quarta-feira, janeiro 19

Vingança e calculismo


CC tem certamente razões para não gostar de Manuel Alegre. O grande responsável pelos ataques de dentro do PS à sua reforma da Saúde. Acabando mesmo por impor Ana Jorge como ministra da saúde, sua camarada de chazinhos familiares, partilhados na Lourinhã. Decisão ruinosa para o SNS que tanto sofrimento e humilhação nos tem custado.

Partilho a opinião de CC sobre a candidatura de Manuel Alegre. Não concordo em absoluto com a oportunidade das suas declarações ao jornal i em plena campanha. Feio, muito feio! A demonstrar que a vingança serve-se quentinha.
link Acresce a oportunidade de poder passar a mão pelo pêlo do candidato que, tudo indica, irá ganhar as próximas eleições. O que dá sempre jeito quando o futuro do PS se afigura incerto.

Clara Gomes

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8 Comments:

Blogger e-pá! said...

Os relapsos percalços de CC…

Declarações de Correia de Campos publicadas hoje no jornal “i” são mais um exemplo da incontinência verbal do ex-ministro da Saúde. link
Associada a essa já proverbial embrulhada [trapalhada] vem o incorrigível vício do “repentismo” e uma total ausência de sentido de oportunidade.

Concretamente, Correia de Campos não adianta nada ao que de concreto está em jogo nestas eleições presidenciais preferindo entrar pelo caminho escorregadio do passadismo histórico, do revivalismo geracional ou do ajuste de contas partidário.
De facto, se o objectivo era desvendar uma alternativa no sentido de traduzir mudanças, novas opções, de entre todos os candidatos, existe um que nunca será nada disso: Cavaco Silva.
Se o ensejo era o sacrossanto valor da estabilidade arvorado em princípio político, mais uma vez se incorre na inversão de valores. A estabilidade não garante boas políticas mas decorre de correctas e leais práticas institucionais no exercício das funções públicas [das pessoas e dos órgãos].

Provavelmente, em Estrasburgo, a visão de uma idílica solidariedade institucional poderá ser esperada, para não dizer exaltada, mas bastar-lhe-ia uma curta passagem por Torredeita [bem junto a Viseu - um dos antros do dito “cavaquistão”] para abjurar tão excêntrica ideia de estabilidade e convivência política que, em termos de retórica, veste as roupagens de co-habitação [civilizada, supõe-se!].

Objectivamente – sem ser explícito – as suas abstrusas considerações servem a candidatura de Cavaco Silva. Não adianta [posteriormente] esclarecer, desmentir ou iludir.
CC tem obrigação de saber que existem percalços [políticos e verbais] sem recuo…

11:01 da tarde  
Blogger Olinda said...

Não havia necessidade…

Embora compreenda a mágoa de ACC este tipo de intervenção remete-o para o rodapé mesquinho da política pondo-o ao mesmo nível daqueles que conspiraram para o derrubar impondo uma solução fatal para o SNS. O que não deixa de ser curioso é Manuel Alegre estar convencido de que a escolha de AJ defendeu o SNS. Quando as contas finais estiverem feitas se perceberá que terá sido AJ a entregar ao PSD e aos neo-liberais o espólio estilhaçado do que (ainda) restar de SNS.
Enfim, coisas de poeta…

11:22 da tarde  
Blogger Tavisto said...

Manuel Alegre e Correia de Campos estão hoje em extremos opostos do espectro ideológico Socialista. O candidato está onde sempre esteve, igual a si próprio mantém-se firme nas convicções de homem de esquerda e não faz cedências nos princípios e valores que lhe são próprios. O ex-ministro da Saúde, vindo da esquerda à esquerda do PS, percorreu todo o espectro ideológico socialista estando hoje perfeitamente integrado na amálgama do centrão político que nos governa.
Não admira pois a opção de Correia de Campos nestas eleições. Cavaco Silva é efectivamente o candidato do regime, votar Manuel Alegre é correr riscos desnecessários para quem se revê no actual “statu quo”.

11:44 da tarde  
Blogger xavier said...

Manuel Alegre anunciou a disponibilidade para uma candidatura à Presidência da República com um discurso à altura das circunstâncias. link

Nele referiu os principais problemas do país, que eu resumiria numa palavra: medo. Não um vago medo de viver, de que nos fala o filósofo José Gil, mas sim um concreto e situado medo de não ter condições para viver decentemente: desemprego, precariedade e erosão dos serviços públicos como resultado da crise estrutural de um modelo de desenvolvimento que foi precisamente iniciado pela economia política do cavaquismo.

