A luz ao fundo do túnel
Na mesma altura em que (mais uma vez) o mercado de seguros de saúde fechou 2009 com resultados fortemente negativos e em que a DECO arrasa a qualidade dos seguros de saúde referindo que a maioria destes é de fraca qualidade apontando o dedo às “exclusões, aos períodos de carência, à duração anual e às cláusulas abusivas”. link Na mesma altura em que os prestadores privados se esgrimem por um miligrama de quota de mercado numa fúria pelo “ataque” aos plafonds dos seguros de saúde e da facturação aos subsistemas aparecem as “histórias de encantar”:
…”Hospitais privados apostam no turismo de saúde. Cirurgias plástica e ortopédica eleitas para atrair ingleses ao Algarve. Unidades de Lisboa querem ser referência no estrangeiro”… link
Fica mais compreensível, agora, o racionamento em curso nas unidades públicas do Algarve. É que os prestadores não chegam para tudo entre exportação de cuidados para estrangeiros ricos e cuidados base para portugueses pobres há que jogar na oportunidade dada pelo MS de cortar cinco por cento.
Ainda a este propósito é deleitável ler as declarações de um director “empreendedor”:
…”Espanha e Holanda são os principais concorrentes. "As Baleares e as Canárias já têm um trabalho muito bom nesta área", admite Paulo Neves. A escala não é, no entanto, comparável a países asiáticos, como a Índia, ou a outros como o Brasil. "Não podemos competir com eles, fazem preços que são impossíveis de bater. Mas estamos mais perto, podemos aproveitar isso." Há intervenções em que oferecem preços mais baratos e outras em que não, indica, por isso, a aposta é no pacote, conclui. E reconhece que as plásticas e as cirurgias ortopédicas são as mais procuradas. O director clínico do hospital privado, diz que o papel da equipa é fazer a cirurgia e que não há continuidade no apoio, mas isso não ameaça a qualidade da saúde”…
Cinco dias num hotel de cinco estrelas, para duas pessoas, com uma cirurgia plástica para aumentar o peito incluída: 5.378 euros. É esta a oferta do grupo privado.
Vemos, finalmente, a luz ao fundo do túnel no equilíbrio do défice externo onde a oportunidade de vir a aumentar (ou até quem sabe de reduzir também) os “peitos” das mulheres europeias deste o Atlântico até aos Urais se afigura como via de equilibrar as contas públicas…
É isto meus amigos o que nos espera quando o (pobre) do sistema de saúde estiver, integralmente, nas mãos destes jovens “marketeiros” cuja leitura do que é um sistema de saúde até faz arrepiar. Juntos com as pobres jornalistas de aviário farão da medicina e da prestação de cuidados um campeonato de robots e de lojas “grande superfície” para os pobrezinhos e de lojas “gourmet” para os mais abastados por entre apelos à bondade e à articulação da senhora ministra.
…”Hospitais privados apostam no turismo de saúde. Cirurgias plástica e ortopédica eleitas para atrair ingleses ao Algarve. Unidades de Lisboa querem ser referência no estrangeiro”… link
Fica mais compreensível, agora, o racionamento em curso nas unidades públicas do Algarve. É que os prestadores não chegam para tudo entre exportação de cuidados para estrangeiros ricos e cuidados base para portugueses pobres há que jogar na oportunidade dada pelo MS de cortar cinco por cento.
Ainda a este propósito é deleitável ler as declarações de um director “empreendedor”:
…”Espanha e Holanda são os principais concorrentes. "As Baleares e as Canárias já têm um trabalho muito bom nesta área", admite Paulo Neves. A escala não é, no entanto, comparável a países asiáticos, como a Índia, ou a outros como o Brasil. "Não podemos competir com eles, fazem preços que são impossíveis de bater. Mas estamos mais perto, podemos aproveitar isso." Há intervenções em que oferecem preços mais baratos e outras em que não, indica, por isso, a aposta é no pacote, conclui. E reconhece que as plásticas e as cirurgias ortopédicas são as mais procuradas. O director clínico do hospital privado, diz que o papel da equipa é fazer a cirurgia e que não há continuidade no apoio, mas isso não ameaça a qualidade da saúde”…
Cinco dias num hotel de cinco estrelas, para duas pessoas, com uma cirurgia plástica para aumentar o peito incluída: 5.378 euros. É esta a oferta do grupo privado.
Vemos, finalmente, a luz ao fundo do túnel no equilíbrio do défice externo onde a oportunidade de vir a aumentar (ou até quem sabe de reduzir também) os “peitos” das mulheres europeias deste o Atlântico até aos Urais se afigura como via de equilibrar as contas públicas…
É isto meus amigos o que nos espera quando o (pobre) do sistema de saúde estiver, integralmente, nas mãos destes jovens “marketeiros” cuja leitura do que é um sistema de saúde até faz arrepiar. Juntos com as pobres jornalistas de aviário farão da medicina e da prestação de cuidados um campeonato de robots e de lojas “grande superfície” para os pobrezinhos e de lojas “gourmet” para os mais abastados por entre apelos à bondade e à articulação da senhora ministra.
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Etiquetas: Crise e politica de saúde
2 Comments:
A menina Adeleide é uma verdadeira antevisão ao fundo do túnel.
A avaliar pelo tamanho dos implantes cinco mil euros não vão chegar.
DÚVIDAS
Na gíria popular a colocação de implantes mamários é conhecida pelo enigmático nome de "turbinar".
Qual a relação entre estas mamoplastias e essa popular designação?
Será porque, nos tempos que correm, as candidatas a estes procedimentos fazem rápidas deslocações médico-turisticas, em meios de transporte turbinados [aéreos, terrestres...] ?
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