Coincidências…(Parte I)
A Ordem dos Médicos e a Madeira
Gilberto Teixeira, in Jornal da Madeira 31-10-2010
…”Desde que foi aprovado aquele diploma regional de prescrição de medicamentos pelo princípio activo (DCI) a Ordem dos Médicos com sede em Lisboa, lançou um feroz e abominável ataque à Madeira, passando das ameaças aos actos, como se fossem os donos do País. Com natural agrado de todos, vimos há dias, ser aprovado no Parlamento da República a obrigatoriedade da mesma prescrição. Esses pseudo donos do País, ainda deitaram a cabeça de fora, fizeram um ruído para assustar o poder político, mas como não tiveram êxito, meteram a viola no saco.
Que ameaças fizeram ao Governo da República? Nenhuma! Nem podiam. Leis são para se cumprir, e essa treta de dizer que estão actuando em defesa dos doentes e da Saúde Pública não passa de uma balela. Tocaram nos interesses de médicos? Tocaram sim senhor. Mas não se preocupem que virão alternativas para continuar a existir grandes e importantes apoios da indústria farmacêutica, sobretudo na área da formação médica, leiam-se congressos, seminários, workshops e outras reuniões científicas. Tenho a certeza disso.
As retaliações feitas sobre a Madeira por causa disso, e não por haver boa ou má gestão do SESARAM, e eventuais conflitos entre a Direcção Clínica do Hospital e alguns médicos que foram substituídos nas chefias de alguns serviços, serão agora retiradas, ou haverá finca pé para que se procedam a inspecções no Hospital da Cruz de Carvalho, sem as quais não “há nada para ninguém” prejudicando jovens médicos e aí sim, colocando em risco a Saúde Pública dos madeirenses.
Não importa se as pessoas visadas pela Ordem dos Médicos são “especiais” ou “importantes”. O que verdadeiramente importa é que não metam política na Saúde da Região, não sejam hipócritas e invejosos, nem discriminem a Região. A Autonomia serve para alguma coisa. As leis que podem ser feitas na Assembleia Legislativa da Madeira entram em vigor e valem nesta Região Autónoma, tanto quanto as outras que são feitas na Assembleia da República para o restante território continental.
Que criminoso desleixo ou cega imprevidência cometeram os responsáveis pela Saúde Regional para que a Ordem dos Médicos de Lisboa, provocasse esta tempestade, como se aqueles que dirigem o Hospital estejam desacreditados, ou alheios ao conhecimento das graves questões que toda a gente sabe que existem, na Madeira, como no restante território. Ou não podemos suspeitar de uma grave soberba por parte da Ordem onde se movem vários interesses, alguns ódios de facções?
É legítimo que se questione todos os responsáveis declaradamente medíocres, sem capacidade para tomar as medidas mais adequadas sempre que as circunstâncias se impõem. Não nos venham dizer que se verificaram substituições de chefias no Hospital, e noutros serviços, só por mero autoritarismo ou vontade de humilhar pessoas que desempenharam o seu papel ao longo de anos? Ninguém em seu bom juízo acredita nisso. Muito menos em retaliações ou facciosismos com atropelo de leis. Os poderes podem ser violentos, e admito até, que tivessem existido exageros de comunicação na tomada de medidas, quando os novos responsáveis assumiram a gestão dos Serviços de Saúde Regionais”…
Gilberto Teixeira, in Jornal da Madeira 31-10-2010
…”Desde que foi aprovado aquele diploma regional de prescrição de medicamentos pelo princípio activo (DCI) a Ordem dos Médicos com sede em Lisboa, lançou um feroz e abominável ataque à Madeira, passando das ameaças aos actos, como se fossem os donos do País. Com natural agrado de todos, vimos há dias, ser aprovado no Parlamento da República a obrigatoriedade da mesma prescrição. Esses pseudo donos do País, ainda deitaram a cabeça de fora, fizeram um ruído para assustar o poder político, mas como não tiveram êxito, meteram a viola no saco.
