Geração parva!
Sou da geração sem remuneração / e não me incomoda esta condição. / Que parva que eu sou! / Porque isto está mal e vai continuar, / já é uma sorte eu poder estagiar. / Que parva que eu sou! / E fico a pensar, / que mundo tão parvo onde para ser escravo é preciso estudar. / Sou da geração ‘casinha dos pais’, / se já tenho tudo, pra quê querer mais? / Que parva que eu sou! / Filhos, maridos, estou sempre a adiar / e ainda me falta o carro pagar, / Que parva que eu sou! / E fico a pensar / que mundo tão parvo onde para ser escravo é preciso estudar. / Sou da geração ‘vou queixar-me pra quê?’ / Há alguém bem pior do que eu na TV. / Que parva que eu sou! / Sou da geração ‘eu já não posso mais!’ / que esta situação dura há tempo demais / E parva não sou! / E fico a pensar, / que mundo tão parvo onde para ser escravo é preciso estudar .
Etiquetas: bater no fundo
3 Comments:
Geração adiada
Um presidente rancoroso em busca de vingança. O primeiro ministro manietado e impotente. Oposição incompetente incapaz de inspirar confiança. Que futuro podem esperar os jovens portugueses.
Se o futuro está mau para os jovens e está sem dúvida alguma, é bom que façam alguma coisa para mudar o actual estado de coisas. O sistema precisa de ser abanado e não vai ser seguramente a geração instalada que vai dar esse abanão.
Veja-se o que se está a passar no rescaldo das presidenciais. A actual classe política irá questionar-se por os candidatos por si apoiados (Cavaco Silva, Manuel Alegre, Francisco Lopes e Defensor Moura) terem recolhido apenas 25% dos votos do universo eleitoral? Tenho a maior das dúvidas que o vá fazer.
A política precisa de novos protagonistas. Os mais novos vão ter de deixar de ser agentes passivos e conformados, da geração “casinha dos Pais”, para se rebelarem contra um sistema que lhes dá formação mas lhe recusa o emprego e ridiculariza o salário.
Recebi do Prof. Júlio Marques Mota, a quem agradeço o envio e a autorização de divulgação, uma mensagem que ele recebeu de ex-aluno:
Bom dia caríssimo professor.
Venho-lhe enviar as condições que me propuseram na entrevista de emprego em (X).
As funções que tinha que desempenhar consistiam em: procurar clientes, convence-los a aceitar propostas de seguros, de vendas de imóveis, de abrir contas bancárias obscuras, resumindo, seria convencer os clientes a assinar um conjunto de serviços financeiros que deixam muito a desejar.
As condições que ofereciam eram as seguintes: teria que me deslocar na minha própria viatura, encontrar os respectivos clientes, tratar dos documentos todos e todas as burocracias a que esses serviços financeiros obrigam, teria que ser eu o responsável caso essas contas bancárias misteriosas [contas de aplicações em produtos estruturados] e serviços não decorressem da melhor forma e, no final ficaria com 15% dos lucros, tendo ainda que repartir esse 15% com a equipa (vendedores) a que iria pertencer.
O entrevistador sugeriu-me que achava por bem contratar-me como licenciado e não futuramente como mestre, pois isso implicaria mais custos, custos esses que para ele seria algo supérfluo. Seguidamente, após o entrevistador ter tentado de todas as formas que eu assinasse de imediato o contrato, comunicou-me que o ordenado base seria de ZERO, pois eu poderia constituir o meu próprio ordenado, dado, que quantos mais produtos financeiros realizasse, melhor ordenado poderia obter. Confrontei-o de seguida, com a situação em que me encontrava, ou seja, uma vez que não conheço a cidade de (X), seria complicada a tarefa de nos primeiros tempos constituir uma carteira de clientes, respondendo-me ele de imediato que caso eu não encontrasse clientes, teria que suportar todas as despesas.
Aproveito também para lhe comunicar que foi esta a minha primeira entrevista de emprego como licenciado, onde o entrevistador me comunicou que estava já constituída uma equipa com outros quatro licenciados, o que me deixou estupefacto, dado que esses outros elementos aceitaram as condições em cima descritas.
Confesso que estou muitíssimo apreensivo e assustado com esta realidade terrível com que me deparei.
José M. Castro Caldas
Enviar um comentário
<< Home