Entendam-se, porra !
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Na verdade, há muito que não temos Governo. A acção governativa ficou limitada a uns poucos Ministros preocupados em resolver problemas de tesouraria, nem que para isso tivessem de recorrer a um Coronel Líbio de triste memória.
Entretanto, Portugal tem vivido sob a influência da SSP (Síndrome de Serpa Plus). Eu explico-me: À Câmara de Serpa concorreram o Nicolau Breyner pelo CDS e João Rocha pelo PCP. Adversários na política, mas amigos na vida real, diz Nicolau Breyner nunca ter visto duas pessoas tão aflitas como ele o seu amigo na noite das eleições: Rocha com medo de perder e Nicolau com medo de ganhar. Nós temos assistido ao estertor de um Primeiro-ministro cheio de medo de sair e à titubeante oposição do putativo sucessor, cheio de medo de entrar. É a Síndrome de Serpa. Plus porquê? Porque neste caso há uma terceira personagem que, de quando em vez, dá uns espirros e passa o resto do tempo a lavar as mãos.
De repente tudo se precipita. Na iminência de ter de pedir ajuda externa, Sócrates, com a astúcia política que se lhe reconhece, armou um laço político. Um laço feio, muito feio, mas, pelos vistos, bem armado.
Empurrado por uma eminência parda do PSD que, segundo e imprensa, lhe terá dito - este ano vais ter eleições de qualquer maneira, ou no país ou no partido – e com os ouvidos cheios do sonoro - agora ou nunca – gritado no congresso do CDS, Coelho deu um passo em falso. Subordinou-se à lógica partidária e, no dizer de Pacheco Pereira, “abandonou o mais puro bom senso que é a evidência de que ela (a crise) tem de ser defrontada pelos partidos com base na procura de entendimentos.
”Apelos ao entendimento foram feitos por Mário Soares, Jorge Sampaio e Miguel Cadilhe que fez um apelo dramático aos partidos com assento parlamentar, com ressaibos de José Régio: “Entendam-se. Meus Deus.
Que diabo! É o país que está em causa!" O Povo, esse, mais depressa se recordando da célebre frase do paredão do Alqueva, terá vontade de gritar: Entendam-se, porra!
Brites
Etiquetas: bater no fundo, Brites, liberais pacotilha
3 Comments:
Infelizmente, chegamos ao ponto de que um hipotético "entendimento" só é viável se for ditado de fora...
Assim do tipo: não há laranjinhas então não há circo.
Perdemos tudo. A identidade política que nos resta está, desde há muito, incapacitada de lidar com causas nacionais [já não falo em interesses públicos].
O "programa" PSD apresentado aos portugueses depois do Conselho Nacional é um indigente chorrilho de vulgaridades, lugares comuns e aleivosias.
Serviu unicamente para transmitir ao País que a sociedade e a economia serão fustigadas por receitas neoliberais [ainda por cima mal amanhadas] que o vão pôr em polvorosa...
O aproveitamento desta[s] crise[s] para desencadear processos sociais e económicos profundamente fracturantes [notórios nas arengas de PPC], é o mesmo que "atear fogo a um palheiro", sem portas nem janelas.
Vamos acabar todos "chamuscados"...
Acho que gritar porra já não chega, será necessário dizer: basta!
Não há pachorra para contemplar [suportar] este circo político.
Afinal, ao contrário do que se supunha, o PSD rejeitou o PEC não por discordar das medidas propostas mas sim por ele não ir "suficientemente longe" !?
Mas não é verdade que antes de o rejeitar, o PSD nunca usou tão comprometedor argumento? E não é verdade que nunca fez menção de referir as medidas adicionais ou mais ambiciosas que defendia? E será que agora, depois de ter aberto uma crise politica e ter colocado o País na senda da ajuda externa, o PSD já pode enunciar essas medidas, para que os portugueses possam ter uma ideia do que esta leviandade politica lhes vai custar a mais ?
vital moreira, causa nossa
Por que é que o Presidente da República ainda não aceitou a demissão do Governo, uma semana depois de esta ter sido apresentada, no seguimento da rejeição do PEC pela aliança de todos partidos de oposição?
Não é politicamente aceitável forçar um Governo a manter-se supostamente em plenitude de funções quando lhe foram retiradas as mínimas condições para governar. E não há nenhuma razão para ligar a data de demissão do Governo à data de uma provável decisão de convocar eleições antecipadas.
vital moreira, causa nossa
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