quarta-feira, junho 16

Em tempos de crise

Decorreu hoje (16.06.10) a cerimónia de apresentação do Relatório da Primavera 2010, "Desafios em Tempos de Crise" do Observatório Português dos Sistemas de Saúde (OPSS) link
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Deste modo, as estratégias para mitigar o impacto da crise devem ser encaradas como oportunidades de reforma dos sistemas de saúde e sua legitimação junto das comunidades, o que passa necessariamente por deixar para trás a lógica burocrático-normativa e por orientar o sistema para o cidadão, promovendo a participação da sociedade civil e incorporando directa ou indirectamente a sua opinião na organização e funcionamento dos serviços, de forma a maximizar a satisfação dos seus potenciais utilizadores.
Se é um facto que nos últimos 30 anos, se foi registando um progressivo reconhecimento da importância de se envolverem os diferentes actores (stakeholders) do sistema de saúde e de se valorizar a voz e a opinião dos cidadãos, enquanto dimensão relevante no processo de produção em saúde, actualmente, é consensual que a participação representa uma estratégia incontornável para a melhoria da qualidade dos cuidados prestados e do desempenho global dos sistemas de saúde, constituindo-se como um princípio-chave a ser incorporado em todos os processos de reforma das políticas de saúde.
O Cidadão e o Sistema de Saúde, pagina 4

Estamos, de facto, em tempos de crise.
Recuperando o significado dos dois caracteres chineses que expressam a palavra crise, um representa «perigo» e o outro «oportunidade».
E o desafio que temos pela frente é o de transformar o perigo em oportunidade. Uma oportunidade para tornar o SNS mais forte.
O Ministério da Saúde e todos os profissionais que trabalham no SNS sabem disso. É minha convicção de que todos estão empenhados em dar os seus contributos em nome do progresso do nosso País e em nome de um SNS sustentável.
A imagem da capa que ilustra o Relatório de Primavera, que agora é divulgado, acentua, porventura em demasia, a tempestade. Mas depois da tempestade vem sempre a bonança.
Por isso digo que, neste mar muito crispado, o barco se vai aguentar. E esse barco é a garantia da Saúde para todas e para todos os Portugueses . link
Intervenção da MS

Basta atentar no que se passou recentemente com o encerramento nocturno das Urgências Pediátricas da Península de Setúbal para se compreender melhor a relação estreita que há entre estes dois textos. Se a MS viu uma oportunidade de reforma da rede de urgências, destinada a mitigar o impacto da crise, a participação da sociedade civil, como seria fácil de prever, fez em cacos, em poucos dias, tão desastrada decisão.

Neste mar crispado, com semelhante governação, o mais provável é o barco naufragar e ir ao fundo.
Adamastor

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2 Comments:

Blogger tambemquero said...

PCP marca debate de urgência com ministra da Saúde

“Temos verificado que a situação do Serviço Nacional de Saúde está a degradar-se a olhos vistos, com inúmeras decisões que decorrem directamente da linha de cortes orçamentais que o Governo decidiu”, disse o líder parlamentar, citando casos como a proposta de encerramento das urgências pediátricas na península de Setúbal durante o verão, a situação no Instituto Nacional de Emergência Médica e os protestos dos enfermeiros. link

12:15 da manhã  
Blogger Antunes said...

Acontece que há muita coisa a fechar, a centralizar, a racionalizar, se se pretende obter ganhos de eficiência.
Acontece que o nosso sistema de saúde está refém de múltiplos interesses: Concelhias, autarquias, misericórdias, corporações, etc, etc.
Qualquer iniciativa, ao mais pequeno gesto, no sentido de bulir com esta tropa fandanga, entenda-se: tentativa de racionalizar o sistema, é prontamente repelido a tiro e à morteirada.
Com amigos destes, resta ao SNS sucumbir à mingua de insustentabilidade.

8:38 da tarde  

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