segunda-feira, janeiro 11

Prioridades em Saúde

Taxa mortalidade infantil ano 2007
O nosso colega Jorge Simões publica hoje no JP um importante texto sobre prioridades em Saúde. link
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Por isso novas prioridades devem ser colocadas na agenda política.
Em primeiro lugar, o combate às desigualdades deve reforçar-se como uma prioridade política fundamental; aliás, os países que conseguem melhores resultados em saúde são os que apresentam menores desigualdades na oferta de cuidados – com os recursos humanos na saúde a ocupar um lugar central – e na procura de cuidados, com enfoque no controlo das listas de espera e na contenção do peso das despesas com medicamentos nos orçamentos familiares.
Em segundo lugar, é necessária uma abordagem da Saúde em todas as políticas que permita o desenvolvimento de intervenções focadas na identificação dos factores que influenciam a saúde das populações, no pressuposto de que a saúde das populações não é apenas o resultado da actividade do sector da saúde, mas é também determinada por variados factores socioeconómicos.
Em terceiro lugar, os serviços devem caminhar no sentido da integração e da continuidade de cuidados, de forma a permitir respostas mais adequadas aos problemas das pessoas, mas também melhores níveis de eficiência, quer na relação entre cuidados primários e hospitalares, quer na relação da saúde com o apoio social.
Em quarto lugar, o sistema de saúde exige melhor governação na saúde, no que respeita ao desempenho do sistema, à prestação de cuidados, à afectação dos recursos e ao respeito pelos direitos e legítimas expectativas das pessoas.
A transparência e a prestação de contas devem ser uma rotina dos governos, bem como a avaliação dos seus sistemas de saúde, a gestão da qualidade e a definição de incentivos com vista à melhoria do desempenho dos prestadores de cuidados de saúde.
Em quinto lugar, a formação de profissionais de saúde é um vector no desenvolvimento das políticas de saúde, devido ao elevado grau de especialização dos profissionais e por se tratar de um sector de mão-de-obra intensivo. Deve colocar-se, por isso, a questão da formação de recursos humanos para a saúde, reforçando a qualidade que se espera da prestação de um profissional de saúde e o respeito na relação com os doentes, mas também com o objectivo de melhorar o desempenho do sistema através da optimização do skill-mix.
Em sexto lugar, importa apoiar, de forma consistente, a disseminação das tecnologias de informação e comunicação na saúde, com particular destaque para a integração da informação dos utentes. As tecnologias de informação e comunicação podem oferecer importantes contributos para a coordenação e integração nos vários níveis de cuidados, nomeadamente no que respeita à comunicação entre as partes e, mais concretamente, no que respeita à comunicação da informação ao utente.

O grande desafio do sistema de saúde, em Portugal, é, pois, o de encontrar a combinação virtuosa entre continuar o ritmo de melhoria dos níveis de saúde registados nos últimos anos, com as reformas necessárias para garantir a manutenção de um serviço nacional de saúde financeiramente sustentável.

Jorge Simões, JP 11.01.10

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