domingo, setembro 12

Ana Jorge de saída

foto JP
«Não houve derrapagens quando era ministro. A pessoa mais poderosa da Saúde em Portugal é uma mulher, é a ministra Ana Jorge.» CC, JN 07.09.10

Muitos dos nossos colegas interpretaram esta intervenção como revanche política mesquinha.
As intervenções recentes de CC, FR e do ministro das finanças, TdS, têm de ser lidas no contexto do actual quadro político de prioridade da contenção drástica da despesa pública.
CC defende que o SNS é viável. Mas para que isso aconteça a gestão de chá e simpatia não é suficiente. É necessária outra qualidade de intervenção, capaz de em simultâneo cortar no desperdício reinante e prosseguir o plano de reformas necessárias.
Porque, como ficou provado, só assim, o nosso SNS é viável.

«A ministra da Saúde não tem conhecimento técnico e especializado para gerir o actual estado do SNS. E o impacto desta má gestão, não é só financeiro mas também político. A má gestão da ministra dá argumentos ao PSD para criticar os fundamentos do SNS.» João Cardoso Rosas, DE 11.09.10

Também acho que a ministra da saúde, Ana Jorge deve sair quanto antes. Porque é necessário regressar rapidamente à política de combate eficaz ao desperdício e prosseguir o plano de reformas que nunca devia ter sido abandonado.

«A modernização absolutamente necessária do SNS requer visão, liderança e coragem políticas
A questão não está em dizer se privatizamos mais ou menos, se os hospitais são melhor geridos por gestores públicos ou privados. Essa é uma questão lateral. O aspecto fundamental que quisemos sublinhar foi a importância do SNS para a coesão nacional do nosso país – que é um país pobre, que vive com problemas graves de pobreza, onde há muitas pessoas que têm uma dependência médica, clínica mas também social do serviço de saúde. O SNS é mais do que uma questão ideológica, é um elemento de agregação social, que tem de ser bem gerido.» ACF, Sol 29.01.10

Política à parte, o perfil do próximo ministro é peça fundamental. ACF é a nossa aposta. Por nos dar garantia de ser capaz de conseguir a quadratura do circulo: contenção da despesa e prossecução do plano de modernização do SNS, sem grave contestação social (a qual CC, inabilmente, não soube contornar).

Clara Gomes

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9 Comments:

Blogger Tavisto said...

O prazo para discussão pública e apresentação de propostas/sugestões ao documento “A Organização Interna e a Governação dos Hospitais” termina já no próximo dia 15 e, que me tenha apercebido, não se passa nada.
Desconheço qualquer reflexão crítica, comentários ou propostas de melhoria, vindas da Sociedade Civil, Partidos Políticos, Ordem dos Médicos, Organizações Sindicais, Associação dos Administradores Hospitalares, ao documento elaborado pelo grupo técnico nomeado pelo Ministério da Saúde. Ao contrário da efervescência suscitada pela reforma dos Cuidados Primários junto dos profissionais e suas organizações, o actual documento sobre a reforma dos cuidados hospitalares gerou, aparentemente, apenas apatia e desinteresse.
Que justifica tal estado de espírito? É evidente que muitas razões haverá para explicar a constatada indiferença. Desde já se apontam algumas:
- O período, em pleno Verão, escolhido para a discussão do documento é inapropriado.
- A frustração dos Sindicatos pelo impasse na negociação das carreiras profissionais e pela atitude abúlica de Ana Jorge face às dificuldades orçamentais impostas.
- Uma Ordem dos Médicos enleada em eleições e centrada na defesa de interesses corporativos (defesa absoluta do direito médico na prescrição, posto em causa na Madeira) e de imagem pública (abalada pela manifesta inoperância numa das suas funções principais; zelar pela qualidade da medicina e da boa prática profissional, que o mediático caso do oftalmologista holandês pôs a descoberto).
Temo porém que os motivos de desinteresse não se esgotem nas razões apontadas mas resultem também da natureza do próprio texto. É que, face à situação arrastada de indefinição que se vive no meio hospitalar, quando se esperava um documento aprofundado de análise crítica da realidade existente (comparando resultados dos modelos no terreno – SPA/EPE, ULS, gestão pública/privada, organização por serviços/unidades intermédias de gestão), temos um documento teórico (com citação bibliográfica e tudo), de qualidade indiscutível desse ponto de vista, cujo principal ponto de proposta: A criação, mediante avaliação por candidatura, de 3 unidades hospitalares organizadas em unidades intermédias de gestão, como experiência piloto, já existe no terreno e em número superior. É já segundo este modelo que os hospitais centrais estão hoje estruturados.
O que vai mudar então?
- A forma dessas unidades de gestão intermédia serem administradas e se relacionarem com os grupos profissionais? Um “empowerment” da governação clínica e “ pour cause” uma maior exigência (qualitativa e quantitativa) no produto final, com consequências práticas? É que não chega avaliar os conselhos de administração (não há bons generais sem bons soldados).
- Uma política salarial baseada em incentivos por resultados de grupo e individuais?(objectivo sempre adiado). E nada se diz no documento sobre regimes de trabalho?
- Uma melhoria nos sistemas de informação? Que fazer aos actuais?
- Abrindo os hospitais à comunidade? Para que servem os Conselhos Gerais?
- Melhorando a informação interna e externa? O que tem impedido os hospitais de publicar dados como: produção por serviço, tempos de lista de espera por primeira consulta e cirurgia, taxa de infecção hospitalar. Será que nem para isto temos sistemas de informação a debitar informação credível?
- Autonomizar os cargos de direcção e chefia exigindo requisitos específicos próprios, não sobreponíveis aos que integram a evolução nas “carreiras” profissionais”. Como? Se é já assim que está na lei!
- A nomeação de “lideranças fortes, cultas e responsáveis”. Mas os actuais líderes não são já de nomeação? Não me digam que ……!

