quinta-feira, abril 1

O SNS à mercê...

Saúde: Subiu para 600 o número de médicos que pediram a reforma link Um milhão pode ficar sem médico

Desde Janeiro já pediram reforma antecipada 600 médicos. Destes, 400 são médicos de família. Esta sangria de clínicos do Serviço Nacional de Saúde faz com que mais de um milhão de utentes fiquem sem médico de família. Os profissionais alertam que os serviços vão entrar em ruptura.
Rui Nogueira, da Associação Portuguesa dos Médicos de Clínica Geral, não duvida de que o número de portugueses sem médico de família vai aumentar. "A saída para a reforma de 400 médicos de família significa que 600 mil portugueses ficam sem médico, a que se juntam os 400 mil que não têm médico" de família.
Um dos locais onde já se sente carência de médicos de família é no Centro de Saúde do Bombarral, onde seis dos oito profissionais já saíram. Mas há mais casos. Rui Nogueira aponta Lisboa e Vale do Tejo, Setúbal, Santarém, Porto, Braga e Faro como as regiões mais carenciadas.

Um dos incentivos que a tutela pode dar para os médicos não irem para a reforma é não aplicar a penalização da reforma, aumentar a remuneração mensal e o prémio de 120 euros relativo à capitação de doentes, um valor que não é actualizado há dez anos. "Se triplicarem este valor, que pode rondar os 400 euros por mês, os médicos poderão continuar a trabalhar no SNS e ter mais utentes na sua lista", admite o responsável da APMG.

Para Carlos Santos, dirigente do Sindicato Independente dos Médicos, estes aumentos não bastam. "Os médicos não vão aceitar os 30 por cento de reforma que a tutela sugeriu para continuarem no SNS. Se a tutela pede o sacrifício de continuarem no SNS terá de pagar o que pagaria se fosse contratar profissionais no mercado, cerca de 3000 euros por mês, a somar à reforma." A tutela afirmou que os médicos que suspendam a reforma terão garantidas as condições de quando ela for atribuída. Os contratos não poderão implicar acréscimo de custos.

APONTAMENTOS
6200 DE CLÍNICA GERAL : Há 6200 médicos de família e faltam 250. Lisboa tem 50 clínicos para 100 mil habitantes e no resto do País são 60 para 100 mil. Juntam-se a estes médicos os 114 recém-especialistas, dos quais 97 serão colocados no Continente.
EVITAR A PENALIZAÇÃO : Os médicos que fazem 55 anos de idade e 30 de serviço – a maioria nos centros de saúde – evitam ser penalizados na reforma, com o aumento de 4,5 para 6 por cento de desconto por cada ano até aos 65 anos.
Cristina Serra, CM 27.03.10

Óscar Gaspar no seu artigo comentário link sobre a lei da reforma do sistema de saúde nos EUA recentemente aprovada no congresso, diz a dado passo: Haverá sempre uma retórica contra a mudança. Uma posição reaccionária, de esquerda ou de direita, avessa ao progresso e que não percebe que a sustentabilidade das políticas exige mudanças e a coragem política para prosseguir o que é importante. Neste caso, o acesso dos cidadãos à saúde.

É usual dizer-se que uma imagem vale mais que mil palavras, “mutatis mutandis” poderá afirmar-se que a realidade, traduzida nesta notícia, vale mais que mil argumentos justificativos da reforma da Administração Pública e do SNS em curso no País.
É com medidas destas que se defende o acesso dos cidadãos à saúde? A irresponsabilidade política deixou O SNS à mercê de todo o tipo de abutres.

Tavisto

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13 Comments:

Blogger DrFeelGood said...

A ministra da Saúde disse hoje que o protocolo assinado entre a tutela e a União das Misericórdias Portuguesas (UMP) vai dar resposta em áreas em que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) é carente. link

A morte lenta do SNS
Mais um caso de transferência de recursos para o sector social .
O SNS, em definitivo, à mercê de todo o tipo de abutres.

5:52 da tarde  
Blogger DrFeelGood said...