Interpretando bem a natureza da chefia do Estado, Alegre enunciou os valores da sua plataforma política: republicanismo, ancorado numa visão exigente dos direitos de cidadania, onde se incluem os direitos laborais; socialismo, ancorado no ideal de justiça social concretizado pela existência de serviços públicos de acesso universal; intensificação da democracia, em particular na sua dimensão participativa; combinação judiciosa de patriotismo, europeísmo e cosmopolitismo.

Esta plataforma e, talvez mais importante, as consequentes intervenções políticas de Alegre nos últimos anos, bastaram para que dois ressentidos intelectuais da viragem liberal de uma esquerda que se quer minoritária, actuais eurodeputados e protagonistas de uma pesada derrota eleitoral do seu partido - Vital Moreira e Correia de Campos - lançassem a acusação de que Alegre seria demasiado "radical" e incapaz de conquistar o "centro".
Vital Moreira deu dignidade ideológica a este juízo, afirmando que Alegre não teria participado na "modernização da social-democracia".

Manuel Alegre teve precisamente o mérito de ter recusado o triste destino de quem seguiu um roteiro pensado pelos adversários da social-democracia como força de reforma substancial do capitalismo, sejam eles intelectuais ordoliberais alemães ou economistas do "Consenso de Washington".

Um roteiro que conduziu a esta crise e à impotência de uma União Europeia reduzida a uma máquina de construir mercados nos espaços onde deve vigorar a lógica da solidariedade que impede, por exemplo, que o trabalho seja de novo reduzido ao estatuto de mercadoria.

O famoso centro depende sempre da configuração do debate político, da forma como os assuntos da vida colectiva são abordados e debatidos. Isto tem a ver com hegemonia ideológica e com as palavras que esta autoriza. Tão importante como ter o apoio do BE, do PCP e do PS - e ninguém melhor do que Alegre para o conseguir e assim quebrar a incomunicabilidade entre as esquerdas - é forjar as palavras certas, as que redefinem o centro do debate, rompem com um consenso esgotado e produzem um bem que escasseia: esperança. Eu tenho esperança que quem escreveu um poema como "As Mãos" saiba continuar a fazê-lo e assim, talvez, ganhar as próximas eleições presidenciais.

joao rodrigues

11:59 da tarde  
Blogger tonitosa said...

Como eu percebo os azedumes de significativa parte seguidores de Correia de Campos.
Afinal CC sempre foi (e é) tido como o seu patrono e esta posição é para "eles" uma traição.
É a vida...

2:39 da manhã  
Blogger saudepe said...

Cavaco Silva também teve a sua quota parte importante no processo de saída de CC do Governo.
Especialmente no apoio à contestação dos autarcas do seu partido ao encerramento das urgências.

9:02 da tarde  
Blogger e-pá! said...

Um interessante post sobre este assunto no blog "A natureza do Mal II":
Retrato de um malandro a caminho do socialismo.
18.01.2011.
(http://www.anaturezadomal.blogspot.com/)

10:10 da manhã  
Blogger tambemquero said...

Este malandro link é socialista. Representa, no Parlamento europeu, os socialistas que votaram nele e todo o povo por extensão. Este socialista acha que Cavaco garante a estabilidade. A estabilidade que permitiu aos malandros governar o país, publicar leis, lançar concursos opacos, indemnizar amigos, proteger cúmplices, assegurar a obediência das polícias e dos tribunais, divertir o povo nos canais públicos e privados, perseguir as vozes livres, assegurar o livre curso dos capitais para as contas secretas dos offshores, flexibilizar os direitos de quem trabalha, cortar nas pensões dos velhos, aumentar os impostos, desmantelar o modelo social europeu.
Este é o malandro incumbente, o pesporrente. Gosta do mundo como está. Da ordem. Quer estabilidade. Quer Cavaco. Com Cavaco e a estabilidade, o governo, a polícia e os tribunais, a televisão e os jornais, três reformas e sabe-se lá que mais, este malandro vai estar em melhores condições de realizar o programa socialista.

Natureza do mal 18.01.11

2:01 da tarde  

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