Modelo de Gestão dos Hospitais
A «consensualização» de um modelo de gestão dos hospitais foi o desafio que Manuel Delgado, deixou à classe política. O legislador ainda não decidiu de uma vez por todas se quer um modelo «basista» — com o presidente do conselho de administração a ser eleito pelos pares —, «carreirista» — no qual a pessoa mais qualificada da carreira hospitalar assume a presidência — ou uma solução em que o próprio Governo nomeia «discricionariamente» o líder. «Vejo ziguezagues permanentes nas diferentes actuações políticas à medida que os governos mudam e, de facto, era bom que consensualizássemos um modelo minimamente aceitável».
A política de recursos humanos mereceu também um reparo crítico por parte de Manuel Delgado. Nomeadamente em termos de recrutamento e selecção, treino, carreiras e modelos de remuneração. «Diria que tudo isto está por fazer no modelo português. Aqui está uma das áreas onde não se chegou a lado nenhum», denunciou. Com a chegada do FMI e da UE ao País, por causa das contas públicas, «vamos perceber o que é mudar as leis laborais» noutros sectores. «Na Saúde também teremos de fazer alguma coisa. Se calhar rapidamente e a contragosto. Perdemos muito tempo e tivemos muitos tabus neste capítulo», lamentou.
No ar pairam também questões como as relacionadas com a opção de juntar hospitais ou de evoluir para modelos que integram os vários níveis de prestação de cuidados de saúde (primários, secundários e continuados). «Tudo isto está por esclarecer e o mais gritante é que está por avaliar. Não sabemos se a fusão de hospitais foi uma coisa boa, nem sabemos se a criação das unidades locais de saúde foi uma coisa boa. Continuamos na plena ignorância», constatou Manuel Delgado.
Tempo Medicina 18.04.11
A política de recursos humanos mereceu também um reparo crítico por parte de Manuel Delgado. Nomeadamente em termos de recrutamento e selecção, treino, carreiras e modelos de remuneração. «Diria que tudo isto está por fazer no modelo português. Aqui está uma das áreas onde não se chegou a lado nenhum», denunciou. Com a chegada do FMI e da UE ao País, por causa das contas públicas, «vamos perceber o que é mudar as leis laborais» noutros sectores. «Na Saúde também teremos de fazer alguma coisa. Se calhar rapidamente e a contragosto. Perdemos muito tempo e tivemos muitos tabus neste capítulo», lamentou.
No ar pairam também questões como as relacionadas com a opção de juntar hospitais ou de evoluir para modelos que integram os vários níveis de prestação de cuidados de saúde (primários, secundários e continuados). «Tudo isto está por esclarecer e o mais gritante é que está por avaliar. Não sabemos se a fusão de hospitais foi uma coisa boa, nem sabemos se a criação das unidades locais de saúde foi uma coisa boa. Continuamos na plena ignorância», constatou Manuel Delgado.
Tempo Medicina 18.04.11
Etiquetas: Gestão Hospitalar, HH avaliação
3 Comments:
Caro Xavier
Independentemente dos anti-corpos que Correia de Campos deixou no MS, penso que o artigo por ele publicado no Diário de Negócios deveria na Saude SA vir a público. É oportuno.
Um abraço
Rui Aguiar
Pelo menos no que respeita às ULS é fácil perceber que, tirando a maquilhagem, nunca poderiam vir a ser uma coisa boa. Se em termos meramente académicos, ou se se preferir, de figura organizacional, a ULS podia permitir uma verdadeira revolução na gestão da prestação de cuidados de saúde,através de uma visão integrada e abrangente, o modo (ou melhor, os modos) como foi interpretada e aplicada na prática, aniquilou totalmente qualquer hipótese de sucesso e esventrou-a por completo em si própria.
Serviu? Sim, tão só os interesses do costume.
A gestão do SNS tem sido uma navegação à vista.
Há uns anos a esta parte completamente ensombrada pela discussão da sua sustentabilidade. Isto é, enquanto não existir um acordo político ["alargado" - como agora é de bom tom dizer] sobre a dimensão e o financiamento do Estado Social não há lugar para desenhar um modelo de gestão aceitável.
Manuel Delgagdo tem razão quando afirma que nada tem sido avaliado. A começar pelos ex-HH's SA, se bem se recordam, inicialmente um modelo experimental. Julgo não faltar à verdade quando suponho que esta mudança não foi objecto de uma auditoria idónea e isenta. Hoje, é cada vez mais notório que esse modelo [SA's e depois EPE's] foi, essencialmente, um passo no sentido da "desorçamentação" dos HH's.
De resto, foram-se fazendo "acertos" um pouco ad hoc...
Actualmente perfilam-se [só isso] novos modelos de gestão.
Basta ler este naco de prosa: "equacionar de novo a celebração de acordos de gestão de serviços de saúde com entidades do sector social ou do sector privado e retomar outras parcerias público-privadas..."
[linhas orientadoras do PSD para a Saúde].
De concreto, fica a interrogação: qual o papel que sobeja para o sector público [SNS]?
Certamente - a julgar pelas condicionantes da "ajuda externa" - que o papel de financiador e regulador...[e este último a disfrutar de pergaminhos de independência].
Vão, portanto, continuar os ziguezagues e, pior, largos tempos de indefinição. Porque, a avalanche neoliberal que nos ameaça vai querer cavar [ainda] mais fundo.
E, a partir daí, o SNS ficará submerso na querela político-constitucional que se adivinha.
Assim, nunca estivemos tão longe da definição de um modelo consensualizado de gestão.
Porque é expectável que, no futuro, vamos colocar-nos [entrincheirar-nos], nas questões essenciais, em campos opostos.
O modelo de gestão - importantissimo para a funcionalidade do SNS - será, neste grave contexto, secundarizado.
Em resumo, neste, como noutros sectores, somos o País das oportunidades perdidas...
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