Exemplo e prevenção no caso Santa Maria
Em Dezembro, escreveuse neste mesmo espaço, a propósito do erro que deixou cegos seis doentes do Hospital de Santa Maria, que se impunha a celeridade do processo, de modo a acabar com o pesadelo involuntariamente imposto aos atingidos. Passavam, nessa altura, já cinco meses sobre o acto e desde então passaram-se mais três. Com resultados que convém assinalar.
O primeiro é que, na sequência do que anunciara o hospital, foram já fixadas indemnizações para todas as vítimas e, pelo menos num caso, o valor calculado (230 mil euros) ficou acima da maior indemnização anteriormente paga em Portugal devido a um erro hospitalar (225 mil euros, em 2008). Não devolverão a vista a ninguém, mas, pelo menos, é importante que atenuem os danos.
O segundo é que há dois processos em curso, um de responsabilização criminal e outro disciplinar, contra o farmacêutico e a técnica de farmácia acusados de seis crimes à integridade física. E importa que sejam concluídos com celeridade, de modo a que seja definida, com ponderação e justiça, a responsabilização dos seus actos. Por último, o hospital mudou as regras e reforçou o pessoal e a segurança do sector onde tudo aconteceu. Pagou-se um preço caro, mas este processo pode ajudar a prevenir casos idênticos, no futuro.

JP 27.03.10

6:06 da tarde  
Blogger tambemquero said...

O estudo sobre a pandemia publicado ontem pela Direcção-Geral da Saúde (DGS) estima que um milhão de portugueses tiveram gripe A, mas os peritos admitem que o número está subestimado. Por isso, logo a seguir à Páscoa, a DGS vai telefonar a cinco mil portugueses para procurar mais casos de infecção.
Durante 15 dias, pessoas de todo o país com telefone fixo e telemóvel vão ser contactadas para responderem a um inquérito sobre episódios gripais no agregado familiar. “O estudo vai avaliar o verdadeiro impacto da pandemia. Contamos ter os resultados no final de Abril”, explica o coordenador da Unidade Emergência de Saúde Pública da DGS, Mário Carreira.
A afinação da taxa de ataque do vírus entre a população — referida no relatório como sendo de 10% — poderá também dar pistas sobre uma das mais importantes conclusões dos peritos: a gripe A foi duas vezes mais mortal em Portugal do que na União Europeia. Por cá, a taxa de mortalidade foi de 1,14 por 100 mil habitantes — 122 mortos no total — , enquanto na média dos outros Estados-membros rondou os 0,6.
O relatório não explica porquê, mas o director-geral da Saúde, Francisco George, diz que pode dever-se a diferenças de notificação. “Nós fizemos uma notificação passiva e pró-activa. Uma equipa da DGS foi a todos os hospitais procurar casos mortais — encontrámos 15 que não estavam registados — e não temos subnotificação de óbitos. Outros países podem não ter notificado todas as mortes”.
O pneumologista e consultor da DGS Filipe Froes acredita que a explicação está numa falha de avaliação do risco. “Os países com os melhores resultados tiveram maior capacidade de prevenir o aparecimento da doença em pessoas saudáveis — por exemplo, através da vacinação — que podiam evoluir para casos críticos e em identificar precocemente os doentes graves, de modo a iniciar a terapêutica eficaz o mais cedo possível”.
Pneumonias fatais Portugal nem sempre avaliou bem e isto está dito no próprio relatório da DGS. “Em 12 doentes o diagnóstico laboratorial foi conhecido após o óbito, não tendo efectuado terapêutica antivírica”. Ou seja, não foram tratados contra a gripe A.
As autoridades de saúde concluem ainda que 26 dos 122 mortos, com idade média de 45 anos, não tinham factores de risco. Já entre as vítimas mortais com patologias associadas a idade média foi de 48,5 anos e a obesidade mórbida o factor de risco mais prevalente. Nenhum destes doentes fatais tinha sido vacinado contra a gripe A. Ficou também a saber-se que seis das sete crianças mortas pelo vírus tinham problemas de saúde. A única incógnita é o caso de um jovem que morreu em casa, em Lisboa, porque a autópsia está em segredo de justiça. A causa de morte mais frequente foi a pneumonia viral.
Foi ainda apurado que a maioria ( 73%) dos infectados não necessitou de antivirais e só 1% desenvolveu formas graves. A DGS conclui, assim, que o acréscimo de idas às Urgências não foi caótico e que “não se verificaram repercussões significativas no absentismo nem alterações da vida social que possam ser directamente atribuídas à pandemia”. Ou seja, o balanço foi positivo. “As medidas tomadas foram as mais correctas e oportunas, apesar de às vezes terem parecido um pouco exageradas”, salienta Silva Graça, infecciologista do Instituto Ricardo Jorge.

expresso 27.03.10

8:31 da tarde  
Blogger joana said...

POEMA da 'MENTE'...

Há um Primeiro-Ministro que mente,
Mente de corpo e alma, completa/mente.
E mente de modo tão pungente
Que a gente acha que ele, mente sincera/mente,
Mas que mente, sobretudo, impune/mente...
Indecente/mente.
E mente tão habitual/mente,
Que acha que, história afora, enquanto mente,
Nos vai enganar eterna/mente...