Uma coisa me parece certa, face à importância de que se reveste o aprofundamento da discussão em torno do documento, o prazo para discussão pública deveria ser alargado.

2:03 da tarde  
Blogger e-pá! said...

A VER, VAMOS...

A Dr.ª Ana Jorge não é um membro do Governo que José Sócrates vá entregar à lapidação pública ou mediática...

A sua natural saída do actual elenco governativo [é pacífica], será feita na companhia de outros membros do executivo, devendo ser inserida num quadro de vasta remodelação ministerial [uma natural convicção!], que se tem mostrado cada vez mais necessária [premente?], no período pré-eleitoral [presidenciais].

De modo algum, posso subscrever a ideia que "A ministra da Saúde não tem conhecimento técnico e especializado para gerir o actual estado do SNS". Esta é a concepção da qualidade técnica do[a] Ministro[a] em detrimento da performance política. Interessaria saber o que é definido, enigmáticamente [vagamente], como "o actual estado do SNS", na realidade, significa.

Agora, apostas em prováveis sucessores, são sempre prematuras e, como é da praxis política, só podem "queimar" eventuais [bons] candidatos...
Para um[a] qualquer "ministeriável", a actual conjectura política, transforma a sua futura missão num pesado desafio, que tanto pode ser uma tarefa estimulante, como uma desafortunada imolação [caso consideremos que o Governo após as presidenciais ficará "a prazo"].

Esperemos pelo próximo fim-de-semana.
Aguardemos as mensagens que virão do Norte, i. e., do "Fórum para debater o SNS" [18 set]. Aí deverão surgir pistas que conciliem a defesa política do SNS, com a [boa] gestão administrativa e técnico-financeira.

Na verdade, creio que "o actual estado do SNS"[cito] já não é resolúvel [só] com uma boa gestão.
A ver, vamos...

4:23 da tarde  
Blogger Hermes said...

Tiro o meu chapéu a ACF, na entrevista citada e em muitas outras.

Lembro, por exemplo, uma excepcional intervenção no programa das 22 horas da SIC Notícias, onde entrou como «mero convidado» e esteve como estrela que ofuscou completamente o Prof João Duque e o Dr. Medina Carreira. Mais uma vez mostrou a sua inteligência e visão, o que para nós que trabalhamos na saúde não é novidade.

A visão, capacidade de argumentar e apresentar soluções para o SNS não espantariam, visto que há outras pessoas que também são brilhantes, visionárias, conhecedoras e defensoras do SNS ...

