que a administração do antiviral Tamiflu às crianças tem mais malefícios que benefícios . Que dizer, então, dos "shots" de tamiflu distribuídos às crianças escuteiros reunidos num acampamento em Arganil.
link

Actualização:
O estudo refere crianças até aos doze anos. O texto da notícia do JN refere crianças com idades inferiores.
Face à benignidade, até agora, demonstrada pelo vírus da “gripe A”, pouca gente parece preocupada em alterar comportamentos, demonstrando, duma forma geral, estar pura e simplesmente nas tintas para o que a senhora ministra vem recomendando nas suas prédicas semanais. O estado de espírito dos portugueses, relativamente a esta pandemia, é bem expresso pelo desabafo da dona Gina Fidalgo: "Se a minha filha tiver que apanhar a gripe, que apanhe agora".
A propósito, talvez seja oportuno recordar o contributo dado pela senhora ministra da saúde para este estado de coisas, quando em intervenção anterior referiu que as pessoas (já contagiadas) até tiveram sorte, «já tiveram a gripe, passaram-na bem e já não a vão voltar a ter, enquanto nós ainda estamos susceptíveis de a apanhar.»
link

Etiquetas:

15 Comments:

Blogger tambemquero said...

Depois de a Ana Jorge ter dito que alguns portugueses, portadores da gripe A ou com filhos infectados, revelam «comportamentos anti-sociais» que aumentam o risco de propagação do vírus, Rogério Alves, ouvido pela TSF, disse que espalhar a doença pode levar a uma pena de prisão até oito anos.

De acordo com a lei portuguesa, «propagar uma doença contagiosa é crime», logo, «se alguém que está doente ou que tem acesso a algum elemento ou produto que pode espalhar uma doença contagiosa o faz está a praticar um crime», disse.

Rogério Alves explicou que se uma pessoa espalhar a doença de forma propositada, poderá incorrer numa pena até oito anos de prisão.

Por outro lado, «se o fizer "sem querer" a pena será menor», tratando-se de uma «prática do crime por negligência», acrescentou.

tsf 11.08.09

1:17 da manhã  
Blogger DrFeelGood said...

Será que a senhora ministra, quando no final deste ano abandonar o cargo, também se vai dar ao trabalho de escrever um livro sobre a sua experiência no MS?
Algo parecedido com o "Fio Condutor".
Será, certamente, um "best seller".

11:13 da manhã  
Blogger cotovia said...

Onde isto já vai.
Ainda vamos ter gente presa.
O grau generalizado de irresponsabilidade tem sido alimentado pelo desastrado discurso oficial.
O que foi "sorte" no início, segundo a senhora ministra, não pode ser tido como azar lá mais para diante.

11:23 da manhã  
Blogger Joaopedro said...

Será que o MS vai editar um video com as intervenções da senhora ministra no Diário da Gripe?

Uma excelente prenda para eu oferecer à minha avozinha neste Natal.
Os putos dos shots do acampamento de Arganil é que lhe haviam de achar imensa graça.

11:36 da manhã  
Blogger Joaopedro said...

Para quando uma acção espectacular (tipo 31 da armada) na sede do MS?
Para substituir o símbolo do Ministério da Saúde pelo das Produções Fictícias.

11:43 da manhã  
Blogger tambemquero said...