Que ameaças fizeram ao Governo da República? Nenhuma! Nem podiam. Leis são para se cumprir, e essa treta de dizer que estão actuando em defesa dos doentes e da Saúde Pública não passa de uma balela. Tocaram nos interesses de médicos? Tocaram sim senhor. Mas não se preocupem que virão alternativas para continuar a existir grandes e importantes apoios da indústria farmacêutica, sobretudo na área da formação médica, leiam-se congressos, seminários, workshops e outras reuniões científicas. Tenho a certeza disso.
As retaliações feitas sobre a Madeira por causa disso, e não por haver boa ou má gestão do SESARAM, e eventuais conflitos entre a Direcção Clínica do Hospital e alguns médicos que foram substituídos nas chefias de alguns serviços, serão agora retiradas, ou haverá finca pé para que se procedam a inspecções no Hospital da Cruz de Carvalho, sem as quais não “há nada para ninguém” prejudicando jovens médicos e aí sim, colocando em risco a Saúde Pública dos madeirenses.
Não importa se as pessoas visadas pela Ordem dos Médicos são “especiais” ou “importantes”. O que verdadeiramente importa é que não metam política na Saúde da Região, não sejam hipócritas e invejosos, nem discriminem a Região. A Autonomia serve para alguma coisa. As leis que podem ser feitas na Assembleia Legislativa da Madeira entram em vigor e valem nesta Região Autónoma, tanto quanto as outras que são feitas na Assembleia da República para o restante território continental.
Que criminoso desleixo ou cega imprevidência cometeram os responsáveis pela Saúde Regional para que a Ordem dos Médicos de Lisboa, provocasse esta tempestade, como se aqueles que dirigem o Hospital estejam desacreditados, ou alheios ao conhecimento das graves questões que toda a gente sabe que existem, na Madeira, como no restante território. Ou não podemos suspeitar de uma grave soberba por parte da Ordem onde se movem vários interesses, alguns ódios de facções?
É legítimo que se questione todos os responsáveis declaradamente medíocres, sem capacidade para tomar as medidas mais adequadas sempre que as circunstâncias se impõem. Não nos venham dizer que se verificaram substituições de chefias no Hospital, e noutros serviços, só por mero autoritarismo ou vontade de humilhar pessoas que desempenharam o seu papel ao longo de anos? Ninguém em seu bom juízo acredita nisso. Muito menos em retaliações ou facciosismos com atropelo de leis. Os poderes podem ser violentos, e admito até, que tivessem existido exageros de comunicação na tomada de medidas, quando os novos responsáveis assumiram a gestão dos Serviços de Saúde Regionais”…
Setubalense
Etiquetas: OM
2 Comments:
Antes lançar a artilharia pesada, fazer o trabalho de casa?
Seria bom - e mais esclarecedor - não misturar alhos com bogalhos e ao analisar um conflito sobre as competências entre organismos que "actuam", no seio dos HH's e dos CS's, não se acabe por perturbar [ainda mais] as prestações dos serviços e afectar - há muito que se alertou para isso - a qualidade da formação.
Alterações orgânicas no interior dos HH's muitas vezes servem objectivos de gestão económica [os centros de custos] mas, ao mesmo tempo, podem prejudicar o enquadramento formativo [centros de conhecimento e desempenho especializado].
Na Madeira, só raramente ocorrem coincidências...
O conflito entre a Direcção Clínica do HH do Funchal e alguns serviços não foi pacífico, nem inócuo.
É poderá ter levado a alterações que - digo eu - tenha diminuido a capacidade de liderança desses serviços [governação clínica] em beneficio de "incondicionais" do CA ou, até, da SESARAM.
Os "boys" não são um produto exclusivo do "Continente".
A avaliação de idoneidade formativa é importante e não pode incidir só sobre as estruturas físicas e capacidade técnica instalada. Os recursos humanos disponíveis, a capacidade formativa, a adaptação pedagógica, de cada serviço é crucial.
