Isto é que vai uma crise !
Mercado de Genéricos, Infarmed Maio 2010
Portugal, um dos países da OCDE com maiores gastos em medicamentos (2,2% do PIB), teima em conseguir uma quota de genéricos decente. No nosso país, a quota de mercado não chega aos 20 por cento, enquanto a média europeia é superior a 50 por cento.
Fundamentalmente, isto resulta da incapacidade do Governo em impor a obrigatoriedade da prescrição por DCI de forma a permitir a dispensa do medicamento mais barato (genérico) pelas farmácias comunitárias.
Um estudo recente da Cefar, concluiu que por farmácia, em média, no ano de 2009, foram prescritos:
• 9,9% medicamentos apenas por DCI.
• 51,0% medicamentos por marca com autorização de substituição;
• 39,1% de medicamentos por marca sem autorização de substituição.
Fundamentalmente, isto resulta da incapacidade do Governo em impor a obrigatoriedade da prescrição por DCI de forma a permitir a dispensa do medicamento mais barato (genérico) pelas farmácias comunitárias.
Um estudo recente da Cefar, concluiu que por farmácia, em média, no ano de 2009, foram prescritos:
• 9,9% medicamentos apenas por DCI.
• 51,0% medicamentos por marca com autorização de substituição;
• 39,1% de medicamentos por marca sem autorização de substituição.
Face a esta e outras situações bem conhecidas, enquanto não houver coragem por parte do governo, vamos continuar a enfrentar a crise a poupar no farelo.
Leitura: "Generic Medicines: Essential contributors to the long-term health of society" link
drfeelggod
Leitura: "Generic Medicines: Essential contributors to the long-term health of society" link
drfeelggod
Etiquetas: Crise e politica de saúde, Medicamento
5 Comments:
É vergonhoso que se continue a alimentar os interesses comerciais e especulativos de uma IF predadora que apenas pretende explorar os utentes e o Estado com a feira dos genéricos de marca. Da parte do MS já se sabe que nada será feito que melindre o poder médico de prescrição tão necessário ao alimento do turismo médico. Também se sabe que os interesses fundamentais da IF são intocáveis facto, agora, agravado com as "características e ADN" da nova direcção do Infarmed. A este propósito o que diriam os que agora criticam os deputados da oposição que se insurgiram contra estas nomeações se os nomeados tivessem vindo do "aviário" da ANF? Cerramente estariam aos pulos esbracejando de indignação. Continuaremos a testemunhar por isso ao "afundanço" do SNS e do país.
DCI, dispensa unitária e outras medidas com esta "rapaziada" é para esquecer. Bem podem a OM e a IF dormir descansadas.
Entre médicos e farmacêuticos a dúvida é a mesma. Que doentes têm acesso gratuito a que medicamentos? A
«oferta» de fármacos aos mais carenciados tem gerado confusão: sem prescrição electrónica é difícil saber quais são os cinco mais baratos e com alterações trimestrais de preços os stocks tornar-se-ão ingeríveis.
Desde a comparticipação a 100% dos cinco medicamentos mais baratos de cada grupo homogéneo para os doentes com menos rendimentos, à presença, na receita médica, do valor que o doente poderia ter poupado caso o seu médico lhe tivesse prescrito um medicamento mais barato, dois candidatos à presidência da Ordem dos Médicos (OM), um cardiologista, um médico de família e uma farmacêutica contactados pelo «TM» entendem que a concretização prática das medidas impostas pelo ministério de Ana Jorge será «muito complexa».
Em primeiro lugar, porque «nem todos os serviços dispõem de prescrição electrónica, onde, no momento da decisão terapêutica, o médico tem acesso ao preço dos medicamentos», como explica João Morais, cardiologista do Hospital de Santo André, em Leira. O sistema Medicine One garante essa informação, como explica António Alvim, médico de família na USF Rodrigues Miguéis, em Lisboa. Todavia, sistemas como este ainda não estão disponíveis em todas as unidades de saúde, sobretudo no sector privado, e «nem sempre estão actualizados e em sintonia com o real preço dos medicamentos», como sugere José Manuel Silva, candidato a bastonário da OM e internista dos Hospitais da Universidade de Coimbra.
Por outro lado, «nas farmácias será difícil gerir os stocks quando os cinco medicamentos que hoje são mais baratos deixarem de o ser dentro de três meses, com a revisão dos preços», frisa Dulce Várzea, directora técnica da Farmácia Várzea, em Lisboa. Por fim, continua João Morais, «a relação médico/doente ficará “minada” quando o doente perceber que o medicamento proposto pelo médico compromete a sua poupança».
Apesar de algumas reservas em relação ao facto de o aspecto financeiro poder ser o critério de maior peso na decisão terapêutica, João Morais entende que, de uma maneira geral, a medida que visa «oferecer» medicamentos aos doentes mais carenciados é positiva. «A crise é real e todos os dias vejo doentes que deixam de fazer o tratamento porque não têm condições para comprar os remédios», sublinha. O especialista não se sente confortável com o facto de ter que olhar para o preço como critério prioritário, contudo admite a necessidade de se adaptar às novas medidas. «Custa-me muito prescrever um medicamento pelo facto de saber que é o mais barato, quando na verdade pode haver outras opções mais apropriadas para aquele caso específico», diz o cardiologista que, em nome da boa adesão à terapêutica, reforça a importância de negociar o preço com os seus doentes.
Neste aspecto, José Manuel Silva não concorda com João Morais e defende que «é errado oferecer medicamentos». Não só pela questão do desperdício, porque «as pessoas não valorizam o que não têm de pagar», mas também porque «os doentes com este tipo de benefícios vão acabar por pressionar os médicos a receitarem medicamentos para familiares não abrangidos por esta medida».
