JMR, bitaites sobre propostas do GTRH
Coordenador do Grupo Técnico para a Reforma Hospitalar: «Temos uma qualidade de gestão muitíssimo medíocre»
A menos de um mês para o fim do primeiro mandato do Grupo Técnico para a Reforma Hospitalar, José Mendes Ribeiro, que está a coordenar os trabalhos, evitou falar, hoje, em Lisboa, acerca das propostas que estão a ser elaboradas para entregar ao ministro Paulo Macedo.
A sua participação numa conferência promovida pela Associação Portuguesa de Engenharia e Gestão da Saúde (APEGSaúde) sobre o tema, justificou, tinha por objectivo «ouvir» os administradores hospitalares presentes na iniciativa.
«Nós também não temos ainda ideias seguras sobre o que há para fazer», confessou igualmente o economista, lembrando que tem entre mãos um «problema complicado» e para o qual contribui a situação difícil do País.
Ainda assim, garantiu que a reforma dos hospitais passará muito pela «melhoria de eficiência da gestão» da rede.
«A qualidade médica é muito superior à qualidade de gestão do nosso Serviço Nacional de Saúde. É um ponto de partida fundamental», identificou, reforçando: «Temos uma grande qualidade médica no sistema, com as melhores práticas, e uma qualidade de gestão muitíssimo medíocre - e contra mim falo, porque tenho estado ligado a ela.»
O esforço para mudar o panorama foi entretanto repartido por todos os que têm responsabilidades nas unidades. Desde os conselhos de administração aos directores de serviço, passando pelas restantes chefias intermédias.
A necessidade de encolher e flexibilizar mais as equipas foi uma das pistas deixadas por José Mendes Ribeiro acerca do caminho a seguir.
Financiamento: «Temos de evoluir para os “outcomes”»
A canalização de dinheiro para os hospitais será outros dos aspectos a alterar. «Se passámos do financiamento de “inputs” para “outputs”, agora temos de evoluir para os “outcomes”», adiantou o coordenador da reforma a propor ao Ministério da Saúde.
Continuando a levantar a ponta do véu, o economista considerou que «o custo da não qualidade é intolerável para o País». Referia-se à taxa de infecção hospitalar de 9,9% - «é um número astronómico. Temos de criar as condições para baixá-lo para 5% em dois anos».
«É por esse tipo de objectivos que temos de guiar a reforma dos hospitais. Não queremos privatizar nada», garantiu José Mendes Ribeiro, aproveitando para responder às críticas que lhe têm sido feitas desde que liderou o processo de empresarialização do sector no Governo de Durão Barroso.
A liberdade de escolha que preconiza, centrando o sistema no cidadão, como também gosta de dizer, é outra das ideias normalmente associadas a uma «postura ideológica».
«Ainda temos tempos inaceitáveis de resposta na cirurgia. Em Espanha são 60 dias no máximo. Depois disso o doente vai aonde quiser», comparou o coordenador da reforma hospitalar.
Ao nível das consultas os respectivos tempos de espera foram igualmente classificados de «absolutamente inaceitáveis» e a referenciação não ficou atrás: «Fizemos um levantamento e chegámos à conclusão de que a rede é muito frágil; responde muito mal; e não cobre muitas das áreas. Na prática não funciona.»
Para sustentar as afirmações, José Mendes Ribeiro referiu o caso de um homem de 71 anos, que se dirigiu a um centro de saúde, em Lisboa, com perdas de sangue, a quem foi marcada uma consulta para o dia 12 de Setembro do próximo ano.
«Claro que este homem vai acabar na urgência e depois dizemos todos que não queremos que as pessoas vão à urgência», antecipou.
Mendes Ribeiro também critica corte «cego»
Apesar de apontar para a melhoria da gestão, o economista revelou ter dito ao ministro Paulo Macedo que o corte de 11% nos custos operacionais dos hospitais, previsto para 2012, é «cego» e «profundamente injusto».
Isto porque, conforme explicou, «há hospitais que já fizeram um grande esforço e outros que não fizeram esforço nenhum».
O coordenador do Grupo Técnico para a Reforma Hospitalar, por outro lado, na sequência dos muitos telefonemas que tem recebido, achou por bem fazer o seguinte esclarecimento: «A encomenda que o nosso grupo teve não é para fazer a carta hospitalar e dizer quantos hospitais fecham.»
Uma vez que tem sido confrontado com a existência de uma lista de 15 unidades a encerrar proximamente, acrescentou: «Não temos nenhuma ideia acerca dos hospitais que vão fechar. Não sabemos ainda as consequências sobre o Pulido Valente, o Curry Cabral e a Maternidade Alfredo da Costa, para além daquelas que estão no estudo inicial e que foi feito quando o Estado decidiu avançar com o Hospital de Loures.»
O «TM» foi então reler o despacho do Ministério da Saúde que criou o grupo técnico e, entre os seus objectivos, com direito a uma alínea própria, consta o seguinte: «Rever a carta hospitalar nacional em devida articulação com a Rede de Cuidados Primários e a Rede de Cuidados Continuados.»
Sérgio Gouveia, TM, 20.10.11
A menos de um mês para o fim do primeiro mandato do Grupo Técnico para a Reforma Hospitalar, José Mendes Ribeiro, que está a coordenar os trabalhos, evitou falar, hoje, em Lisboa, acerca das propostas que estão a ser elaboradas para entregar ao ministro Paulo Macedo.
A sua participação numa conferência promovida pela Associação Portuguesa de Engenharia e Gestão da Saúde (APEGSaúde) sobre o tema, justificou, tinha por objectivo «ouvir» os administradores hospitalares presentes na iniciativa.