9:47 da manhã  
Blogger Clara said...

Valença: Utentes montam hospital de campanha para substituir SAP

O hospital, montado fruto da conjugação de esforços entre a comissão de utentes, a Câmara de Valença e a delegação da Cruz Vermelha Portuguesa, deverá estar apto para começar a funcionar dentro de um ou dois dias.

“Terá todos os equipamentos de uma qualquer urgência de suporte básico de vida”. link

JP 29.03.10


1. - O autarquia de Valença que apoia os contestatários não fez um acordo com o governo?
2. - Quem quer uma urgência em cada esquina, a instalação de hospitais de campanha poderá ser uma boa solução. Paga, como é evidente, pela autarquia.
3. - Qual vai ser a reacção da ministra da saúde?
a) desloca-se a Valença para tentar moderar o conflito .
b) recua de imediato .
c) espera pela intervenção de José Sócrates, que vai à TV prometer a abertura de uma urgência (SUMC).

Nota: será isto indicio que se esgotou o filão da face oculta.

11:56 da tarde  
Blogger DrFeelGood said...

Enfermeiros pedem mais salários ao Estado do que ao sector privado

O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) negociou com o sector privado uma tabela salarial significativamente inferior à que o Governo está a propor e que tem merecido a sua desaprovação.

O contrato colectivo de trabalho (CCT), assinado a 8 de Outubro de 2009 e que entrou em vigor a 1 de Fevereiro de 2010, fixa o início de carreira em 900 euros, menos 120 euros do que os enfermeiros recebem actualmente no sector público e bem abaixo dos 1.201 euros propostos pela tutela. Para não falar dos 1.510 exigidos pelos sindicatos.

Confrontada pelo Negócios com esta dualidade negocial, a dirigente do SEP explicou que "para esses 3.500 enfermeiros [abrangidos pelo CCT] era mais importante a regulamentação das condições de trabalho do que a questão remuneratória". Guadalupe Simões salientou ainda que, apesar de o início de carreira ser de 900 euros, a "maioria" recebe acima desse montante e o "valor que está a seguir é de 1.075 euros, acima do que o que o Ministério nos está a propor para já [1.020 euros]".

O Negócios pediu um comentário ao Ministério da Saúde, mas este, "por respeito pelo diálogo social", preferiu "não comentar os processos negociais em curso, nem tão pouco processos negociais a que é alheio". Contudo, não deixou "de registar e de levar em devida conta a aparente duplicidade da posição assumida pelo sindicato na negociação com o sector privado e na negociação com o sector público".
JN 30.03.10

Elucidativo quando se refere que o Estado é refém das corporações.
E tendo em atenção que há desemprego que dirigentes sindicais são estes empenhados em fazer chantagem politica junto do Estado.

10:01 da manhã  
Blogger Antunes said...

«Confrontada pelo Negócios com esta dualidade negocial, a dirigente do SEP explicou que "para esses 3.500 enfermeiros [abrangidos pelo CCT] era mais importante a regulamentação das condições de trabalho do que a questão remuneratória". »


Mas que justificação mais esfarrapada.
O SEP devia ter vergonha da situação em que se colocou.
E, nós temos de aturar a greve destes senhores.

1:08 da tarde  
Blogger helena said...

Este país é ingovernável!

É o que se pode concluir das jornadas de luta dos professores e agora deste novo processo de luta dos senhores enfermeiros.

Pelos vistos o Pedro Passos Coelho chega na hora certa.

1:12 da tarde  
Blogger tambemquero said...

O Ministério da Saúde vai pedir à Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS) que investigue as empresas que prestam serviços médicos a hospitais públicos. “O objectivo é garantir que não há contratação de médicos reformados, para clarificar que a prática é proibida”, disse ao PÚBLICO o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Manuel Pizarro.
Neste momento muitos hospitais com falta de clínicos recorrem a empresas de prestação de serviços que vendem os serviços de médicos, alguns aposentados do sistema público. Fala-se da contratação de clínicos reformados por parte destas empresas, mas Manuel Pizarro diz que “não conhece nenhuma situação concreta” e que por isso “vai ser solicitado à IGAS que investigue”, mas a acção ainda não tem data marcada.
Esta não será a primeira vez que a IGAS investiga empresas privadas que vendem serviços a instituições do Sistema Nacional de Saúde. Em 2008 aquele organismo constatou que quatro em cada cinco hospitais públicos (dos 60 inquiridos) precisam de recrutar médicos no exterior para suprir carências (sobretudo nos serviços de urgência) e as contratações são feitas maioritariamente por ajuste directo.
O crescente recurso a empresas de mão-de-obra e a contratos individuais de trabalho é justificado também pelo elevado preço das horas extraordinárias dos médicos do quadro. As especialidades médicas com mais problemas são a Anestesiologia, a Ginecologia/ Obstetrícia, a Clínica Geral e a Medicina Interna, a Urologia, a Oftalmologia, a Ortopedia e a Pediatria.
Com o pedido de reformas antecipadas por parte de médicos do sistema público – 500 só este ano, estimam os sindicatos – a situação de carência de clínicos tenderá a agravar-se.
Em cima da mesa de negociações entre ministério e sindicatos está a forma de travar esta saída. No passado dia 18 de Março, o Conselho de Ministros aprovou “um regime excepcional de contratação de médicos aposentados”, mas pouco se especifica, referindo-se que o objectivo “é simplificar procedimentos em relação à autorização para a prestação de trabalho e o exercício de funções públicas por parte dos médicos que se tenham aposentado”.