Só que ACF já provou que é, ainda, um gestor de nível excepcional e um sábio construtor de consensos, para a transformação necessária e para melhorar não apenas para empatar, dar chá, encobrir ou para varrer o lixo para debaixo do tapete.

Se, como acredito, o défice do SNS no fim do ano ultrapassar os 1500 milhões de euros não serão apenas mais umas "reguadas" e um valente apertão orçamental que o Ministério das Finanças promoverá os quais, sendo necessários, são bem vindos e só pecam por tardios.
Pior são os argumentos que cairão sobre o SNS, vindos das «sereias» da saúde lucrativa que ganharão novo folego: «insustentabilidade», «Estado incapaz de gerir», «SNS é o grande responsável pelo défice do Estado que é incomportável», etc.
Os partidos que defendem o SNS, como pilar da democracia, da cidadania e da dignidade dos Portugueses, ficarão em dificuldade e poderão perder um trunfo essencial.
Hermes

12:11 da manhã  
Blogger DrFeelGood said...

SNS ada vez mais forte

A ministra da Saúde reconheceu que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) ainda não está como gostaria, mas lembrou que está “cada vez mais forte” e que mais de 70 por cento das consultas já são realizadas dentro dos prazos.link

JP 12.09.10

Pior cego é aquele que não quer ver.

12:32 da manhã  
Blogger cotovia said...

Sem dúvida uma excelente aposta.
O mais apto e preparado para levar o SNS a bom porto.

12:36 da manhã  
Blogger tambemquero said...

Eu gostava que o OE de 2011 não fosse um orçamento cortado, que a crise não cortasse a progressão natural – cada vez com orçamentos maiores – do SNS. O fundamental é o seu financiamento

Paulo Mendo, DD 06.09.10

Vamos ver se a Saúde não vai ser o bombo da festa...

12:55 da manhã  
Blogger tambemquero said...

Não havendo eleições antecipadas, este é o momento para fazer uma remodelação?

Pessoalmente não creio que seja conveniente, apesar da erosão num ou noutro sector. Mas isso existe por toda a Europa, veja-se o Governo de Sarkozy. Seria um mau sinal, Sócrates mexer no Governo nesta altura. Deve mexer-se no Governo para dar um novo ‘élan', um novo ciclo de Governo. E ainda não passou um ano sobre este. Já não me surpreenderia uma remodelação imediatamente a seguir às presidenciais. Aí inicia-se um novo ciclo se o OE tiver passado. Até lá, é criar mais ruído e pôr carga no camião da oposição.

vital moreira, DE 13.09.10

1:00 da manhã  
Blogger e-pá! said...

Não comungo da argumentação aduzida por VM ao DE.

O adiamento de uma remodelação governamental é, também, pôr mais carga no camião da oposição.
Dizer que há erosão num ou noutro sector [governamental] é ser complacente, "dourar a pílula".

O rigor que se pretende [que é necessário] imprimir às contas públicas - mesmo sabendo que na Saúde há uma "larga desorçamentação" - deve envolver, em cada sector, a responsabilização política dos dirigentes, ao mais alto nível.

Neste momento, e nas circunstancias em que o Governo exerce o actual mandato [sem maioria absoluta e sem acordos de incidência governamental estáveis], cada OGE [e a eventualidade de ajustar PEC's], será um novo e doloroso ciclo político.

É natural que o futuro responsável pela execução orçamental de um determinado sector, seja um fulcral interveniente na elaboração do "seu" orçamento.

Por outro lado, uma remodelação a reboque dos resultados da eleição presidencial - a verificar-se uma vitória de Cavaco Silva - poderá significar a capitulação perante o " grande e esfíngico opositor"!

Em minha opinião, será complicado remodelar sob um clima de fragilidade e de indefinição política, i.e., "mexer" num governo "a prazo".

8:56 da manhã  
Blogger SNS -Trave Mestra said...

Não concordo com VM.
Deverá haver remodelação ministerial até ao final do ano.
Vai haver.
Ana jorge vai ser substituída.
Faço votos que o próximo MS seja ACF.

12:02 da manhã  

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