sábado, novembro 20

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foto portal da saúde
A Associação Portuguesa das Empresas de Dispositivos Médicos (APORMED) divulga os resultados obtidos no inquérito relativo ao terceiro trimestre do ano que revelam que a dívida dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) às empresas de dispositivos médicos é actualmente de 528 milhões de euros, que corresponde a um prazo médio de pagamento de 310 dias.link

Depois da Apifarma vir reclamar 1.034 milhões de euros surge agora a Apormed a reivindicar uma dívida global, em dispositivos médicos, de 528 milhões de euros. Ou seja só em medicamentos e dispositivos médicos já vamos em mais de 1,5 mil milhões de euros. Se a este valor juntarmos os restantes fornecedores do SNS facilmente deduzimos que a dívida a fornecedores poderá já ultrapassar os 2 mil milhões de euros.

Depois de ter andado distraída a brincar às pandemias e aos “programas tuttifruti” espalhando demagogia e dinheiro sem critério, deixando a indústria farmacêutica e a indústria dos dispositivos médicos “à solta”, de ter “secado” o financiamento aos hospitais é fácil assobiar para o lado e passar as culpas para quem está no terreno. Como fácil também será fazer títulos com o já clássico “arrasar” do tribunal de contas a tudo o que tenha que ver com o SNS.

A ausência de estratégia na gestão de recursos humanos, pelo ministério da saúde, aliada à negligência na gestão e no acompanhamento só podiam mesmo conduzir a esta situação.

Setubalense

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6 Comments:

Blogger Tavisto said...

Por que motivo a dívida do MS atingiu estes valores astronómicos em diferentes rubricas? Sinceramente não acredito que tudo possa ser explicado por um laxismo despesista que se seguiu à saída de Correia de Campos. Como se administrações e profissionais desvairados, libertados de um colete-de-forças contentor de custos, passassem a gastar à tripa-forra. Em boa verdade Francisco Ramos permaneceu no cargo até ao final do mandato de primeiro governo de Sócrates e Óscar Gaspar não será incompetente ao ponto de permitir este descalabro.
À parte a maior despesa em medicamentos no ambulatório, em resultado da medida eleitoralista do custo zero para pensionistas, não vejo outras derrapagens que possam explicar o prejuízo. Estou pois convencido que esta divida acumulada se deve ao calote (subsistemas, ACSS) e ao subfinanciamento do sector. O que, a ser verdade, levante o problema da sustentabilidade do SNS nas actuais condições de funcionamento.

12:59 da tarde  
Blogger DrFeelGood said...

O Infarmed - Autoridade Nacional de Medicamentos e Produtos de Saúde terá promovido a lugares de topo, com vencimentos, alegadamente, acima do auferido pelos directores de Direcção de Serviços do organismo, quatro funcionários que acabaram de entrar através de um concurso público, junto com uma centena de outros contratados. link

Realizadas no início da última semana, as contratações dos três assessores e de um técnico de comunicação institucional apanharam de surpresa vários profissionais que há anos estão ligados àquele instituto dependente do Ministério da Saúde. Enquanto que os vários colaboradores também contratados irão auferir valores variáveis entre 1600 e 1800 euros, os quatro entram directamente para um patamar salarial apenas acessível a profissionais com vários anos de actividade.

O caso levou, ontem, o deputado do Bloco de Esquerda João Semedo a questionar o Ministério da Saúde sobre a diferença de tratamento destes quatro funcionários em relação aos restantes. O bloquista pretende saber não só qual o valor da retribuição de cada técnico que celebrou contrato com o Infarmed, como uma justificação do Ministério da Saúde para esta discrepância salarial.

JN 20.11.10

2:28 da tarde  
Blogger Clara said...

O comentário do Tavisto é pertinente.

Não podemos, no entanto, ignorar que CC conseguiu durante dois anos, com pulso de ferro, equilibrar as contas da Saúde.

Sabia-se que o equilíbrio conseguido era frágil. O próprio CC preocupado com o futuro promoveu um estudo sobre a sustentabilidade do SNS e tentou "mexer" no sistema de pagamentos.