Não há contratos especiais
O secretário de Estado garante que não vão criar contratos especiais para médicos que se aposentem, como pretendem os sindicatos. “Não vamos contratar aposentados”. A intenção do MS é antes contactar cada médico que pediu a reforma, temendo ser penalizado com as regras que entrarão em vigor com o novo orçamento, e garantir-lhes que, se continuarem, as regras de aposentação serão as actuais. Para os médicos que entretanto já têm a reforma formalizada vão dizer-lhes que podem voltar atrás, suspendendo-se a aposentação, mantendo o vencimento e as condições de reforma actuais. De parte fica a hipótese de acumularem a reforma com uma remuneração por inteiro,
refere o governante.
Carlos Santos, presidente do Sindicato Independente dos Médicos, diz que a medida “não lhes vai trazer um único médico de volta”. Mesmo a proposta inicial do ministério de poderem voltar aposentados auferindo
a aposentação mais 30 por cento do seu ordenado não é apelativa. “Ninguém vai aceitar”, até porque a regra não se aplica “a políticos e gestores”. “A solução mais lógica seria os aposentados terem um novo
contrato, com horário a negociar”, em que receberiam ordenado mais aposentação, defende.

JP 30.03.10

O Governo sobre brasas sem solução à vista para este grave problema.
Os erros do passado pagam-se caro.

4:16 da tarde  
Blogger Saloio said...

Do passado??...Quem semeia ventos colhe tempestades. Promessas a rodos a médicos e enfermeiros. Acordos ruinosos com os sindicatos médicos. O mesmo trabalho por muito mais dinheiro. A eficiência mandada às urtigas. A racionalidade da organização do trabalho perdida de vez. O opting-out para as Misericórdias. O fim do sistema.
È nisto que dá a obsessão pelo silêncio e pela popularidade... È nisto que dá o tacticismo conjuntural desprovido de ideias, de rumo ou de estratégia.
Do passado, de facto, mas muito recente...

5:44 da tarde  
Blogger Tavisto said...

Pelas suas consequências, esta questão da reforma antecipada dos médicos é ilustrativa da forma pouco cuidada como foi concebida a reforma da administração pública. O preconceito em relação ao funcionário público deu azo a um esvaziamento sem critério. Tratar todos por igual sem olhar a especificidades deu nisto. Temos aqui um bom exemplo de que afinal havia vida para além do défice.
E agora, como reverter a situação? Como garantir o direito à saúde das populações? Como impedir que o SNS sucumba, é esse o risco nos Cuidados Primários, por esvaziamento de muitos centros de saúde?
Contratar médicos com reformas antecipadas e pagar-lhes mais, um cêntimo que seja, que aos colegas que se mantiveram no activo é, para além de imoral, um incentivo a que mais médicos sigam na peugada dos que saíram. Convencê-los a ficar garantindo que manterão as regras de aposentação anteriormente vigentes é, se tal medida não for extensiva a todos os profissionais em idade de requererem reforma antecipada, igualmente imoral e incentivadora da antecipação da reforma. E, duvido mesmo da constitucionalidade de tais medidas por discriminarem positivamente um grupo profissional relativamente aos restantes trabalhadores da FP.
Parece-me pois que a única forma de evitar maiores danos é a rápida estabilização laboral no sector da Saúde acelerando o processo negocial em curso e apresentando tabelas salariais que motivem os profissionais a manter-se no activo. Deveria mesmo ser abordado cada profissional individualmente, para saber das razões da saída precoce e procurar motivá-lo de forma a permanecer no activo.
Quanto ao combate ao oportunismo, impedindo que profissionais que saíram antecipadamente voltem a contratar com o SNS a coberto de empresas prestadoras de serviço, é, para além da defesa de um princípio de ética laboral, uma medida de combate ao banditismo.