Os medicamentos antivirais devem continuar a ser usados em crianças infectadas com o vírus H1N1 em Portugal, à semelhança do que acontece na maior parte dos países afectados pela pandemia de gripe A, defendem vários especialistas contactados pelo PÚBLICO. Ontem, uma pesquisa de médicos britânicos publicada no British Medical Journal (BMJ) concluiu que os efeitos secundários do Tamifl u e do Relenza são superiores aos potenciais benefícios. E os seus autores puseram em questão o seu uso generalizado e indiscriminado nas crianças entre 1 e 12 anos no contexto da actual pandemia no Reino Unido.
Os efeitos secundários provocados por estes medicamentos, como vómitos e diarreia, representam um transtorno maior do que o benefício que constitui reduzir o período da doença em um dia ou um dia e meio, argumentam, notando que não reduz a taxa de complicações. “A nossa pesquisa constatou que, para a maioria das crianças, estes antivirais provavelmente não terão muito efeito”, sintetiza Matthew Thompson, um dos autores do estudo, feito pela Universidade de Oxford.
As conclusões deste trabalho não se aplicam à situação portuguesa, contrapôs a ministra da Saúde, lembrando que em Inglaterra, onde se chegou a um pico de mais de 100 mil novos casos por semana, os antivirais foram dados de forma generalizada a toda a população, muitas vezes após uma mera consulta telefónica.
Em Portugal o Tamifl u apenas está a ser receitado “com critérios clínicos muito rigorosos” e quando se conclui que “os benefícios ultrapassam os riscos”, assegura Fernando Maltez, do serviço de doenças infecciosas do Hospital Curry Cabral (Lisboa). Está a ser usado sobretudo em doentes com “sintomatologia muito acentuada”, ou com um conjunto de co-morbilidades, acrescenta.
Os antivirais estão licenciados para serem administrados a crianças acima de um ano de idade, ainda que a orientação técnica da DGS sobre estes fármacos, no contexto da pandemia de gripe A, admita a sua utilização em bebés com menos de um ano sob supervisão médica. A orientação foi feita com base nas recomendações do Centro
Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC), lembra o pneumologista e consultor da DGS Filipe Froes, frisando que a pesquisa do BMJ apenas se baseou em estudos sobre o uso destes fármacos em crianças na gripe normal. Froes nota ainda que o trabalho concluiu que o uso preventivo generalizado serviu para reduzir em oito por cento a transmissão da infecção, o que não é de negligenciar num cenário de pandemia. “Os antivirais dão-se e estão-se a dar em todo o mundo”, diz, sublinhando que o H1N1 está a atingir mais as crianças, enquanto a gripe normal afecta sobretudo os idosos. “Faz sentido continuar a dar, sempre com indicação médica”, defende.
O trabalho do BMJ foi divulgado depois de um relatório das autoridades de saúde britânicas indicar que 53 por cento das crianças de três escolas londrinas tratadas com Tamifl u como medida preventiva face à nova gripe sofreram um ou mais efeitos secundários,
sobretudo náuseas e pesadelos.

JP 11.08.09

12:24 da tarde  
Blogger Clara said...

O fluxo de utentes ao primeiro Serviço Atendimento da Gripe (SAG), no Algarve, a funcionar deste o passado fim-de-semana no Centro de Saúde de Loulé, não pára de aumentar. O tempo de espera por uma consulta, ontem à tarde, chegou a atingir as quatro horas. Os utentes, munidos de máscara, a transpirarem, de pé, num corredor, com o ar condicionado avariado. O serviço funciona das 8h às 24h, podendo o horário vir a ser alargado.
Fernando Ramalhete, a passar férias em Monte Gordo, depois de aguardar mais de uma hora pela consulta ao filho, de cinco anos, desesperado, saiu para a rua: “Isto é uma vergonha. Pedi um analgésico para o miúdo, com febres altas e a enfermeira respondeu-me: ‘Não temos, pode comprar na farmácia, é de venda livre.’” Ao manifestar o protesto, levou uma resposta que lhe fez subir ainda mais a indignação: “Isto aqui não é uma pediatria.”
O Centro de Saúde de Loulé partilha com o Hospital de Faro o atendimento dos casos suspeitos da gripe A, estando prevista para os próximos dias a abertura de novos SAG em Portimão, Tavira, Lagoa e Albufeira. Ontem, utentes de toda a região, referenciados pela Linha de Saúde 24, convergiram para ali e o serviço entupiu. A directora clínica, Natália Correia, disse que no primeiro dia, foram atendidos 40 casos, seis confirmados de gripe A. No domingo o número de atendimentos subiu para 50. Ontem, a partir do final da manhã, engrossou a fila de espera. Questionada sobre a confusão instalada do serviço, a médica, justificou: “A parte da manhã tem sido mais calma e tranquila, se os senhores viessem aqui de manhã não encontravam este movimento.”
As normas de desinfectar as mãos, colocar a máscara e fazer a inscrição, diz, são efectuadas com normalidade. A utente Marisa Pinho, ao ouvir a médica explicar que tudo estava a correr com “normalidade”, discordou.
Quando chegou, por volta das 13h, “não havia ninguém a orientar, eram as pessoas que diziam umas às outras: ‘Ponha a máscara e desinfecte as mãos.’” “A administrativa tinha ido almoçar, não estava cá ninguém.” O marido aguardou quatro horas para ser atendido.

JP 11.08.09

Isto é que devia trazer preocupada a senhora ministra da Saúde.

12:33 da tarde  
Blogger joana said...