E o que aconteceu a seguir...
Sócrates concordou em pôr à frente da Saúde uma ministra Cigarra que passou estes últimos anos de governação na cantoria, a dar-nos música sobre a gripe e a cultivar outras frivolidades
As reformas estancaram e a vigilância sobre a gestão das várias áreas afrouxou.
Uma ambulância práqui um helicóptero prácola. Vacinas, muitas vacinas, medicamentos 100% à borla pra todos. Eventos, muitos eventos, chá e bolos a rodos.

Perante este regabofe irresponsável as contas da Saúde só podiam derrapar.
E aí temos a chocante confirmação... Derraparam por tudo o que é sítio, ou seja, derraparam em todos os sectores.

Face a este cenário desolador, Ana Jorge apenas merece um destino: A remodelação.

5:24 da tarde  
Blogger tambemquero said...

Vários hospitais públicos continuam a contratar médicos à tarefa por valores superiores a 60, 70 e até 80 euros por hora e, aos fins-de-semana e feriados, há casos em que chegam a pagar mais de 100 euros/hora às empresas de prestação de serviços que fornecem os clínicos. link

É o que acontece, por exemplo, no Centro Hospitalar do Barlavento Algarvio (Portimão e Lagos), onde os "bancos" (urgências) de pediatria e ginecologia/obstetrícia fornecidos pela empresa Sucesso 24 Horas custam entre 79 e 84,50 euros/hora, valores que, em "dias festivos", sobem para 105 euros.

"São os valores pedidos pelas empresas. O ideal era funcionarmos com recursos próprios, mas não temos alternativa. É a única forma de podermos manter as portas abertas", justifica João Pedro Quaresma, director clínico da unidade algarvia.

Os esforços da tutela para conter e disciplinar este mercado que, nos últimos anos, cresceu à rédea solta não surtiram efeito, como concluiu a auditoria do Tribunal de Contas (TC) ontem divulgada. O valor à hora médio pago entre 2007 e o primeiro semestre de 2009 foi sempre aumentando e a despesa ultrapassou os 100 milhões de euros só em 2008.

A ronda que o PÚBLICO fez pelos sites das unidades hospitalares permite perceber que o fenómeno da contratação externa continua de vento em popa. A tutela estabeleceu no final de 2008 valores máximos de referência a pagar aos especialistas (35 euros) e aos não-especialistas (27,5 euros). Mas, no conjunto de hospitais que divulgam dados na Internet, a disparidade de preços praticados é grande e com frequência ultrapassa estes limites. E não se trata apenas de um problema das unidades do interior ou da periferia das grandes cidades.

Na Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa, por exemplo, a tabela para os anestesiologistas é de 75,90 à hora, mas no fim de ano e no Natal chega aos 99,90 euros. No Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, os preços que o site exibe (de 2009) chegam aos 82 euros para anestesiologistas da empresa Morpheus, apesar de outra fornecedora, a Asa, cobrar 51,25 euros em dias de semana. A cerca de 50 quilómetros da capital, o Centro Hospitalar de Setúbal paga 64,68 euros aos anestesiologistas e 70 euros aos clínicos gerais na urgência de pediatria. A distância de Lisboa "torna mais difícil a contratação de recursos humanos", explica a unidade.

Alternativa: "fechar serviços"

Também as unidades alentejanas enfrentam grandes carências. O Hospital de Beja paga 75 euros a anestesiologistas. E uma empresa denominada Alegoria Fascinante cobra dois mil euros por mês para gerir a urgência (25 horas por semana). Problemas para recrutar pessoal tem igualmente o Centro Hospitalar Oeste Norte, que contrata ginecologistas/obstetras a 75 e a 85 euros. "Tentamos contratar aos melhores preços possíveis, mas temos que nos sujeitar", explica Carlos Sá, presidente do conselho de administração, sublinhando que a alternativa seria "fechar serviços".