11:51 da tarde  
Blogger Clara said...

Os serviços de atendimento permanente (SAP) dos centros de saúde foram criados nos anos 80 como uma solução provisória. Passados 30 anos muitos destes serviços ainda estão em funcionamento, mas “devem desaparecer”, diz António Correia de Campos. Para o ex-ministro da Saúde, que saiu do Governo de Sócrates na sequência de protestos pelo encerramento de unidades de saúde, os SAP “são uma solução provisória e devem ser encerrados”, até porque “a resposta
definitiva veio com o novo mapa das urgências”.
De acordo com Correia de Campos, que deu início à reforma das urgências em 2006, os critérios para o encerramento de unidades de urgência eram sobretudo “geográficos ou de proximidade”. Ou seja, pretendia-se que “a distância entre a população as urgências não ultrapassasse os 35 minutos”.
Quando Correia de Campos abandonou o Governo, em Janeiro de 2008, deixou “55% da reforma feita”. Agora, dois anos depois dos protestos que levaram ao afastamento de Correia de Campos, o fantasma do encerramento das urgências voltou para ensombrar o mandato da actual ministra. O fecho do SAP de Valença, no domingo passado, voltou a aquecer os ânimos e trouxe novamente para a agenda mediática a herança que Correia de Campos deixou a Ana Jorge.
Quando chegou ao Governo, Ana Jorge suspendeu o processo de encerramento, mas de acordo com o euro-deputado socialista a reforma nunca esteve parada, tendo prosseguido nos últimos dois anos “até talvez com maior ritmo”. Um sinal de que as “ideias estavam correctas”, diz, admitindo, contudo, que podia ter havido maior diplomacia na forma como foram apresentadas às populações. Até porque hoje, reforça Correia de Campos, vários factores mudaram: “existem menos médicos disponíveis, em praticamente todos os outros locais a reforma foi concluída e as populações estão satisfeitas, e não nos podemos esquecer do actual contexto de crise económica”.
O antigo ministro com a tutela da Saúde acredita que o caso de Valença está a ter um aproveitamento por parte dos partidos da oposição, particularmente “empolado pelo momento político do Programa de Estabilidade e Crescimento” e que “os autarcas não querem compreender que a reforma visa garantir a qualidade dos serviços prestados”.
Correia de Campos não acredita que os protestos no Minho possam vir a atingir as proporções do passado, uma vez que esta é uma “questão puramente local e regionalista”.

DE 31.03.10

11:46 da tarde  
Blogger Clara said...

Acabou o cessar-fogo na guerra do Governo contra o Serviço Nacional de Saúde. As tréguas duraram o tempo considerado necessário para convencer os papalvos que a fúria de encerramento de serviços de urgência, maternidades, serviços de atendimento permanente e outras unidades do SNS eram uma ideia fixa de um ministro e não uma opção estratégica de um governo. Foi o tempo de algumas campanhas eleitorais, cujos resultados para o partido do Governo estavam a ser seriamente comprometidos pela actuação do ministro, a julgar pelo alastramento e dimensão das manifestações de protesto por todo o país. E assim, substituiu-se o ministro por uma ministra de voz mansa. Mas passado o tempo julgado suficiente, aí está de novo a ira governamental contra unidades do Serviço Nacional de Saúde. Ou seja, aí está o serviço de batedores governamentais a desbravar caminho para os serviços privados de saúde.
O argumento para fechar agora, de uma penada, quatro serviços de atendimento nocturno em centros de saúde do Alto Minho retomou os argumentos de merceeiro de bairro que têm dominado a política portuguesa com resultados desastrosos. Fecham-se serviços de saúde – como se fecham escolas, ou esquadras da polícia – porque têm potencialmente poucos “utentes” ou escasso serviço. E com palavreado de feira explica-se como bem público e do público toda a sorte de medidas de liquidação de um serviço com consagração constitucional. Tudo isto é geralmente preparado e acompanhado por doses maciças de propaganda – cobrada caríssima por agências especializadas – sobre os “prejuízos” do SNS. Mas onde é que está escrito que o SNS é de natureza lucrativa? O que a Constituição determina, e que o poder despreza, é que o SNS é “tendencialmente gratuito”.

JOÃO PAULO GUERRA, DE 31.03.10

É dificil encontrar pior.
Um artigo cheio de lugares comuns feito por escriba que tem coluna diária no DE.

11:48 da tarde  

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