Rescaldo de Natal
Nos primeiros dias do ano, vencida a maratona da comezaina, costumamos fazer uns joggings para desentorpecer os ventres castigados.
No último domingo, dia cinzento de pouca chuva, cumpriu-se a tradição. Passeio marítimo fora à conversa, passada lenta, concentrados no escavacar da política.
Até que o Pedro deu de caras com o paliçada do Narciso. O restaurante da praia de Carcavelos agora votado ao abandono. Lugar de referência da west coast nacional, não faz muito tempo.
Daí em diante a conversa empastelou-se no esboroar de memórias, donde não se saiu mais.
Estas são do MEC:
…/ «O dia de Natal não era excepção. Com grande esforço, lá se encontrava (ou convencia) um restaurante que nos abrisse as portas no dia 25. Fomos com certeza a muitos tais mas, por alguma razão, só me lembro de um único estabelecimento (muito meritório em dias normais) chamado Narciso.
Era ali no Narciso em Carcavelos que nos juntávamos, quase em cima do mar – com as portas todas a bater de tanta ventania. Havia infalivelmente um rafeiro sinpatiquissimo mas obviamente mal-amado, acompanhado à distância pelo que sempre nos pareceu ser um sinistro pedófilo avulso e arrependido; ambos a molhar as patas à beira-mar numa estranha sintonia.
E nós, diga-se, não nos sentíamos mais consolados, perante este quadro tão desolador, pelos famosos filetes de pescada «à Narciso». Eram habitualmente lapidares mas, naquelas ocasiões, tornavam-se museológicos e mesmo passíveis de acção judicial.
Ali passou a minha família não poucos mas marcantes almoços de Natal. (Será evidente que estou a guardar o adjectivo «traumáticos» para mais tarde). Bastará explicar que tínhamos todos ódio ao peru – preconceito facilitado pelo facto de não haver peru no Narciso – e que a perversão genética de que sofríamos levava-nos a pedir «três coquetéis de gambas intervalados»; «um cachorro quente; um prego, duas doses de batatas fritas e duas mousses» e outros disparates.» A Minha Andorinha, assírio & alvim
Caro MEC, traumatismos à parte, cem metros adiante tem a “Pastorinha”, com filetes de pescada “lapidares” (que raio de adjectivo) no 25 de Natal.
…/ «O dia de Natal não era excepção. Com grande esforço, lá se encontrava (ou convencia) um restaurante que nos abrisse as portas no dia 25. Fomos com certeza a muitos tais mas, por alguma razão, só me lembro de um único estabelecimento (muito meritório em dias normais) chamado Narciso.
Era ali no Narciso em Carcavelos que nos juntávamos, quase em cima do mar – com as portas todas a bater de tanta ventania. Havia infalivelmente um rafeiro sinpatiquissimo mas obviamente mal-amado, acompanhado à distância pelo que sempre nos pareceu ser um sinistro pedófilo avulso e arrependido; ambos a molhar as patas à beira-mar numa estranha sintonia.
E nós, diga-se, não nos sentíamos mais consolados, perante este quadro tão desolador, pelos famosos filetes de pescada «à Narciso». Eram habitualmente lapidares mas, naquelas ocasiões, tornavam-se museológicos e mesmo passíveis de acção judicial.
Ali passou a minha família não poucos mas marcantes almoços de Natal. (Será evidente que estou a guardar o adjectivo «traumáticos» para mais tarde). Bastará explicar que tínhamos todos ódio ao peru – preconceito facilitado pelo facto de não haver peru no Narciso – e que a perversão genética de que sofríamos levava-nos a pedir «três coquetéis de gambas intervalados»; «um cachorro quente; um prego, duas doses de batatas fritas e duas mousses» e outros disparates.» A Minha Andorinha, assírio & alvim
Caro MEC, traumatismos à parte, cem metros adiante tem a “Pastorinha”, com filetes de pescada “lapidares” (que raio de adjectivo) no 25 de Natal.
Etiquetas: fun stories
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