Ontem, o presidente da Associação dos Administradores Hospitalares reagiu com veemência à auditoria do TC, considerando que a avaliação parte de uma "perspectiva economicista". Também o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) pôs em causa a conclusão dos auditores, que destacam que os contratos à tarefa até ficam mais baratos do que pagar horas extraordinárias a médicos do quadro, nalguns casos. "Isso são contas de mercearia", comenta Jorge Silva, do SIM. O TC não contabilizou as 12 horas de urgência que os médicos do quadro já são obrigados a fazer no seu horário normal, diz. Se o Governo abrisse vagas no quadro, isso "ficaria seguramente mais barato" do que contratar "tarefeiros", que, garante, "nem descontos fazem".

JP 20.11.10

5:39 da tarde  
Blogger helena said...

“Sei que há pouco dinheiro mas tem que haver dinheiro para o essencial. Comigo na Presidência ninguém toca no SNS, na escola pública, na segurança social pública e nos direitos laborais dos trabalhadores. O candidato que se recandidata não diz o que fará se isso acontecer. Pois eu digo: veto e usarei todos os poderes presidenciais para defender esses direitos e para defender o conteúdo social da nossa democracia”.

Manuel Alegre

5:48 da tarde  
Blogger Clara said...

Ao intervir hoje, em Viseu, num fórum promovido pela concelhia do PS, Correia de Campos referiu que “diz-se que o SNS desperdiça muito dinheiro e há sempre uma auditoria do Tribunal de Contas” que estima o desperdício entre 25 a 30 por cento. “Esses números não valem rigorosamente nada. Não estão comprovados”, frisou. link

Na opinião de Correia de Campos, é a mesma coisa que dizer que “um bom sistema de gestão dos armazéns de uma empresa privada pode poupar 30 por cento”. “Pode poupar 30, pode poupar 10 ou pode não poupar nada. São números que se atiram para auditórios que normalmente não estão familiarizados com este processo. É para deixar o pobre público completamente esmagado”, considerou.

O ex-governante alertou que é preciso olhar para o SNS “com grande racionalidade e objectividade”, considerando que os ganhos de eficiência têm de ser conseguidos “através de uma racionalidade maior no uso dos dinheiros”. “A questão importante não é saber se há desperdício, é onde é que ele existe. É de excesso de pagamentos aos profissionais, é em medicamentos ou material de consumo, são redundâncias, instituições que se repetem, servidões públicas que já não servem o interesse público, benefícios para pessoas que estão comodamente instaladas a receber essa renda sem produzirem algo?”, questionou.

Correia de Campos criticou duramente as propostas apresentadas pelo PSD relativamente ao SNS, nomeadamente de que é preciso “privatizar pequenas e médias unidades, concessionar a sua gestão a privados, preparando a sua eventual privatização”. Essa proposta, realçou, “parte da noção de que os hospitais são peças isoladas. E os pequenos hospitais distritais não são isolados, estão articulados e cada vez mais”.

Por outro lado, criticou a ideia de que, “na impossibilidade de total privatização, a segunda melhor solução seria a livre concorrência entre a gestão pública e a privada”. “Este conceito parte da ideia de que a concorrência se estabelece entre serviços iguais, ou instituições que têm os mesmos poderes em termos de liberdades, o que não é verdade”, afirmou, lembrando que “os hospitais públicos têm servidões”, como a obrigatoriedade de ter uma urgência aberta 24 horas por dia, encargos com ensino dos profissionais e disponibilidade para a investigação.

Correia de Campos disse ainda que, para o PSD, “a gratuitidade na saúde é sempre perniciosa para a eficiência e só deveria haver para os muito pobres”. “A ideia de que os doentes devem pagar para usar serviços de saúde em proporção dos seus rendimentos assenta da ficção de que a justiça distributiva se pode ensaiar em todos os lugares e momentos, mesmo aqueles em que a pressão social da doença torna impossível o exame objectivo da condição dos recursos”, referiu. Lamentou que no acordo entre PS e PSD tenha ficado “a ideia de que devia haver um benefício fiscal ao contribuinte que recorre ao sector privado”, o que na sua opinião é “injusto e discriminatório” e só beneficia o sector privado de saúde.

JP 20.11.10

11:14 da tarde  

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