«Nós também não temos ainda ideias seguras sobre o que há para fazer», confessou igualmente o economista, lembrando que tem entre mãos um «problema complicado» e para o qual contribui a situação difícil do País.
Ainda assim, garantiu que a reforma dos hospitais passará muito pela «melhoria de eficiência da gestão» da rede.
«A qualidade médica é muito superior à qualidade de gestão do nosso Serviço Nacional de Saúde. É um ponto de partida fundamental», identificou, reforçando: «Temos uma grande qualidade médica no sistema, com as melhores práticas, e uma qualidade de gestão muitíssimo medíocre - e contra mim falo, porque tenho estado ligado a ela.»
O esforço para mudar o panorama foi entretanto repartido por todos os que têm responsabilidades nas unidades. Desde os conselhos de administração aos directores de serviço, passando pelas restantes chefias intermédias.
A necessidade de encolher e flexibilizar mais as equipas foi uma das pistas deixadas por José Mendes Ribeiro acerca do caminho a seguir.
Financiamento: «Temos de evoluir para os “outcomes”»
A canalização de dinheiro para os hospitais será outros dos aspectos a alterar. «Se passámos do financiamento de “inputs” para “outputs”, agora temos de evoluir para os “outcomes”», adiantou o coordenador da reforma a propor ao Ministério da Saúde.
Continuando a levantar a ponta do véu, o economista considerou que «o custo da não qualidade é intolerável para o País». Referia-se à taxa de infecção hospitalar de 9,9% - «é um número astronómico. Temos de criar as condições para baixá-lo para 5% em dois anos».
«É por esse tipo de objectivos que temos de guiar a reforma dos hospitais. Não queremos privatizar nada», garantiu José Mendes Ribeiro, aproveitando para responder às críticas que lhe têm sido feitas desde que liderou o processo de empresarialização do sector no Governo de Durão Barroso.
A liberdade de escolha que preconiza, centrando o sistema no cidadão, como também gosta de dizer, é outra das ideias normalmente associadas a uma «postura ideológica».
«Ainda temos tempos inaceitáveis de resposta na cirurgia. Em Espanha são 60 dias no máximo. Depois disso o doente vai aonde quiser», comparou o coordenador da reforma hospitalar.
Ao nível das consultas os respectivos tempos de espera foram igualmente classificados de «absolutamente inaceitáveis» e a referenciação não ficou atrás: «Fizemos um levantamento e chegámos à conclusão de que a rede é muito frágil; responde muito mal; e não cobre muitas das áreas. Na prática não funciona.»
Para sustentar as afirmações, José Mendes Ribeiro referiu o caso de um homem de 71 anos, que se dirigiu a um centro de saúde, em Lisboa, com perdas de sangue, a quem foi marcada uma consulta para o dia 12 de Setembro do próximo ano.
«Claro que este homem vai acabar na urgência e depois dizemos todos que não queremos que as pessoas vão à urgência», antecipou.
Mendes Ribeiro também critica corte «cego»
Apesar de apontar para a melhoria da gestão, o economista revelou ter dito ao ministro Paulo Macedo que o corte de 11% nos custos operacionais dos hospitais, previsto para 2012, é «cego» e «profundamente injusto».
Isto porque, conforme explicou, «há hospitais que já fizeram um grande esforço e outros que não fizeram esforço nenhum».
O coordenador do Grupo Técnico para a Reforma Hospitalar, por outro lado, na sequência dos muitos telefonemas que tem recebido, achou por bem fazer o seguinte esclarecimento: «A encomenda que o nosso grupo teve não é para fazer a carta hospitalar e dizer quantos hospitais fecham.»
Uma vez que tem sido confrontado com a existência de uma lista de 15 unidades a encerrar proximamente, acrescentou: «Não temos nenhuma ideia acerca dos hospitais que vão fechar. Não sabemos ainda as consequências sobre o Pulido Valente, o Curry Cabral e a Maternidade Alfredo da Costa, para além daquelas que estão no estudo inicial e que foi feito quando o Estado decidiu avançar com o Hospital de Loures.»
O «TM» foi então reler o despacho do Ministério da Saúde que criou o grupo técnico e, entre os seus objectivos, com direito a uma alínea própria, consta o seguinte: «Rever a carta hospitalar nacional em devida articulação com a Rede de Cuidados Primários e a Rede de Cuidados Continuados.»
Sérgio Gouveia, TM, 20.10.11
Nota: JMR, pareceu-nos desinspirado nesta sua intervenção. Dando a entender que o grupo enfrenta sérios problemas para apresentar obra asseada.
Para percebermos o que é gestão medíocre, bastará rever o percurso do gestor JMR que inclui a presidência da Comissão Executiva do Grupo Português de Saúde entre 2004 e 2007.
Para percebermos o que é gestão medíocre, bastará rever o percurso do gestor JMR que inclui a presidência da Comissão Executiva do Grupo Português de Saúde entre 2004 e 2007.
Etiquetas: Gestão Hospitalar, Mendes Ribeiro
1 Comments:
«Apesar de reconhecer que o Ministério da Saúde também tem de contribuir para o equilíbrio das contas públicas, o administrador admite que o que «mais preocupa a associação» são as implicações que as medidas do OE poderão ter na «acessibilidade», cuja diminuição é encarada como «gravíssima» pelo responsável, e na «qualidade» dos cuidados prestados, o que «não será aceitável».
Pedro Lopes está ainda expectante para saber como serão aplicadas algumas das medidas anunciadas, entre elas a reorganização da rede hospitalar, na qual deposita algumas esperanças. »
TM 24.10.11
Partundo do principio que Pedro Lopes é sincero nas suas declarações, só nos resta concluir que o presidente da APAH ainda acredita no Pai Natal.
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