As alterações ocorridas no HH da Funchal terão sido suficientemente profundas para justificar uma re-avaliação da idoneidade dos serviços? Esta é uma pergunta pertinente que - perante declarações diversas e dispares - só uma "avaliação" poderia responder...
Mas aqui, como em diversos outros sectores da vida pública, a avaliação é sempre mal vista...
Este é um problema atávico nacional.
Misturar o diploma regional das prescrição por DCI e o "ferir" de interesses médicos é, para não lhe chamar insultuoso, pelo menos imaginativo. Acima de tudo, pretende-se manter acessa uma suspeição sobre um grupo profissional com base em enunciados e elucubrações "genéricas"...
É, também, confundir alguns casos de polícia [que existem] com a grande maioria dos profissionais. Misturar a arvore coma a floresta.
Mas nada dizer sobre as declarações de AJ Jardim é passar ao lado de importantes questões, nomeadamente, condições de equidade no acesso e da qualidade da formação a que devem subordinar-se, no âmbito nacional, a formação médica:
"Quem governa a saúde é o Governo. O presidente do Governo sou eu.
E, portanto, aqui mais ninguém dá ordens"...
Depois disto, pouco há a dizer... Argumentar contra o livre arbítrio será sempre uma tarefa despicienda.
A “doença democrática” e/ou os “doentes institucionais”…
Na opinião de Bernardo Martins (PS), presidente da comissão parlamentar dos Assuntos Sociais, o sistema de saúde na Madeira "não aguenta mais", "está em completa ruptura". Como exemplos da "perigosa instabilidade" no sistema aponta:
“- crispação do Serviço Regional de Saúde (SESARAM) contra médicos e enfermeiros;
- processos disciplinares, como forma de alegada perseguição;
- recusa de reuniões da parte do conselho de administração;
- referências à falta de idoneidade técnico-científica dos serviços de saúde;
- obstáculos à promoção de auditorias externas;
- abandono do Serviço Regional, por vários profissionais;
- serviços com falta de camas para internamentos;
- insuficiência de equipamentos;
- falta de material clínico;
- rupturas no fornecimento de medicamentos;
- falta de médicos, particularmente os de família
- e, insuficiência de enfermeiros...” link
Este é o retrato da situação que um dos partidos [da Oposição] representado na Assembleia Regional e encarregue da presidência da Comissão dos Assuntos Sociais tece sobre o assunto em conflito.
É claro que para o Governo Regional nada disto é “averiguável”. ..
É óbvio que este descalabro [a confirmar-se] não interfere nem com a qualidade das prestações nem com a qualidade da formação…
De facto, para o Governo Regional da Madeira, qualquer órgão de âmbito nacional [político, judicial, fiscal, e…ao que parece socioprofissional] é sempre suspeito de alimentar preconceitos anti-autonómicos. Veja-se diferendos com o Ministro da República, Tribunal Constitucional, Comissão Nacional de Eleições, etc.
No meio disto tudo, o problema criado à qualidade assistencial e indirectamente aos médicos em formação, teria tido a virtude de trazer à ribalta os problemas que afectam o Serviço Regional de Saúde, se o Governo Regional não tivesse a preocupação de os encobrir...
A interferência da Ordem dos Médicos na salvaguarda da qualidade da formação dos Médicos parece fundamentada e, pela aparente dimensão dos problemas, deveria determinar uma outra intervenção: a da Entidade Reguladora da Saúde [ERS]. Óbvio, que sendo uma entidade de âmbito nacional seria indesejada… e sujeita aos habituais ultrajes.
Na verdade, os problemas que afectam, neste momento, o Serviço Regional de Saúde, são uma parcela de um todo. E esse “todo”, em termos de práticas democráticas, de diálogo, de ética política, pelos sintomas que apresenta, parece estar gravemente enfermo…
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