Até que ponto é correcto promover o ajuntamento de duas mil crianças à custa de prevenção com tamiflu, com todas as consequências do ponto de vista da saúde daí resultantes.

3:46 da tarde  
Blogger Antunes said...

A ministra da Saúde esclareceu hoje que não deve ser o ministério a fazer as denúncias de casos de incumprimento das normas de controlo da gripe A por parte de doentes com gripe A.

«Não compete à ministra nem ao ninistério fazer esse tipo de denúncia», respondeu Ana Jorge, explicando que as declarações que fez segunda-feira tinham um «objectivo pedagógico».

«Devem ser os próprios serviços onde ocorram essas situações menos adequadas a fornecer informação ao Ministério Público», acrescentou.

A ministra falava aos jornalistas à margem da assinatura dos acordos do estatuto da carreira dos enfermeiros.

TSF 11.08.09

Segundo a senhora ministra da saúde, «as declarações que fez segunda-feira tinham um «objectivo pedagógico».

Estou em completo desacordo com a senhora ministra da saúde sobre a forma de tratamento desta matéria.

a) O número de casos de comportamento antisocial, constatados pela senhora ministra, é significativo?

b) A senhora ministra não acha mais antisocial a qualidade do atendimento do Centro de Saúde de Loulé, relatado ontem nos jornais da TV e nos matutinos de hoje?

c) O que pretende provar a senhora ministra com a aparente sobrevalorização dos casos de comportamento anti-social dos portugueses ?

d) Que o número exponencial de novos casos se deve a comportamentos antisociais dos cidadãos portugueses?

e) É necessário analisar o que falhou na consciencialização das populações relativamente à necessidade de cmprimento dos procedimentos de prevenção da doença.

f) A senhora ministra não acha que contribuiu também para criar a convição junto das populações que quanto mais cedo se contraisse a doença (antes do inverno), melhor.

g) Talvez com algumas prisões por comportamento antisocial e uma nova ministra da saúde, talvez as coisas corram melhor lá para o Inverno com a epidemia mais a sério.

6:37 da tarde  
Blogger Adão, o Oculista said...

Camaradas,

Há aqui um equivoco. O Grande Conselheiro e Estratega de saúde pública que tem guiado, desde o inicio, a Senhora Ministra neste tema é o Senhor Director Geral da Saúde o Sr. Dr. Francisco George.
Apontem as responsabilidades na direcção correcta.

O problema da Senhora Ministra é que não sabe falar de improviso. Quando improvisa em frente a um microfone, é um desastre e é um pouco embaraçoso de assistir apesar da empatia que o seu “sorriso elegante” (como alguém caraterizou faz muitos meses) nos merece.

Começa a ser óbvio que o periodo de liderança do SNS desta Senhora Ministra é um vazio de ideias próprias e contributos concretos. E vai acabar da pior forma possivel: com o caos provocado por uma estratégia de saúde pública ERRADA.
Venha uma nova Senhora DGS em Outubro!

7:29 da tarde  
Blogger helena said...

Que estranha pedagogia a da ministra da saúde. No lugar de aconselhar, sugerir, ensinar, decidiu esta semana recorrer à denúncia dos comportamentos antisociais.
É evidente que estes comportamentos são casos de polícia, que não servem de exemplo nem de justificação de coisa nenhma. Não seria previsível, desde o início deste processo, que estes casos viessem a acontecer?

A mim, o que me aflige é a situação das duas mil crianças, juntas num acanpamento, com casos de gripe A declarados, perante a complacência dos organizadores, dos pais e das autoridades de saúde.
Ou não pertençam as crianças ao grupo social de maior risco.

10:29 da tarde  
Blogger saudepe said...

Gostava de ter visto esta energia e determinação da ministra da saúde, por exemplo, na implementação da reforma dos Cuidados de Saúde Primários.

11:42 da tarde  
Blogger tambemquero said...

O Ministério Público aguarda que lhe sejam comunicados dados concretos sobre alegados casos de pessoas que mostraram intenção de propagar a gripe A, afirmando que quem exerce funções públicas está obrigado a denunciar tais comportamentos.
Numa nota da Procuradoria-Geral da República (PGR), é garantido que o Ministério Público «investigará todas as denúncias que forem apresentadas» e afirma-se que «todos os que exercem funções públicas (nos hospitais, centros de saúde, etc...) estão obrigados por lei a denunciar factos de que tenham conhecimento relacionados com a propagação de doença contagiosa».

