quarta-feira, junho 16

Contas de Cabeça

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…”O Estado vai gastar seis milhões de euros no próximo triénio (2011-2013) ao atribuir aos enfermeiros em início de carreira um salário de 1200 euros em vez de 1020, segundo uma estimativa hoje avançada pelo secretário de Estado da Administração Pública. Quanto à estimativa de seis milhões de euros no próximo triénio para contemplar o pagamento de 1200 euros aos enfermeiros em início de carreira, Gonçalo Castilho considerou que se trata de um valor "orçamentalmente sustentável", já que se trata de um "acerto gradual" e com um peso "bastante relativo" num sector de mexe com milhares de milhões de euros. Assim, os enfermeiros em início de carreira, em vez de receberem 1020 euros por mês, vão passar a receber de uma forma faseada 1200 euros, o que corresponde a um aumento de 180 euros.
O coordenador do SEP, José Carlos Martins, observou, contudo, que dos mais de 39 mil enfermeiros pouco mais de seis mil estão abaixo dos 1200 euros, definindo o alcance relativo da medida. Ana Jorge contrapôs que outras matérias em negociação com os enfermeiros vão permitir "saltos salariais", através da progressão, o que no plano geral contribui para a dignificação da profissão”.
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Ora então façamos algumas “contas de cabeça” para aferirmos da qualidade e rigor dos nossos “governantes”:

Diz o SE Gonçalo Castilho: …” O Estado vai gastar seis milhões de euros no próximo triénio (2011-2013) ao atribuir aos enfermeiros em início de carreira um salário de 1200 euros em vez de 1020”…
Diz o coordenador do SEP, José Carlos Martins: …” dos mais de 39 mil enfermeiros pouco mais de seis mil estão abaixo dos 1200 euros”…
Diz a MS Ana Jorge: …” os enfermeiros vão permitir "saltos salariais", através da progressão”…

Estaremos nós enganados?

180 Euros por mês x 14 meses = 2 520 Euros por Ano por Enfermeiro (sem incluir encargos sociais)
6 000 Enfermeiros x 2 520 Euros por Ano = 15 120 000 Euros por ano
2011 a 2013 (período de três anos)

3 anos x 15 120 000 Euros = 45 360 000 Euros

Falamos, portanto (por defeito) de mais de 45 milhões de Euros (e não de 6)

Nestas contas não estão incluídos encargos sociais nem os "saltos salariais" adicionais preconizados pela senhora Ministra.

Fica clara e bem atestada a qualidade dos nossos governantes e esclarecida a dolorosa via para o “afundanço” em que nos meteram.

Pagador de Impostos

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4 Comments:

Blogger Pagador de Impostos said...

Contas de Cabeça (Parte II)

É conhecida a indiferença do actual MS às questões da sustentabilidade do SNS. Vale por isso a pena reflectir sobre o impacto que a acção dos governantes pode ter a médio prazo. Os custos com pessoal no SNS andarão perto dos 2 500 Milhões de Euros. Imaginemos que a repercussão das revisões das carreiras profissionais e das grelhas salariais, acrescida dos impactes indirectos das progressões tem por modesta projecção um valor real, médio, anualizado, de cinco por cento. Encontramos o número surpreendente de 125 milhões de euros por ano.
Que credibilidade pode ter quem pede sacrifícios a todos para beneficiar alguns? Em nome de que princípios se cavalga uma onda demagógica no sector da saúde agravando os custos operacionais e a sustentabilidade global do SNS? Para quê a coreografia das poupanças e dos cortes em minudências cuja relevância por junto não vale a irresponsabilidade de uma só destas decisões?
É caso para perguntar: afinal o que motiva esta parcialidade de critérios?
Os polícias, os militares, os juízes, os professores e tantos outros profissionais do sector público não merecem, igualmente, actualizações desta ordem (15 a 20 %)? E também revisões globais de carreiras com reajustes nas progressões e promoções?
Qual a legitimidade para encerrar serviços, desactivar helicópteros, cortar nos medicamentos?
Estes senhores políticos parecem nem sequer acompanhar a situação na Europa e os bons (maus) exemplos que de lá advêm. Na Irlanda e no Reino Unido uma das primeiras medidas foi a contenção salarial e a restrição do emprego no sector da saúde. Na Grécia, pelo contrário, foram (à semelhança de Portugal) aumentos generosos no sector da saúde. Os resultados estão à vista.
O problema afinal não parece ser o rating da dívida soberana mas antes o rating das políticas e dos políticos. Nestes se houvesse cotação já estaríamos seguramente cotados como junk.

12:53 da manhã  
Blogger A said...

Isto, meu caro, é atirar areia para os olhos. Por 4 motivos.

1. Os enfermeiros que serão abrangidos por esta medida não auferem todos 1020 euros; são também abrangidas as duas posições remuneratórias iniciais de enfermeiro graduado 1064 e 1145 euros; portanto a maioria não terá aumento de 180 euros.

2. O aumento vai ser faseado, com marcos em 1/1/2011, 1/1/2012 e 1/1/2013; portanto, os aumentos de 180, 136 ou 55 euros não terão efeito ao longo de todo o triénio.

3. O que devia discutir-se, num país de Direito, era a possibilidade de, por Dec-Lei ou Portaria, se definir um prazo para a entrada em vigor em pleno de uma Lei aprovada em 2008 e a vigorar desde 1/1/2009; não se quer? Muda-se a lei, agora, usar um Dec-Lei como alínea de exclusão a uma Lei aprovada, francamente...

4. Nem todos os gastos são, obviamente, maus. O que distingue os custos dos investimentos, embora ambos comsumam recursos, é o superávite/défice funcional resultante. Interessava saber o que se pede, para o que se dá.

As contas de cabeça são tramadas.

11:42 da manhã  
Blogger Luis Caldas said...

As contas têm 1 erro...

No primeiro ano são aumentados 2000 dos 6000 e desses, nenhum ganha 1020 mas mais. No segundo ano situação idêntica sobem outros 2000.

1:33 da tarde  
Blogger Pagador de Impostos said...

Contas de Cabeça (Parte III)

Nada pior, de facto, do que atirar areia para os olhos. Fica, por isso, aqui um desafio aos companheiros que, seguramente, dispõem de informação de maior “detalhe” sobre este “minucioso acordo”:

- a partir do final do período de “transição” quanto irá representar, de facto, por ano no orçamento, a aplicação deste acordo na sua total integralidade?

Num país normal, governado por gente sensata e responsável, a “produção” destas pérolas negociais e deste bricolage legislativo deveria, obrigatoriamente, ser acompanhado por uma transparente e muito objectiva explicação dos impactos orçamentais anualizados.

9:08 da tarde  

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