domingo, agosto 15

OM, só agora...

«Só o Conselho Disciplinar do Sul da Ordem dos Médicos recebe em média 300 novas queixas de doentes por ano. O bastonário Pedro Nunes é o primeiro a admitir a incapacidade da instituição para avaliar atempadamente as denúncias que ali chegam todos os anos. Fá-lo numa altura em que foi tornado público que a Ordem dos Médicos (OM) tem desde 2004 em investigação uma denúncia de um doente belga apresentada contra o mesmo oftalmologista que operou os quatro pacientes na clínica I-QMed, em Lagoa». link
JP 14.08.10

Tarde e más horas a OM vem confessar-se incapaz. Coisa que não se soubesse já. O trágico da situação é este facto contribuir para vendilhões da laia do senhor Franciscus Versteeg andarem a enganar, há largos anos, por esse país fora, cidadãos incautos. Com o desplante de chamarem às baiúcas de vão de escada que exploram I-QMed. Só neste desgraçado país da saloiada.

drfeelgood

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2 Comments:

Blogger Tavisto said...

Este é o reconhecimento de que o sistema disciplinar da Ordem dos Médicos não funciona. Quantos casos, como o recentemente referido da clínica de Lagoa, permanecerão no limbo das cerca de mil denúncias acumuladas só no órgão disciplinar da região sul da OM ?
Porém, esta parece não ser uma questão nacional uma vez que a congénere holandesa da OM não terá sido mais eficiente na investigação dos erros médicos do Dr. Franciscus Versteeg. Pelo que foi noticiado, muitas das supostas vítimas deste oftalmologista itinerante foram cidadãos holandeses, operados no nosso País, que terão apresentado queixa na origem sem que, também aí, se tenham verificado quaisquer resultados práticos.
Face ao sucedido e constatado, colocam-se várias questões: Que utilidades têm órgão disciplinares que não funcionam? E, não funcionam porque não têm meios humanos ou porque esta não é uma prioridade na actividade/vocação reguladora da (s) OM? Não deveriam os processos ser sempre encaminhados para os tribunais comuns (via Ministério Público?), funcionando a OM como órgão consultivo e intervindo disciplinarmente, apenas quando provado ter existido erro/negligência médica?
Estas são questões que se levantam face à necessidade de proteger os cidadãos da incúria dos prestadores de cuidados de saúde (organizações e profissionais) perante a reconhecida incapacidade da OM em exercer estas funções com a exigida celeridade e, há que admitir, a requerida isenção.

1:07 da tarde  
Blogger tambemquero said...

Ainda faltam alguns meses, mas já começam a desenhar-se as próximas eleições para a Ordem dos Médicos (OM). Confesso que neste momento não me preocupam os mensageiros mas sim a mensagem, pois tenho a convicção de que estas eleições, num momento tão delicado para a Saúde, exigem dos médicos propostas fundamentadas perante um futuro incerto e exigente. Gostaria de ver inscrito na mensagem de quem se perfila para nos liderar um compromisso claro com uma medicina moderna e mais humana para todos os portugueses. A OM ao sair destas eleições tem que entender os sinais do tempo. A formação, as boas práticas e a evolução da medicina devem ser hoje a preocupação nuclear da OM. Uma sociedade evoluída espera um discurso ético e técnico rigoroso e compreensível. Os bons resultados e a sustentabilidade financeira das estruturas de saúde dependem do desempenho médico. A pressão política para a redução dos custos e a crescente visão administrativa exigem uma Ordem atenta e prestigiada. A OM não pode ser apenas reativa. Mais do que reagir, tem que ter a sua agenda própria, onde inscreve as suas obrigações, preocupações, opções e propostas. Uma agenda disponível para a avaliação de más práticas de alguns médicos com o mesmo empenho com que assegura a legítima defesa da competência e dignidade do médico, quando injustamente acusado. Uma agenda que dê um novo sentido ao atual modelo de gestão empresarial, sustentado sem ambiguidade, que a gestão na saúde é sobretudo um exercício de governação clínica. Uma agenda que reconheça que a grande maioria dos nossos médicos são hoje confrontados com contratos de trabalho com detalhes jurídicos, obrigações, direitos e comportamentos éticos sensíveis, exigindo uma articulação entre a Ordem, os sindicatos e as associações médicas. Uma agenda que reaja com firmeza, sempre que a política de saúde condicione a qualidade do SNS. Uma agenda que tenha como prioridade a aproximação institucional às universidades, na procura de uma massa crítica indispensável. Uma agenda que reconheça a importância dos médicos no sector segurador e, numa total transparência, reencontre um relacionamento correto com a indústria farmacêutica. Uma agenda que analise a atual estrutura orgânica da OM e reconheça a fragilidade da sua eficácia, sem recear admitir a profissionalização de algumas estruturas. Uma agenda que estimule os Colégios a cuidar da subespecialização sem nunca perder de vista uma visão holística, onde a Medicina Geral e Familiar, Medicina Interna, Cirurgia Geral e Pediatria seriam especialidades estruturantes. Uma agenda que agite, sem complexos, o inaceitável de um médico, no topo da sua carreira, receber 2000 euros líquidos (19 euros à hora) e a naturalidade em procurar um complemento, na medicina privada ou nas horas extraordinárias. Uma agenda que guarde na sua memória as carreiras médicas como pilar do desenvolvimento da Medicina em Portugal e que, de novo, sejam o fator decisivo nos níveis de diferenciação técnica das instituições de saúde públicas e privadas. Esta análise, que pretende ver nas próximas eleições o momento decisivo capaz de garantir um novo ciclo para a OM, parece-me partilhada por muitos médicos com quem me cruzo no meu dia-a-dia. A ser assim, preocupa-me se a provável continuidade que se perspetiva não trouxer consigo o golpe de asa que sustente a mudança necessária para que muitos médicos, hoje ausentes, se reencontrem de novo com a sua Ordem.

expresso 15.08.10

A ver se isto areja.

11:50 da tarde  

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