domingo, novembro 14

Andará alguém a vender ilusões?…

O Centro Hospitalar Lisboa Norte organizou conferência sobre gestão em tempos de crise. link
Médicos e economistas defenderam que é impossível reduzir a despesa do sector.

Nesta oportuna conferência focaram-se aspectos cruciais da vivência do sector da Saúde, nestes tempos de crise.
Uma grande polémica instalou-se à volta da verba prevista para a Saúde no OE para 2011 que o Prof. Pita Barros considerou: “irrealizável”…

Uma outra proposta que surgiu neste evento e colheu alguma adesão – embora com críticas da MGF que invocaram não dispor de meios que permitam uma triagem eficaz - foi a de que os Centros de Saúde começarem a pagar por cada doente que acorra a uma urgência hospitalar sem necessidade...

Pedro Pita Barros levantou, muito acertadamente, algumas questões em redor das possibilidades de gestão das exíguas verbas afectas à Saúde no último OE.
Afirmou: “a despesa em saúde não vai parar de crescer…”. E, de seguida, condenou a suborçamentação e a falta de transparência do Ministério da Saúde ao não revelar as dívidas totais.
Afirmou: “Quando não há transparência o que acontece é o boato”…
Ficou a nu o completo desfasamento do MS da realidade.
A Senhora Ministra aceitou gerir um orçamento insuprível e, pior, ilusório.
Agora, percorre o País esgotando-se em malabarismos retóricos, e em insinuações [responsabilizações] avulsas, tentando vender gato por lebre.

Escreveu Fernando Pessoa [Livro do Desassossego] sobre as ilusões: "Saber não ter ilusões é absolutamente necessário para se poder ter sonhos"…

e-pá!

Nota: Apresentação de Eugénio Rosa nesta conferência: link

Etiquetas: ,

4 Comments:

Blogger DrFeelGood said...

A ministra garantiu no Parlamento, durante o debate na especialidade do Orçamento do Estado para 2011, que “o acesso e a qualidade dos serviços prestados não serão afectados”, ao mesmo tempo que apresentava os números orçamentais para o próximo ano: o Serviço Nacional de Saúde leva um corte de 6,4% (vai ter menos 600 milhões de euros para gastar), mas as estimativas apontam para um resultado positivo de 32 milhões de euros em 2011. Este ano, o défice ronda os 500 milhões, conforme calculou o ministro das Finanças.

Contas que, segundo o economista da saúde Pedro Pita Barros, não batem certo. “Se se adicionar a restrição de que os hospitais não podem criar dívidas, a qualidade e acesso aos cuidados serão afectadas”, diz. “Estamos em risco de voltar 15 anos atrás, em que os orçamentos dos hospitais deixam de ser realistas face à actividade realizada, e entra-se numa espiral demais dívida, menor responsabilização da gestão, maiores custos”, acrescenta o economista.

DE 13.11.10

12:56 da manhã  
Blogger Vareja said...

Peço desculpa ao Xavier, mas tenho de desabafar:
tudo isto é, para além de inqualificável, uma vergonha !

8:23 da tarde  
Blogger tambemquero said...

A partir de hoje e até dia 30 de Novembro as empresas do Sector Empresarial do Estado, como é o caso dos hospitais EPE (Entidade Pública Empresarial), devem começar a entregar os seus planos de redução de despesas, tendo em vista o objectivo determinado pelo Governo de reduzir os custos operacionais em 15 por cento. A Direcção-Geral do Tesouro e Finanças vai disponibilizar orientações específicas.

O problema, segundo Correia da Cunha, é que é “irreal” reduzir uma verba desta dimensão em centros hospitalares como aquele que dirige, sendo que também é proibido aumentar o endividamento. “Só se fosse à custa de prestarmos menos serviços, o que também não é possível nem recomendável”, defendeu o médico. O presidente do conselho de administração disse, ainda, que a ministra da Saúde, Ana Jorge, já lhe deu garantias de que as orientações do Ministério das Finanças serão adaptadas à realidade dos hospitais – o que significa que os cortes serão menores. O especialista foi um dos gestores públicos chamados por Teixeira dos Santos para a reunião que decorreu a 21 de Outubro.