O preço sempre foi, na perspectiva de José Manuel Silva, um factor a ter em conta na decisão terapêutica, mas antes disso «há que considerar aspectos mais relevantes como a relação custo-qualidade». O internista dos HUC não entende como é que as medidas políticas que têm sido adoptadas no âmbito do medicamento se centram basicamente nos preços e por isso, na qualidade de candidato à presidência da OM, defende que esta instituição deveria ser tida em consideração na tomada dessas decisões.
...
Tempo de Medicina 12.07.10
Os genéricos são, acima de tudo, um problema de oferta. São, também, um campo de acção da IF. È dificil para o utente separar a IF dita dos genéricos [parasitária da inovação dos outros] de uma outra IF de investigação e produtora de medicamentos de marca.
Os grandes problemas estão centrados na oferta, nomeadamente, no controlo da bioequivalência e na biodisponibilidade, i.e., pelo menos na similariedade, para não falar em qualidade.
O segundo problema está nas características da procura. A mais pequena "inconformidade", por mais leve que seja, afecta, de imediato e, simultaneamente, o utente e o prescritor.
A confiança num bem com esta alta sensibilidade não pode sofrer menhum abalo.
Não basta divulgar spots onde se afirma ad nausea que os genéricos são iguais e mais baratos...
Prescrever por DCI leva obrigatoriamente à aquisição de genéricos?
A frente da DCI não é possível escrever o Laboratório [produtor ou distribuidor]?
Ou estaremos perto de uma situação ainda mais "genérica":
o precritor passa - em vez da DCI - a prescrever por grupo terapêutico, p. exº., nos caso de uma situação infecciosa que necessita de antibioterapia , precreve, latu sensu, um antibiótico beta-lactâmico.
E o farmacêutico de acordo com as concepções de João Cordeiro [ANF], sem a histótia clínica do doente, nem ex. complementares de diagnóstico, ajudará o utente na escolha ente um derivado da penicilina, uma cefalosporina, um carbapenémico; ou, ainda, a associação de derivados penicilinicos com ac. clavulâmico.
E, quando tudo correr mal, não esquecer de invocar má prática médica ou até negligência.
É claro que a mensagem de divulgação e de sensibilização sobre os genéricos para os prescritores e para os utentes não pode ser a mesma.
Os médicos para além de terem acesso uma confusa e desordenada listagem nos programas electrónicos de prescrição e quantificação dos preços [SAM's e similares] necesitam de informação suplementar sobre os controlos de qualidade. É que não basta existir uma AIM para que fiquem resolvidos (dinamicamente] as questões quanto à qualidade...
A questão de fundo é saber por que razão é que o doente não pode optar por um medicamento igual, mas mais barato.
Ainda ninguém conseguiu explicar aos portugueses essa situação. O Ministério da Saúde foi muito célere a permitir a dispensa de medicamento sem supervisão do farmacêutico nos hipermercados. Mas, passados cinco anos, ainda não cumpriu o Programa do Governo para permitir que um doente, na sua farmácia, com apoio farmacêutico, possa escolher um medicamento de igual qualidade, garantida pelo Infarmed, mas de preço mais baixo.
A única opção que o doente tem é não tomar todos os medicamentos que lhe são prescritos. Foi por isso que a ANF considerou provocatória a campanha levada a cabo o ano passado pelo Infarmed, sob o lema “Não acha que estar doente já custa o suficiente?”. Reconheço a necessidade de investimento na promoção dos genéricos junto dos doentes. Agora, não compreendo como se pode dizer aos doentes que podem reduzir os seus custos, quando não têm nenhum poder de decisão na matéria.
Infarmed Notícias
A ANF, sabe que:
O decreto-lei n.º 176/2006 de 30 de Agosto, estabelece que "a Autorização de Introdução no Mercado de medicamentos genéricos está sujeita às mesmas disposições legais dos outros medicamentos, estando dispensada a apresentação de ensaios pré-clínicos e clínicos desde que demonstrada a bioequivalência com base em estudos de biodisponibilidade".
Por outro lado, o mesmo dec.-lei, no seu Artigo 17.º, consagra o Controlo laboratorial desses medicamentos, deste modo:
1 — O INFARMED pode submeter ou exigir que o requerente submeta ao laboratório oficial de comprovação
da qualidade do Instituto ou a um laboratório de reconhecida idoneidade, público ou privado, o medicamento, as matérias-primas, os produtos intermédios ou outros, designadamente para certificar em ensaio laboratorial a adequação dos elementos referidos na alínea h) do n.º 2
do artigo 15.º.
Nota: O Infarmed pode versus o Infarmed deve / ou obrigará...
A ANF, não quer saber se:
existem notificações de inconformidades resultantes destes controlos?;
se realizam [ou realizaram] controlos aleatórios?.
A ANF, achará supérfluo saber se:
- nos últimos 4 anos (desde que o decreto-lei n.º 176/2006 de 30 Agosto) quantos controlos laboratoriais foram realizados?
- onde foram publicados os resultados dos controlos laboratóriais {se acaso algum foi realizado]?
Finalmente, a ANF deve saber:
em que domínio estamos: do dogma, da crendice, da racionalidade ou do puro e duro mercado "livre"?
Ou, se os utentes [consumidores]devem desprezar que o Estado promova a supervisão, o controlo e a regulação de um mercado que já se revela selvático, disconforme e desproporcionado [para 10 milhões de eventuais consumidores]?
Afinal, quantos medicamentos genéricos entraram nos últimos 4 anos no mercado?
Enviar um comentário
<< Home