O documento lembra que «a propagação de doença contagiosa é um crime público que pode ser praticado com dolo (intenção) ou por negligência», sendo punido com uma pena entre um e oito anos se for de forma deliberada e até cinco anos em caso de negligência.

A ministra da Saúde referiu segunda-feira que foram identificados «comportamentos anti-sociais» de pessoas que se recusam a cumprir as medidas de controlo da gripe A (H1N1) ou declaram mesmo a intenção de propagar a doença.

Ana Jorge referia-se concretamente a adultos que, nos centros de atendimento, se recusaram a pôr a máscara de protecção e a mães que declararam que levariam os filhos às urgências dos hospitais para contagiar outras pessoas, uma vez que as suas crianças também tinham sido infectadas.

Esta terça-feira, a ministra disse que os serviços de saúde onde ocorram casos de contágio propositado de gripe A podem decidir participar a situação ao Ministério Público, mas salientou que não cabe à tutela fazê-lo.

«Não compete à ministra nem ao ministério fazer esse tipo de denúncia», disse Ana Jorge, explicando que as declarações que fez tinham um «objectivo pedagógico».

tsf 12.08.09

Está visto que a MS meteu água.

12:51 da manhã  
Blogger tambemquero said...

O presidente da Associação Sindical dos Juízes Portugueses (ASJP) considerou, esta terça-feira, que não é líquido que quem não cumpre as recomendações das autoridades de saúde sobre a gripe A no que toca à propagação do vírus esteja a cometer uma infracção a lei.
tsf 12.08.09

12:54 da manhã  
Blogger Clara said...

O procurador-geral da República deixou ontem claro que o Ministério da Saúde tem de denunciar os casos de propagação intencional de gripe A (H1N1) que chegam ao seu conhecimento. Depois de a ministra Ana Jorge ter dito ontem que não cabe à tutela, nem à ministra, participar as tentativas de contágio com gripe A ao Ministério Público, a Procuradoria-Geral da República avisou que "todos os que exercem funções públicas estão obrigados por lei a denunciar factos de que tenham conhecimento relacionados com a propagação de doença contagiosa", um crime público.

Em comunicado, a Procuradoria diz que "o Ministério Público investigará todas as denúncias que forem apresentadas" e informou que aguarda que "sejam comunicados factos concretos".

A polémica surgiu depois de Ana Jorge ter alertado em conferência de imprensa para "comportamentos anti-sociais" de adultos que recusaram usar máscara de protecção e de mães que declararam que levariam os filhos às urgências dos hospitais para contagiar outras pessoas. Como "a propagação de doença contagiosa é um crime público", punido com uma pena até oito anos, a denuncia é obrigatória para funcionários, segundo o artigo 242 do Código de Processo Penal, lembra fonte do Ministério Público (MP).

Opinião partilhada pelo ex-bastonário da Ordem dos Advogados, Rogério Alves. "Se ninguém comunicou o caso às autoridades, a ministra tinha a obrigação de fazê-lo, já que todos os que exercem funções públicas têm esse dever", diz. Para Rogério Alves, as declarações públicas da ministra, ao atribuir intenção de propagar a doença nos casos revelados, criaram uma situação que obriga o Ministério Público a investigar". Portanto, "a ministra vai ter de dizer ao MP quais os casos de que teve conhecimento", conclui.

Para o procurador João Palma, Ana Jorge tem de "dizer onde e quando o crime ocorreu, o lugar, e identificar quem são as pessoas que tiveram essa prática de tentar propagar a gripe".

Mas Ana Jorge, por seu lado, defende que as declarações que fez segunda-feira tinham um "objectivo pedagógico". Por isso, salientou que a decisão de participar as situações de contágio propositado de gripe A ao Ministério Público cabe aos serviços de saúde onde estas ocorram.

No entanto, o bastonário da Ordem dos Médicos, Pedro Nunes, rejeita a ideia. "Os médicos não vão participar nada às autoridades. Temos o dever de curar, não de policiar", conclui. Além disso, lembra que o estado emocional de quem chega às urgências, preocupado com o filho, deve ser tomado em conta quando se pensa em acusar alguém. Já o director clínico do Hospital de São João, António Oliveira e Silva, diz que faz parte da função do hospital comunicar esses casos, considerando que por vezes a saúde pública está acima do sigilo médico.

DN 12.08.09

9:17 da manhã  

Enviar um comentário

<< Home