“Se mantiverem valores na ordem dos 15 por cento, certamente não serão muito compatibilizáveis com a nossa actividade. Além disso já pedimos mas ainda não recebemos orientações concretas sobre as áreas onde devemos cortar”, lamentou, dando o sector do medicamento como exemplo de uma área cuja despesa até irá crescer, em virtude da entrada no mercado de medicamentos inovadores (mais caros). Sobre as horas extraordinárias, admitiu que é possível reduzir “alguma coisa”, mas no que diz respeito ao fornecimento de serviços externos garantiu que os valores já estão dentro do que será possível baixar.

PEC da Saúde

Este ano, no âmbito do chamado PEC (Plano de Estabilidade e Crescimento) da Saúde, que foi anunciado em Maio, os hospitais já tiveram de fazer vários cortes, como cinco por cento em horas extraordinárias. E cada contratação, no caso dos que têm resultados negativos, começou a passar pelas mãos da tutela. Entretanto a ministra Ana Jorge já anunciou que os pagamentos aos hospitais estipulados nos respectivos contratos-programa vão sofrer uma quebra de quatro por cento.

O Centro Hospitalar Lisboa Norte, apesar de ter apresentado resultados positivos nos últimos anos, deverá acabar o ano com menos 27 milhões. Um valor que ultrapassará os 40 milhões em 2011, também em virtude na sucessiva diminuição da dotação orçamental. Cerca de 92 por cento das verbas desta unidade hospitalar vêem do Serviço Nacional de Saúde, sendo que 46 por cento são gastas com as remunerações base. Dada a pressão sobre os serviços, no ano passado foram forçados a gastar 19 milhões só em horas extraordinárias. Em farmácia, de Janeiro a Setembro gastaram 100 milhões, sendo que conseguiram reduzir em cerca de nove por cento os valores globais por negociações com os fornecedores.

JP 15.11.10

8:31 da tarde  
Blogger saudepe said...

Os profissionais de saúde vêem a saúde privada com menos positivismo do que os gestores
Guadalupe Simões, do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, lamenta que o crescimento do sector se faça à custa do Estado, por via de protocolos e de parcerias. Mas também não acredita que a crise tenha grande impacto nos hospitais privados. "A grande maioria só desembolsa os co-pagamentos, que são pequenos. E quem tem possibilidade para um seguro mantém-no".
A dirigente sindical também não acredita na progressiva substituição do público pelo privado, nem na prestação de cuidados, nem na escolha dos profissionais. Porque o privado oferece "condições piores": salários baixos a recibos verdes, alguns a "três euros à hora" e, por vezes, só depois de uns meses de "voluntariado". "Entre isso e o desemprego, aceitam".
Pedro Nunes, da Ordem dos Médicos, também é céptico quanto à capacidade de o privado se substituir ao público. "É mandatório ter um Serviço Nacional de Saúde que dê uma resposta adequada com universalidade e gratuitidade". O privado "deve ser complementar", "para pequenas prestações que o cidadão pode pagar do seu bolso ou mediante seguros". Porque "é impossível um cidadão, usando a sua carteira, ter acesso a toda a medicina. A tecnologia transformou a saúde em algo que só a solidariedade colectiva consegue prestar".
O privado, insiste o bastonário, "garante algum conforto, mas não toda a saúde". E menos ainda assente em seguros, como recorda Guadalupe Simões: estes têm plafonds curtos, onde não cabem as grandes intervenções, obrigando a transferências para o público a meio de tratamentos, "por vezes em circunstâncias dramáticas".
"O sector privado tem um longo caminho a fazer", diz, do seu lado, Carlos Santos, do Sindicato Independente dos Médicos, que acredita haver espaço para todos. Mas, ao contrário de Pedro Nunes, prevê um aumento das saídas de médicos do público. "Se houve 700 pedidos de reforma antecipada em 2010, em 2011 serão muitos mais. É o meu caso", diz Carlos Santos, que alerta para a desmotivação do corpo clínico público

jn 15.11.10

12:14 da manhã  

Enviar um comentário

<< Home